domingo, 24 de julho de 2016

LEVE-ME COM VOCÊ

LEVE-ME COM VOCÊ

Quando você for embora
Não me deixe aqui tão só
Leve-me pra onde você for

Se fizer sol eu quero ir
Se fizer chuva eu vou também
Se for de dia: lembre-se de mim
Se for à noite: eu quero ver a lua

E se o vento que soprar for norte
Leve-me junto com você
Se o vento que soprar for sul
Lembre-se que gosto de lá

Mas se for subir a serra
Saiba que gosto da montanha
No entanto se decidir o mar
É lá que eu aprendi a amar

Só não quero que se esqueça de mim
E me leve pra onde você for
Mesmo que seja contra o vento: eu vou
E se for pra onde ele soprar: é pra lá que eu vou

MÁRIO FEIJÓ

24.07.16

sábado, 23 de julho de 2016

POR ENTRE OS GIRASSÓIS HAVIAM AMORES-PERFEITOS

POR ENTRE OS GIRASSÓIS HAVIAM AMORES-PERFEITOS

Eu plantei em meus jardins
Muitas sementes de flores
Eram amores-perfeitos, girassóis
E sementes de jasmins

Os girassóis logo cresceram
Debruçaram-se pelas cercas
Floriram, jogaram sementes pra todo lado
E foram sufocando meus amores quase perfeitos

Enfiaram-se no meio das rosas
Feriram-se em seus espinhos
Espiavam o sol, já meio murchos,
Por baixo dos girassóis cada vez maiores

Tentei replantar em outro canto
Mas os girassóis se espalharam
Não tinham mais amores-perfeitos em meus jardins
Mas meus dias ganharam o brilho dos girassóis...

Mário Feijó

22.07.16

quarta-feira, 20 de julho de 2016

BRUMAS DO INVERNO (Cap. final)

BRUMAS DO INVERNO
Estávamos no mês de junho quando o inverno (aqui no hemisfério sul) solta suas brumas através de um vento gelado. Nas ruas as pessoas andavam encolhidas, úmidas e apressadas.
Joana era apenas uma menina, com seus sete anos. Fugira de casa, pois o pai, bêbado, batia-lhe todos os dias e a mãe submissa não intercedia. Algumas vezes até tentara lhe molestar. Era melhor viver nas ruas do que ter uma vida daquelas...
14.07.16
Joana dormia agora nas ruas da cidade. Brincava com pombos na praça. Tinha liberdade, não tinha mais amor. Aliás, amor era a única coisa que Joana jamais conhecera.
Volta e meia ganhava uma moeda. Já conhecia todos os recantos da cidade. Não tinha luxos. Comia tudo que achava nos lixos da cidade. Afinal de contas, os ratos não sobreviviam? Mas Joana não tinha capacidade nem para raciocinar sobre isto. No entanto no mundo dos bichos ela era apenas mais um deles.
Enquanto tinha inocência, Joana era inocente, mas a vida mostrava a Joana que a inocência é um elemento que tem que ser superado quando pensamos em sobrevivência. E Joana começara a ser esperta, feito um rato que foge do gato que quer lhe abocanhar ...
16.07.16
Dormia onde conseguia se esconder, entre construções ou em locais abandonados. Quando era verão isto não era problema, mas quando o inverno chegava era mais duro achar um abrigo. Começou a se misturar com mendigos de rua. No início a maioria lhe protegia e dava guarida. Pegou sarna dos cachorros e piolho das pessoas.
Um dia uma senhora da cidade ofereceu-se para ajudá-la. Chamou-a para morar em sua casa como se fora sua filha. Parecia uma boa oportunidade, foi. No entanto a “mãe” passou a aproveitá-la nos serviços domésticos e com o passar do tempo ela virou empregada da casa, sem amor e sem salário, mas não queria voltar para as ruas então se sujeitou à “escravidão”. Com o passar dos anos não havia mais amor entre elas e a “mãe” mostrou-se quase cruel.
Sem estudar e com dificuldades em se relacionar com as pessoas, um dia ela resolvera fugir novamente. Estava agora com 15 anos. Foi para a cidade grande. Agora estava na capital. Procurou emprego e achou um de doméstica para dormir no emprego. Tentou várias vezes voltar a estudar. Ia um a dois meses e não conseguia acompanhar, além do que sentia vergonha por estar aprendendo a escrever somente com 15 anos. Na escola noturna arrumou um namorado e por carência de amor entregou-se a ele na primeira oportunidade. Engravidou. Ele não sumira, ficara por perto e quando chegou a hora do bebê nascer foi para a casa da “mãe” que um mês depois a mandou voltar ao trabalho.
- O bebê fica aqui. E o namorado também ficou. Apaixonou-se pela “mãe” e um ano depois nascia mais um bebê. O seu antigo namorado torna-se seu “padrastro”.
Joana continuava trabalhando na casa onde antes trabalhava.
Passaram-se mais alguns anos e Joana arrumara outro namorado. Engravidara novamente. Quando chegou a hora do bebê nascer voltou “contrafeita” à casa da “mãe” que um mês depois a mandara voltar ao trabalho...
- O bebê fica! Era uma menina agora.
Seu primeiro filho aprendera a lhe chamar de “tia” e só depois de adulto descobrira que a “tia” na realidade era sua mãe verdadeira. A irmã também aprendera a chamar a mãe de “tia” e nunca a aceitou como mãe. Não compreendia aquele abandono. E realmente, tudo era muito mal explicado. A ignorância e a submissão nunca deixaram aquela mãe lutar por seus filhos.
Pensava ela, “de que adianta eu lutar por meus filhos, se não tenho onde, nem como criá-los”.
O tempo passou e Joana nunca conseguiu o amor de seus filhos. Eles não lhe perdoam. Ela sofre... a “mãe” agora já morreu, mas nunca foi uma mãe para seus filhos. Criou-os como se fossem serviçais. E nunca lhes deu amor. Acabara sozinha com uma doença terminal que pouco a pouco lhe destruiu o corpo. A alma não se sabe se foi redimida ou se pena nos umbrais do inferno.
Joana foi envelhecendo. O coração partido sofria sem o amor dos filhos. Tinha consciência de que não deu amor, porque nunca aprendera a amar.
Com quase trinta anos arrumara um namorado que lhe oferecera uma pequena morada, numa vila distante. Fora morar com ele, mas continuava doméstica no emprego de quinze anos.
Um ano depois...
18.07.16
O DESTINO DOS FILHOS
Bem, um ano depois Joana já estava envolvida em outras tramas. Sua vida era uma continua tentativa de acertos. Por não ser muito inteligente ela não pensava nas dores que poderia estar causando a seus filhos com a sua acomodação em deixá-los com a “mãe”. Acreditava que lá eles tinham um lar e amor.
Sentia-se feliz com João. Com ele agora tinha um filho e uma casinha simples, numa vila distante da grande cidade. Tentara trazer os outros filhos para junto de si, mas a “mãe” não deixara. Ela não era forte o bastante para brigar. Continuou “tia” dos próprios filhos. Não dormia mais no emprego, nem tentara mais voltar a estudar.
Durante o dia deixava o filho que tivera com João com uma vizinha, a quem ajudava. Não pagava porque já ganhava pouco também.
O tempo passava célere e a vida de Joana ficou menos corrida. Seu marido trabalhava como zelador em um prédio, num bairro da periferia daquela grande cidade. Dormia em casa todos os dias, e, se não fosse pelos filhos que deixara com a “mãe” ela podia dizer que era feliz.
Um dia bateram em sua porta seus filhos mais velhos. O menino tinha 17 anos, a menina 15. Queriam morar com ela, pois era a única parente mais próxima, a “tia”. Joana resolvera contar-lhes a verdade. Pessoa simples, não sabe contar histórias, não soube explicar seus sentimentos, nem seu abandono, nem o abandono que causara. Os adolescentes revoltados fugiram de sua casa, antes mesmo que ela argumentasse melhor. Não queriam mais saber dela. Saíram dali dizendo que a odiavam.
Joaquim vivera nas ruas por alguns meses até que um antigo colega de escola, cabeleireiro agora lhe convidara para morar juntos. Aceitou e passou a trabalhar num posto de gasolina. A menina, Marina, tornara-se prostituta e vivia bêbada e drogada. Joana sofria com aquilo, porém nada fazia. Nada sabia fazer para solucionar o problema. Começara a adoecer e antes mesmo que tudo aquilo terminasse suas entranhas começaram a ser devoradas por um câncer que a matou em pouco tempo.
O filho mais velho agora estuda. Está com 30 anos. Quer ser advogado. Marina fugiu com um cafetão e ninguém mais soube sobre ela. O terceiro filho tem 13 anos e mora com o pai e uma nova mulher que este arrumou.
A vida algumas vezes faz com que pensemos que somos os únicos quem sofre. Mas tudo o que fazemos tem consequências sérias para nós ou para os outros.
Joana nunca teve sabedoria para compreender seu sofrimento e crescer com ele. A sua submissão criou outros dramas, mesmo quando ela não queria prejudicar ninguém. Sua busca era uma busca de amor, por amor, com amor que não aprendeu a dar, nem mesmo quando se casou, tampouco quando se tornou mulher.
20.07.16


Mário Feijó

segunda-feira, 18 de julho de 2016

BRUMAS DO INVERNO (A SAGA DE JOANA - nascem os filhos)

BRUMAS DO INVERNO
Estávamos no mês de junho quando o inverno (aqui no hemisfério sul) solta suas brumas através de um vento gelado. Nas ruas as pessoas andavam encolhidas, úmidas e apressadas.
Joana era apenas uma menina, com seus sete anos. Fugira de casa, pois o pai, bêbado, batia-lhe todos os dias e a mãe submissa não intercedia. Algumas vezes até tentara lhe molestar. Era melhor viver nas ruas do que ter uma vida daquelas...
14.07.16
Joana dormia agora nas ruas da cidade. Brincava com pombos na praça. Tinha liberdade, não tinha mais amor. Aliás, amor era a única coisa que Joana jamais conhecera.
Volta e meia ganhava uma moeda. Já conhecia todos os recantos da cidade. Não tinha luxos. Comia tudo que achava nos lixos da cidade. Afinal de contas, os ratos não sobreviviam? Mas Joana não tinha capacidade nem para raciocinar sobre isto. No entanto no mundo dos bichos ela era apenas mais um deles.
Enquanto tinha inocência, Joana era inocente, mas a vida mostrava a Joana que a inocência é um elemento que tem que ser superado quando pensamos em sobrevivência. E Joana começara a ser esperta, feito um rato que foge do gato que quer lhe abocanhar ...
16.07.16
Dormia onde conseguia se esconder, entre construções ou em locais abandonados. Quando era verão isto não era problema, mas quando o inverno chegava era mais duro achar um abrigo. Começou a se misturar com mendigos de rua. No início a maioria lhe protegia e dava guarida. Pegou sarna dos cachorros e piolho das pessoas.
Um dia uma senhora da cidade ofereceu-se para ajudá-la. Chamou-a para morar em sua casa como se fora sua filha. Parecia uma boa oportunidade, foi. No entanto a “mãe” passou a aproveitá-la nos serviços domésticos e com o passar do tempo ela virou empregada da casa, sem amor e sem salário, mas não queria voltar para as ruas então se sujeitou à “escravidão”. Com o passar dos anos não havia mais amor entre elas e a “mãe” mostrou-se quase cruel.
Sem estudar e com dificuldades em se relacionar com as pessoas, um dia ela resolvera fugir novamente. Estava agora com 15 anos. Foi para a cidade grande. Agora estava na capital. Procurou emprego e achou um de doméstica para dormir no emprego. Tentou várias vezes voltar a estudar. Ia um a dois meses e não conseguia acompanhar, além do que sentia vergonha por estar aprendendo a escrever somente com 15 anos. Na escola noturna arrumou um namorado e por carência de amor entregou-se a ele na primeira oportunidade. Engravidou. Ele não sumira, ficara por perto e quando chegou a hora do bebê nascer foi para a casa da “mãe” que um mês depois a mandou voltar ao trabalho.
- O bebê fica aqui. E o namorado também ficou. Apaixonou-se pela “mãe” e um ano depois nascia mais um bebê. O seu antigo namorado torna-se seu “padrastro”.
Joana continuava trabalhando na casa onde antes trabalhava.
Passaram-se mais alguns anos e Joana arrumara outro namorado. Engravidara novamente. Quando chegou a hora do bebê nascer voltou “contrafeita” à casa da “mãe” que um mês depois a mandara voltar ao trabalho...
- O bebê fica! Era uma menina agora.
Seu primeiro filho aprendera a lhe chamar de “tia” e só depois de adulto descobrira que a “tia” na realidade era sua mãe verdadeira. A irmã também aprendera a chamar a mãe de “tia” e nunca a aceitou como mãe. Não compreendia aquele abandono. E realmente, tudo era muito mal explicado. A ignorância e a submissão nunca deixaram aquela mãe lutar por seus filhos.
Pensava ela, “de que adianta eu lutar por meus filhos, se não tenho onde, nem como criá-los”.
O tempo passou e Joana nunca conseguiu o amor de seus filhos. Eles não lhe perdoam. Ela sofre... a “mãe” agora já morreu, mas nunca foi uma mãe para seus filhos. Criou-os como se fossem serviçais. E nunca lhes deu amor. Acabara sozinha com uma doença terminal que pouco a pouco lhe destruiu o corpo. A alma não se sabe se foi redimida ou se pena nos umbrais do inferno.
Joana foi envelhecendo. O coração partido sofria sem o amor dos filhos. Tinha consciência de que não deu amor, porque nunca aprendera a amar.
Com quase trinta anos arrumara um namorado que lhe oferecera uma pequena morada, numa vila distante. Fora morar com ele, mas continuava doméstica no emprego de quinze anos.
Um ano depois...

18.07.16
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Mário Feijó

sábado, 16 de julho de 2016

MARIA’S VIDA AFORA

MARIA’S VIDA AFORA

Oh Maria tu que és Graça
Te disfarças de Mary
Enquanto Eneida’s te cuidam
Ana Maria, tu mãe ferida,
Desfrutas a vida envolvida em amor

Regina, Dione, Emília e Sandra
Que poderiam ser chamadas de Maria’s
Trazem semblantes de mães
Mesmo longe dos seus filhos

Isabel mãe de Maria
Lucilla cheia de “eles”
Beija as mãos de Carlinda
Quando esta ampara o irmão

E eu fico assistindo
Os ensinamentos da vida
Protegendo Lara e Larissa
Futuras mães de Maria’s
No desconforto de seus abandonos

Virgem Santíssima
Protegei as mulheres que nos deram a luz
Que nos amparam pela vida
Mesmo quando estas já se foram
In Sônia’s  Maria’s vida lá fora...

Mário Feijó

16.06.16

segunda-feira, 11 de julho de 2016

PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: FELIZ NATAL TODOS OS DIAS

PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: FELIZ NATAL TODOS OS DIAS: Eu quero um mundo Onde a paz exista Durante o ano inteiro Onde as pessoas se amem Fraternalmente todos os dias Onde não exista fome, ...

PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: AMOR PERFECTO

PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: AMOR PERFECTO: Hoy yo pensé Que no más poeta sería Pues dejé huir Por entre rimas Mi amor es perfecto Que dormía en el lecho Y por...

PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: PENSANDO MUCHO

PERMITA-SE... Mário Feijó - Poemas e Artes Plasticas: PENSANDO MUCHO: Hoy yo pensé Que no más poeta sería Pues dejé huir Por entre rimas Mi amor es perfecto Qu...

O PODER DO MAR

O PODER DO MAR

As forças da natureza interferem em tudo. Somos parte dela. Segundo o ensinamento Cristão nascemos do barro. Ganhamos vida com um sopro.
Eu sinto as forças da natureza me afetando. Elas afetam minhas vontades e meu humor. Um dia nublado me deixa mais deprimido que um dia de sol. Não que eu me curve aos dias, como fazem as árvores que se curvam ao vento, mas é inegável que as forças da natureza me afetam.
Eu tenho fases, feito a lua.
Eu também brilho, feito as estrelas.
Eu sofro de erupções, feito a terra.
Eu faço marolas, feito as ondas do mar.

E quando o dia nasce eu sou a luz do sol.
Tenho a bondade dos animais domesticados
E sou feroz quando me machucam
Feito os animais selvagens.

E tenho amor pra dar
Para quem tem energia para trocar
Estendo meus braços
Feito o vento e nos teus ouvidos troco confidências

E quando a noite chega
Eu sou a luz da lua iluminando o mar
Escondendo segredos que não sei contar
Sim! Eu tenho o poder do mar.

E sendo assim, sigo minha vida contando meus dias, como se fosse uma única jornada. É a jornada da vida que tem um começo, meio e fim. Porém eu me sinto contínuo nas forças da natureza. Daqui a pouco eu serei apenas uma borboleta, recém-saída de seu casulo, viajando pelo mundo, sem destino pra pousar.

Mário Feijó

11.06.16