segunda-feira, 31 de julho de 2017

DELÍRIOS POÉTICOS




DELÍRIOS POÉTICOS

“Só uma parte da existência cabe num poema.
A maior parte esbarra no muro das palavras
e permanece do lado de fora”
José Castello
In: COUTO, M. Poemas Escolhidos.  1ª. Ed. São Paulo : Cia das letras 2016

O poema é um delírio
Um momento de beleza
Em um instante de loucura
Na vida de um poeta

Ele (o poeta) tem os olhos
Que enxergam além do físico
Porque enxerga com olhos d’alma

Vê os encantos da vida
Na natureza das coisas
Nos eventos de cada sentimento
Na extensão de cada um

As palavras pouco dizem
O todo que o poeta vê
Em um mundo no qual
Ele é apenas o agente do sentir

Mário Feijó

31.07.17

DIA DO ESCRITOR




DIA DO ESCRITOR
Não pense você que só aqueles que têm livros escritos são escritores, mas todos aqueles que escrevem cartas, bilhetes, pequenos poemas, historiadores, pesquisadores são escritores.
É importante que registremos para a posteridade histórias que nos envolvem e que envolvem nossas famílias. Boas ou más histórias, mas eventos diários. Por isto é importante que não deixemos estas memórias morrerem e assim nos tornarmos eternos... imortais.
A todos os meus amigos escritores que estão na minha estante, a todos os meus amigos escritores, a todos os que vivem comigo histórias que morarão na minha memória ou que contribuem para a história da humanidade o meu carinho agradecido... Torne-se um escritor... escreva sempre e se possível leia-nos...
Mário Feijó
25.07.17

domingo, 30 de julho de 2017

LAMÚRIAS DE AMOR



LAMÚRIAS DE AMOR

Algumas pessoas
Procuram o amor
E quando encontram
Não satisfeitos
Continuam a procurá-lo
Em outros...

E quando perdem
Aquele amor que tinham
Por não saberem dar valor
Ficam a dizer que sofrem
Por não serem compreendidos...

Mário Feijó

30.07.17

segunda-feira, 10 de julho de 2017

A ENXURRADA

A ENXURRADA

“Restou a nós ficar olhando o vale arrasado. A chuva destruiu nossas plantações, levou toda a criação de animais domésticos, inclusive as duas vaquinhas que tínhamos”.
Este foi o relato da mulher, ao repórter que a entrevistava, no mês de junho passado, numa cidade do interior do Rio Grande do Sul, próximo ao Rio Uruguai, no sul do estado.
O casal desolado estava no alto do morro apreciando o volume das águas que não parava de subir. A mulher estava grávida havia sete meses, e no colo tinha mais um menino com pouco mais de um ano. Eram felizes, afirmara.
Simples, porém felizes e agora estavam desolados porque a única coisa que lhes restara foi a terra. Não sabiam o que fazer para recomeçar. Teriam que esperar as águas baixarem. Quase dois dias depois, o volume dos rios no Estado começou a baixar.
Quinze dias depois o volume dos rios no Estado começou a ficar normal. Houve lugares onde a água subiu 11 metros acima do normal. A comunidade empobrecida, das zonas rurais, começou a receber ajuda de outros municípios e até de outros estados. O poder público prometeu e não cumpriu, nem a ajuda de 2015. Agora em julho de 2017 começou a enviar uma parcela de recursos aos municípios em estado de calamidade pública.
As famílias recebiam ajuda de parentes e amigos e os que perderam suas casas estavam alojados no salão paroquial, algumas outras no ginásio coberto das escolas. Tudo muito precário.
O estado do Rio Grande do Sul está com as finanças falidas, o país diante da crise política dos últimos tempos vive situação semelhante. Tudo se torna difícil e caótico. No entanto o povo brasileiro e bravo e vai à luta. Geralmente quando a ajuda chega o problema já está quase resolvido. No entanto diante de tamanho caos uma perda como esta leva muitos anos para que as famílias se recuperem. Muitos acreditam piamente em tudo e esperam a ajuda divina para resolver seus problemas. Todavia Deus nem sempre está disponível para resolver todos os problemas que o próprio povo causa ao planeta, como: poluição e desmatamento e muitos dos desastres naturais são em consequência do descaso da humanidade. Vamos acreditar que podemos mudar isto e não esperar somente soluções vindas do poder público ou da ajuda divina.
Educação é o caminho. Nossa ação a solução. Vamos à luta e vencer esta batalha. Outros povos conseguem, nós conseguiremos. É nisto que eu acredito. É nisto que espero que as pessoas comecem a acreditar. Só assim as mudanças acontecerão e podemos todos ter uma vida com qualidade. O resto se Deus der é lucro!

Mário Feijó
10.07.17

P.S. Trabalho executado na Oficina Literária Itinerante “Mário Feijó”

(usar a imagem como referência na criação de um texto)

quarta-feira, 5 de julho de 2017

SER INVISÍVEL







SER INVISÍVEL

Éramos seis irmãos e ainda somos, antigamente mais unidos que hoje. Criança faz barulho: corre, grita, canta, brinca. Os quatro mais velhos tinham no máximo um ano e três meses de diferença entre um e outro. Éramos unidos, mas brigávamos bastante por qualquer coisa, mas nada muito sério, igual à maioria das famílias. Passados dez anos nasceram mais dois e completou-se o grupo de seis irmãos. Sendo eu o mais velho.
Muitos filhos, para os tempos de hoje, penso eu, porém dois irmãos de meus pais tiveram dezessete cada um. Crescemos crianças com pouco amor e atenção dos pais. Eu me sentia invisível aos olhos deles, principalmente para meu pai, que parecia ter seus olhos todos voltados para minha irmã, a terceira de todos.
Ganhei a responsabilidade informal de ser o tutor de todos, ai quando alguém fazia uma diabrura – uma arte qualquer que desagradasse meu pai, ou que minha mãe queixosa contasse a ele – eu me tornava visível e a “Iracema tira a teima” entrava em ação no meu lombo ou qualquer parte do corpo. Era dolorido e cruel, eu lembro (Iracema era uma vara ou cinta que servia para nos castigar). Porém na maioria das vezes era somente eu quem apanhava as surras, os outros eu não lembro se foram surrados alguma vez.
Cresci e fui cuidando mais de mim. Logo me tornei adulto e tive uma família para criar e sustentar, afinal de contas casei com 23 anos. Nunca deixei de me preocupar com meus pais, enquanto estiveram vivos, nem com minha avó, que faleceu com 97 anos. Tampouco deixei de estar vigilante com minhas tias. Sempre as visito, principalmente as da família da minha mãe.
Hoje estou morando sozinho, mas minhas “antenas” estão sempre ligadas em relação à família que cresceu muito: atualmente são quatro filhos e oito netos. É muita gente para cuidar e eu estou chegando numa idade que sou eu quem precisa de frequentes cuidados. Está muito claro que se precisarem é só ligar e estou presente. No entanto eu me sinto invisível aos olhos deles.
Gostaria muito de ser invisível – literalmente – e sei que a oportunidade acontecerá tão logo eu morra, aí poderei saber se o amor que plantei nos corações ainda existe, mesmo que tarde.
Sei, ainda, que ninguém é eterno, porém o amor e as coisas que fazemos a quem amamos torna-nos imortais, como se fossemos escritores numa academia de letras da vida...

Mário Feijó
05.07.17


PS. Trabalho produzido na Oficina Literária Mário Feijó

segunda-feira, 3 de julho de 2017

A ADOÇÃO: E AGORA? A CRIANÇA É NEGRA - CAPITULO IV


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A ADOÇÃO: E AGORA? A CRIANÇA É NEGRA

CAPITULO IV

Sim. Pedro e Carol resolveram atender ao chamado telefônico. Assustados pensavam no drama recentemente vivido no Rio de Janeiro.
O número                 tinha o prefixo 21, porém era da tia de Cleia, a amiga de trabalho de Carol, única conhecida naquela cidade. Haviam deixado com ela o número de Pedro para o caso de resolver problemas possíveis com a perda de documentos e telefone no Rio.
Tia Lia tinha recebido uma ligação da polícia informando que haviam prendido uma gangue e com eles estavam o telefone e os documentos de Carol. Era incrível isto, e tia Lia se encarregara de mandá-los por SEDEX.  
Deu pra relaxar um pouco de toda a tensão sofrida no último mês.
Vida voltando ao normal. Retornaram ao trabalho. Carol resolvera contar todo o drama vivido até o casamento para Cleia, pois eram amigas desde a infância. Não tornar pública toda a história que sofrera, principalmente para a família, mas confiava em Cleia. Trabalhavam juntas há algum tempo e a amiga entrara na empresa por indicação de Carol.
Em contrapartida Cleia contou o drama de uma sobrinha, meio cabeça de vento, que morava com ela e a mãe. A menina tinha 17 anos estava grávida pela terceira vez e decidira que entregaria o bebê para adoção. Até pensara em abortar, mas os mais próximos resolveram influenciar e indicar este caminho.
Carol fora pra casa tocada com a história. Talvez pela perda recente de um bebê e começou a pensar na trajetória daquele bebê que ninguém iria saber onde iria parar. Isto estava lhe incomodando, fragilizando. Falou com Pedro, quase um mês depois. Ele, a princípio nada disse, até que no final de semana falou:
- Se você quiser abraço esta causa com você. Vamos fazer tudo o que é necessário para adotar esta criança.
Começaram por ajudar Luana com médicos, remédios e pré-natal. Carol tinha uma amiga médica que se encarregou de tudo, para evitar um contato direto, e Cleia prometera não contar à Luana quem adotaria seu filho, visto que Pedro tinha uma amiga na Universidade que pertencia à Associação de Pais de Crianças Adotadas que ajudou e entrou na história.
Dra. Miriam se encarregou de fazer o parto, numa maternidade Pública, porém em quarto particular. A moça mãe não teria contato com o bebê que sairia da maternidade com a tia e a garota e na rua entregariam à Cecília, amiga de Pedro. Tudo muito discreto e planejado com cuidado. Tudo transcorrera normalmente até o dia do nascimento do bebê. Com todos estes cuidados, burlaram a adoção e registrariam como filho o menino recém-nascido.
Luana teve alta e na saída da maternidade Cleia veio até o carro, onde estavam Cecília, Pedro e Carol, todos ansiosos e nervosos e entregou aquele pequeno embrulho cheirando a sabonete, enrolado com as roupas que Carol havia comprado. Cleia jurara jamais contar o paradeiro do bebê à sobrinha, que não pareceu se importar muito com isto.
Carol pegara a criança delicadamente enrolada naquele cobertor e nada dissera. Encostara seu rosto no tecido e deixou uma lágrima rolar, tão emocionada estava. O cheirinho do bebê foi tomando conta dela que parecia sentir o mesmo quando seus outros filhos nasceram. Estava feliz. Acolhera aquele bebê ao peito e o instinto materno tomou conta dela. Por incrível que pareça sentiu o peito arder e logo depois ficar molhado. Seu peito estava inchado nos últimos dias e sentiu escorrer no corpo um líquido quente. A espera fez com que ela tivera uma gravidez psicológica e agora seu peito jorrava leite. Parecia um milagre, mas já ouvira casos assim.
Foram pra casa, onde tudo estava preparado. O quarto do bebê todo pintado de azul. Havia armários com carrinhos e alguns brinquedos que os filhos de Carol haviam mandado, para mostrar que aprovavam a ideia de um irmão (quem sabe a mãe pararia de lhes cobrar um neto).
Pedro entrou na dança. Estava feliz com a ideia de ser pai. Nunca pensara que estaria tão feliz.
Chegando em casa e colocou o bebê no berço e fora tomar um banho pois estava toda molhada. Ao sair viu que o menino chorava com fome. Ela já havia comprado leites especiais. Ligou pra médica contando o que aconteceu e perguntou se poderia amamentar o bebê. A médica respondera que sim, mas que gostaria de examiná-la naquela mesma tarde.
Colocara um roupão e destapou a criança. Incrível! Sentia como se fosse tão seu que não tivera nem a curiosidade de ver o rostinho do bebê. Agora tinha o maior susto da vida. A criança era negra. Não havia se preocupado em saber nada e agora tinha um filho natural e negro. Será que fora trocado? Resolvera ir com a criança à médica.
Por que não perguntara nada a Cleia. Por que ela nada lhe dissera, já que a sobrinha era branca. Conhecia toda a família. Não era amiga intima, mas conhecia de vista todos e não lembrava de ter negros na família de Cleia.
Pedro, tão logo passara a surpresa, logo se apaixonara pelo bebê. Nunca tivera preconceito, mas Carol vivia um drama. Sua família era preconceituosa. Sabiam que teriam futuros problemas.
Chamou Cleia em sua casa e pediu que esta contasse toda a história da sobrinha e de quem era o pai da criança. Ela falou que o namorado de Luana era um negro haitiano que chegara há pouco tempo ao Brasil. Luana nem lhe contara sobre a gravidez porque, segundo ela haviam apenas “ficado” e nem houve namoro. A moça era uma típica brasileira, onde há na família todas as raças, mas era loira e tinha olhos azuis.
Passaram-se os dias e ela foi se apaixonando pela criança que ficava cada dia mais linda, aos seus olhos. Todos começaram a esquecer a cor e a beleza exótica do menino começou a prevalecer, encantando a todos.

Mário Feijó

03.07.17

domingo, 2 de julho de 2017

EMBARALHADO



EMBARALHADO

Tudo dentro de mim
Está muito embaralhado
Até ontem eu queria
Apenas um amor eterno
Hoje eu descobri que você
Estará eternamente em mim

E num susto eu tenho medo
Um medo enorme de te perder
Eu não saberia mais
O que fazer sem ti

Tive muitos amores
E jamais morri de ciúmes
Por qualquer um deles
Confesso que tenho ciúmes de você

Estou assim embaralhado sozinho
Querendo correr para teus braços
Penso que todas as formas de amar
Sempre valerão à pena
E tudo o que eu mais queria
Era viver este meu eterno amor

Mário Feijó

02.07.17