sexta-feira, 19 de agosto de 2022

UMA ESMOLINHA POR FAVOR!

 


UMA ESMOLINHA POR FAVOR!

 

Quando eu era criança pensava em ser dono de uma “vendinha”, tipo “secos e molhados”.

Para sobreviver já vendi de tudo, desde laranjas a pedacinhos de coco. Artesato de esponjas e roupas.

Por não saber qual profissão seguir fui deixando a vida me levar e acabei sendo “administrador de empresas”, formado na Universidade Federal. Não sei se aprendi a administrar alguma coisa porque sempre me deixei levar pelo coração.

Tornei-me um adulto e sempre me virei, mas mesmo empregado acabei vendendo roupas. Rendeu durante muito tempo, porém eu estava me sentindo um mascate, batendo de porta em porta.

Um dia trabalhando na Universidade, aquela onde eu havia me formado, geralmente, nas folgas ou à noite, feriados e finais de semana eu saia para vender, mas por não ter ainda celular, na época, cometi o que considero o maior fiasco da minha vida. Uma família inteira encomendou roupas comigo e, eu achando que a data era outra não levei as roupas e cheguei na casa depois do casamento. Foram todos ao evento com as roupas que tinham em casa. Até hoje procuro um buraco pra me esconder. Desisti da venda de roupas, por este e outros motivos que não vem ao caso.

Por problemas de saúde, acabei me aposentando na Universidade Federal de Santa Catarina e comecei a pintar e levar mais a sério minha escrita, visto que na Universidade eu já trabalhava com revisão de teses e trabalhos científicos. Em 1987 tive publicado meu primeiro livro de poemas chamado “ENCONTROS E EMOÇÕES”, meu primeiro livro solo. Mas também já publicava no Jornal Universitário e jornais locais.

Sempre vendi tudo tão facilmente que para não perder o pique ainda hoje trabalho vendendo produtos Natura – a casa de perfumaria do Brasil. Porém quando se trata de vender meus livros sinto como se estivesse pedindo esmolas.

Estamos em um país, onde a arte e a cultura não são valorizados nem reconhecidos como deveriam. Gastamos muito dinheiro para fazer um livro, sem incentivo, sem patrocínio e algumas pessoas dizem: “você não vai me dar um livro!”. Os órgãos públicos não investem em talentos locais preferindo pagar fortunas a talentos consagrados.

Dos quadros e telas, que já pintei, acabei desistindo e parti para o artesanato, porém acontece o mesmo. Não importa se o valor é pequeno ou grande, a reação das pessoas é igual, todo mundo acha que é fácil e que não gastamos nada com material com o qual trabalhamos.

Hoje um livro com recursos próprios, mesmo numa pequena quantidade só será vendido em dois ou três anos e temos que tirar do bolso o montante integral para confeccioná-lo em trinta dias.

Portanto quando ofereço um livro a alguém parece que sou uma daquelas pessoas na rua que diz: uma esmolinha, por favor!

 

Mário Feijó

19.08.22

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

NADA ACONTECE POR ACASO

 


NADA ACONTECE POR ACASO

 

Nem as folhas das árvores ou as pessoas que passam por nossas vidas e, se nós ou os outros não aprendemos com os fatos é porque não era a hora e a lição, fica aí o exemplo.

O mundo estão interligados. Vivemos uma situação que pode ser comparada a um espelho. Muito do que aqui fazemos se espelha em outro lugar. Os fatos e os atos servem de lição.

O ser humano traz muito de suas experiências nos sentimentos e atitudes que aplica em sua vida e, se alguém não aprende a perdoar e guarda rancor por muito tempo é porque ela precisa desta energia para adoecer e se autopunir.

Nada é tão efêmero como a vida das borboletas que vivem pouco mais de um dia ou da vida das tartarugas que vivem em torno de oitenta anos.

Nada é mais belo que a fidelidade das araras que vivem para um único parceiro ou mais bonito que um galo, que necessita de um galinheiro inteiro ou, tão belo quanto os golfinhos que amam parceiros machos e fêmeas. Tudo tem uma razão na complexidade do planeta.

Muita gente não sabe que as águias vivem quarenta anos, nesta idade então se debate sobre as rochas para perder suas penas e as que sobram elas arrancam com o próprio bico, ficando depois escondidas esperando as penas crescerem para que elas possam novamente, rejuvenescidas voltarem a voar e ter uma nova chance por mais quarenta anos.

As plantas também lançam ao solo suas semente que só desabrocham em solo fértil e propício. Mas que no outono perdem suas folhas para poder enfrentar as intempéries do inverno.

E, nós seres humanos, o que fazemos por nós e pelos demais... a maioria, só pensa em acumular dinheiro ou bens, para morrer de repente e tudo ficar onde sempre esteve. Existem humanos que adquirem propriedade e quando morrem tudo se perde porque não ensinou aos filhos a dar valor ao que tem. E, as propriedades são invadidas ou, o governo as toma porque aquele herdeiro não sabe ou não tem como pagar os impostos obrigatórios. Os exemplos são muitos e as lições são jogadas ao vento pelos que desaprendem até a respirar e fazem da comida sua “bengala” armazenando gordura desnecessária no próprio corpo.

Respire fundo. Não desaprenda o básico. Não se curve demais, para não sofrer dores na coluna, mesmo jovem. Tudo é uma questão de postura diante da vida. Use o amor como combustível diário e a fé de que, sempre, tudo se resolve quando nossas energias estão equilibradas. E veja bem, não estamos falando em religião. Tudo que é demais também faz mal neste sentido. Mas em fé! Na força da natureza. Na energia das coisas da natureza: pedras árvores, bichos, vento, ar, mar, sol, chuva...  na fé em nós mesmos, de que tudo podemos, basta saber esperar. Algumas vezes os frutos não estão maduros. Não é a hora de comê-los. Então aproveite a flor e deleite-se, logo você estará comendo os frutos que virão quando ela cair. E, não matem as borboletas que virão até elas polinizando todas as árvores.

 A energia da lua está demonstrada até na força das marés. E os astros e estrelas também lançam suas energias sobre a terra. Exercem poder sobre nós. E isto não é ficção, é ciência, e, para isto não precisa de fé porque acontecerá independente de querermos ou não. De acreditarmos ou não. Basta usar a inteligência que temos e que não está em nossas cabeças como enfeite. Ela tem utilidade. Ela tem uma razão.

Há pessoas que passam pela vida sem perceber que são inteligentes e vivem apenas sua vida animal. É hora de evoluir. É hora de acreditar que podemos ser diferentes! Que podemos ser um pouco melhores que os demais.

Então nesta hora, eu olho para uma árvore e mais uma folha cai. É hora de renascer! É hora de evoluir, de provar para mim que eu posso! Que eu quero e assim será!

 

Mário Feijó

17.08.22      

CIRANDA

 


CIRANDA

 

A minha cabeça ferve

Fico girando, girando

Numa ciranda de eventos

Onde não sei pra onde vou

 

Se fico exposto o sol me queima

A chuva me molha

O frio me congela

O calor me transforma

 

E o mundo gira

Feito um carrossel num parque de diversões

E a minha cabeça gira, gira, gira

Enquanto eu rolo ladeira abaixo

 

Era um menino ingênuo

Solto numa selva e pedra

Em meio a lobos famintos

E hienas traidoras...

 

Mário Feijó

18.08.22

BASTA QUERER-ME BEM

 


BASTA QUERER-ME BEM

 

Se você me ama de verdade

Basta querer-me bem na medida certa

Nem de mais, nem de menos

E quando acordar cedo

E estiver longe de mim

Dê um jeito de me dar bom dia

E de vez em quando dizer que me ama

E que de mim precisa nos seus dias

Para regar este amor

Como se rega uma planta

Mas também quando estiver por perto

Faça-me um carinho sempre que possível

Dar uns beijinhos, e, se quiser leve-me na cama

Um gostoso café e lá me dizer: bom dia!

Porém não se esqueça

É imprescindível que eu perceba

Que sou importante pra você

Lembrando de me querer sempre bem...

 

Mário Feijó

18.08.22

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

A CIGARRA, A FORMIGA E OS HUMANOS

 



A CIGARRA, A FORMIGA E OS HUMANOS


Pensando na minha situação atual e no rumo que ela tem tomado no decorrer dos tempos lembrei-me da fábula da Cigarra e da Formiga, de Esopo...

Muitas das pessoas que passaram por minha vida: parentes, amigos ou só conhecidos, também agiram feito formigas ou cigarras. Não importa qual a razão que os faça seguir seu destino, se por um ou por outro estilo de vida.

Eu, jamais deixei de comer ou fiz qualquer sacrifício com o objetivo de TER. nunca pensei em ter várias casas, barcos ou muitos carros. Sempre vivi confortavelmente e tendo em vista o sistema financeiro brasileiro nunca fiz uma polpuda poupança.

Agora, que passei dos setenta anos, olho para os lados e vejo que nem casa própria eu tenho. E, caso me aconteça algo mais sério, nem tenho quem cuide de mim. Todos seguiram seus caminhos e ninguém olha para trás. 

Eu é que comecei a olhar pra frente, e isto tem me assustado. Não gostaria de ir para um asilo, porém, penso que estou sem opções. Por isto me veio a fábula da Cigarra e da Formiga. Conclui que na vida “cantei” mais e trabalhei “menos”, ou seja não acumulei riquezas para minha guarida futura. Não tenho sequer um “quartinho” na casa de ninguém.

Deve ter muita gente vivendo algo parecido, por isto, pensei em registrar numa crônica para quem me ler faça melhores escolhas que eu. 

No Brasil não fomos educados para poupar, aí na hora decisiva não temos para onde ir. Nem para colocar a “viola no saco” e seguir em frente dará.

Vamos pensar juntos que um dia alguém pode bater na nossa porta e dizer: 

- Saia! Eu preciso desta casa!!!

E agora o que podemos fazer...


Mário Feijó

12.08.22

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

EXAGEROS À PARTE

 


EXAGEROS À PARTE

 

               A que ponto chegamos! Ter que voltar a um lugar dentro de casa para lembrar o que tínhamos que fazer porque esquecemos.

               Há algum tempo atrás haviam pessoas com quarenta e poucos anos que eram consideradas velhas. Hoje aos setenta, alguns parecem ter cinquenta, ganhamos também em longevidade. No entanto não ler, não escrever, não fazer artes, não exercitar o corpo e a mente podem causar sérios distúrbios.

Há os que colocam a banheira para encher e quando percebem a casa ou o apto está alagado, põe a culpa num vazamento.

Há quem coloque algo no forno e só se lembre de quando toca o alarme de incêndio do prédio porque toda a casa está enfumaçada.

Mas há os que colocam algo no forno e, esquecem-se de ligá-lo. Daí perto do meio dia descobre que não tinham ligado o fogão. Menos mal, não queimou o assado... Ele ainda está cru. Pior seria esquecer-se de comer. Aí o caso é mais sério...

Tem gente que sai para fazer compras, tipo eu, que vai ao mercado para comprar pão, saio de lá carregado de sacolas. Quando chego em casa lembro que esqueci do pão.

Alguém me contou que foi pra cidade de carro fez suas voltas, depois ligou para o marido busca-la. Quando chegou em casa viu que seu carro não estava lá. Ligou para polícia dizendo que tinha sido roubada. Dias depois lembrou onde o carro estava. Foi buscar e avisou à polícia que devolveram na sua casa.

Tem uma outra que foi trabalhar e voltou de ônibus. Em casa lembrou que deixou o carro no serviço. Menos mal, no outro dia foi de ônibus e o carro estava lá, quietinho!

Teve uma que me disse que colocou seus panos de prato para ferver numa panela e esqueceu. Sentou-se para ver Pantanal, envolveu-se no beijo da Juma e do Jove e viu a fumaça pela casa. Pensou a coisa tá pegando fogo. Eram seus panos de prato que tinham virado cinzas.   

 Outra não queria contar, mas devagar confessou algo apavorante. Ouviu tiros pela casa, pensou que eram balas perdidas. Que nada! Ela tinha posto vários ovos de codorna pra cozinhar e se esquecera. Era ovo pra todos os lados estourando. Por pouco não recebera um na testa.

Outra me contou que quando jovem comprou aipim (mandioca) para cozinhar com casca. Era recém-casada. Teve que jogar aquela água barrenta e o aipim fora. Tinha ouvido a mãe dizer que aipim novinho abria fácil.

Consolem-se! Gente jovem também faz destas coisas.

No entanto se serve de consolo: ler, fazer exercícios, fazer palavras cruzadas, ler poesia, escrever histórias, ouvir mais música e ver menos televisão ajudam a mente a se exercitar.

Imaginar é tudo de bom. Sonhe! Viaje mais! Compre menos e viva saudavelmente...

 

Mário Feijó

10.08.22

terça-feira, 9 de agosto de 2022

PERALTICES

 


PERALTICES

 

Com a maturidade percebi

Que entrava em um túnel

Onde havia pouca gente

E os que ali estavam não se ajudavam

 

A maturidade me deu

A liberdade para ser verdadeiro

Para viver melhor minhas experiências

E para dizer tudo o que sinto

 

Porém me trouxe mais sensibilidade

Para não aceitar tudo o que me imposto

E para perceber que há muito mais interesse

Que amor nas pessoas que se aproximam

 

Se por dentro eu me sinto jovem

Por fora já não desperto mais interesses físicos

E o corpo não obedece mais

Ao jovem peralta que dentro de mim habitava

 

Mário Feijó

31.07.22

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

histórias de amor PARA TE SEDUZIR

 


 


ESTE É MEU NOVO LIVRO COM HISTÓRIAS DE AMORES E DESAMORES, MAS HISTÓRIAS VIVIDAS NO DIA A DIA... SÃO 201 POEMAS E SE VOCÊ ESTIVER INTERESSADO FAÇA UM PIX PARA A CHAVE 51.99220.9966 E ENCAMINHE PARA ESTE MESMO NUMERO O COMPROVANTE E O ENDEREÇO E NOME DA PESSOA PARA QUEM QUER A DEDICATÓRIA E LOGO EM SEGUIDA O RECEBERÁ...

MAIS UMA LUZ QUE SE APAGA EM NOSSAS VIDAS

 

MAIS UMA LUZ QUE SE APAGA EM NOSSAS VIDAS

À amiga Vera Dalsasso

 

        Vera Dalsasso é minha amiga há cinquenta anos. Desde 1972 quando entramos na universidade como adolescentes e calouros de um curso que ainda não sabíamos qual fazer. Ela fazia parte do grupo que comigo estudava depois das aulas e antes de cada prova, principalmente provas de matemática, cálculo e estatística. Também era do grupo que matava aulas chatas, saindo da sala logo depois de responder a chamada, para jogar dominó, no diretório dos estudantes da nossa faculdade.

Depois de algum tempo estudando juntos e convivendo passei a frequentar a casa de sua família, convivendo com seu pai Sr. Osmar, sua mãe Kika, seu irmão Toninho e também com Rodolfo, seu outro irmão – todos falecidos há muito tempo e precocemente. Foram grandes parceiros de noitadas de canastra que iam até o dia clarear, a Kika só ficava observando de longe e rindo daquela confusão, parece que tudo isto foi ontem...

Com Toninho (na época estudante de Engenharia na UFSC) enfrentei várias peripécias com o objetivo de jogar cartas, até o dia em que fomos jogar com a Iracy e o Francisco, irmã e cunhado deles, acampados na Praia dos Ingleses, na Ilha de Florianópolis. Nós dois numa motocicleta dirigida por Toninho quase fomos atropelados por uma pata voadora. Sim! Literalmente, ”dois patos atropelados por uma pata” seria a manchete do Diário Catarinense, na segunda feira, caso não tivéssemos nos abaixado na moto evitando o tal atropelamento. A pata deve ter feito de propósito e, por pouco não me caga na cabeça. Foram muitos os episódios de “briga” na mesa de jogo, mas depois não ficava mágoas. Era uma casa de italianos com um estranho no ninho.

Eu e Vera fizemos pós-graduação em administração de cooperativas na UNISINOS, depois de formados em administração na UFSC e, viajávamos a cada quinze dias para São Leopoldo, no Rio Grande do Sul enquanto trabalhávamos na OCESC – Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina. Lá, também, achavam “estranha” a nossa amizade e, minha mulher na época morria de ciúmes da Vera. Ela era especial! Nunca brigamos por nada, e nos respeitávamos muito um ao outro.

Um dia fiquei estressado com ela, sem brigar, quando ela começou a trabalhar na FUCAT – Fundação Catarinense do Trabalho por um mal entendido que não vale à pena citar agora. Eu casado e desempregado com três filhos com o quarto filho pra nascer. Depois a vida continuou. Arrumei emprego na UFSC e a Vera casou e teve duas filhas.

Na época do casamento com o Carlos, um argentino tão bonito que parecia artista de cinema, acabamos nos distanciando fisicamente, eu não queria que ele tivesse ciúmes de nosso amor fraterno. Aí perdi um pouco a intimidade com a família, mas eu e Vera continuamos muito amigos e, também, tornei-me amigo de suas irmãs Marlene, Arlete e Iracy pelas quais nutro um carinho especial. Até com Maline e Karine filhas de Iracy e Francisco entraram na dança e se tornaram amigas. Eu as conhecia desde bebês.

Vera e eu nos tornamos amigos tão verdadeiros ao ponto de muita gente pensar que tínhamos um “caso”. Ela é madrinha de meu filho Tiago. Eu padrinho de sua filha Elisa. Amei aquelas meninas como se fossem minhas filhas, mas permaneci distante. Coisas da vida.

De repente, eu soube que a Vera tinha se separado. Eu também já estava com dois divórcios nas costas. Continuamos tão amigos quanto antes e nos víamos com menos frequência, não dava mais pra resgatar o cotidiano daqueles dias de carteado, o tempo nos afastara. Tínhamos perdido aquela intimidade do dia a dia, mas bastava um olhar para saber que o amigo e a amiga moravam em nossos corpos.

Ambos somos criaturas espiritualizadas, criados no catolicismo, mas foi nesta fé que eu vi a Vera se dedicando a ajudar muita gente. Ela sempre foi uma pessoa “estranhamente” bondosa.

É tão difícil acreditar que a vida nos prega peças e, mostra a grandeza de Deus, até nas contradições. Elisa apaixonou-se por Medicina Oncológica e não pode curar sua mãe, só aliviar e ajudar no possível e impossível a suportá-la. Mesmo assim eu vejo a grandeza de Deus e o quão pequenos somos diante da morte inevitável. Ninguém pode desviar do caminho traçado para nós, mesmo antes de nascermos é o que acredito.

E, de longe eu vi a dedicação das duas filhas e a atenção para ajudá-la a suportar as dificuldades que lhe foram impostas. Vi a Gabriela levando a Vera pra fazer quimioterapia, fonoaudióloga e saindo com ela as pressas muitas vezes para o hospital e outras urgências e emergências. Gabriela largou o marido na Europa para cuidar da mãe e a Elisa vinha toda hora de São Paulo para acompanhar de perto o tratamento e ficava de longa e falando com os médicos.

Só compreendemos o sofrimento quando passamos por ele e só o aceitamos quando novamente formos espíritos. Não fomos ensinados a conviver com a morte.

Eu de longe sofria por minha amiga, mas sabia que era inútil querer estar junto dela. Fui visitá-la no ano passado e obtinha notícias dela através da Marlene e da Arlete, até que ontem (sexta feira) senti alguma coisa e liguei pra Arlete que me disse “Mário, a Vera vive suas últimas horas” e hoje (domingo) pela manhã a Marlene me ligou dizendo “a Vera faleceu”. Depois a Arlete fez o mesmo mandando uma mensagem pelo WhatsApp.

Agora que o irremediável aconteceu resta-me orar para que sua alma siga em paz e que suas filhas e demais parentes recebam as bênçãos e a luz de Deus, e de todos os bons espíritos que estão recebendo a Vera e a encaminhando para a última morada, onde um dia todos nós também estaremos.

Não convém chorar ou lamentar! Todos entramos nesta vida sabendo que um dia este seria nosso fim. Esta é a regra do “jogo”. Também não queria que vissem a morte como uma derrota, mas como o início de uma nova caminhada no campo espiritual.

Depois de tantas despedidas que já vivemos esta é mais uma luz que se apaga em nossas vidas. Mas, não vivamos na escuridão. Isto não é bom e a Vera vai entender isto. Que ela saiba que sempre vai morar em meu coração.

Luz e bênçãos a todos nós!

 

Mário Feijó

07.08.22

           

 

 


TRAVESS(...)O

 

TRAVESS(...)0



Nestas noites de outono

Atipicamente tão frias

Que antecedem o rigoroso inverno

Fazendo-me tremer da cabeça aos pés

 

Só você para se envolver

No meio das minhas pernas

Ou fortemente enlaçado por meus braços

Noutras horas aquecendo minhas costas

 

É como se dormíssemos de conchinha

Numa maciez envolvente

Esquenta meu corpo

Dos pés à cabeça

 

Eu te puxo e te amasso

Te envolvo e te amasso

Até sentir meu corpo aquecido

Então pego meu travesseiro e jogo de lado...

 

Mário Feijó

Maio 2022