domingo, 31 de maio de 2015

SEGUINDO TEUS PASSOS NA AREIA

(pôr do sol da janela da minha casa em Capão da Canoa - RS. Foto: Mário Feijó)


SEGUINDO TEUS PASSOS NA AREIA

Eu até pensei não mais amar
De repente me pego
Caminhando na praia
Seguindo teus passos à beiramar

E tal qual um jesuíta
Escrevo na areia
Pensamentos meus
Todos voltados pra ti

Versos que me levam a sonhar
Que te trazem a mim
Enquanto contemplo as ondas
E o barulho do mar

E enquanto garças e gaivotas pescam
Surfistas entram na água gelada
Um prazer que não tenho: o frio
E mais adiante um homem da um salto n´água

O máximo que sinto é saudade do verão
Quando caminhávamos tomando sol
Conversando sobre a vida
Curtindo nosso amor lado a lado...

Mário Feijó

31.05.15

CONFIANÇA E DESCONFIANÇA

(pôr do sol no Guaíba - Porto Alegre - RS, foto Mário Feijó, sem nenhum tratamento, tal qual estava o momento...)

CONFIANÇA E DESCONFIANÇA

Algumas vezes eu penso
O que seria de mim
Se não confiasse
No que faço e em mim

Seria inseguro
E gente insegura
Comete mais erros
Fica medrosa e não é atraente

Eu gosto de gente firme
Segura, honesta, que sabe o que quer
Procuro não mentir, às vezes omito
Para não gerar desconfianças
Um pecadinho perdoável

Sou assim no amor
Era assim no trabalho
E por amor sou lua cheia
Mas na desconfiança sou lua
Que vai minguando aos poucos...

Mário Feijó

31.05.15

sábado, 30 de maio de 2015

AMAR SEM RESTRIÇÃO

AMAR SEM RESTRIÇÃO

Liguei para uma tia idosa preocupado com sua saúde. A primeira coisa que ela fez foi perguntar:
- Como está você? E sua cara metade? Estão felizes?
Ao que eu respondi que sim. Que tudo está bem.
Sem qualquer pudor, sem preconceitos, mesmo já tendo conhecido outras caras metades, algumas até que passaram rapidamente pela minha vida.
Desta vez foi diferente. Ela só disse:
- Meu filho faça suas escolhas, mas seja feliz.
Eu só pude concluir que este era um amor sem restrição.

Mário Feijó
30.05.15


P.S. Minha tia tem 85 anos.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

ARCO-ÍRIS

ARCO-ÍRIS

Vestiu uma poesia listrada
E saiu por ai
Era em preto e branco
Amarelo e lilás
E ela sorria
Quando o vento passa
Levantando a saia
Fazendo carinho nos cabelos...

Estava tão feliz
Que logo descobriu a razão
Ela tinha chegado
Bem aonde nascia o arco-íris...

Mário Feijó

29.05.15

quinta-feira, 28 de maio de 2015

SORRISO

SORRISO

O que eu gosto mesmo
É de um sorriso no rosto
Preso entre duas aspas
Onde ficam os lábios...

Mário Feijó

28.05.15

DORES MORNAS

DORES MORNAS

Algumas vezes
Ao sentir decepção
Sinto uma espécie de vazio
E uma dor morna
Que dá sinais no coração
Deixa o cérebro em polvorosa
E faz um eco na alma

O corpo está quente
A alma vazia e gelada
O pulsar do sangue nas veias
Faz pressão nos ouvidos
Como se o coração
Não estivesse dentro do corpo
Mas numa caixa de algodão

E a dor que não dói
É morna e faz eco n’alma
Plaft, plaft, plaft
É meu coração pulsando
Dentro de um fardo de algodão...

Mário Feijó

28.05.15

quarta-feira, 27 de maio de 2015

IDADE

IDADE

Faz algum tempo
Que me esqueci da idade
Esqueci de olhar no espelho
E só lembro de viver e bem

Lembro da idade
Só quando falo de mocidade
Da felicidade que vivo
E de Felicidade, minha avó

O resto é seguir em frente
Sem temer(idade)
Com tenacidade
Com sagacidade

Olhar espelhos
Só pra ver minha face
Que canta feliz
Sem temer o tempo...

Mário Feijó

27.05.15

terça-feira, 26 de maio de 2015

EXPLICANDO A SAUDADE

EXPLICANDO A SAUDADE

Saudade a gente tem
Daquilo que não mais tem...

De alguém que morreu
Sentimos saudade...

De alguém que está ausente
Sentimos falta...

Do passado
Sentimos saudade
Porque passado não volta...

De momentos vividos
Sentimos falta
Porque podemos
Vivê-los novamente...

Saudade é assim
Um vazio sem explicação
De algo que não dá para recuperar
De alguém que não podemos ver
Daquilo que não podemos mais ser
Como nossos momentos de criança
Como da vida que um dia tivemos
Com nossos pais e avós
Isto é saudade
Algo que não volta mais...

Mário Feijó
26.05.15




segunda-feira, 25 de maio de 2015

OLHAR QUE SEDUZ

OLHAR QUE SEDUZ

A poesia
gosta de entrar em nós
pelos sentidos...

Primeiro
Ela nos seduz o olhar
Fica dentro dos olhos
Repousada algumas vezes
Noutras desce em lágrimas
E mora nos pensamentos...

Há vezes
em que ela
é apenas cor
noutras se veste de saudades
e se ela soubesse o bem que faz
moraria eternamente no coração
ao invés de ficar correndo
dentro das nossas veias...

Mário Feijó

25.05.15

Ler

Ler

É comprar
Um passaporte
Com visto permanente
Para o mundo dos sonhos
E da fantasia...

Mário Feijó

25.05.15

domingo, 24 de maio de 2015

CONVERSANDO COM A LUA

CONVERSANDO COM A LUA

Ser um eterno menino
É uma licença poética
À qual me reservo o direito

Sou um menino do chão
Noutras vezes sou
Apenas um anjo sem asas
Tenho medo de alturas

Mesmo assim eu voo
Quando baixo o telhado do céu
Não quero desaparecer no infinito
Mesmo quando penso que sou finito

E como acredito na eternidade
Continuo menino
Correndo atrás do vento
Debruçado na janela
A conversar com a lua...

Mário Feijó

24.05.15

sábado, 23 de maio de 2015

LUA PURITANA

LUA PURITANA

E depois que a lua
Escondeu-se por entre nuvens
Veio você me abraçando
Abrindo seus lábios
Implorando beijos meus...

Não havia mais desculpas
E por detrás das nuvens
A lua, recuperada, sorria
Tinha um falso pudor no olhar,
Mas ela já deveria estar acostumada
Com o carinho dos enamorados...

Mário Feijó

23.05.15

quarta-feira, 20 de maio de 2015

A MORTE DA DOCEIRA (suspense e terror)

A MORTE DA DOCEIRA

Alexandre adora Florianópolis, por isto naquelas férias resolvera pegar sua bicicleta e conhecer todas as praias ao redor da ilha, diziam ser 106.
A praia do morro das pedras era um encanto e tinha uma vista maravilhosa, ficava bem embaixo do Retiro de Padres e bem ali perto era a praia do Pântano do Sul. Ao passar por ali vê um senhor parado, com uma maleta nas mãos, olhar distante, parecia um poeta buscando inspirações. Foi até o homem e puxou conversa. Ele se chamava Antônio, era também gaúcho (feito ele), porém estava aposentado e morava na região.
- Sabia que bem aqui houve um crime recentemente?, disse-lhe Antônio.
- Não diga... Conte-me o que sabe, por favor...
- Bem, encontraram um corpo de mulher, em estado de decomposição, mas sem cabeça e completamente nu.
- Meu Deus, disse o rapaz.
- Faz poucos dias, e como estava chovendo muito, levou mais dias para ser descoberto. Agora, toda vez que eu passo por aqui fico lembrando disto e associo o cheiro do mar à podridão do corpo em decomposição que vi.
- Florianópolis tem o apelido de ILHA DA MAGIA, diz-se ser Terra de Bruxas. Teria sido um sacrifício? Perguntou Alexandre.
- Bem, o fato de ter chovido muito naqueles dias, associado ao fato de ter havido muita trovoada, com raios e trovões, fez o povo criar várias possibilidades, para este crime, ainda não resolvido, disse o professor.
E há muitos suspeitos? Perguntou Alexandre.
- Eu soube que a mulher era uma doceira jovem e viúva, que viera morar na região e que para sobreviver fazia salgados, doces e tortas que ficaram famosos por estes lados, no entanto tinha um romance com um pescador. Quando a história ficou séria ela fez ameaças aos filhos menores do homem e também de destruir sua família. O homem apavorado deve ter cometido o crime. É o que dizem por aqui. Se não foi isto, ninguém sabe o que pode ter acontecido. Mas o amante da doceira é o primeiro e mais implicado suspeito nesta história. Disse o professor, dando um suspiro.
- Sabe moço, falou Sr. Antonio, ainda lembro de uma torta de maracujá com chocolate que comprava no mercadinho, soube que era ela quem fazia. Dá água na boca lembrar aquilo.
- Infelizmente, isto não mais importa agora, não é meu senhor? Não vamos macular tão linda paisagem com tristes lembranças, falou Alexandre. Tenho que me ir. Foi um prazer conhecê-lo, estendeu a mão machucada, forte, áspera, mas machucada, contrastando com a mão macia do velho professor.
O rapaz pegou sua bicicleta e partiu. O homem ficou olhando aquele jovem e começou a se perguntar onde ele poderia ter machucado tanto assim suas mãos. Mas deixa pra lá, pensou Antônio e voltando a olhar o mar e as pedras que nele batiam com tanta força. Coisas da natureza, pensou.
Alexandre partiu pensando na noite daquela sexta feira quando passeava por ali, sozinho em sua bicicleta com o tempo se fechando e ameaçando chover. Reviveu novamente todo o horror que tinha sentido quando aquela mulher dele se aproximara tão sedutoramente, comportando-se feito uma vadia, embriagada, querendo com ele transar. Lembrava sua ex-namorada, sempre tão risonha, gostosa e que parecia lhe amar. Fugira com Fábio e dissera vir morar em Florianópolis, mas não era possível que fosse ela e diante disto, pensando na traidora empurrou a mulher que perdera o equilíbrio e caíra lá embaixo, entre as pedras. Alexandre fugira dali desesperado. Não sabia o que fazer. Foi então que parou no mercadinho do caminho, comprou uma faca de açougueiro e voltou a pé. Escondeu sua bicicleta no meio do mato e levou sua mochila, com a faca dentro.
No local, como não havia uma alma na rua e já era noite, resolvera descer entre as pedras e com a lanterna do celular, procurava o corpo da mulher. Encontrou-o. Tirou toda a roupa, que colocou na mochila. Examinando o corpo, viu que estava com o pescoço quebrado. Pegou a faca e separou-o do corpo. A mulher já estava morta mesmo, e parecia-se muito com sua ex. Colocou a cabeça na mochila, desceu até o mar e entrou na água. Era uma água gelada. Assustadoramente gelada, feito aquele corpo, feito a sua alma, feito o seu que agora tremia de frio e pavor. Pegou o blusão que estava separado, vestiu e foi em busca da bicicleta.
Não havia pensamentos na cabeça de Alexandre. Era uma mistura de sensações e sentimentos. Ele não conseguia raciocinar direito. Será que Marina o havia reconhecido e por isto tentara seduzi-lo? Era crime o que fizera ou fora legítima defesa? E agora que tinha a cabeça da mulher na mochila o que ia fazer?
Estava próximo à beira-mar que sai do túnel e que vinha para o aeroporto, mas ele não iria naquela direção, então procurou um lugar mais claro, e mesmo diante do horror que sentia retirou a cabeça da mulher da mochila. Era mesmo Marina. Sem saber o que fazer e diante de tantos desatinos já cometidos jogou a cabeça, enrolada nas roupas que tirara do corpo no riacho que havia ali perto.
Tinha medo. Continuava tremendo de frio e pavor, mas agora seguiria em frente. Não iria se entregar. Queria ir embora, mas ficara só para poder descobrir que pistas haviam. Agora que nada direcionava pra ele resolvera que não ficaria mais um minuto naquela terra tão bela, mas que iria continuar escondendo mais um segredo, além de todos os segredos que as bruxas escondiam por ali.

Mário Feijó – 19.05.15

sábado, 16 de maio de 2015

AMOR SEM RAZÃO

AMOR SEM RAZÃO

O amor prevalece
Onde ninguém tem razão
Onde ambos cedem
Onde ninguém sobrevive
Impondo-se ao outro

Primeiro porque ele acontece
Sem razão alguma
Onde algumas vezes
Basta um cheiro, um olhar

O amor sobrevive
Quando olhamos na mesma direção
E não tentando descobrir erros um do outro

Então o amor acaba sendo prioridade
E por ser prioritário há concessões, doação

O amor é assim: sem razão...

Mário Feijó

16.05.15

sexta-feira, 15 de maio de 2015

TARDE AGRADÁVEL (texto de construção coletiva)

TARDE AGRADÁVEL (texto de construção coletiva)

Era uma agradável tarde de outono. Tendo em vista o feriado que se emendou com o final de semana resolvi ir para o campo. Adoro perfumes, cheiros diferentes e gostosos. De repente abrindo a janela do carro vejo um campo florido, com flores lilases. O cheiro de lavanda invade minhas narinas.
Não poderia continuar sem parar, diante da sensação agradável que me envolveu. Lembrava-me os bons tempos em que eu e Larissa nos conhecemos. Foi amor à primeira vista.
Sai do carro e me sentei em cima de uma pedra. No entanto logo tive que sair correndo para o carro, pois atrás havia três cabras e um bode que ao me avistar, logo fez menção de atacar. Que raiva!! Tive que abortar meu deleite e procurar um outro locar para fazer meu passeio de final de tarde. (Mário Feijó).
Retornamos para o carro correndo o mais que podíamos, no início apavorados e em seguida rindo muito da situação. Eu dizia que eram bodes e Larissa me corrigia: são cabras cheirando à lavanda.
Não conseguia parar de rir e como bom fumante acendi um cigarro. Larissa, indignada disse pare com isto ou eu abro a porta e pulo deste carro.
- Estava tão bom o cheiro de lavanda e vem você com este vício estragar este perfume. Deste jeito prefiro voltar às cabras, pelo menos estarei perfumada.
Gritei, rindo:
- Isto já é preconceito contra os fumantes. (Heloisa Mascolo).
Seguimos por aquela estrada, na região da serra gaúcha, apreciando as paisagens agradáveis e ao longe uma pequena vila.
Eram casinhas pequeninas. Encantadoramente cuidadas, numa paisagem bucólicas. Haviam jasmins plantados e floridos e o cheiro de jasmim é algo que vai longe. Cheirinho marcante que lembrava paixão em mim, romântico inveterado e apaixonado por flores.
Parei o carro para buscar uma flor daquelas e a ofereci à Larissa. O cheiro invadiu o carro.
- Viu? Agora o perfume vai nos acompanhar, como você queria, no caso das lavandas. (Silvania Anderson)
Foi uma tarde inesquecível. Tantos aromas, tantas flores e paisagens, tantas lembranças revividas.
Reportei-me aos primeiros dias de nosso namoro que já vinha caindo na rotina e pensei que tinha que fazer mais isto. Mais passeios, mais brincadeiras, apreciar novas paisagens e fugir das cabras...
Lembrei que Larissa fugia de mim, quase como nós fugimos das cabras, no entanto ela acenava com a esperança de que eu poderia conquistá-la e foi o que aconteceu. Agora eu queria estar sempre ao seu lado, mas tinha que fazer algo para amenizar a rotina da relação.
No outono as noites são mais frias. Estava ficando tarde.
- Venha! Vamos entrar e tomar um café quente, disse-lhe eu sorrindo e dando um delicado beijo em seus lábios. (Marlene Nahas).
Voltamos para nossa casa. Acendemos a lareira e enquanto eu abria um vinho, trazido da serra, ela preparava um chimarrão e o calor do ambiente começava a nos envolver.
Vieram do campo algumas flores de jasmim que colocamos em vasos. Eu pensava que tinha sido um bobo em ficar com raiva do tal bode e de suas cabras.
Colocamos um filme na TV “meia noite em Paris e envolvidos pelo clima do filme, regados a vinho, enrolados um no outro, cobertos por uma manta, ficamos ali trocando juras de amor que terminou de forma romântica e muito agradável. (Mário Feijó).

Técnica


Texto produzido em aula. Primeiro cada participante sorteava um sentimento e um cheiro e tinha que inseri-lo em seu texto. Terminada a sua parte passava para o outro que continuava o texto do amigo inserindo as suas palavras até chegar de novo ao que iniciou a redação e que deveria por um fim à história que ele começou.  

quarta-feira, 13 de maio de 2015

VELHA HISTÓRIA DE AMOR


Um dia, eles adolescentes, encontraram os lábios um do outro. Havia culpa, pecado e desejo, porém estavam experimentando ser adultos. Há pouco eram crianças, mas os hormônios os impeliam a fazer o que a igreja e os “outros” diziam ser errado.
Como podia ser errado um beijo de amor? Então seria errado colocar comida dentro de uma panela para preparar o almoço?
Eram coisas naturais e normais – o beijo e a comida. A vida devia ser uma coisa natural feito o rio que nasce na montanha e que, quer queira ou não, encontra o mar. Coisas naturais. Os opostos que se atraem, base de uma mesma essência, feito ele com apenas 17 anos e ela com 15. Como poderia haver algo de sujo num beijo? Então era sujo comer uma fruta madura? Mas os lábios dela tinham gosto de jabuticaba madura colhida no pé.
Tanto fizeram que eles se separaram. Ele já casou algumas vezes e nos intervalos entre um amor e outro a procurou, mas ninguém sabia dela. Ninguém lembrava daquela família naquela rua. Da última vez que ele a procurou começou a imaginar que ela teria sido um anjo, ou até mesmo, um ser de outro planeta e desistiu de encontrá-la.
Pensando em colocar um ponto final na história e guardá-la dentro de um livro ele escreveu um poema que lembra os beijos que se perderam:

OS BEIJOS QUE EU NÃO TE DEI
Mário Feijó

Os beijos que eu não te dei
Fazem falta no meu acervo!
Eu penso que gosto eles teriam?
Seriam doces? Secos ou molhados?

Os beijos que eu não te dei
Fizeram-me pensar
Que eu fui imaturo, idiota
Que mal teria eu ter me permitido?

Os beijos que eu não dei
Ficaram com gosto de pecado
Tinham toques de minha inocência, hoje
perdida
E me deixaram na boca
Um sabor de frustração...

Os beijos que eu não te dei
Foram depois depositados em outras bocas
Que eu, feito colibri passei de flor em flor
Não tiveram marcas particulares...

Mesmo assim eu penso
Que gosto teriam
Os beijos que eu não te dei?


Mário Feijó

13.05.15

terça-feira, 12 de maio de 2015

DESCOBRINDO-SE

DESCOBRINDO-SE

Agora que você já aprendeu a me amar, não pense em me esquecer, não queira ir embora, nem tampouco sair da minha vida. Não pense em outras bocas, além da minha, não sinta desejos por outros corpos além do meu corpo.
E quando você estiver longe de mim lembre-se da felicidade que descobrimos e o quão íngreme é o caminho para chegar até ela.
Agora que você entrou na minha vida não fique distante, mesmo estando perto. Esteja perto, mesmo quando estiver longe.
Agora que você já descobriu que é fácil ser feliz seja egoísta: ame-se e me ame também. Todos os outros que dizem nos amar vão embora, menos quem se compromete com a felicidade.
Agora que você descobriu que os outros sempre te julgarão e dizer que estamos erramos, mesmo quando podemos estar certos. A maioria quer impor suas verdades. Descobrimos que somos donos de nossas vidas só quando envelhecemos. Algumas vezes é tarde demais. Então não tenha medo de amar. A felicidade assusta até a quem a vive e para os outros... Bem, vamos esquecer os outros um pouco...
Algumas vezes esquecemos que viemos nesta vida para aprender, para servir aos outros, aí nada aprendem, nem são felizes. Outros aprendem, mas se tornam prepotentes e esquecem de servir aos outros. Então não amam ninguém e tampouco conseguem ser felizes.
E há, ainda, os que só querem ser felizes. Aí tudo se torna efêmero e perdem tempo sendo infelizes...

Mário Feijó

12.05.15

segunda-feira, 11 de maio de 2015

NÃO NOS PREOCUPAMOS MAIS COM OS OUTROS

NÃO NOS PREOCUPAMOS MAIS COM OS OUTROS

O que diria o tempo
Se nos encontrasse assim
Épocas diferentes
Agarrados sempre?

O que diria o certo
Se nos visse assim
Bichos de raças diferentes
Distraídos no amor?

O que diria o vento
Se tentasse nos empurrar
Para bem longe
E nos encontrasse assim amando?

O que dirão os outros
Que esqueceram de amar
Vendo-nos assim
Amando de todas as formas?

Paramos de nos preocupar
Com o Tempo, com o Certo,
Com o Vento e com os Outros
Só para ter mais tempo pra nós...

Mário Feijó
11.05.15

domingo, 10 de maio de 2015

MÃE: mulher-fêmea HUMANA

MÃE: mulher-fêmea HUMANA

Um dia ela já foi
Apenas uma costela do homem
E se transformou no ser
Que foi capaz de amar
Incondicionalmente

Aí foi tomando conta
Da vida de todos nós
E passou a habitar o coração

Tornou-se mãe, mulher,
Companheira, amiga,
Aquela que se dá por sua cria
Que gera filhos para si
E que também é capaz
De gerar filhos para os outros

Aquelas que não se enquadram
Nos requisitos anteriores
São apenas fêmeas
Que pensam apenas em si
E como tudo e todos
Também erra, porém
Tem que ser perdoada
Porque ela também nasceu humana

Mário Feijó
10.05.15


sábado, 9 de maio de 2015

“ACHO QUE JÁ BEBI TODAS”

“ACHO QUE JÁ BEBI TODAS”

E foi assim
Declamando estes versos
Que ela cheia de graça
Leu um de seus poemas

Estava encantadora
Salto alto
Saia rodada
Cabelos penteados

Acho que já bebi todas
Veio depois de um clericot
Quando tudo já tinha terminado
E o grupo se reunia para comemorar

E tropeçando em palavras
E também nas pernas
Ela pediu mais uma
E deu uma umbigada
Passando para o próximo poeta
O direito de recitar um poema...

Mário Feijó

09.05.15

quinta-feira, 7 de maio de 2015

FELICIDADE CONSTANTE

FELICIDADE CONSTANTE

A felicidade pode ser constante
Tudo vai depender
Do quanto você esteja
Disposto a investir nela:

Felicidade toma tempo
                   Exige amor
                   Exige devoção
                   Necessita de doses diárias de carinho
                   Exige concessão e abnegação
                   Necessita de solidariedade
                   Necessita de companheirismo

Felicidade é assim mesmo:
                   Egoísta!
Ela só faz você feliz
Se você colaborar
Investindo nela:
Tempo, paciência, sentimentos

Isto depende também
Do quanto de amor
Você tenha para doar...

Mário Feijó

07.05.15 

METÁFORAS




METÁFORAS

Lido
Lida
Lindo
         Feito metamorfose
         Onde o gato vira tigre
         E devora a gatinha
         Que apenas ronronava
Vida
Linda
Finda
         Uma história
         Que começara serena
         Apenas com uma pluma ao vento
E termina com um tiro no peito
Tino
Timo
Primo
Apenas um destino
Apenas um sentimento
Lembranças de criança
Memórias de outra vida...

Mário Feijó

07.05.15 


quarta-feira, 6 de maio de 2015

SOL FORTE

Nos sulcos da terra
Minha face árida
Escorrem lágrimas
Um sorriso triste
Formam o leito do rio
Apenas um oásis
Num deserto árido
Mesmo assim eu te quero
Sol forte abrasador
Que assola a terra seca
Que não deixa brotar
As sementes plantadas...

No meio da noite
Gotas de orvalho
Aninham-se em folhas verdes
Para nervosas
Atirarem-se ao solo
Tão logo o sol apareça...

Mário Feijó

06.05.15

terça-feira, 5 de maio de 2015

CHEIRO DE FELICIDADE

CHEIRO DE FELICIDADE



É tão bom quando chega o domingo. Toda a família vem e se encontra na casa da vovó. Fico feliz em rever meus primos, tios e até os cachorros e gatos que trazem. A casa vira um sítio. Por sorte vovó mora no interior.
Fico com pena das goiabeiras, pitangueiras e araçás, que quando veem aquele bando de gente da cidade, ficam tremendo.
Essa gente não sabe as diferenças entre um porco e um cabrito. Eu até expliquei para meu primo de quatro anos que porco tem uma tomada no focinho e cabrito além de um saco ou tetas penduradas (iguais às de vaca) têm galhos.
O bode Barnabé de vovó é tão enfezado e não consegue admitir aquela urbanidade toda. Sai correndo atrás de um e outro toda hora. Vovó tinha um galo que fazia a mesma coisa e bicava todo mundo. Comemos ele no último natal, mas Barnabé, vovô não deixava.
Era bicho de estimação que o acompanhava pelas ruas, onde quer que ele fosse. Era muito manso, mas endoidava quando via seu território invadido.
Adoro ajudar vovó a socar café no pilão. Ficava um cheirinho que se espalhava pela casa inteira. Uma vez fiquei intrigado quando ela colocou uma menina negra dentro do pilão e batia com o socador levemente ao seu redor. Disse ela que era simpatia para curar “arca caída”. Neste instante ouvimos os gritos de três primos que entravam correndo pela casa. Eles tinham descoberto na goiabeira uma “cachopa” de marimbondos. O berreiro foi geral e virou assunto no resto do domingo.
Foi um dia das mães inesquecível. Penso que fiquei por lá faz mais de cinquenta anos. Vivo agora das lembranças e da felicidade daquele tempo que se estenderam por toda minha vida.

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05.05.15

segunda-feira, 4 de maio de 2015

TEMPERANDO A VIDA

TEMPERANDO A VIDA

Quando você suspira
Ou quando você respira
Parece que aspira a minha vida

Eu sinto que dentro mim
Nascem flores
Rejuvenesce o jardim da vida

E quando tu me beijas
Eu sinto mil colibris
Aspirando todos os meus polens

E neste momento
Eu me torno primavera
Porque tu feito botão
Em minha vida florisses

E eu meu torno flor
Exalando aromas
E eu me torno cor e calor
Para ir temperando a vida...

Mário Feijó

04.05.15

OLHAR POÉTICO

OLHAR POÉTICO

Como se fosse um sonho
Desses que nasce
De um pequeno anseio
Que cresce e se torna desejo

Então todo final de tarde
Quando a luz se desvanece
Escondendo todos os detalhes
Dando novas nuances

Tento me acostumar
Com os segredos da noite
E contentar-me com a pouca visão

Assim: há outro olhar
Que só a noite oferece
De um novo mundo
Sob o olhar da poesia...

Mário Feijó

04.05.15

domingo, 3 de maio de 2015

A VIDA FEITA DE PEQUENOS INTERVALOS

A VIDA FEITA DE PEQUENOS INTERVALOS

Nós vivemos
De nos amar
A todo instante

Manhã
Tarde
Noite

Porém para continuar
Descobrimos que precisamos
Fazer de tempos em tempos
Pequenos intervalos...

Mário Feijó

03.05.15