terça-feira, 31 de julho de 2012

GATOS E FLORES


GATOS E FLORES 

Meninos são assim
Gatos selvagens domesticados
Que irrequietos saltam
Mordem e arranham 

Meninas são borboletas
Que se encantam com rosas
Sem se importar com os espinhos
E das flores herdam seus perfumes 

 São assim os filhos e netos
Cada um inspira algo diferente
Aos pais, aos avôs que neles
Projetam sonhos e o futuro 

Os meus são assim
Gatos selvagens arredios
Girassóis que me seguem
Rosas que me perfumam... 

Mário Feijó
01.08.12

segunda-feira, 30 de julho de 2012

TERNOS MOMENTOS


TERNOS MOMENTOS 

É tão doce
Cada momento
Em que eu estou contigo 

É como se eu
Colocasse fruta madura
E no céu da minha boca
Docemente se desmanchasse 

Eu queria que fossem eternos
São apenas doces
Ternos são os carinhos
Que nestes momentos trocamos 

Depois tu te vais
Como se me dissesses adeus
E eu fico vivendo das lembranças
E do teu cheiro que fica no meu corpo... 

Mário Feijó
30-07-12

A PRIMEIRA QUE EU COMI


A PRIMEIRA QUE EU COMI 

Há muito que eu te amo
Porém tem sabor de pecado
Cada toque em teu corpo
Como a primeira que comi... 

Soam em meus ouvidos
Como se fossem músicas
Os sons do teu despir
E eu excitado deixo
Todo o desejo fluir... 

Toda vez é assim
Passaram-se os anos
E o teu sabor não mudou

Pêssegos, uvas, tangerinas
Laranjas, mamão, jabuticaba
Melancia, butiá, carambola 

Cada vez que te vejo
É uma fruta nova que como
Desde a primeira maçã... 

Mário Feijó
30.07.12

domingo, 29 de julho de 2012

A VIDA PEDE


A VIDA PEDE 

Algumas vezes
A vida nos pede silêncio
E respondemos com gritos
Com brigas, com guerras 

Noutras vezes
A vida pede apenas amor
E nós apenas respondemos
Com indiferença, desprezo 

Algumas vezes
A vida exige reflexão
E respondemos com impulsos
Nada de espera, de observação...

Algumas vezes
O silêncio é espera
O amor é reflexão
E o que poderia ser conquista
É apenas mais uma derrota
No aprendizado do dia a dia... 

Mário Feijó
29.07.12

MEUS DIAS VAZIOS ESTÃO CHEIOS DAS TUAS LEMBRANÇAS


MEUS DIAS VAZIOS ESTÃO CHEIOS DAS TUAS LEMBRANÇAS 

Eu queria entender
Como mesmo depois de partires
Consegues beliscar os meus pensamentos
E morar nas minhas lembranças 

Há pólen da tua saudade
Espalhado na minha vida
Engravidando a minha mente
Com a tua presença 

Mesmo inodoro o teu gosto
Está em meus lábios
Feito os meus dias vazios
Porém cheios das tuas lembranças

Em que planeta te escondes agora
Desde que traiçoeiramente foste embora
Em mim frutificou a solidão
Nem meus dias vazios de ti... 

Mário Feijó
29.07.12

CONSTRUINDO CAMINHOS PARA O CORAÇÃO


CONSTRUINDO CAMINHOS PARA O CORAÇÃO

Uma única vez
Eu me atrevi
A falar de ódios
Tenho dificuldades com a rejeição 

Milhares de vezes
Eu já falei de amor
É tão mais fácil
Como para outros é fácil odiar 

Se eu pudesse
Construiria estradas de amor
Ampliaria o paraíso
Estenderia tapetes de flores em riachos 

Só para ter você por perto
Amar-te-ia por inteiro
Desconstruiria teu desamor
Ninguém merece tanta indiferença... 

Mário Feijó
29.07.12

sexta-feira, 27 de julho de 2012

ELA ME ODEIA

ELA ME ODEIA

Tão gélido
Quanto teus abraços
É o amor
Que tens por mim 

Com certeza
Eu jamais quererei
Que sejamos próximos 

Pertencemos a galáxias diferentes
E eu recebo teu olhar
Como se me apunhalasses
Reconheço este desamor aprendido 

Um dia te envenenaram contra mim
E eu não descobri o antidoto
Contra o prazer de teu ódio
E eu não comprarei teus abraços 

Algum dia eu devo ter
Feito algo que te deixasse
N’alma tantas cicatrizes
De um mal que eu não te quis...

Mário Feijó
27.07.12

À ESPERA


À ESPERA 

Ah! Menina
        Tu tão terna
        Deitada nos braços da lua
        Contando ovelhas

Sim! Ovelhas
        Carneiro havia um
Tão velho
Tão cansado
Que nem contava mais 

Era apenas um espectro de lã
Que nas noites assustava
Quando deveria dar sono 

Sono mesmo tinha a noite
Que à tardinha já bocejava
Pensando no dia que viria
Feito eu que esperava por ti 

Esperava... Sim esperava
Porque a esperança morreu
Nos braços da infelicidade
Enquanto a tristeza me lambia... 

Mário Feijó
27.07.12

quinta-feira, 26 de julho de 2012

NOSSA CAMA


NOSSA CAMA 

Não adianta
Você chegar inteira
À meia boca
No céu da noite 

O teu gosto
Ainda guardo
No sótão as estrelas
No alto do céu da minha boca 

Para onde quer que eu vá
Sempre estou te procurando
E de tanto te procurar
Acabei me perdendo 

Outro dia sem querer
Acabei me encontrando
Em braços quaisquer
Numa cama que não era a nossa 

Mário Feijó
26.07.12

quarta-feira, 25 de julho de 2012

DESTINOS


DESTINOS 

Dias assim
T
Ã
O
                Tortos
                Quanto meus escritos 

E eu
Sempre tento
ESCREVER por linhas retas

Porém
Não existem retas 

Destinos?
São tortos
Passados?
São tristes 

E o futuro?
                Este faz
                Curvas constantes... 

Mário Feijó
25.07.12

POR AMOR E POR AMAR


POR AMOR E POR AMAR 

Sou ingênuo
Quando amo
Pessoas, pedras, paus
Plantas ou animais?

Sou ingênuo
Porque pessoas, pedras,
Paus, plantas e animais
Nem sempre sabem amar

Sou ingênuo
Porque eu também
Não aprendi a amar
No entanto eu me entrego

Sou ingênuo
Porque ainda sofro por amar
A vida já me ensinou
Que ninguém deve sofrer por amor...

Mário Feijó
25.07.12

QUEM DIRIA?


QUEM DIRIA? 

Quem diria que o amor
O atormentasse todos os dias? 

Eram bocas macias
Corpos bem cuidados
Queimados de sol, bronzeados

E da sua janela
Ele olhava feito mosca de padaria
Que lambe, lambe,
Sem nada comer 

Pensavam “coitado” tão velhinho
Até que um dia a vizinha
Solteira de esperanças
Apareceu grávida dizendo ser ele o pai 

Ele da janela continuava a olhar
Falava com todos
Dizendo da moça não lembrar 

Ela continuou sua vida
Até o dia em que o rebento nasceu
Dera-lhe um nome tão lindo
Que o velho reconheceu
“Este é meu filho! Tem o nome de meu pai”...

Mário Feijó
25.07.12

terça-feira, 24 de julho de 2012

ESTRELAS CADENTES


ESTRELAS CADENTES 

A menina passeava
Admirando-se na vitrine
Como se olhasse estrelas
Cadentes na vidraça 

Nos seus olhos estrelas cadentes
Desejo? Sedução? Prazer?
Poderia ser tudo, mas
Era apenas um olhar de menina... 

Do outro lado da vitrine
Uma balconista a observa
No espelho apenas um fantasma
Ousa espreitar a cena 

Dos seus olhos
Duas estrelas se atiram no chão
Enquanto a menina maltrapilha
Jura que um dia voltará... 

Mário Feijó
24.07.12








segunda-feira, 23 de julho de 2012

PARA VIVER INTENSAMENTE: AME!


PARA VIVER INTENSAMENTE: AME! 

Eu queria ter por perto
Gente que me olhasse nos olhos
E sem medo me contasse
Todas as verdades da vida 

Quem nasce predador
Morre predador e não sou eu
Quem vai mudar a natureza
De qualquer um destes animais 

Estendemos as mãos e
Segura-as quem quer
Porém alguns preferem
Caminhar para o precipício 

Eu prefiro a verdade doída
A uma mentira piedosa
Amor, carinho e até a paixão
Merecem ser vividos intensamente... 

Mário Feijó
23.07.12

OLHOS DE ADEUS


OLHOS DE ADEUS 

Não havia mais lágrimas naqueles olhos
Tenho a impressão que a fonte secara
Desgraças maiores não haveriam de acontecer 

Um olhar seco
Reflete um coração sem amor
E se não há amor
Também não existe ali alegria 

Vidas secas
Cabeça de autômato
Tudo é igual
Faça chuva ou faça sol 

A dor era permanente
O desamor tinha cor de sempre
Todos partiam e os olhos
Estes se acostumaram com as partidas... 

Mário Feijó
23.07.12








sábado, 21 de julho de 2012

HOMENS AZUIS


HOMENS AZUIS 

Hoje eu descobri
Que as crianças azuis
Cresceram e tornaram-se
Homens e mulheres 

Eles já vêm a vida
De outra forma
Diferente daquela que
Noutros tempos todos viam 

Eles têm um olhar que fala
Eles têm energia do arco-íris
Que irradia e ilumina 

São homens e mulheres azuis
Que mudarão ao mundo
Com suas energias de amor... 

Mário Feijó
21.07.12

SAUDADES DO ONTEM


SAUDADES DO ONTEM



        Ah! Eu tenho me questionado muito nos últimos tempos. Tenho medo da vida, dos riscos que corro, do meu dia a dia, da solidão, do desamor, entre tantos outros. Eu penso que estou até com medo de amar.

        Você já viu como andam os seres humanos? Ninguém mais se entende, ninguém mais estende as mãos. Ontem eu cheguei perto de uma senhora e disse: oi. Ela levou um tremendo susto. Ontem também estávamos fazendo um sarau e resolvemos distribuir a Antologia organizada pelo grupo gratuitamente para a plateia e uma senhora rejeitou. Eu tornei público o gesto, dizendo que estava triste, pois mesmo doando as pessoas rejeitavam um livro. Ao que ela no final veio se desculpar dizendo que pensou que estávamos vendendo... mesmo assim... foi desagradável.

        Outro dia encontrei um ex-colega de escola cuja irmã foi minha colega e depois acabou se tornando minha aluna (acho que parou de estudar e quando voltou a fazê-lo eu era o professor de uma das matérias). Eu cumprimentei o rapaz e ele pareceu não me reconhecer. Então eu tentei reavivar a sua memória só para manter contato. O cara na maior grossura me perguntou:

“- O que é? És candidato?”

Dei meia volta e fui embora desiludido.

Este fato já aconteceu há mais de quinze anos e ainda me faz pensar sobre como andam as pessoas: distantes e frias.

Quando penso nisto eu reflito que moramos em um pais de origem latina – somos “calientes” – e a solidão e a falta de calor humano machucam. Não é à toa que alguns estados brasileiros, como Alagoas apresentam altos índices de suicídio, tal como países como Suécia e Japão. O Brasil, hoje, é o 11º. Colocado na taxa de suicídios no mundo.

Estamos nos isolando. Todos têm medo e alguns até se arriscam pela internet em novos relacionamentos, mas está faltando o cara a cara, o calor de apertos de mão, dos abraços...

A vida não é fácil, mas como era bom cuidar de um quintal, botar os pés no chão ou dentro de riachos, comer frutas direto das árvores... ai que saudade...



Mário Feijó

21.07.12     

sexta-feira, 20 de julho de 2012

VIDA ENCANTADA


VIDA ENCANTADA  

Eu estou assim
Como se fora um cavalo selvagem
Que diante do domador
Apaixona-se por ele 

Estou na vida encantado
Pelos domadores da vida
Pelos que têm as rédeas nas mãos
Pelos que se encantam diante do amor 

Eu não vou mais esperar
Que chegue as sextas-feiras
Para ser feliz... 

Encantado pelos olhos azuis da vida
Estarei desde a segunda feira
Feliz todos os dias com o que faço e comigo...


Mário Feijó
20.07.12

quinta-feira, 19 de julho de 2012

ENTRE TODOS OS HOMENS


ENTRE TODOS OS HOMENS 

Quando menina
Ainda de pés descalços
Ela sonhava com um moço
Que lhe parecia Netuno 

Olhos verdes
Sorriso que penetrava na alma
E ela sonhava com ele
Como se fosse Jorge em seu cavalo 

Jamais vira homem tão encantador
Jamais beijara seus lábios
E sonhava com o toque de sua pele 

De todos os homens que conhecera
Este tinha o poder
De derrubar os muros nos nãos...

Mário Feijóh
19.07.12

quarta-feira, 18 de julho de 2012

QUERO UM AMOR VERDADEIRO


QUERO UM AMOR VERDADEIRO 

Eu queria um amor
Desses que nos arrebata
Um amor pra vida inteira
Mas a vida é finita
Eu me conformaria com um amor
Que durasse o máximo que pudesse 

Não sei se isto seria suficiente
Para me fazer feliz
Porque o meu sonho
É ter alguém que me ame verdadeiramente
Alguém em quem eu pudesse confiar
Para quem eu pudesse me entregar por inteiro 

Eu já tive um amor assim
Porém só eu amei
Só eu me dei e meu amor
Não suportou mais que vinte anos
O tempo que este amor durou... 

Mário Feijó
18.07.12

terça-feira, 17 de julho de 2012

CURIOSIDADES DO MEIO LITERÁRIO


Curiosidades do meio literário!



O escritor Wolfgang Von Goethe escrevia em pé. Ele mantinha em sua casa uma escrivaninha alta.

O escritor Pedro Nava parafusava os móveis de sua casa a fim que ninguém os tirasse do lugar.

Gilberto Freyre nunca manuseou aparelhos eletrônicos. Não sabia ligar nem sequer uma televisão. Todas as suas obras foram escritas a bico-de-pena, mesmo o mais extenso de seus livros, Ordem e Progresso, de 703 páginas.

Euclides da Cunha, Superintendente de Obras Públicas de São Paulo, foi o engenheiro responsável pela construção de uma ponte em São José do Rio Pardo (SP). A obra demorou três anos para ficar pronta e, alguns meses depois de inaugurada, a ponte simplesmente ruiu. Ele não se deu por vencido e a reconstruiu. Mas, abandonou a carreira de engenheiro.

Machado de Assis, nosso grande escritor, ultrapassou tanto as barreiras sociais como as físicas. Machado teve uma infância sofrida pela pobreza e ainda era míope, gago e epiléptico. Enquanto escrevia Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado foi acometido por uma das suas piores crises intestinais, com complicações para a sua frágil visão. Os médicos recomendaram-lhe três meses de descanso em Petrópolis. Sem poder ler, nem redigir, ditou grande parte do romance para a esposa, Carolina.

Graciliano Ramos era ateu convicto, mas tinha uma Bíblia na cabeceira só para apreciar os ensinamentos e os elementos de retórica. Por insistência da sogra, casou na igreja com Maria Augusta, católica fervorosa, mas exigiu que a cerimônia ficasse restrita aos pais do casal. No segundo casamento, com Heloísa, evitou transtornos: casou logo no religioso.

Aluísio de Azevedo tinha o hábito de, antes de escrever os seus romances, desenhar e pintar, sobre papelão, as personagens principais, mantendo-as na sua mesa de trabalho, enquanto escrevia.

José Lins do Rego era fanático por futebol. Foi diretor do Flamengo carioca e chegou a chefiar a delegação brasileira no Campeonato Sul-Americano, em 1953.

Aos dezessete anos, Carlos Drummond de Andrade foi expulso do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo (RJ), depois de um desentendimento com o professor de português. Imitava com perfeição a assinatura dos outros. Falsificou a do chefe durante anos para lhe poupar trabalho. Ninguém notou. Tinha a mania de picotar papel e tecidos. "Se não fizer isso, saio matando gente pela rua". Estraçalhou uma camisa nova em folha do neto. "Experimentei, ficou apertada, achei que tinha comprado o número errado. Mas não se impressione, amanhã lhe dou outra igualzinha."

Em uma das viagens a Portugal, Cecília Meireles marcou um encontro com o poeta Fernando Pessoa no café A Brasileira, em Lisboa. Sentou-se ao meio-dia e esperou em vão até as duas horas da tarde. Decepcionada, voltou para o hotel, onde recebeu um livro autografado pelo autor lusitano. Junto com o exemplar, a explicação para o "bolo": Fernando Pessoa tinha lido o seu horóscopo pela manhã e concluído que não era um bom dia para o encontro.

Érico Veríssimo era quase tão taciturno quanto o filho Luís Fernando, também escritor. Em uma viagem de trem a Cruz Alta, Érico fez uma pergunta a que o filho respondeu quatro horas depois, quando chegavam à estação final.

Clarice Lispector era solitária e tinha crises de insônia. Ligava para os amigos e dizia coisas perturbadoras. Imprevisível, era comum ser convidada para jantar e ir embora antes de a comida ser servida.

Monteiro Lobato adorava café com farinha de milho, rapadura e içá torrado (a bolinha traseira da formiga tanajura), além de Biotônico Fontoura. "Para ele, era licor", diverte-se Joyce, a neta do escritor. Também tinha mania de consertar tudo. "Mas para arrumar uma coisa, sempre quebrava outra."

Manuel Bandeira sempre se gabou de um encontro com Machado de Assis, aos dez anos, em uma viagem de trem. Puxou conversa: "O senhor gosta de Camões?" Bandeira recitou uma oitava de Os Lusíadas de que o mestre não lembrava. Na velhice, confessou: era mentira. Tinha inventado a história para impressionar os amigos. Foi escoteiro dos nove aos treze anos. Nadador do Minas Tênis Clube, ganhou o título de campeão mineiro em 1939, no estilo costas.

Guimarães Rosa, médico recém-formado, trabalhou em lugarejos que não constavam no mapa. Cavalgava a noite inteira para atender a pacientes que viviam em longínquas fazendas. As consultas eram pagas com bolos, pudins, galinhas e ovos. Sentia-se culpado quando os pacientes morriam. Acabou abandonando a profissão. "Não tinha vocação. Quase desmaiava ao ver sangue", conta Agnes, a filha mais nova.

Mário de Andrade provocava ciúmes no antropólogo Lévi-Strauss, porque era muito amigo da mulher dele, Dina. Só depois da morte de Mário, o francês descobriu que se preocupara em vão. O escritor brasileiro era homossexual.

Vinicius de Moraes, casado com Lila Bôscoli, no início dos anos 50, morava num minúsculo apartamento em Copacabana. Não tinha geladeira. Para aguentar o calor, chupava uma bala de hortelã e, em seguida, bebia um copo de água para ter sensação refrescante na boca.

José Lins do Rego foi o primeiro a quebrar as regras na ABL, em 1955. Em vez de elogiar o antecessor, como de costume, disse que Ataulfo de Paiva não poderia ter ocupado a cadeira por faltar-lhe vocação.

Jorge Amado, para autorizar a adaptação de Gabriela para a TV, impôs que o papel principal fosse dado à Sônia Braga. "Por quê?", perguntavam os jornalistas. Jorge respondeu: "O motivo é simples: nós somos amantes." Ficou todo mundo de boca aberta. O clima ficou mais pesado quando Sônia apareceu. Mas ele se levantou e, muito formal disse: "Muito prazer, encantado." Era piada. Os dois nem se conheciam até então.

O poeta Pablo Neruda colecionava de quase tudo: conchas, navios em miniatura, garrafas e bebidas, máscaras, cachimbos, insetos...


Vladimir Maiakovski tinha o que atualmente chamamos de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). O poeta russo tinha mania de limpeza e costumava lavar as mãos diversas vezes ao dia, em uma espécie de ritual repetitivo e obsessivo.

A preocupação excessiva com doenças fazia com que o escritor de origem tcheca Franz Kafka usasse roupas leves e só dormisse de janelas abertas – para que o ar circulasse -, mesmo no rigoroso inverno de Praga.

O escritor estadunidense Ernest Hemingway passou boa parte da sua vida tratando de problemas de depressão. Apesar da ajuda especializada, o escritor foi vencido pela tristeza e amargura crônicas. Hemingway deu fim à própria vida com um tiro na cabeça.

O poeta e artista plástico Mário Feijó era administrador de empresas. Trabalhou a vida inteira para sustentar a família. Foi casado três vezes, das duas primeiras divorciou-se e da terceira companheira ficou viúvo, teve cinco filhos, oito netos (até 2012); e só se dedicou aos seus livros alguns anos depois de aposentado. Antes fazia revisão de livros e teses. Porém escrevia desde adolescente.

OLHAR QUE FALA


OLHAR QUE FALA 

Havia sorriso naquele olhar
Eram olhos que falavam
Sem que ela precisasse
Dizer qualquer palavra 

Existem crianças que têm este olhar
Mas eu já vi olhos que falam
Também em animais como gatos
E a minha cachorra também é assim 

São olhares complacente
Olhar de quem sabe ser amigo
Porque amigo não precisa falar
Basta estar junto, ser solidário... 

E os animais sabem fazer isto
Com uma maestria especial
Eles sabem quando precisamos deles
E ficam ali próximos à disposição... 

Mário Feijó
17.07.12

segunda-feira, 16 de julho de 2012

EU ACREDITO NO AMOR


EU ACREDITO NO AMOR 

Eu acredito em mim
Eu acredito em ti
Eu acredito em nós
Eu acredito no que fomos
E você acredita em que? 

Eu me pergunto
Por que tudo é finito?
Por que tudo se transforma
Por que você não está aqui?
Onde estará você agora? 

Eu acredito no amor
E me pergunto por que te fostes?
Por que me deixastes sozinho?
Eu estou pronto para amar
E tu tens esperança? 

O tempo passa feito o vento
Que nós não vemos
Lançando sementes ao solo
E no meu peito brotam flores
E o amor por que não brota? 

Mário Feijó
17.07.12

O APITO DOS NAVIOS


O APITO DO NAVIO



        Eu tenho feito viagens. Algumas maravilhosas ao meu passado distante. Lembro dos meus tempos de criança. Lembro de Dona Mariquinha minha primeira professora, antes mesmo de entrar no primeiro ano. Depois lembro de todas as professoras do ensino primário, da professora Gertrudes que teve tifo quando eu estava no terceiro ano. Neste mesmo ano operei a apendicite e quando voltei para a aula (naquela época a gente ficava um mês de repouso), a professora que substituía a Profa. Gertrudes era a professora Neli. Muito mais jovem e linda. Acho que ela foi a segunda mulher por quem me apaixonei na vida (eu tinha na época nove anos).

Três anos depois eu tive uma paixão que deve ter durado uns três ou quatro anos. Ah! Maria da Graça... Ela até hoje nem tomou conhecimento deste amor. Foi nesta época que eu comecei a juntar amores platônicos.

Eu lembro também de um colega, Jorge Cascaes, meu Deus do céu! Eu tinha tanta inveja dele... Era um galã. Tinha todas as meninas do colégio voando ao redor dele, como se ele fosse um enorme girassol, e elas um monte de abelhas querendo o seu néctar. Eu não entendia porque eu não era assim. Eu era simplesmente um tipinho sem graça, magricelo, sardento, e o pior de tudo... tinha (e ainda mantenho) um par de “olhos de gato” como chamavam os meus olhos. Era horrível ter olhos claros. Eu me sentia diferente de todo mundo, já que comigo não estudava ninguém que tivesse olho claro. Só em casa a gente se sentia normal, porque lá todos tinham olhos azuis ou verdes. Desde meus pais, até meus avós, maternos e paternos.

Além disto eu era da turma dos TFP (tímidos, feios e pobres) – eram muitos defeitos para uma pessoa só. Então comecei a tentar compensar estes defeitos me dedicando a prestar atenção às aulas e passei a ser um CDF (que todos sabem o que quer dizer: C... de ferro). Tirava dez em quase todas as matérias e por este motivo atraia a atenção de professores e alguns colegas, mas não das pessoas por quem eu era apaixonado platonicamente. Então passei a ter pessoas gravitando também ao meu redor. Só que este interesse não era o que eu gostaria.

Não percebi grandes vantagens na minha autoestima, mas ela subiu alguns andares.

Esta época da minha vida, apesar das dificuldades pelas quais passávamos, era uma época romanticamente linda. No fim da minha criancice e inicio da adolescência – 10/12 anos eu comecei a trabalhar, vendendo artesanato que minha mãe fazia; vendendo laranjas na porta do colégio (que meu pai comprava em cento e eu vendia em unidades no recreio do turno inverso, mas uma vez tive que faltar a aula pois a professora disse que só poderia voltar se tivesse o livro – ADMISSÃO AO GINÁSIO -  então faltei à aula para vender laranjas e comprar o livro). Depois fui trabalhar, numa experiência desastrosa como cobrador de ônibus. Porém eu estava mais encantado em viajar de ônibus do que em cobrar. Aí um colega assumiu o lugar e provavelmente querendo a vaga trapaceou, o que resultou na falta de dinheiro na hora da prestação de contas. Esta aventura durou um só dia...

Sei que fui feliz nesta época, mesmo diante de todas as dificuldades. Foi uma felicidade que me ajudou, em cima das muitas decepções, a construir a pessoa que eu sou hoje. Talvez por isto eu dê tanto valor a tudo o que faço, pois sei como é difícil a caminhada para o sucesso, ou o pseudo sucesso porque muitas vezes nos enganamos pensando ser o que os outros não acham. Tanto para o lado bom como o ruim. Por isto é muito importante ter sempre os pés no chão.

Eu estudei numa escola pública e nem sei se na época havia escolas particulares na minha cidade. Este era um mundo que eu não conhecia. O meu mundo sempre foi simples e eu, apesar de ter refinado alguns gostos, continuo uma pessoa simples. Se eu juntasse dinheiro e o investisse, talvez fosse um homem “bem de vida”, mas eu optei por viver bem, e todo o dinheiro que sempre ganhei foi para me dar conforto e bem-estar. Jamais me tornaria escravo do dinheiro.

Na minha realidade de criança havia o apito dos navios no porto Rita Maria e para descarregar combustíveis na ponta do Leal, em Florianópolis. A Ponte Hercílio Luz com seus trilhos de madeira, à qual eu atravessei (com medo) a pé algumas vezes. Isto era a minha realidade.

Aquele era o meu mundo. Não havia televisão, telefone, internet. Havia a revista Cruzeiro e Manchete. Havia Crush e Grapette... Até que um dia apareceram os Beatles com sua música maravilhosa e seus cabelos longos. Neste momento começou em nossas vidas uma outra realidade que eu jamais conhecera: falta de comida em casa. Meu pai não tinha mais clientes para cortar cabelos nem fazer barbas, pois a moda eram cabelos e barbas grandes. Aí sim eu comecei a perceber que os apitos do navio diziam: acorda! Mas eu ainda era muito criança... Então fui trabalhar para ajudar em casa...



Mário Feijó

16.07.12