segunda-feira, 31 de março de 2014

DESTINOS



DESTINOS

Lanço raios olhares
Toda vez em que há
Uma trovoada entre nós
Eu me entrego ao vento
E nele sou a duna
Que se transforma
Transportada pela forma

É meu destino te amar
Não sei se este o teu
Pareces ser apenas a trovoada
Antes de todas as tempestades

Quem não se arrisca na enxurrada
Jamais se molhará na chuva
Mas também desconhecerá
As benesses que o amor oferece...

Mário Feijó
31.03.14

sexta-feira, 28 de março de 2014

POBRE É FILHO DE RATO QUE NASCE PELADO



FOTO: internet - Isto é uma família de gambá (tá gente!)


POBRE É FILHO DE RATO QUE NASCE PELADO

- Ôooo D. Janeeete! Aquela pobre tá aí de novo... acho que veio buscar as roupas...
Esta foi a frase que Maria ouviu quando chamava no portão da casa, para buscar a roupa.
Era uma lavadeira que naqueles idos dos anos 60-70 tinha esta como única alternativa para criar os filhos.
Ficou indignada com a expressão, ainda mais que a ouvira da empregada da casa, pessoa tão “pobre” quanto ela.
Maria criava os seis filhos sozinha, com muita dignidade, depois que o marido morrera com cirrose, depois de tanto beber.
E a outra repetia:
- Dona Janeeete, está aqui aquela pobre coitada que vem buscar a roupa.
Aquilo lhe soava como pejorativo, ainda mais vindo de uma pessoa da mesma classe social.
Maria sentia preconceito na referência que a outra fazia de si. Pensando nisto, sentia-se ultrajada porque se sentia uma trabalhadora, com tanta dignidade quanto a outra, só porque aquela usava uniforme e ela não.
Maria não sabia fazer outra coisa. Sempre fora lavadeira e ia nas casas buscar as roupas e as trazia lavadas, dobradas e passadas. Na sua época as mulheres não tinham muitas alternativas, poucas trabalhavam fora, no máximo, trabalhavam no comércio. A maioria ou era doméstica ou lavadeira. Havia ainda as que não saiam de casa: as costureiras. Sua avó não fora costureira, mas uma bordadeira e também ia nas casas buscar e entregar os bordados que fazia.
Percebia que pobre não gosta de pobre, e repetia isto para si mesma, não sem antes gritar indignada para a outra:
- Pobre? Pobre é filho de rato que nasce pelado.


Mário Feijó
28.03.14

QUANDO O AMOR NÃO BASTA



QUANDO O AMOR NÃO BASTA


Eu lhe dei todo o meu amor
Presentes caros, até joias eu dei.
Dei carinho e a tratava como se
Fora a rainha da minha vida.

Tentava adivinhar seus pensamentos
Atendia a todos os seus desejos
Nada lhe faltava, parecia insatisfeita
Nem percebia a minha existência

Eu não sabia mais o que poderia fazer
Para que ela me amasse
Com a mesma devoção
Que eu lhe dedicava...

Chegou um determinado dia em que
Eu percebi que eu não me amava o suficiente
Não me respeitava naquela relação
Faltava o meu amor próprio por mim... aí basta!

Mário Feijó
28.03.14

O EGOÍSMO NO AMOR



O EGOÍSMO NO AMOR

Eu queria um amor
Que fosse só meu
Porém é muito egoísmo
Querer alguém só pra mim

Pessoas não são brinquedos

Por que a posse
Se nem mesmo eu
Em algum instante
Pertenço a mim

Pessoas são passageiras

A qualquer momento
Eu posso apagar, como uma estrela,
E deixar de ser tudo aquilo que pensei
Estrelas são cadentes

Pessoas são decadentes

Seria muito triste
Ter você só pra mim
Se pra você
Eu nem posso me dar

Pessoas pertencem ao universo...
"És pó e ao pó voltarás"... foi escrito.

Mário Feijó
28.03.14

quinta-feira, 27 de março de 2014

CAVALO MARINHO PARA PREFEITO DOS MARES DO SUL



CAVALO MARINHO PARA PREFEITO

No mundo encantado das águas do fundo do mar todos os animais têm uma função.
Há os que mandam e os que obedecem, como no nosso mundo, na terra.
Os maiores e mais fortes mandam e os pequenos obedecem. Há também os que são responsáveis pela organização geral, como no mundo dos homens.
No mundo dos animais eles não se matam por prazer. Os grandes comem os pequenos só quando têm muita fome.
Há sempre muita ordem, mas como estavam acontecendo coisas não muito legais com a política dos mares o cavalo marinho resolveu que iria se candidatar a Prefeito dos Mares do Sul. Estava cansado de ser mandado pelo Sr. Robalo, há muito no poder.
As ostras quando ouviram tal disparate começaram a rir que não parava mais. Algumas até perderam suas pérolas de tanto rir.
Diziam: - como pode, um bicho tão pequenino querer ser o prefeito?... Rá... rá... rá...
- Ninguém irá obedecê-lo.
Mas o Cavalo Marinho não queria saber de desistir. Falou com Lula Gigante que já tinha sido Prefeito, mas ele não queria se comprometer.
Falou com Dona Arraia e também nada. Os Baiacús e Camarões não adiantava, eram Zé Povinho dos mares. O Polvo até disse que o apoiaria, mas que precisaria de novos aliados.
Foi aí que o Cavalo Marinho pensou no Sr. TuTu-Barão. Ele nem era morador destes mares, mas era seu amigo de outra época em que o Cavalo Marinho andou pelo nordeste do Brasil.
Chamou o Peixe-Elétrico e passou um email por intermédio dele. A resposta foi imediata. Logo veio um peixe espada com a resposta.
Caro amigo. Entendo suas pretensões e o apoio. Na próxima lua cheia estarei aí para conversarmos. Abraços, TuTu-Barão.
Dito e feito. Lua cheia e seu amigo forte e vistoso apareceu pela região.
Todos tremeram de medo. A notícia se espalhou feito mancha de óleo, jogado de navio.
E quando todos viam os dois passeando pela praia, lado a lado, indo até a embocadura do Rio Tramandaí, ninguém mais duvidava que o Cavalo Marinho seria o próximo prefeito.
Nem compra de votos precisou. Tampouco as urnas foram fraudadas. todos temiam aquela aliança e o Cavalo Marinho foi eleito com 97% dos votos. Os três por cento faltante tinha sido engolido horas antes pelo senhor TuTu-Barão, antes da refeição do meio dia.
Cavalo Marinho pensou que seria interessante manter TuTu por perto e o nomeou Secretário de Segurança. Era necessário manter a ordem na região. Mas não havia necessidade de se manter a força.
O prefeito decretou tolerância Zero às badernas e o crime desapareceu na região. Ele tinha lido algo parecido em um jornal americano atirado nos mares por um cruzeiro marítimo. Dizia no New York Times “Prefeito de Nova York decreta tolerância Zero”, e fez o mesmo por estes mares.
Agora os mares do sul são os melhores para se viver e até para o turismo, diziam os peixinhos que por ali habitavam.
Não precisava mostrar a força, bastava que TuTu-Barão mostrasse os dentes...

Mário Feijó
26.03.14