terça-feira, 23 de agosto de 2016

A REALIDADE DOS SONHOS



A REALIDADE DOS SONHOS

Vi minha amiga Izabel adotando maiores abandonados. Pessoas que moram na rua e que querem ter uma chance na vida sem conseguir. Ela adotou Nina, uma moça de 18 anos, que dormia pelas ruas e vivia com o que conseguia fazendo pequenos bicos. Com a adoção, um bom banho, corte de cabelos, roupa simples e nova, cheirosa e perfumada, agora com endereço fixo, Nina conseguiu emprego e logo em seguida, já estava matriculada na faculdade para continuar os estudos que havia parado, por não ter condições.
Algum tempo depois ela “adotou” Alberto, com 41 anos. Deu-lhe um quarto, roupas e as mesmas providências que fez com Nina. Logo em seguida descobriu que ele era um homem inteligente. Que foi morar nas ruas porque perdeu tudo, depois de uma tragédia familiar ocorrida há quase seis anos.
Alberto era um empresário. Com a morte da esposa, num acidente de carro que ele dirigia, entregou-se à bebida. Os filhos foram tirados pelos sogros e ele foi afundando até perder a empresa, por falta de gestão e empenho.
Vivia na rua. Esquecera de si. Passou a ser alguém sem nome e sem rosto aos olhos da população. Os cabelos cresceram, a barba igualmente.
Izabel empenhara-se em conversar com Nina e com ele já há algum tempo. Ouvira suas histórias e decidira que iria recuperá-los. Tinha uma casa grande e acolhera-os em sua casa. Ela era psicóloga e uma pessoa muito humana que acreditava que as pessoas podem mudar, tendo uma nova chance. Adotara-os como se fossem filhos, como se fossem amigos, e foi o que realmente aconteceu. Eles evoluíram, voltaram a progredir na vida. A tomar gosto e a ter uma nova meta.
Nina trazia uma história complicada de surras e abandonos. O pai morrera cedo e a mãe casara-se novamente com um homem que só a explorava e maltratava seus filhos. Um dia Nina não aguentava mais e partiu. Sem estímulos vivia pelas ruas...
Há muitos destes casos pelo mundo afora. Podem até parecer fantasia, mas existe muita gente que às vezes só precisa de uma mão, de atenção, de conforto, de estímulo.
Eu acordei feliz, porque vi que em sonhos tudo podemos fazer. Na realidade comecei a pensar, será que não podemos fazer realmente algo por alguém? Será que não podemos ajudar alguém? Que seja desta ou de outra forma, mas que comecemos a pensar no próximo como sendo um de nós mesmos, estendendo a mão e ajudando. Vamos começar a pensar o mundo como sendo melhor, como se todos os sonhos pudessem se tornar realidade.
Foi somente um sonho, mas parecia algo tão real...

Mário Feijó

23.08.16

domingo, 21 de agosto de 2016

ATLETA

ATLETA

A ti que és um atleta
A ti que nos faz feliz
A ti que marca um gol

Enalteço a ti atleta
Sem esquecer a tua dor

A ti que fazes “ace”
No tênis e no voleibol
A ti que fazes ginástica olímpica
Ou que atiras em busca do alvo

Enalteço a ti atleta
Sem esquecer a tua dor

Seja no judô ou karatê
Ou tantas outras formas de luta
Correndo nas maratonas
Ou disparando na marcha olímpica

Enalteço a ti atleta
Sem esquecer a tua dor

Quando todos querem a glória
Tu remas na canoagem
Tu corres no revezamento
Tu nadas de todas as formas

Marcas no corpo e na alma
Pontos da tua glória
As lesões dos treinamentos
Nas chegadas da maratona
Quando chegas de joelhos

Enalteço tua glória
Sem esquecer a tua dor
Porque eu somente assisto
Torço por ti com muito amor...

Mário Feijó

21.08.16

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

SER HUMANO – ESTE ANIMAL RACIONAL (?)

SER HUMANO – ESTE ANIMAL RACIONAL (?)

                Numa alcateia, os lobos mais velhos vão à frente, protegidos na retaguarda pelos mais novos.
Nenhum outro animal abandona os mais velhos, porém os seres humanos “civilizados” fazem isto com muita facilidade e frequência. Pelo que eu sei e já vi os “indígenas”, nativos, aborígenes ou os primeiros habitantes da Terra nunca fizeram isto. A Antropologia nos mostra isto nos estudos primitivos da humanidade. Será que a dita civilização fez isto com os humanos? Será que ao invés de evoluirmos “involuímos”!?
Com frequência vejo filhos que não querem saber dos pais, alguns até se aproveitam de seus rendimentos, em benefício próprio sem dar assistência ao idoso. Vejo até brigas por herança enquanto o corpo é velado. Sem contar os que querem partilhar tudo o que o idoso acumulou, e que deveria gerar-lhe qualidade de vida na velhice. Muitos só querem usufruir sem ir à luta.
Estamos num planeta, como se estivéssemos em um barco. Mas os homens não pensam em harmonia, em cuidar desta embarcação. Até quando o planeta suportará a destruição que o homem causa? Até quando ficaremos sem aprender as lições mínimas de civilidade e convivência harmônica?
E se falarmos daqueles que querem acumular infinitamente riquezas que nunca poderão ser gastas em uma única vida, enquanto muitos morrem de fome diariamente?
É chegada a hora de refletir. É chegada a hora de evoluirmos. A ciência caminha a passos rápidos. Vejamos tudo o que já aconteceu nos últimos 100 anos. E o homem parece caminhar para trás. Deveríamos pensar na vida como uma construção de valores e não de riquezas. A riqueza desaparece numa simples catástrofe, mas o que construímos como Ser, isto é eterno. É uma herança imutável que nada destruirá. Temos que aprender novos valores, não somente o valor do dinheiro. Temos que aprender a Ética, e ética implica em justiça.
Sei que criamos os filhos para o mundo, não para ficar sob nossas “asas”, mas eles esquecem de ouvir àqueles que lhes deram vida, educação, amor. Criam novos conceitos e julgam sem conhecimento do que os pais fizeram para que eles sejam o que são. Falta amor. Falta compreensão. E enquanto isto não for mudado, seus filhos farão o mesmo com eles, vendo o exemplo do que seus pais fizeram com seus avós, e a vida continua, sem uma melhora da raça humana.
Infelizmente isto não acontece só em países subdesenvolvidos, mas nos países ditos desenvolvidos. Comecemos a mudar isto nas nossas casas, nas nossas famílias, nos nossos lares e quiçá tenhamos um planeta sob uma melhor energia. Que Deus nos proteja! Que os deuses nos protejam! Que qualquer coisa nas quais acreditamos nos protejam! E que tenhamos um planeta melhor!
Que sejamos menos racionais e mais lobos protegendo sua alcateia!

Mário Feijó
19.08.16



quinta-feira, 11 de agosto de 2016

VELHO EUCALIPTO

VELHO EUCALIPTO

Tudo o que um dia eu pensava
O tempo mudou
O vento levou
E o bom senso me fez repensar

Criei cicatrizes
Dos tombos e aprendizados
Que só quem tem humildade aprende

Ficaram marcas em formas de rugas
Cascas em camadas
Tal qual eucalipto eu fora

Em cada camada
Ficou a marca do aprendizado
E o velho eucalipto cresceu imponente
Rumo ao céu

Seguro diante das tempestades eu sigo
Esperando o dia da poda
Em que o meu tronco sirva
De alicerce para outra morada

Mário Feijó

11.08.16  

domingo, 7 de agosto de 2016

LAREIRA APAGADA

LAREIRA APAGADA

Quando o suspiro cessou
Fez-se o silêncio
Apagou-se a lareira
Instalou-se o frio
Ficaram no chão
Somente as cinzas
Que foram turvando os mares
E as lágrimas nos olhos

As paredes cor de rosa
Também foram pintadas de gris
O silêncio foi ampliado
Estendendo-se por toda a orla
E o telhado agora sem goteiras
Caem apenas lágrimas do orvalho
E nos jardins não brotam mais girassóis
Tampouco os amores são mais perfeitos

Mário Feijó

07.08.16

terça-feira, 2 de agosto de 2016

UMA RAJADA DE VENTO

UMA RAJADA DE VENTO

Há dias em que eu queria
Ser apenas uma rajada de vento
Para soprar o pólen das flores
Ou causar frisson nas águas das lagoas
Depois passar levemente pelo teu corpo
Eriçar os teus pelos
E te fazer sentir
Ter saudades dos carinhos meus

E como se não bastasse
Eu queria passear pelo mundo
Conhecer outras terras
Tocar as ondas dos mares
Balançar suavemente canoas
Com pescadores dentro
Para que eles felizes
Possam voltar pra casa com seus alimentos

Eu não quero muito da vida
Aceito tudo o que ela me oferece
Mas continuo correndo atrás de sonhos
Tão pequeno quanto este
De ser apenas uma rajada de vento

Mário Feijó

02.08.16