quinta-feira, 30 de setembro de 2010

EMBAIXO DA MELALÊUCA



        Embaixo de um jacarandá magro, sem folhas, lembro-me de rapaz que eu era aos quinze anos. Estava eu sentado na Praça Pedro Osório, na cidade de Pelotas-RS. Linda cidade, majestosa praça, mas não pude deixar de pensar na pessoa que eu era na minha adolescência e a comparação com o pequeno e fino jacarandá. Pobre jacarandá, escondido entre tantos arbustos, talvez ele não se desenvolva pela sombra a que é submetido pelas outras tão majestosas árvores.
        A praça se situa bem à frente da Prefeitura e da Bibliotheca Pública Pelotense. Prédios antigos, belíssimos. A biblioteca completa 135 anos este ano. E eu ali perdido numa cidade até então desconhecida pra mim. Já tinha ouvido falar, já tinha visto reportagens da cidade, mas estar lá foi a primeira vez. E eu ali esperando a biblioteca abrir para participar do Sarau Poético a que tinha sido convidado. O que fazer? Fiquei passeando pela praça. Observando as pessoas e escrevendo.
Sentei em um banco molhado e pus-me a apreciar os nativos passantes. Eram estudantes saindo da escola; trabalhadores que corriam apressados para casa ou para estudos noturnos. Outros, talvez, iguais a mim, passantes somente.
De uns eu escutava trechos de conversas, frases que ficavam sem sentido, numa mistura bucólica ao gorjear dos pássaros que em alarido de final de tarde disputavam um galho para dormir. Mudos e observadores, somente eu e as estátuas de cavaleiros empinados em seus cavalos e belas damas, paralisadas em um chafariz no meio da praça.
Fiquei ali, quase duas horas, embevecido pelo clima do lugar observando o cair da tarde, num quase inicio de noite que parecia ia ser chuvosa, o que acabou não acontecendo. E quando passava por um arbusto de “pata-de-vaca rosa” uma rajada de vento jogou sobre a minha cabeça inúmeras flores rosa e branco, como se me dessem boas-vindas à cidade.
Agradeci à natureza pela recepção e fechei meu caderno com um sorriso nos lábios.

No centro da biblioteca de 135 anos convidados para o V Sarau Poético Musical estava Maurício Raupp Martins que nos encantou com uma maravilhosa explanação sobre Pablo Neruda. Junto comigo na mesa Duda Keiber; Valder Valeirão e Victor Hugo Guimarãe Rodrigues. Abrilhantando musicalmente a noite estava Vicente Botti, com sua voz maravilhosa. Foi uma noite encantadora e inesquecível...

Mário Feijó
30.09.10

UM AMOR AMIGO


Tudo o que eu sempre quis
Foi amar você
E viver um pouco de felicidade

Não foi o que aconteceu
Porque o amor não é
Salvo-conduto à felicidade
O amor não nos dá direito ao céu
Nem tampouco nos conduz à eternidade...

Eu já nem falo do amor-paixão
Desses que dá saúde ao corpo
E faz bem pro coração...

Basta-me hoje um amor amigo
Desses que nos fazem companhia
Em qualquer momento da vida
E a todas as horas do dia...

O que eu quero é paz na vida
Para saber que cumpri minha missão
Porque passar pela vida brigando
Não é esta a minha paixão...

Mário Feijó
30.09.10

SOMOS BORBOLETAS



Há nos corações
Sempre esperanças
Por dias melhores
Por um par que lhe complete...

Somos se comparados ao universo,
Uma simples borboleta
Que dura apenas um dia
Temos pressa sempre e cometemos erros...

E no desespero de ganhar do tempo
Deixamo-nos levar por emoções passageiras
Não amadurecemos atitudes
E muitas vezes morremos
No bico do primeiro pássaro...

Há tempo para tudo
Até para criarmos raízes
E para fazer escolhas...

Ah! E o tempo?
Alguém perguntará
E eu responderei calmamente
O tempo é eterno
Quando não contamos as horas...

Mário Feijó
30.09.10

O PLANETA TERRA: NOSSA CASA



Quando eu olho
A imensidão dos campos
O mar em sua vastidão
Penso que o homem
Com tanta inteligência
Destrói sua morada, seu ninho
Quando derruba árvores
Sem plantar outra no lugar
Quando joga óleo no mar
Destruindo o ecossistema
Ou quando joga detritos nos rios
Acabando com a vida nas águas...

Por que será que não se planta
Para renovar? Não se cuida dos rios
Nem tampouco do mar?
Por que será que destruímos
Blocos de mármores para pisar em cima
Ou para revestir paredes inteiras
Quando hoje já se faz pisos tão belos?

Extraímos petróleo do mar
Com riscos de destruirmos o planeta
Quando existe a energia renovável do álcool
Eólica e a energia solar.
Um dia o planeta saturado perguntará
O que será de nós? O que será?

Mário Feijó
30.09.10

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

QUE AMOR É ESTE



Por que disseram
Que era meu destino te amar?
Isto me pareceu ser
Uma sentença de morte, não de amor...

Amor é um sentimento que te eleva
Que te põe nas alturas
Sem que você perca o chão
Sem que você perca-se de si mesmo...

Por que disseram
Que o amor é eterno?
Amor é algo que vem
E do mesmo jeito um dia vai embora...

O ser humano tem que aprender a amar
Nosso amor é egoísta demais,
Faz sofrer, quer tudo para si,
E quando sente que não é dono do outro
Faz tudo para destruí-lo
Que amor é este que não suporta
Ver o ser amado feliz?

Mário Feijó
27.09.10

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

PORES-DO-SOL

(foto: site www.olhares.com)

 
Vendo tantos pores do sol
Nestes muitos anos de vida
Penso que já sei bastante de mim
Um pouco de você e do nada...

Acredito que posso
Mas nem tudo o que posso
É realmente possível...

Há pudores
Há censuras
Amores e horrores
Nem tudo eu posso...

E quanto mais sei
Mais entendo do nada
E mais descubro
Que realmente nada sei...

Mário Feijó
23.09.10

MINHA MISSÃO: SER POETA



É minha obrigação
Ao mundo gritar
A dor nem sempre minha
Ora tua, ora do mundo...

Sou poeta e é este o meu destino
Costurar corações partidos
Para que deixem de sangrar
Alertar para que não sucumbam
Numa hemorragia de decepções...

Se eu sofro? Isto não importa
Eu represento aqueles que se calam
Por isto a minha obrigação
É conter as dores do mundo...

Eu sou a voz dos sofredores
É isto o que eu sou
Sou poeta – o meu mote
É a tua dor... E tantas vezes gritei a tua
Pensando ser minha aquela dor...

Mário Feijó
23.09.10

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

RESÍDUOS



Há sempre resíduos
Em meus sentimentos
Eles podem até não ser mais os mesmos
Mas sempre resta algo que me incomoda

Há resíduos no que sinto
Uma mistura de amor e ódio
De gosto e desgosto
Uma luta antagônica constante

Há dúvidas entre o que os dias proíbem
Mas que as noites tudo escondem
Há resíduos teus em mim

Há em mim quase nada de mim mesmo
E o que eu sou? O que sobra?
Resíduos do que fomos?

Mário Feijó
22.09.10

NO BRILHO DOS TEUS OLHOS



É certo que a velhice para mim chegou. E você pode constatar isto, no véu que cobre meus olhos opacos; no meu andar trôpego; nas minhas mãos nodosas e enrugadas; nos sinais que o tempo no meu corpo deixou.
Penso que você não vê que dentro de mim palpita uma vida que ainda pensa em aventuras, quanto tu que és jovem e não só nas do passado, mas também nas fantasias que a minha mente cansada não esquece.
Sim! A minha mente pode em algumas vezes esquecer quem eu sou, mas ela lembra quem eu fui... No entanto o que mais me dói é que sua mente, parece querer esquecer quem eu sou. Infelizmente não conseguirá apagar o meu nome em teus registros, nem nas fotos envelhecidas que guarda da sua infância. E se você não queimá-las ou rasgá-las continuarão lá incomodando.
Há nos meus olhos um brilho de esperança. É minha insistência em viver que meu corpo não apaga.
Um dia quando eu me for talvez você possa olhar para o céu e deixar uma lágrima cair. Se isto acontecer tenha a certeza de que sou feliz porque sobrevivi na tua saudade...



Mário Feijó
22.09.10

ENIGMA



É um enigma
O que me faz
Amar você...
        É um enigma
        As razões que encontro
        Para viver...
É um enigma
O voo dos pássaros
O instinto de proteção dos animais...
        É um enigma
        A minh’alma tão livre
E tão prisioneira de mim...
Assim como é um enigma
Que os filhos vêm
Se aninham em nossos braços
E quando crescem nos rejeitam...
        É um enigma
        A minha persistência em ser
        Quando na realidade
        Em me contento
        Com o nada que sou...

Mário Feijó
22.09.10

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O AMIGO EM QUEM EU CONFIO



Amigo eu confio em ti
Tudo o que eu te falo
Muitas vezes é o que
Eu poderia ser

E muitas vezes depois que falei
Eu já não acredito mais
Eram apenas aventuras mentais
E se você espalha os meus segredos
Sei que terei problemas
Até para ser eu mesmo...

Eu em ti confio
E queria ver tua reação
Delírios, fantasias que
Eu contaria ao meu analista
Eu conto a você...

Mário Feijó
21.09.10

PEDRA LAPIDADA



Algumas pessoas
Não conseguem perceber
Quando têm a felicidade nas mãos
Quando têm diante de si um grande amor...

E quando perdem,
Despeitadas desdenham
Certamente porque têm muito a aprender...

Eu já fui pedra bruta
Que se lapidou
Já fui e tive um grande amor
Não valeu à pena...

A dor e as feridas
Não cicatrizam nunca
Elas moldaram minha alma
A ponte de eu não saber mais amar...

Mário Feijó
21.09.10

O NADA QUE VOCÊ SEMPRE FOI




Um dia eu te abençoei
Porque dentro de uma galáxia tão grande
E dentro de tantos planetas
Eu encontrei você aqui neste...

Hoje eu não acho que tenha sido tão bom
Você ter passado por minha vida
Eu preferia estar a milhares de milhas
Em algum outro planeta, distante de ti...

Talvez até a milhares de anos luz
Para que eu não tivesse passado
Por tamanho sofrimento
Que eu não chegasse a ter raiva de ti

Mas têm horas que é impossível
Por tudo o que me fazes
E o pior de tudo é que aprendi
A te detestar e isto me incomoda
Agora tenho que reaprender a colocar
Amor em meu coração
Só assim você talvez seja
O nada que sempre foi...

Mário Feijó
21.09.10

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

DESEJOS



Ah! Eu juro que há
Desejos imorais quando te olho
Quando te toco
Quando te roubo em pensamentos
Beijos quentes e ardentes
Quando te dispo com o olhar
Ou quando toco suavemente a tua pele...

Mário Feijó
20.09.10

DESEJOS COM TU’ALMA




Eu queria sair do meu corpo
Entrar dentro do teu
E fazer amor com tu’alma...

Mário Feijó
20.09.10

ESTAÇÕES



Eu já tive dias de inverno
Em meu corpo – dias de solidão
Mas também tive
O frescor da primavera – também era só...

Já tive dias de verão
Multipliquei companhias
Nada acabou com a minha solidão
Eu nunca deixei de ser só...

Agora eu vivo dias amenos de outono
Aprendi a ser só
Exploro a brisa que ele me proporciona...

Mário Feijó
20.09.10

VENHA E ME TENHA


Preciso urgente de outra vida
Ter outras chances
Outros amores
Viver outros dissabores

Viver intensamente um grande amor
Desses que nos faz pensar
Que estamos no paraíso
Eu já me enganei nesta vida
Quando amei perdidamente
– perdi-me amando...

Eu preciso viver outros valores
Ter certeza das amizades
Ter muito dinheiro para não precisar dele
Amar e ser amado, sem ser enganado...

Eu preciso amar no espelho
E quem meu amor espelha
Seja tua uma imagem tão minha
Quando eu sou teu e não quero me importar
Com quem você é – somente que venha e me tenha...

Mário Feijó
19.09.10

domingo, 19 de setembro de 2010

21 DEPOIS DO TEMPO REGULAMENTAR




Não pense que eu te esqueci
Só não falo em ti
Porque o que eu quero mesmo
É te esquecer...

O teu corpo me fascina
Tua boca me alucina
Quero nele sorver todo o amor
Que um dia sonhei...

Mesmo assim não te quero mais
Há tens outro rapaz
Que te faz loucuras

É o que eu imagino
Quando é domingo
Quando toca o sino
Da igreja matriz

Vou pra lá rezar
Não quero mais te amar
Do jeito que um dia amei...

Mário Feijó
19.09.10

EM TEU CÁLICE




Tudo o que eu queria
E que você devia
Era ter colado
O teu corpo ao meu...

Que tocasses meus lábios
Feito a abelha
Quando busca o mel
No colo de uma flor...

Que tu me oferecesses
O teu cálice ao meu vinho
E que rolássemos no chão

Feito cães vadios
Animais no cio
Procurando amor...

Mário Feijó
18.09.10

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

SALTO PARA A VIDA




Há em meu canto
Os versos tristes
E o mesmo canto modorrento
Da cotovia solitária...

Há em meus versos brancos
A cor da nuvem perdida
Encurralada pelo vendaval
E empurrada para a tempestade...

Há em meu olhar um véu
Aquele da noiva que não quer casar
E que se encobre toda para o sacrifício
Leva apenas o seu corpo porque a sua alma não mais existe...

Há em meus dias, noites eternas
Tempo de ressurreição
Um salto no precipício em plena escuridão
Porque quero tentar uma nova chance...

Mário Feijó
16.09.10

PERDIDOS NO PAÍS DAS MARAVILHAS



Eu criei para ti
Um reino encantado
Não vias problemas
E por ti tudo era superado...

Então tu te sentiste
No país das maravilhas
Mas não aprendeste limites
E foste te perdendo, de ti e de mim...

O encantamento fez com que
Tu passeasses nas nuvens
Enganada pela lebre pensavas que tudo podias
E as horas passaram rápidas...

Eu já não sei se conseguirás
Sair das tocas por onde te meteste
E se agora vives apenas fantasias
Só sei que eu sai delas zonzo
E tive que trilhar o meu próprio destino
Por terras que me eram desconhecidas...


Mário Feijó
16.09.10

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

É NECESSÁRIO MENTIR?

Morre dentro de mim
A estrela que engana o caminho
A planta que oferece um botão
Mas que não se abre em flor...

Morre dentro de mim
A esperança quando alguém que diz me amar
Não me abre seus braços e não me acaricia
Alguém que não cresce no amor...

Morre dentro de mim
Mulheres que mentem
Mulheres sórdidas que se fazem de vítima
Para que o mundo tenha pena delas...

Morre dentro de mim
A beleza do mundo
Quando me traem desnecessariamente
Apenas para atrair falsos amigos
Criando um ardil à sua própria mente
Que mente, mente, mente...
Mário Feijó
15.09.10

terça-feira, 14 de setembro de 2010

ANIMAL IRRACIONAL



Uma ave no céu
Uma planta no chão
Podem assumir um destino
Dependendo da intenção...

O homem comete desatinos
Uma flecha pode acertar a ave
E com fogo destruir a floresta...

Sem destino o homem pode destruir um rio
E morrer de sede pelo deserto que criou
Pode ganhar muito dinheiro
Enquanto outros morrem de fome...

Homem racional/irracional
Animal sofre quando vê um parceiro morto
Quem é mais inteligente dos dois
O que junta dinheiro ou aquele que sofre?

Mário Feijó
14.09.10

sábado, 11 de setembro de 2010

A ESSÊNCIA DO AMOR





Penso em ti todos os dias
Quando abro meus olhos
Penso que é bom estar contigo...

Nascemos para ser felizes
E estar contigo faz com que eu seja
Trazes-me a paz que perdi
Quando lutava para ser melhor...

E não basta o arrepio
Que me causas na pele
Não me basta ser etéreo quando te amo
Contigo eu viajo por outras galáxias...

Penso em ti quando penso
Que devemos lutar para nos superar
E tu consegues que eu me supere
Que eu descubra que a essência do amor está em mim...

Mário Feijó
11.09.10

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

MEU ALIMENTO É O AMOR





Há tempos em que eu profícuo
Frutifico aos borbotões
Espalhando sementes por onde passo...

Agora há dentro de mim
Um enorme deserto
E qualquer palavra
Qualquer criação mutila meu ser...

Há uma dor desumana
Instalada em minh’alma
Sou refratário e não consigo
Juntar meus cacos...

Vivo alimentado de amor
Meu celeiro está vazio
E nos campos onde eu o plantei
Tudo foi dizimado por pragas e temporais...

Mário Feijó
10.09.10

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

SETEMBRO É MÁGICO




Ontem eu “sempre-viva” era perene nos campos
Hoje “folhas secas” rolo de um lado pro outro
À mercê de qualquer vento, brisa ou furacão...

Quando fui “bambu” apenas curvava-me sem quebrar
Guardava as cicatrizes e sofria calado
Apenas gemia ao açoite dos ventos...

Ficou em mim um vazio
Que mais parece bonança
Mas em meu peito o coração parou
Tamanha a saudade que do espaço se apossou...

Espero ansiosamente por setembro
Porque eu sei que com ele
O sol aquece meu corpo
E novamente posso florescer...

Mário Feijó
09.09.10

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O LADO ESCURO


Se tudo tem um lado escuro
Penso que o meu deve ser gris
Porque eu sou transparente
Não tenho segredos, tenho amores...

A lua tem um lado escuro
E dizem que até o sol o tem
Mas o meu lado escuro é claro
Não me escondo de ninguém...

Segredos? Não tenho!
Amores? Já tive alguns!
Mentiras? Tento dizer sempre a verdade
Mesmo quando esta pode me prejudicar...

Lado escuro? Deixo-o à sombra
Tento viver tudo às claras – o que já difícil
Imagine viver escondido ou escondendo
Prefiro sentir dores na alma e na carne...

Mário Feijó
08.09.10

terça-feira, 7 de setembro de 2010

PARTES DE MIM




Eu sempre quis um pouco de mim
Espalhado ao vento
Que eu não espere a morte chegar
Para que as cinzas sejam jogadas

Eu quero que o vento leve
Células vivas de meu corpo
E que elas sejam plantadas
Fecundadas feito pólen pelos campos

Eu quero parte de mim
Nas flores que se abrem
Quando chega a primavera
E que ela seja fruto já neste verão

Eu quero parte de mim
Nos corações dos amigos
Daqueles que sorriem para os dias
Ou até mesmo nas lágrimas desta despedida...


Mário Feijó
07.09.10

domingo, 5 de setembro de 2010

ENTRE VOCÊ E EU

Eu dou à luz meus versos
Feito mãe parideira
Muitos saem de minhas entranhas na dor
Outros são filhos de uma alegria imensa...

Alguns são concebidos de meus amores
Nos momentos mais ternos
Passam a ter vida em mim
E nos meus escritos tornam-se eternos...

Outros preciso de reclusão
De momentos de solidão e tristeza
Mesmo assim nascem fortes
E tornam-se explícitos aos meus amores...

Todos os meus versos
São filhos de minh’alma
Alguns até nascem de minha interação
Com personagens desconhecidos
E outros da relação entre você e eu...

Mário Feijó
05.09.10

PLENITUDE




Houve um tempo
Em que meu coração sangrava
Hoje ele apenas pulsa
A vida que o mantém...

Houve um tempo
Em que por minhas mãos escorriam
O teu sabor, o teu mel
Hoje elas afagam pessoas que me amam...

Houve um tempo
Em que eu nem sabia em que estação estava
Se era outono ou inverno, primavera ou verão
Hoje ele marca a minha existência...

A vida é mesmo assim
Há tempo pra tudo
Aventuras, desamores, pardas
Hoje vivo apenas a plenitude de meu ser...

Mário Feijó
05.09.10

MEUS VERSOS SÃO AUSÊNCIAS DE MIM



Os meus versos
Não são presentes
Eles são momentos que de mim se ausentaram
Tanto que agora te pertencem...

Se os lês são teus
Deixaram de ser meus
Para se tornarem eternos na poesia
E nas letras que escrevi...

E a partir do momento
Que eu os escrevo
Deixam de ser parte de mim, o meu presente,
Tornam-se apenas marcas do meu passado...

Mário Feijó
02.09.10

PARA SER FELIZ




Houve um tempo em que eu pensava
Que não conseguiria ser feliz sem ti...
Toda a minha vida girava em torno de ti
E eu só fazia te agradar...

Descobri que estava esquecendo de mim
Porque você por, por meu amor nada fazia
Neste momento começaste a fazer chantagem
Dizendo que eu não mais te amava...

E foi assim que eu descobri
Que tu é que nunca me amaste...
Éramos felizes enquanto eu te fazia feliz
Mas quando cobrei um pouco de amor e respeito tudo acabou...

Agora eu descobri que não posso
Depender de ti para ser feliz
Somente eu posso isto
E você se quiser ser feliz: faça o mesmo!


Mário Feijó
04.09.10

PRECISO DAR UM TEMPO SÓ PRA MIM



Estou pensando dar um tempo na vida
Criar um tempo especial só pra mim
Para poder correr pelos campos
Ou até para catar conchinhas na praia...

Um tempo para ler um bom livro
Ou até para ficar embaixo das cobertas
Assistindo a um filme na sessão da tarde...

Estou precisando deste tempo pra mim
Para descobrir que o paraíso é aqui
E que somos nós quem fazemos dele um inferno...

Eu estou precisando de tempo para me amar
Para dizer que amo aos que estão perto de mim
Ou até mesmo para ficar simplesmente só...

Um tempo para olhar estrelas ou as gaivotas na praia
E sempre é tempo, para dar um tempo
Basta querer! E eu quero esperar a primavera todo prosa
Todo florido por dentro mesmo vestido de preto e branco...


Mário Feijó
03.09.10

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

BONS VENTOS TE TRAGAM




Na primeira vez que entraste em minha vida
Foi como se uma leve brisa soprasse
Causou-me arrepios e um frescor agradável
Eu ainda adolescente tremia...
Na segunda vez eu já sabia lidar com o amor
Era ingênuo mas mesmo assim foste um vento arrasador
Não sobrou pedra sobre pedra
E minha vida ficou de pernas para o ar, eu apenas dividido...

Na terceira vez eu nem percebi
Pois estava decidido a não mais amar
No entanto tomaste conta dos meus dias
Como se eles fossem todos de primavera...

Eu não mudei meu rumo
Não me assusto mais com o amor
Abri meus braços e dentro dele te abriguei
E simplesmente deixo o vento me levar, estou em paz...


Mário Feijó
01.09.10

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O FUTURO SE FAZ PRESENTE



Espero a chuva cair
Para ver o arco-íris
E imaginar que dentro dele
Eu possa encontrar a mim mesmo

Eu já não penso no infinito
Tudo dura apenas momentos
E os anjos já se passam
Na velocidade da luz

Eu era apenas um passageiro do tempo
E o tinha em minhas mãos
Enquanto era jovem e forte

Agora sou seu refém
Corro para deixar algumas marcas
E virei fantoche do meu destino...



Mário Feijó
01.09.10

EU E VOCÊ...




Eu e você somos assim:
Feito o sol e a chuva
Água do mar e areia na praia
Pernas bronzeadas e saia curta
Coisas diferentes que combinam...

Eu e você somos assim
Noite enluarada e uma taça de vinho
Uma rosa se abrindo e um colibri
Água límpida e peixinhos nadando
Tudo têm a ver uma coisa e outra...



Eu e você somos assim
Canção de amor e violão
Uma bela voz e uma canção
Um homem solitário
Esperando seu amor na estação...

Eu e você somos assim
Tudo pode ser diferente mas combina
É feito pão quentinho e margarina

Uma tarde chuvosa e bolinhos da vovó
Tem o efeito da emoção na garganta
Que quase chega a dar um nó...

Mário Feijó
01.09.10