sexta-feira, 10 de abril de 2020

POEMA SEM SANGUE





POEMA SEM SANGUE

NÃO havia mais sentido
Naquele poema
Que estava ali seco
Pendurado ao sol

Murchara há dias
Secara há muitas horas
Tornara-se gagaia
Ou outra coisa sem sentido

A dor fugira do papel
Lágrimas não caíram por ali
E o peito de onde o grito saíra
Jazia num canto sem vida

Mário R. Feijó
10.04.2020

sábado, 4 de abril de 2020

POESIA NO ARAME




POESIA NO ARAME

Ontem, no arame,
Haviam poesias
Poemas inacabados
Tristes gagaias

Dos arames
O poema se soltava
Queria fugir
Faltava-lhes vida

A vida estava medrosa
Tinha receio de existir
Nela não havia mais rima
Tornara-se uma gagaia escrita no papel

Mário Feijó
04.04.2020

O PREDADOR


O PREDADOR

Quem dera tivessem sobrado
Coisas férteis na terra
Que os frutos fossem de esperança
Que do solo brotassem novos seres

Mesmo que não fossem reconhecidas
Como espécies conhecidas
Mas que nos dessem alento
Neste nosso novo viver

Olho para o lado
Vejo sombras inexistentes
Flores que ainda perfumam

Animais que sobrevivem
Agora que o homem não é mais
O maior predador...

Mário Feijó
04.04.2020