sábado, 29 de outubro de 2011

O MEU NÉCTAR






Restou entre nós o silêncio
Nada mais havia
Que pudesse ser dito 

Foi tão súbito o amor
Que ao findar
Nada tinha de bonito 

Fora como um dia de sol
Que com a chuva se fecha
Antevendo as estrelas encobertas
Na tempestade da madrugada 

Deixei que tu partisses então
Levando embora a nossa realidade
Sobrando uma história meio triste
Onde eu vou lembrar-te com saudade 

E no silêncio quero apenas
Lembrar das flores que todos os dias
Eu te entregava te oferecendo o meu néctar
Para que com ele adoçasses tua vida... 

Mário Feijó
29.10.11

DAIANE E O DIA DAS BRUXAS

 




 

No colégio, onde Daiane cursava o 2º. Grau, passaram um tema e os meninos lhe disseram que para a história ganhar veracidade, ela tinha que ir a um cemitério e colocar embaixo da tampa de um túmulo, a história que fora escrita.

Ela fez isto, porém na hora de sair havia no caminho dois cones de cimento, cheios de areia e ao dar um passo na direção deles, estes se moveram quase um metro para os lados. Daiane pensou que seus olhos estavam lhe enganando. Deu um passo pra trás e eles fizeram o mesmo se arrastando em sua direção. Daiane ficou apavorada e correu desesperada para fora do cemitério.

No caminho perdeu uma sandália e quase torceu o pé. Entrou no carro dos meninos que lhe esperavam na frente e gritou:

- Corram, acelerem o carro.

Márcio ainda perguntou:

- Fez o que lhe dissemos?

Daiane com os olhos arregalados, não falava, só mexia com a cabeça.

Ao chegar em casa os meninos foram buscar um copo com água e depois pediram que lhes contasse o que aconteceu. Passada a tremedeira e o susto Daiane conta todos os fatos e diz que nunca mais duvidará de qualquer história que lhe contem, muito menos quando envolver fantasmas ou o dia das bruxas.

E no colégio, ao invés de contar a história sobre o tema preparado que era se você achar um livro na rua, o que fará?

Ao terminar a narrativa todos bateram palmas. A maioria certamente pensou que Daiane havia criado a história e não que isto lhe acontecera de verdade, enquanto ela concluía que de alguma forma havia levado um tremendo fora.



Mário Feijó

Out/2011

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A GRANDE DÚVIDA





Fazia um pouco mais de seis meses que Daiane havia chegado do Ceará. A moça estava feliz, pois tinha mudado de vida, de cidade e ainda por cima, tinha voltado a estudar. Também estava namorando. O que mais ela podia querer da vida?

No colégio havia uma amiga sua que ia casar e convidou Daiane para ir à Festa e também à cerimônia de casamento. Como se não bastasse a moça acabou colocando-a em uma situação embaraçosa. O que fazer? É que Daiane estava namorando há dois meses com dois rapazes gêmeos, não conseguia escolher um deles, e ambos não queriam abrir mão de Daiane. A moça era deveras linda...

Havia dias que Daiane tinha sido convidada, pela amiga Júlia, para ser sua testemunha. Diante da situação Daiane inventou mil e uma desculpas para não aceitar, mas como ir somente com um dos meninos, Márcio ou Marcus? O casamento já seria na próxima semana. Daiane não teve alternativas e contou para eles seu dilema.

Márcio disse:

- Não se preocupe. Tenho uma ideia. Vamos os dois, mas separados.

- Um dança com você, enquanto o outro dá um tempo no bar. Depois o outro vai ao bar, ou dar uma volta e o outro vem. Capão da Canoa ainda é uma cidade muito pequena para enfrentarmos este tipo de namoro a três, mas enquanto pudermos vamos fazer assim.

E assim foi feito. Ambos vestiram-se iguais. Um casal entrou na igreja. Outro casal entrou na festa. A mulher era a mesma, mas os homens eram diferentes. Ninguém sabia. Ninguém desconfiava, pois os rapazes estavam na cidade há apenas poucos meses. Não eram de frequentar ambientes sociais. O máximo que faziam era ir surfar. E com aquelas roupas pretas, todos parecem ser iguais. No casamento também não haveria de ser diferente, já que todos os homens iriam de terno, e a maioria de terno preto.

Fizeram isto e divertiram-se muito durante toda a festa. Eles sabiam os motivos que tinham para se divertir, enquanto os outros apenas observavam a felicidade de Daiane e de “seus” namorado...



Mário Feijó


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

BORBONHOCA






Desde quinta-feira passada
Quando Tamires te criou
Eu te levei na lembrança
E tive saudades de ti 

Pensava: borboleta vive um dia
Minhocas eu não sei quantos
E as “borbonhocas” vivem quantos?
Um dia? Uma semana? Um mês? 

Penso que depende da fantasia de cada um
E você já vive na minha há uma semana
Agora se torna eterna em meu poema 

E dizer que tudo começou
Com sorrisos bobos
De crianças querendo fazer poesia
No conto de uma lagarta? 

Mário Feijó
28.10.11

MINHA AMIGA: EU VOLTAREI






Ontem quando cheguei
Nem pude cumprimentar
Minha amiga melalêuca
É que em Pelotas chovia
E a praça estava toda molhada 

Para ela era ótimo
Suas folhas estavam viçosas me abanando
Mas eu ando meio taciturno
E uma chuva poderia me deixar doente
(doenças baixam nossa imunidade)
E a minha falta de amor já a compromete 

Hoje saio às corridas
E levo no pensamento
A saudade do teu silêncio cumplice
E a certeza de que eu voltarei Melalêuca... 



Mário Feijó
28.10.11

BEIJINHOS DE MOÇA






Na praça uma gaivota solitária
Observa o farol onde andorinhas pousam
De repente o vento a faz voar
Ou teria sido o barulho da moto que passou? 

O telefone toca e a moça
Na calçada manda beijinhos
Enquanto homens na escada
Constroem um novo ninho de amor... 

Pingos de outro no quintal
Na caixa do correio
Sabiás entoam uma canção
Enquanto o carteiro chega com notícias tuas...


Mário Feijó
27.10.11

DENTRO DO CINEMA





Eu dava aulas dentro do velho cinema
E nos intervalos ficava a descansar
O fantasma que lá habitava
Vestia-se de Chaplin
E queria de lá me tirar 

Teimei com ele. Daqui não saio
Você já devia ter se acostumado comigo
Pense bem, trago aqui crianças
Elas são só alegria, meu amigo... 

E dentro do cinema
Na tela em branco
Passaram as minhas lembranças
E o fantasma feito palhaço
Tentava me atrapalhar 

Trago-te agora uma história
De amor, beijos e sonhos...
E o palhaço-fantasma empolgou-se
E saiu do cinema para morar na biblioteca...  

Mário Feijó
27.10.11


EFÊMERO





Quisera ser um pássaro
Um réptil, um peixe, uma rã
Tivesse uma vida efêmera
Mas fosse feliz... 

Tenho inteligência
Sentimentos e preciso de amor
Como da luz do sol
E o que me cobram por isto
Eu não quero pagar... 

Eu quero ganhar afagos e abraços
Sem precisar pagar por isto
Para alguns tudo é dinheiro
E eu quero ensinar outros valores 

Quero pagar com olhares ternos
Com abraços tão quentes
Que dispensam lenha queimando
Que dispensam doses de vodka... 

Mário Feijó
27.10.11

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

CUIDADOS D’ALMA






Eu costurei a minh’alma
Que estava esfarrapada
Dizia-se do amor desiludida
E da vida desanimada 

Parecia estar em frangalhos
A pobre alma despedaçada
Cerzi-lhe todos os buracos
E alisei a parte amassada 

Cada parte sua
Estava num canto atirada
Pedaços de alma e do amor
Era uma rosa despetalada 

Depois de todo o cuidado
De com carinho ser tratada
A minh’alma parecia nova
Sentia-se pela vida enamorada... 

Mário Feijó
26.10.11

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

SE EU PENSO EXISTO







Algumas vezes eu me deprimi questionando até o fato de ter nascido. Logo depois descobri que meus questionamentos são tão humanos, que devem ajudar a outros, a se entenderem como seres humanos, a compreender a vida...



Mário Feijó

24.10.11

AMOR CARAMUJO






Por que é que tu vieste
Feito vento minuano
Entraste por todos os meus poros
E a minha pele arrepiaste? 

Fiquei sem minhas vontades
Mas tinha as tuas.
Fiquei sem meu amor-próprio
Tinha só amor por ti. 

Este amor não pode dar certo
Quando um apenas ama
O outro tira o nosso chão
Não faz nada, só engana... 

É o amor caramujo
Onde só cabe um na casinha
Você vem, faz o que quer
Fica na sua e depois vai embora... 

Mário Feijó
24.10.11

domingo, 23 de outubro de 2011

TUAS MARCAS EM MIM

(foto: www.olhares.com )




Eu só queria
Que teus lábios
Não fossem marcas
Borradas em uma folha de papel 

Eu queria tuas marcas labiais
Feito marcas digitais
Por toda a minha pele.
Que digam: é crime! 

Amar não é
E não me interessaria
O que os outros pensassem
Ou até mesmo dissessem


Desde que eu guardasse na memória
Os teus beijos em meu corpo
Tuas mordidas em meus lábios
Tuas digitais na minha pele... 

Mário Feijó
24.10.11

sábado, 22 de outubro de 2011

O AMOR FAZ BATER MAIS FORTE O CORAÇÃO





Um dia meus sonhos
Foram todos destruídos
Mas no meio de seus cacos
Eu ainda encontrei restos de esperança...

E foi assim que meus sonhos
Renasceram todos feito fênix
E eu consegui sobreviver
Pois quem não sonha morre aos poucos...

E quem não ama
Morre em si mesmo
Dentro do seu próprio egoísmo

Assim: são os sonhos
Que nos impulsionam
E o amor o que faz
Bater mais forte nosso coração...

Mário Feijó
27.10.10

TU

(foto: internet)

Foste saindo de mim
Pelos meus poros
Da minha cabeça
E do meu coração

E eu pensando estar apaixonado
Não percebia o engano
Que tu eras somente uma obsessão...

Foste saindo feito água nascente
Viajando por um rio em meu corpo
Indo desaguar lá no mar...

E quando te misturaste ao oceano
Eu percebi que eras
Insignificante em minha vida
E que não fazias mais sentido algum...

Mário Feijó
01.11.10

COMO NASCEM OS ANJOS





Ele criava anjos numa caixa
Lá eles ficavam brincando e fazendo traquinagens, felizes esperavam que suas asas crescessem para poder voar livremente...
Eles não reclamavam por ficar ali num lugar tão pequeno aos nossos olhos...
Mas aqueles que podiam espiar pelos minúsculos furos que haviam na caixa, feitos exatamente para entrar a luz do sol no seu pequeno universo
E quando a gente podia olhar lá dentro descobria: aquele lugar era o paraíso
Lá havia muito espaço
Haviam plantas, pássaros, água corrente e até uma pequena cachoeira...
E os jardins que lá haviam... eram lindos, como nenhum outro
Ali sim era um lugar onde a felicidade certamente fez seu ninho...
Quando as asas daqueles minúsculos anjos cresciam eles saiam a voar para proteger os seres que deles precisavam. E parece que eles cresciam como se fossem grãos de milho quando se tornam pipoca.
Olhos normais não os viam. Só podiam vê-los com os olhos da imaginação àqueles que têm amor no coração.
Haviam milhares deles naquela caixa de papelão. Eles se alimentavam de caridade, bondade, carinho, amizade e da luz que caia em raios pelos ínfimos buracos...
Só o “Inventador de Estórias” sabia como cuidar deles.
Todos os dias ele liberava alguns desses anjos para voar na direção de um bebê que nascia...
E o Inventador que tudo inventava fazia tudo o que podia para amenizar a dor de todos aqueles que moravam naquele pequeno planeta, mas também tinha que proteger seus anjos, pois aqueles que fugiam sem a sua autorização eram condenados a aprender a ser anjos novamente e tornavam-se simples seres no planeta onde haviam os outros seres que precisavam de proteção...

ANJO OU DEMÔNIO





Há vezes em que eu me questiono
Querendo saber se és anjo ou demônio...

Há horas em que contigo vou ao céu
E noutras penso conhecer o que é o inferno...

Há horas em que contigo
Parece que eu ganho asas
Viajo pelo universo, vou ao paraíso
E tudo de bom acontece...

Noutras, e principalmente, quando estás longe
Eu sinto meu corpo queimar
Meu peito bate descompassado
E meu coração faz menção de parar...

No entanto tudo eu perdôo
Quando estás perto de mim
Até o mal que me causas
Quando ficas tão longe assim...

Mário Feijó
21.07.09

O VIAJANTE DO TEMPO






Tudo era tão simples
Bastava embarcar naquele corpo
E experimentar uma nova vida
Era como entrar numa nave e viajar...
O tempo me fez descobrir
Que estou aqui de passagem
Estou aqui para aprender e ensinar
Este planeta não é o meu lar...
E foi assim que eu aceitei
Mais uma missão de amor
Mas nem sempre somos compreendidos
E sofremos diante da incompreensão...
Qualquer dia embarco novamente
Rumo a uma nova missão
Apesar de sair desta com a sensação
De que o dever não foi cumprido...
Mário Feijó
21.11.10

BORBOLETAS E TULIPAS





Mulheres são flores
Que encantam borboletas
Que voam pelo jardim...

Umas são rosas
Atraindo colibris
Concorrendo com cravos
Lírios e jasmins...

Rosas meninas
Da cor do pecado
Belas tulipas
Sempre me atraem...

Eu sou feito borboleta
Que na janela tenta entrar
Foste colhida e te vejo no vaso
Dentro da casa em um altar...

E no vitral
Fico eu morrendo
Me debatendo
Porque não posso te alcançar...

AMOR SEM PUDOR

Eu já errei por amor
Já errei por pudor
E por medo de amar
Deixei de amar por pudor

Tinha medo de pecados
E me proibi ser feliz
Amar não é pecado
Não virei despudorado

Tomei consciência de mim mesmo
E não me importo mais com os outros
Não é possível amar
Sem ser amado
Amar não é transar e virar pro lado
O amor vai muito além de uma cama

Mário Feijó
03.02.10







Comentário: Tão simples e tão complexo é o amor... Têm vezes que basta amar, noutras o ser amado exige muito mais que aquele que ama pode dar. Nisto aprende-se e sofre-se... Alguns dão tudo de si pelo amor e pelo ser amado... Outros não dão absolutamente nada. Muitas vezes aqueles que dão mais cedo ou mais tarde se arrependem e querem de volta a parte de si que doou... assim é o amor, cheio de mistérios e tão absolutamente claro...

EU DIGO: AMOR...


Existem pessoas em nossa vida
Que quando saem da convivência diária
Parecem se tornar desconhecidos
Pois agem como se fossem estranhos...

Alguma até nos traem
Outras deixam de nos amar
E eu acho isto esquisito
Porque o amor não está apenas no olhar

E o mais estranho nisto tudo
É que a distância faz
Com que estas pessoas
Entendam tudo errado
Não mais nos compreendem...

A gente diz: amor
Elas entendem: ódio
A gente abre os braços
E elas dizem que estão ocupadas...

A distância não modificou a minha inteligência
A minha compreensão e muito menos
A emoção que eu sinto
Porque eu tenho um coração...

Mário Feijó
22.11.10   

O POETA E O TOLO

Muitos invejam o poeta
E alguns até o chamam de tolo
Mas tolo é aquele que não é poeta
E finge poeta ser...

Para ser poeta não basta
Colocar no papel palavras bonitas
Ele é conivente, tudo aceita,
Não julga ninguém...

O poeta é aquele
Em que nas suas palavras
Sente-se a dor do seu amor
E dos outros a dor que ora sente...

O tolo só pensa em rimas
Muitas até sem nenhum sentido
É como jogar lixo num rio
E poluir um mar de poesias...

A poesia está no olhar
Ela está no sentimento
Não está na inveja
E tampouco no tolo...

Mário Feijó
15.05.10

AMOR-PAIXÃO

(Foto: internet - Estes sairam de um amor-paixão...)



O amor é uma chama
Que se acende
Em nosso coração 

Algumas vezes
É uma pequena vela
Noutras um sol
De primeiríssima grandeza 

Noutras é apenas um pavio
Que arde rapidamente
Para depois explodir 

E há ainda o amor-paixão
Que coloca fogo em tudo
Arde, ilumina, queima
E quando se apaga
Deixa cinzas por todo lado... 

Mário Feijó
22.10.11

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

SONHOS DE UM ANJO QUE SÓ QUERIA SER MENINO






Tantos foram pela vida
Que de anjo era eterno
Queria somente ser menino
Numa passagem na terra  

Aprendia coisas de gente
Queria o amor carnal
Desses que nos leva à loucura
Por um momento banal... 

Sonhava o menino em andar
Queria passear por entre as flores
Ir no mar e se banhar
Sentir arrepios na pele 

Pareciam tão banais aqueles sonhos
Que de repente eu menino
Acordei em tua cama
Não sabia o que fazer! Então te acordei... 

Mário Feijó
19.10.11

DEUS DO AMOR





Há um inferno
Que incomoda meus pensamentos
Que tritura meus ossos
E penso que é teu corpo 

Sim! A imagem dele
Que me seduz
E não me dá chances
Aos hormônios que me queimam 

E se eu toco tua pele
Meu anjo bate as asas
Minha fera entra no cio
Querendo a tua cópula... 

Sou assim: homem
Demônio, fera selvagem,
Um deus no amor
Devasso, insaciável...


Mário Feijó
20.10.11

INSENSATEZ: OS MEUS PULSOS EU NÃO VOU CORTAR





Saia do meu caminho
Se não permites
Que eu esteja em tua vida 

Não bebas no meu colo
Não experimentes o meu vinho
É uma insensatez
Tu me chamares de amor 

E quando eu estiver
Com a minha taça na mão
Pegue um copo de cerveja ou cachaça
E se embriague na tua vida insensata 

Não vou mais te esperar
O vinho que eu abri: avinagrou.
A minha taça: quebrou.
E os meus pulsos? Estes eu não vou cortar...


Mário Feijó
20.10.11

O PALHAÇO APAIXONADO





Ele vestiu uma camisa amarela
Meias vermelhas listradas
Flor na lapela e saiu dizendo:
- Eu vou encontrar com ela. 

Calça boca de sino
Moda há quarenta anos
Nesga nos lados
Rumou pra favela... 

A “mina” escondeu-se
Não queria ser vista com ele
- gente tão diferente –  

O palhaço voltou
Parecia desesperado
Subiu no trapézio
E sem rede saltou 

Mandaram lavar todo o chão
Mas as rosas vermelhas
Ficaram marcadas ali
E nem as lágrimas da “mina”
Que pedia perdão apagaram-nas...


Mário Feijó
21.10.11   

terça-feira, 18 de outubro de 2011

POR ENCANTO

 

Peguei a linha da vida
Que estava exposta
E cerzi meu destino
Que estava rompido 

Havia pessoas que eu amava
E que de minha vida
Haviam sumido
Como que por encanto 

Eu não devia mais
Sofrer com traições
Somos todos humanos
Mas eu trago algo de anjo 

Eu não traio princípios
Eu não traio amigos
Não traio a mim
Mas você me trai: eu sei! 

Mário Feijó
20.10.11

DÁ PARA PARAR DE AMAR?


DÁ PARA PARAR DE AMAR?

Temos dores
Que sangram ao vento
Ardendo feito
Ferida que foi exposta

Que bosta!
Quem quer saber
Do meu sofrimento
Meu poema não mais me suporta

Tem dores
Que doem na alma
Ninguém vê
Ninguém quer saber

Você que se dane!
E se a sua ferida
Sangrar ao vento
Dá um tempo! Pare de amar!

Mário Feijó
19.10.11

ESPERANDO POR TI




Sou todo teu
Desde que nasci
Desde que fui meu 

Houve dias
Em que o vento
Com sua lábia
Me seduzia 

Mas eu sou teu
Desde que nasci
Desde que fui meu 

E nos caminhos da vida
Fiz minha casa
No topo do morro
E veio a chuva e me levou
Direto para teus braços 

Porque sou teu
Desde que nasci
Desde que fui meu 

E lá nos campos
Fiz minha casinha
Pequenina, cheia de amor
E moro com a esperança
Enquanto te aguardo... 

Mário Feijó
18.10.11

ALMA SOLITÁRIA


ALMA SOLITÁRIA



A minh’alma 
        Descalça
        Confusa
        Solitária
        Nua 

Desce à calçada
        Firme
        Decidida
        resoluta 

E pela tua rua
Toma novos rumos
Nem sabe o que quer
Mas sabe o que faz... 

Mário Feijó
18.10.11

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

GALO DEPENADO





Todo frajola ia o galo
Quase todo depenado
Depois da última briga
Sem perder a pose 

Pensava que era o maioral
Não queria descer do pedestal
Que seu ego havia lhe imposto 

E lá ia o galo frajola
Por dentro todo gabola
Mas por fora um trapo. 

Já conheci muita gente assim
Alguns pensam que o universo
Gira em torno deles mesmos
Mas o mundo ao girar depena muita gente... 

Mário Feijó
17.10.11

AMORES E PAIXÕES





Amores são águas doces
Paixões águas salgadas
Eu queria que a vida
Fosse águas misturadas

Ulisses Borges



Doces ou salgados
Amores ou paixões, não importa.
O que interessa mesmo
É vive-los intensamente. 

Eu já vivi amores
Já fiz loucuras por paixões
Não houve tempero
A vida é destemperada 

Aceito o que me é dado
Tenho dias doces
Vivo de pequenas alegrias
Não exagero mais no salgado... 

Mário Feijó
17.10.11


1, 2, 3, 4...




1, 2, 3, 4...
Quantos pelos
Tem o gato
Quando acaba de nascer
        1, 2, 3, 4? 

Eu diria que são muitos
Gato não nasce pelado
Pelado é filho de rato
De coelho e de canguru
        1, 2, 3, 4 

Conte antes de partir
Conte antes do estresse
E se precisar miar, mie
1, 2, 3, 4 vezes 

Depois siga em frente
Use sete vida
Salte todas as pontes e
Sob a luz do sol descanse
        1, 2, 3, 4 dias
Antes de querer seguir... 

Mário Feijó
16.10.11

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

ENCONTRO MARCADO





A mim não importa
Os caminhos que o rio tome
Desde que desague no mar
Eu sou o encontro deles
E ficarei quieto a te esperar... 

Não pense que eu me canso
Ou que deixarei de te amar...
Como pode o mar
Não esperar o rio? 

Depois da chuva
O rio mais caudaloso
Passa por novos trajetos
Parecendo mais ansioso... 

Venha como vier
Em manhãs difíceis
Em tardes amenas
Ou noites alegres... 

Mas venha!
Eu te espero
Não deixes
Que eu me canse... 

Mário Feijó
14.10.11

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

MANHÃ DIFÍCIL





Algumas vezes nem só manhãs
São difíceis na vida
Algumas vezes os tempos vividos
São cruzes pesadas, insuportáveis... 

No entanto alguém
Que partilhe conosco nossos dias
Estas dificuldades
Tornam o peso de tudo mais leve... 

Hoje eu gostaria de ver um sorriso teu
De partilhar contigo
Uma canção da Bethânia
Ou até de dançar Rolling in the deep... 

E se isto não fosse suficiente
Para ter o teu sorriso
Eu pegaria uma prancha
E te levaria para surfar em Garopaba...


Mário Feijó
11.10.11

A POESIA E O POETA







        A poesia não está dentro de nós.

Ela interage com a gente na forma como eu vejo o meu mundo. Só então ela entra na gente e quando sai é na forma de versos ou na maneira de viver.

Isto não está escrito nos livros. É só a visão de um pobre poeta em relação ao seu mundo...



Mário Feijó

12.10.11

terça-feira, 11 de outubro de 2011

SEGREDOS DO MAR





Silêncio!
O mar está soprando segredos
Que as ondas inquietas
Não conseguiram guardar... 

Ontem mesmo eu as vi
Apagando pegas na areia
Umas levaram pra água
Outras foram sopradas pras dunas... 

Mas quem tem a obrigação de guardá-las
Não sou eu! Gritou o mar.
Cheio de tantos segredos
Quero tudo às claras, disse ele. 

Silêncio... Soprou o mar
E as águas silenciaram
Sob o brilho da lua e lá no fundo
Corriam estrelas assustadas... 

Mário Feijó

11.10.11

A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE...





Algumas vezes basta
Que me escrevas “oi”
Para que o meu dia ganhe nova cor
Para que eu acorde pra vida... 

Sei que pra ti eu sou indiferente
Tão indiferente que o sol
Todos os dias ilumina tua vida
E tu achas isto muito normal... 

Tão indiferente que
As flores do teu jardim secaram
Por falta de água, de cuidados
E tu dizes “que elas se virem”... 

Estou me virando sem ti
Secando aos poucos
Perdendo o viço, o brilho
Mas ainda estou vivendo
Eu espero por ti...


Mário Feijó

11.10.11