Vista Parcial de São Paulo - do 27o. andar do Hotel Brasilia Small Town
DO ALTO DO ARRANHA-CÉU
Do alto do
arranha-céu vejo formigas disfarçadas de gente. Umas de motocicleta, outras
estão em alta velocidade, dentro de carros importados. A pressa é a mesma,
desde La Fontaine.
Do alto do arranha-céu eu não
vejo teus pensamentos. Se há qualquer resquício de inteligência eu não sinto
isto. Todas as formigas parecem autômatos que agem e reagem como que por
programas pré-determinados.
Do alto do arranha-céu eu
descubro minha pequenez e faço lá o meu ninho, neste formigueiro. O mundo é
muito maior no ar, da terra vejo apenas o rodapé de luzes enfeitando a noite. Durante
o dia apenas a poluição enfeita a paisagem, destruindo a nitidez que os meus
olhos cansados já perderam há muito. Eu apenas descubro as células vivas do
mundo quando tenho em minhas mãos uma Pentax profissional.
Do alto do arranha-céu eu fico
planando, flanando, voando porque tenho asas internas e enquanto fico ali me
equilibrando o mundo gira, tudo muda de lugar, menos eu que continuo o mesmo,
preso dentro de minhas dimensões...
Mário Feijó
15.08.12
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