sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

O PODER DA LUA CHEIA

 


O PODER DA LUA CHEIA

 

E sobre o teu corpo

Resplandecia a luz da lua cheia

Pelos eriçados

Pele escura manchada do sol

 

Rugas e manchas

Traziam no teu corpo

A escrita de uma vida difícil

 

Eram apenas pequenas rugas

Que escreviam em teu corpo

A história da tua luta pela sobrevivência

 

A lua apenas desnudava

Tudo o que havias feito na vida

Por um prato de comida

Ou na tua luta para alimentar a prole...

 

Mário Feijó

29.12.23




domingo, 24 de dezembro de 2023

POIS É, PAPAI NOEL...

 POIS É, PAPAI NOEL...


Quando eu era criança sempre sonhei contigo e achava que você Noel não gostava de mim por causa dos meus pecados, nada daquilo que eu pensava que era pecado era uma, transgressão você não sabe os pecados que eu cometi depois. Aí sim podemos chamar de pecados.

Ora bolas! Eu não recebia amor! Meus pais nunca me abraçaram ou beijaram! Tampouco me disseram “eu te amo”. Era tão bobo que acreditei ser um garoto mau.

Pobre criança eu fui, em todos os sentidos: ingênuo e muito pobre. Só por isto hoje eu jamais iria me decepcionar. Ficava triste quando nada ganhava ou quando era uma coisica boba. Botei na cabeça que eu não havia merecido e era um castigo pelos “pecados” que eu havia cometido. Ah! Papai amo demais a criança que fui e se a encontrasse hoje eu diria àquele menino: EU TE AMO! Acho que não é tarde para isto.

Hoje eu gostaria de abraçar a todas as crianças desamparadas. As crianças que não têm pais. As crianças que vivem nas ruas. As crianças que se drogam e se prostituem e dizer a todas elas: EU TE AMO. E se não posso abraçá-las e ampará-las neste Brasil faminto, nas favelas das grandes cidades, na guerra da Ucrânia ou naquelas que sofrem na Faixa de Gaza eu vou orar por elas e irradiar energia de amor pedindo a você que coloque no saco de presentes um pouco de tudo isto, porque se mesmo agora eu pude dizer aquele menino que fui que o amo você também poderá me ajudar nestes pedidos.

Pois é Papai Noel você me iludiu por tantos anos, me abandonou em tantos momentos e por tantos natais eu quero dizer que te perdoo e continuo amando a energia dos natais, mesmo como o coração ferido. Agora torço para que tenhamos tempos melhores. Que o ser humano evolua! Que cuide mais do planeta que ganhou para morar. Que esta energia se irradie em comiseração, amor, paz e fraternidade. Que haja saúde, paz e harmonia em nossa família, entre nossos amigos, em nossos lares, entre as nações. Eu só quero agora bençãos e paz para todos nós.


Mário Feijó

Natal de 2023




segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

CONFISSÃO

 


CONFISSÃO

 

Ah! Meu amor

Eu confesso que estou cansado

De viver sozinho

 

Fico gemendo pela casa

E não tenho com quem

Dividir minhas dores

 

Existem horas

Que me falta até

Vontade para comer

Não tenho com quem dividir a mesa

 

E ao deitar é a mesma coisa

Falta alguém para abraçar

Falta alguém que me esquente

Minhas costas e meus pés nas noites frias...

 

Tá difícil

Muito difícil continuar sem você...

 

Mário Feijó

18.12.23

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

“CONSELHO DE GUERRA”

 


“CONSELHO DE GUERRA”

 

        Quando eu ouvi minha “amiga” dizendo à filha:

        - Vai ficar tudo bem, talvez você tenha sido precipitada...

        Logo entendi que a moça não estava bem na sua empreitada matrimonial.

        De repente minha amiga diz:

        - Onde você está?

        E sua filha responde:

        - Tomando um café com minhas amigas.

        Logo me arrepiaram todos os pelos e passou na espinha um frio que me deixou preocupado.

Pensei:

- O Conselho de Guerra está reunido...

Sim, o cara está sendo julgado! Não estava tratando bem sua donzela e ela agora estava pedindo socorro ao Conselho de Guerra, suas amigas.

À primeira vista, o cara, parecia ser muito simpático, porém um alarme disparou quando eu o conheci. Ele parecia um menino e ela o tratava como a um filho, uma mãe protetora, aquilo não me parecia bom, mas se pra eles estava fiquei quieto.

Estava na cara que ela estava apaixonada e ele estava feliz sendo paparicado, porém viver a dois é outra coisa. Caem todas as fichas e as pessoas se descobrem como seres humanos – falhos, com defeitos e não só as qualidades que o amor mostrava.

Num casamento, se as coisas não forem conversadas tudo desmorona. E, às vezes descobrir que o outro não era aquele ídolo imaginado, nem que ele era um príncipe encantado, mas que não passava de um bebê chorão, ou até mesmo um menino mal amado dá um susto em qualquer princesa. E, se ambos não se ajudarem tudo vai desmoronar. A começar com a brincadeira de “marido e mulher”...

Mas o que será que o “Conselho de Guerra” decidiu naquele café da tarde? Não sei e também não se se esta história de viver a dois irá durar muito. Quando eu descobrir volto aqui e conto pra vocês. Quem sabe o Conselho de Guerra deu novas diretrizes ao casal. Torço para que tudo dê certo, porque uma das pessoas mora em meu coração e sempre torci para que ela fosse feliz.

 

 

Mário Feijó

11.12.23

 

P.S. Baseado em fatos reais, porém dentro do meu ponto de vista. Além do mais não estou vivendo esta história.


sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

VIDA SOLITÁRIA (reflexão)

 


VIDA SOLITÁRIA

 

 

        Setenta e dois anos depois e eu continuo me sentindo aquele menino de treze anos que começando a perceber as responsabilidades da vida adulta.

        Tão perdido e tão solitário como quando fiz quinze anos, eu continuo a minha vida sem ninguém por perto, e os que estão por perto, longe estão do meu EU.

        Sim! Passados todos estes anos não parece que tive cinco filhos e dez netos! Onde será que estão...  por que será que passaram por mim e foram embora... o que será que fazem de suas vidas (excluindo aquele que morreu criança e eu sei onde está).

        É muito difícil crescer e chegar na fase adulta e perceber que você queria mais amor porque dentro de você tem muito amor pra dar! Será que o mundo não deixa que percebam que você queria tudo mais fraterno, menos paterno, muito mais irmão.

        Não há terapia que resolva isto. Temos que aceitar que a vida é mesmo assim. Estamos em evolução e nada pode ser perfeito. Nem o ser humano, nem cada um de nós, nem as relações humanas.

        Tanto os outros, quanto a gente, nos sentimos incompreendidos e quem será que irá abrir os braços para dizer “eu te amo”... porque é isto o que importa. O amor sempre será mais importante que tudo.

        No entanto não quebramos a barreira e muitas vezes quando a quebramos quem está do outro lado não nos compreende. Sempre há uma mágoa ou desventura na vida que ficará em primeiro plano impedindo que as coisas se consertem.

        É uma reflexão sobre a minha vida e muitos que a lerão dirão: você é o culpado! Mas não há culpados! As situações é que são mal resolvidas, as pessoas não conversam ou quando conversam querem sempre magoar, achar o culpado “que nunca é você mesmo”.

        Não é porque foi meu aniversário ontem, também não é porque o natal está chegando. Porém é um momento de reflexão! Não precisa haver motivos, vamos repensar nossas vidas e evoluir, ser (no sentido de SER HUMANO) melhores.

 

 

Mário Feijó

01.12.23         

CAMPOS DE GIRASSÓIS

 


CAMPOS DE GIRASSÓIS

 

Ficou em minha memória

Os campos de girassóis

Quando passamos pelo Uruguai

Em direção à Argentina

 

Doces dias

Estradas longas e desertas

Lara e Larissa irrequietas

Perguntavam se já estávamos chegando...

 

Depois de saídos de Santana de Livramento

Entramos no Buque-bus

Em direção à Livramento

Onde o Rio de La Plata parecia um mar

 

Na Argentina – Buenos Aires –

Parecia uma metrópole européia

Em direção à Mar del Plata

Tudo pra mim e para as meninas

Era puro encantamento – um mundo novo...

 

 

Mário Feijó

27.11.23

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

CORPO DESNUDO

 


CORPO DESNUDO

 

 

Quero despir minha pele

Feito uma camisola

Que escorre pelo corpo

E fica atirada ao solo

 

E quando você tocar

O meu corpo nu

Irá perceber somente amor

Feito aquele que cairá da luz

 

Eu não tenho medo

De falar de amor

Porque esta é

A única arma que sei usar

 

O amor transforma

O amor cura

O amor mostra que somos

Apenas corpos desnudos

 

Mário Feijó

19.10.23

sábado, 7 de outubro de 2023

SÓ DE PIRRAÇA

 


SÓ DE PIRRAÇA

 

Só de pirraça

Daqui pra frente

Eu não vou mais me importar

Com quem não me ama -

Tenho tanto pra me preocupar!

 

Só de pirraça

Eu não darei mais valor

Às bobagens alheias

Porque a minha meta

É o amor incondicional!

 

Só de pirraça

De hoje em diante

Não viverei mais no “escuro”

Todos os meus dias serão de luz

Mesmo quando não fizer sol

 

Só de pirraça

Quero dizer que aprendi a ser feliz

E se você não aprendeu

Não me venha com bobagens

Só o amor importa!

 

Mário Feijó

07.10.23

 

 

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

ATREVIDO

 


ATREVIDO

 

Pegue estas tuas mãos fortes

E tece em meu corpo

As vestes do amor

 

Costura a minha pele na tua

E com tua língua sedosa

Mata a sede que tinha por existir

 

É que antes de ti

Eu tinha apenas uma alma

E uma sede feroz

Em ter um corpo vivo

 

Agora que me ressuscitasse do limbo

Deixa que eu seja atrevido

E te peça vida onde antes

Apenas a morte parecia existir...

 

Mário Feijó

09.09.23

FELIZES SÃO OS QUE AMAM

 



FELIZES SÃO OS QUE AMAM

 

Feliz daquele(a)

Que tem alguém para amar

Alguém que lhe compreenda

Alguém que lhes apoie,

E lhe dê muitos carinhos

 

Felizes são aqueles

Que se entregam ao amor sem medo

Um amor sem restrição

Um amor que lhes tragam paz

Com infinita compreensão

 

Felizes são os amantes

Que se entregam plenamente ao amor

Com um beijo de bom dia

E que lhe diga fique com Deus

Quando se distanciam

 

Felizes sejam os outros

Felizes sejamos nós...

 

Mário Feijó

17.09.23

AH! SE NÃO ME ACUSASSE O TEMPO...

 


AH! SE NÃO ME ACUSASSE O TEMPO...

 

Se o tempo não me acusasse

Penso que eu não teria

Mais que cinquenta anos

 

Eu não arrasto os pés

Os cabelos nem tão brancos estão

E a saúde... a saúde vai muito bem, obrigado

 

Se não me acusasse o tempo

Eu seria mais irmão dos meus filhos

E eles nem me veriam tão velho

Quanto pensam que eu sou!

 

Se não me acusasse o tempo

Eu me arriscaria mais pelo mundo

Iria conhecer outros continentes

E não ficaria somente a contar o tempo

Que rapidamente se vai...

 

Mário Feijó

04.09.23

 

O AMOR É VIA DE MÃO DUPLA

 


O AMOR É VIA DE MÃO DUPLA

 

            Ninguém consegue ser feliz somente dando ou recebendo amor. Não sobrevive o sentimento. Não sobrevive a relação. Não sobrevive o indivíduo.

            Uma história de amor precisa de colaboração de seus protagonistas.

Um amor platônico será uma boa lembrança algum dia e por não ser correspondido não tente investir numa história assim. Há poucos argumentos. Há poucos elementos para uma completa felicidade. Também não sobrevive o amor que vive à base de mentiras. Não há pavimentação neste amor. É como andar numa via esburacada. Os acidentes acontecerão durante o percurso e o trajeto é lento e por vezes não nos levará a lugar algum.

Toda relação que não tem como base a troca de sentimentos não irá muito longe. A história não durará, porque não haverá base para a construção de uma relação duradoura.

Tudo tem ida e vinda e no amor também é assim.

 

Mário Feijó

04.09.23   

 

 

QUEIJOS E VINHOS

 


QUEIJOS E VINHOS

 

Leveza e sensualidade

Que aquecem a alma

E atiçam o corpo

 

Simples e sofisticados

Ao mesmo tempo convidam

E entregam uma aura

De bom gosto e prazer

 

Queijos e vinhos

Chamam ao diálogo

Pedem paz e tranquilidade

Prometem paixão e emoção

 

Queijos e vinhos

Derretem na boca

Levam ao delírio

Quando a proposta é o amor...

 

Mário Feijó

21.09.23

sábado, 26 de agosto de 2023

AMOR RIMA COM DOR

 


AMOR RIMA COM DOR

 

O amor é algo assim:

Tão bom, porém rima com dor!

Não é fácil amar

A maioria nem sabe como fazê-lo...

 

O amor impõe renúncias

Ele precisa ser compartilhado

E o(a) outro(a) precisa corresponder

 

Muita gente confunde amor e sexo

Amor é carinho, espera

Sexo é pressa e às vezes brutal

 

O amor imprime na pele

O cheiro do(a) outro(a)

Deixa na boca um sabor

Que parece fruta madura

 

O amor pede paciência

O sexo não precisa dela

Porque tem urgência

Já o amor pretende ser eterno...

 

Mário Feijó

26.08.23

sábado, 19 de agosto de 2023

GRITO PRESO NA GARGANTA




 GRITO PRESO NA GARGANTA

 

Era como um espinho

Que me feria a carne

Provocando dor e sofrimento

Porém isto não bastava

 

O estrago havia sido feito

A alma sofrida sangrava

E dentro do peito

Já não batia mais o coração

 

O grito ficara preso nos lábios

Não havia mais beijos

A sede de amor se esvaíra

 

A solidão estava instalada

O riso solto e feliz

Ficou preso na garganta

 

Mário Feijó

19.08.23

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

AMOR FEITO NEBLINA

 


FEITO NEBLINA

 

Teus lábios apagaram meus sonhos

No instante em que tocaram

A pele de minh’alma

 

Eu me descobri etéreo

Na luz do luar

Que estava refletida na noite plácida

Das ondas do oceano

 

Eu era apenas sonhos

Antes de tu tocares os meus poros

E tal qual neblina de inverno

Logo sumiram diante do sol

 

Agora tenho as dores do amor

Não ando nas nuvens

Apenas me afundo em teu corpo

Acolhedor como as águas do mar

 

Mário Feijó

18.08.23

sábado, 5 de agosto de 2023

O DRAMA DE UM MENINO ADOLESCENTE

 


O DRAMA DE UM MENINO ADOLESCENTE

 

Aos quatro anos ele baixou as calças na frente de outras crianças para se exibir para uma menina. Não era uma agressão sexual, era exibicionismo porque seu sexo estava excitado. Era apenas uma descoberta. No entanto o irmão mais novo contou a seu pai que lhe dera uma tremenda surra. Nada entendia, apenas registrou na memória a primeira incompreensão adulta para uma situação que poderia ter sido explicada. Não entendia o porquê, era uma exibição inocente, sem qualquer conotação sexual acentuada, mas fora visto como tal. E seu drama começava ali...

Aos sete anos ele descobriu que não era um menino igual aos demais. Em pé dentro do ônibus viu um casal sentado trocando carícias e um detalhe no rapaz chamou sua atenção. Naquele momento ficou excitado e viu que não teria mais paz.

Tinha medo de fazer amizades com outros meninos. Tornara-se recluso dentro de sua própria casa. Ele era um desastre jogando futebol e era frágil demais para enfrentar figuras mais fortes, os outros o viam como delicado e fraco.

Num determinado dia, com apenas nove anos, sentado numa carteira escolar dupla (eram mesa e cadeiras juntas), seu colega ao lado alisou suas pernas, ele não vira malícia naquilo, mas ficara envergonhado e encolheu-se todo, mas a sensação era boa, visto que em casa nunca recebera um beijo ou abraço dos pais, quanto mais um carinho. Mas sentiu naquilo o primeiro apelo sexual, conscientemente, de onde aquilo poderia levar. Era “pecado”, segundo a igreja, e um menino não podia trocar carícias com outro menino, ele assim pensava.

Superado os primeiros impulsos percebia que se apaixonava por meninas, mas sentia um “frisson” quando olhava para um ou outro menino bonito da escola, quando tinha apenas doze ou treze anos. E foi nesta época que ele se apaixonou por uma menina linda, chamada Maria da Graça. No entanto Maria da Graça era apaixonada pelo menino mais bonito do colégio – Jorge. As meninas ficavam ao seu redor feito abelhas em flores cheias de néctar. Ele sentia inveja, ciúmes, ou sei lá o quê e quando percebeu estava apaixonado pelo garoto também. Era tudo muito confuso, neste início de adolescência. Era tudo platônico, virginal, porém algo que torturava a mente do menino.

Sexualmente, nada acontecia para ele, seja com meninas ou meninos. Provavelmente não era o mesmo com os outros que viviam pelos cantos se agarrando e beijando. Mas, ele sentia um grande complexo por ser pobre e também por se achar feio e magro, ingredientes muito fortes para impedi-lo de tomar qualquer iniciativa amorosa. Para não ser marginalizado ele se tornara o melhor aluno da classe. Terminou o primeiro grau (na época ginásio) como o aluno com melhor média escolar entre as três turmas: 9,4 na média geral entre os 120 alunos das três turmas.

Dos treze aos vinte anos nada melhorou. Tudo piorava a cada dia. Chegara a pensar em suicídio muitas vezes. Porém, ele nunca fora corajoso, era um covarde, em sua concepção. Hoje sabemos que muitos adolescentes passam por isto e, alguns levam a cabo esta ideia. Há uma crise de identidade muito forte e alguns não têm coragem para “sair do armário” ou para conversar com alguém de confiança.

As primeiras experiências com o sexo oposto foram catastróficas. Tinha medo de doenças sexualmente transmissíveis e não conseguia se excitar com qualquer menina. Houve o caso de uma que o levou para o mato, atrás de umas pedras, na beira da praia. Pisara em merdas no escuro e o fedor, unido ao pavor o fizera fugir do lugar, sem ao menos tentar qualquer coisa.

Houve uma ocasião em que ele fora a um “baile” porque adorava dançar, mas a maioria não estava ali pra isto. Agarravam-se e às vezes nem saiam do lugar.  Observava que, a maioria das meninas, grudavam-se aos rapazes, feito trepadeiras, e, quando a música parava o rapaz tentava esconder a excitação e a calça molhada. Uma dessas meninas ao ser tirada por ele pra dançar grudou-se de tal forma, como se fora um velcro que gruda em um tecido e ao ser puxado faz até um barulho “crarrrrcc”. Ele não sabia direito o que fazer, pois não conseguia dançar direito nem ficar excitado para atender às necessidades daquela garota. Será que se fosse com um menino a coisa seria diferente... Na época era inadmissível tal hipótese, eram outros tempos. Hoje os adolescente são descolados, e, a maioria tira de letra a situação. Porém ele já tinha dezoito anos e era virgem. Haviam cobranças na família e entre os colegas e conhecidos. Tinha gente comentando... ele estava desesperado com sua virgindade. Tinha gente olhando atravessado e rindo do seu jeito delicado.

De repente sua irmã viera da escola com duas amigas, Maria de Fátima e Terezinha. Ambas ficaram interessadas por ele, mas os beijos de Maria de Fátima tinham sabor de fruta madura. Foram poucos os beijos que trocaram, mas até hoje ele lembra como se fosse jabuticaba estourando na boca. E, Terezinha mais descolada, começou a oferecer “vantagens”, tudo silenciosamente, mas ele começou a experimentar os prazeres do sexo, embaixo de uma parreira de uvas, nas noites em que ia visitá-la. Seus beijos não tinham o sabor de fruta madura, ele sentia falta dos beijos de Maria de Fátima, mas ela desaparecera por completo de sua vida.

Não ficaram por aí suas aventuras sexuais com o sexo oposto, porém ele logo caíra na armadilha de uma outra que aparecera, sorrateiramente, em sua vida. No entanto, havia alguns rapazes que só porque eram bonitos, atormentavam a sua mente platonicamente. Era uma coisa gostosa e ao mesmo tempo dolorida porque ele sabia que nada iria acontecer. Ele não permitiria.

Teve alguns filhos e quando percebeu que não era feliz saiu do casamento. Apaixonara-se por uma linda garota e fora feliz com ela durante muitos anos. Porém, o tempo desgastou a relação e ele desta vez mudou de cidade. Estava decidido a ficar só, porém mais uma mulher entrou em sua vida e ficara por alguns anos até morrer em um acidente.

Estava sozinho e começou a pensar na possibilidade de vivenciar sua bissexualidade e permitir experimentar viver, agora experiências com pessoas do mesmo sexo. Ele não queria viver sexo por sexo. Queria amar e ser amado. Até que descobriu alguém que tinha o perfil de homem que chamava sua atenção. No inicio tudo foi muito complicado, principalmente para a família do outro e ele estava feliz pelo peso que tinha tirado quando decidiu sair do armário, faz-se respeitar e é respeitado por amigos e parentes. Afinal os tempos são outros.

Passaram a viver esta história, de forma muito intensa e, pelo que me consta já estão juntos há quase dez anos. Se serão “felizes para sempre” só o tempo dirá, mas pelo menos, acredito eu, é a proposta de ambos.

 

Mário Feijó

Baseado em fatos reais

Sem data

domingo, 30 de julho de 2023

AMOR PRÓPRIO

 


AMOR PRÓPRIO

 

Para amarmos alguém

É preciso primeiro

Amar a si próprio

 

Como amar um outro

Quando não sabemos

Amar a nós mesmos?

 

Cuidar do corpo

Escolher alimentos saudáveis

Cuidar da alma

Cultivar bons sentimentos...

 

Tudo simples e básico

Como básico é o próprio amor

Então priorize-se! Ame-se!

Depois saia pelo mundo para Amar a quem quiser...

 

MARIO FEIJO

16.07.23

 


CUIDADO COM O QUE PEDE

 


CUIDADO COM O QUE PEDE

 

Muito cuidado

Quando pedir um amor na vida

Algumas vezes os amores são bandidos, cruéis

Peça um bom(a) companheiro (a) já basta

 

Um bom(a) companheiro (a) entende você

Compartilha o seu dia-a-dia

Divide tudo com você

E não tem ciúmes dos seus amigos

 

Já um amor, na maioria das vezes é egoísta

Quer você só para si

Anula seu crescimento

 

Um(a) companheiro (a) incrementa seus dias

A distância não é um incômodo

Porque sabe que você está disponível

Na hora que você precisar...

 

Mário Feijó

18.07.23

 

MEU GATO

 

NEGRINHO

 

              Faz alguns meses que apareceu em minha porta um gato adulto. Morto de fome foi se chegando e comia qualquer coisa que caísse no chão ou lhe fosse dado. No inicio era comida humana para um gato, mas como ele parecia não querer ir embora comprei ração. Ele se deliciava e passou a rejeitar qualquer comida que lhe fosse dada, só comendo ração. As comidas humanas deixava para os outros gatos que tentavam entrar no quintal, gatos vadios – pobres gatos – pensava.

              O tempo foi passando e ele não foi mais embora. Pouco a pouco foi entrando em casa e às vezes até nos faz uma massagem, como recompensa.

              Não tinha nome e gerou impasse na escolha de um, até que eu, que gosto muito de contrapontos pensei “ele é tão querido e amoroso” e, antigamente, quando as pessoas eram queridas e amorosas vovó dizia “vem cá negrinho”, o que me fez pensar de novo por que não chama-lo assim... porém, meu gato era branco. Se você chamar hoje uma pessoa de “negrinho” soa como preconceituoso. Mas danem-se os outros. Acho ser perfeito pra ele.

              Passado o drama do nome fui na agropecuária e comprei uma casinha pra ele. Vocês não acreditam que faz mais de um mês e ele não entrou na casinha. Ingrato! Eu querendo uma casa própria e ele com uma casa gratuita e não mora nela. Acho que é o ranço de morar na rua. Todas as noites some.

              Todo dia às cinco da manhã ele já está na porta esperando ração. Há dias que ouço ele “discutindo” com os gatos de rua. Alguns, ele não deixa entrar no quintal. No entanto tem uma gata amarela que ele disfarça, mas deixa sempre um restinho de ração pra ela.

              Semana passada ele apareceu em casa com arranhões na cara e sangue nos olhos. Deve ter brigado com os tais gatos que circulam pela vizinhança.

              Eu viajei, mas sempre que há necessidade vejo-o pelo celular. Sinto saudades do meu gato.

 

Mário Feijó

30.07.23 




quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

BARCO SEM RUMO

 


BARCO SEM RUMO

 

Eu não deveria ter deixado

Isto acontecer comigo

Transformei você em meta

Pensei que serias o meu caminho de paz

 

Tudo estava errado

Nossos objetivos não coincidiam

E você ficou parado em um mesmo lugar

Olhando eternamente o passado

 

Eu fui perdendo o rumo

Acreditando que apostar em você

Era minha grande missão

 

Afinal não acreditar em si mesmo

Ser um barco sem rumo

Era teu destino, acabou sendo o meu...

 

Mário Feijó

23.02.23

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

ANIMAL SELVAGEM

 


ANIMAL SELVAGEM

 

Eu não dependo de você – eu sei

Porque eu mesmo posso me abraçar

E conviver muito bem comigo e com a solidão

 

Porém o meu coração se sente partido

Quando o teu não bate junto ao meu

 

Eu até adoraria que tu me doasses flores

Então eu mesmo vou ao florista e as compro

Sei que lembrarás disto quando eu partir

Mas do que me valerá amanhã

Tuas lembranças tardias

 

E quando tu me abraças

Ou apenas sussurras que me amas

Porque nunca foi este o teu jeito de ser

O meu corpo se regozija

 

Sempre foste um animal selvagem

Uma força da natureza

Abatendo tuas caças

Para depois sair lambendo o sangue

Que escorria dos lábios e das feridas

 

Porém agora quando te vejo

Dócil ao meu lado

Penso que o amor opera mudanças

Mesmo nos mais brutos dos animais...

 

Mário Feijó

17.02.23