MACACOS ME MORDAM
Ela sonhava com alguém que tivesse
alma de girassol.
Que lhe ajudasse a atingir suas metas
da mesma forma que o girassol faz quando cegamente acompanha o astro-rei.
Ontem viu alguém assim que
preenchia tudo isto. Neste momento tinha vontade de perseguir cegamente aquela
luz. Seus braços foram grilhões que a prendiam ao corpo dele como se não pudesse
mais pensar.
Ela pensava ter vontade de ferro, mas
neste momento descobriu que estava magnetizada por aquele corpo, por aquela
aura, por aquela alma. E tudo que lhe era
proibido, naquele momento não tinha mais importância, ela iria para qualquer
lugar que aquele homem fosse.
Macacos me mordam, pensava... Um
amigo lhe falou que temos que viver o presente. Ela ainda estava presa ao
passado. Tinha medo de tudo: medo de si e medo de amar sem preconceitos, sem preocupação.
Cabe tanta vida dentro de um
pequeno coração. Dentro dela estava aquele homem, um amor de outono, obra-prima
da natureza, sonho de menina, seu pecado mais-que-perfeito, sua flor de cactos,
sempre-viva, meu jasmim cheiroso.
Como pode aquele homem ter entrado
em sua retina e ficar em seu cérebro, corroendo seus pensamentos?
O amor tem que nos dar conforto,
paz, satisfação e ele tornou-se sua inquietação...
Ontem mesmo ela o queria em seus
amanhãs, porém ele tornara-se uma obra-prima que seus olhos contemplavam feito
Vênus de Milo, Monalisa e Davi, a obra mais perfeita de Michelangelo.
Que “macacos me mordam” pensava
ela. Se eu não puder lhe tocar com minhas mãos que um dia mordam cada parte deste
corpo perfeito. Meu único problema não é
o corpo que vestiste para chegar a mim, mas a alma que dentro dele estava. Esta
alma eu já conheço de outras vidas pelas quais passamos e desde este tempo conservo
meu amor por ti...
Pensava naquele momento a mulher
de 85 anos que se apaixonara por um jovem de 25, como se fizesse uma viagem ao passado...
Mário Feijó
16.08.12
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