quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

TERRA FECUNDA




TERRA FECUNDA

Há vezes em que eu te espero
Feito terra seca
Que aguarda a chuva
Que lhe penetre as fendas
E lhe fecunde as sementes...
Há dores de parto
Abrindo entranhas na terra fecunda
Que lhe amainam as dores da saudade
Naquele chão avido...
E os campos florescem
Brotando vida
Naquela terra antes seca
Agora repleta de vigor...
E todo o tempo de espera
Desaparece quando a terra floresce
Quando brota agora do chão
Delicadas e suaves flores...

Mário Feijó

28.12.17 

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

POR AMOR...




POR AMOR...

Por amor mudamos tudo
E é tão lindo ver
A força bruta daquele homem
Ficar delicada diante do amor

Eu vi a força de Juliano
Enternecida ajudando Jackie
Nas tarefas domésticas

E ela apaixonada derreter-se
Ele tem me ajudado como jamais fez
Para outra mulher qualquer
E tudo isto pelo simples fato de amar

E depois de toda a labuta diária
Ela se aconchega a ele em sua carruagem
E vão os dois embora: cansados e felizes...

Mário Feijó

18.12.17 

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

A LUA É CÚMPLICE




A LUA É CÚMPLICE

No leito esparramaram-se
Feito rio que escorre
E, animais no cio amaram-se
Sobre a relva e o sereno da noite

Eles eram livre
Tal qual o vento
Um dia no mar, outro na serra
Corriam pelas paragens

No chão ecoaram as pisadas
Eram as brumas da noite
Onde o solo eram os lençóis de areia

No teto nada mais que estrelas
A lua escondera-se solidária
Era cúmplice deste amor...

Mário Feijó

18.11.17

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

POR DOIS OU TRÊS BEIJOS



POR DOIS OU TRÊS BEIJOS

O poeta passou a vida inteira
Em busca de um amor sincero
Porém quando o encontrou
Descobriu ter caído numa armadilha

Sim! O amor também tem armadilhas
E o poeta começou a agonizar
(faz tempo que agoniza)
Descobriu que o amor lhe testava

Certas horas sua alma
Ficava completamente vazia
Noutras horas seu amor próprio evaporava
E o poeta que sempre fora esperançoso
Tinha aridez no coração

O amor não se compra
E o poeta vendeu-se
Por dois ou três beijos
E mais trinta moedas: crucificaram-no!

Mário Feijó
06.12.17


segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

TEMPO E DISTÂNCIA






TEMPO E DISTÂNCIA

O que mais dói
É ir ao teu encontro
E como que por encanto
Te perder na bruma
Estou mais perto
E ao mesmo tempo mais distante
O tempo contado em horas
Dias, semanas, meses e anos
Jogam-me sempre pra longe de ti
Tento nas brumas te alcançar
E o vento te leva
Por vias, rodovias e estradas
Para longe de mim
É o destino que nos separa
Eu corro incerto
Pra perto de ti
E cada vez nos distanciando mais e mais

Mário Feijó
26.11.17


MILAGRES ACONTECEM (crônica)


foto: Mário Feijó


MILAGRES ACONTECEM

Era uma tarde chuvosa, nós corríamos pelo campo, voltando para casa. O céu completamente fechado abria nesgas de sol. Num dos intervalos entre os vários temporais que já caíram naquele dia.
Ao longe o gado pastava o capim verde e molhado, indiferente se chovia ou fazia sol. O poeta olha o campo e vê, de lado a lado, o mais colorido e vivo arco-íris. E naquela paleta de cores, de um lado o arco-íris caia em cima dos animais e do outro somente o verde do campo. A paisagem tinha as cores do paraíso. O poeta então para de correr, estaciona o carro e vai para aquela visão colorida que ia do laranja até o lilás, tentando subir onde só havia campo.
Pensava no que sua avó dizia: ‘sempre há um tesouro na ponta do arco-íris’. Assim: esquecera-se do tempo e de onde estava. Esquecera-se de que não chegara ali sozinho, no carro da frente tinha alguém que lhe guiava o caminho naquela estrada desconhecida e estranha. Pegou o celular, pois não levara sua máquina fotográfica, e registrou extasiado aquele momento enquanto sua mente viajava no arco-íris em direção à fantasia. Era um momento de felicidade em um pequeno lapso de tempo.
Recomeça a chover e saindo do torpor o poeta lembra: tenho que correr, o outro carro sumiu na estrada e, sozinho por estes lados, estarei perdido. Era a divisa de dois pequenos municípios no interior de São Paulo – Santo Anastácio e Ribeirão dos Índios – um com nome de santo o outro de um pequeno riacho.
E o poeta desperta do êxtase correndo para seu carro e voltando para a estrada quando olha pra frente e vê que o carro da frente havia voltado para lhe buscar. Voltara preocupado com o que tinha acontecido com o poeta, sem entender nada, sem nem mesmo perceber que no céu havia acontecido um pequeno milagre, entre um temporal e outro...


Mário Feijó

27.11.17  

AMOR ROLETA RUSSA




AMOR ROLETA RUSSA

A borboleta assustada foge
Por medo dos predadores
Escondida no Jardim
Envolve-se com flores
Que dizem lhe amar
As flores murcharam
Por falta de amor
Água somente das lágrimas
O tempo é quem chora
As borboletas morrem
De inanição e desprezo
Nem predadores a procuram
O mundo gira
Entre amores, vícios e dores
Feito uma roleta russa

Mário Feijó
Out. 2017


TEMPO DE AMAR



TEMPO DE AMAR

Quando eu era criança
As pessoas que eu mais amei
Tinham cheiro de fumaça...

As que eu tinha medo
Cheiravam a suor...
As que eu desejava 
Tinham cheiro de 'leite de rosas'

As que eu respeitava
Tinham cheiro 'd'Água Velva'
A umas eu implorei carinho
De outras só quis distância

Algumas nem pareciam ser deste mundo
Outras pareciam ser fantasmas
Hoje todas sumiram feito fumaça

Não ficou nem o cheiro
Do Leite de Rosas
Igual ao da ‘Água-Velva’ que evaporou
Agora perdi o medo de amar

O amor trocou de corpo
O desejo é real não fantasia
Respeito minhas vontades
Deixei minhas flores no Jardim se abrirem


Mário Feijó
21.11.17

SEDE SACIADA

SEDE SACIADA

Eu olho os montes nos campos
E vejo tuas curvas, aclives e declives
Vejo o mato crescendo
O gado pastando
Pássaros voando
E as nuvens no céu onde me reporto

Aí eu sinto o teu cheiro
Na relva molhada
E vejo estrelas tal qual
Quando tu me abraças

Pele suada eriçada
Arrepiada pela ação do vento
Igual quando me tocas
Arrepiando meus pêlos

E vejo a água cristalina corrente
E sinto sede, tal qual
A sede que tenho
Quando me sacias com teus beijos

Mário Feijó
22.11.17