segunda-feira, 21 de agosto de 2017

VISITA



VISITA

Ontem à noite
Enquanto tu dormias
Eu ouvia teus passos
Dentro de minha casa

Bateste às portas
Abrisse janelas
Estava ali tua alma
Só pra me visitar

Eu que acredito em Deus
Que acredito que somos espíritos
Pensei “deves estar com muitas saudades”
Para ter vindo me visitar

E orei para que
Continues bem vivo
Para que logo eu te abrace
No corpo que tens neste mundo

Mário Feijó

21.08.17

O AMOR É UM “CUIDAR” DO OUTRO



O AMOR É UM “CUIDAR” DO OUTRO

Amar é ‘cuidar’ do outro
Não importa a distância
Mesmo longe estamos perto
Basta querer...

É ter pelo outro
O carinho que a abelha
Tem com a flor

Há ali vida
Há ali sentimentos
Há ali necessidades múltiplas

E se você cuida de mim
Eu cuido de você
E na fragilidade da flor
Percebe-se a fragilidade do amor...

Mário Feijó

21.08.17

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

NÃO TE ESCONDAS



NÃO TE ESCONDAS

Nada é melhor
Do que você em meus abraços
Por isto eu peço
Por favor não te escondas

Não te escondas de mim
Nem tampouco de ti
Ou até mesmo da vida

Não te escondas
No perfume das flores
Não te escondas
No vento que me enlaça

Eu te quero, bem sabes,
Sem subterfúgios
Quero o teu corpo, tu’alma
Por favor, venha! Venha pra mim agora


Mário Feijó

18.08.17

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A FESTA DE ANIVERSÁRIO (CONTOS)





A FESTA DE ANIVERSÁRIO (CONTOS)

                Carol estava feliz. Tudo em sua vida estava correndo da melhor forma possível. O filho cada dia ficava mais gracioso e já murmurava as primeiras palavras. Seu casamento com Pedro era um sonho concretizado e tudo se mostrava melhor na vida compartilhada a dois, do que antes já vivera.
Seu aniversário estava próximo, seria no mês de setembro e queria fazer uma grande festa para reunir os amigos e parentes. Seria a prova da sua superação depois de tantas perdas, mas principalmente porque ela transbordava felicidade. Pensou num churrasco e só de pensar já sentia o cheiro, coincidentemente os vizinhos faziam um e o cheiro chegava até ela. Começou a salivar, pensando nisto. Falara com Ana e já encomendara uma torta de abacaxi com recheio de leite condensado e coco.  Os 500 docinhos, falou com D. Rita, pediu desde brigadeiros a olho de sogra. Mas pensou também em encomendar 500 salgados. Afinal de contas eram todos os amigos e a família.
Tudo estava planejado com esmero e antecedência, o salão de festas estava reservado, ali mesmo no condomínio, afinal moravam em um condomínio fechado de primeira classe.
De repente sentira um arrepio, era o tempo mudando e a friagem entrava pelas frestas. Saiu para fecha-las antes que apanhasse um resfriado. Não queria adoecer e que algo saísse errado logo agora que estava tão perto da data.
Enquanto andava pela casa fechando as portas e janelas, sua cadelinha Lili, uma poodle micro-toy corria atrás dela mordendo a calça moletom que usava naquele momento, brincando e latindo querendo fazer festas.
Enfim chegara a data. O tempo havia esquentado. Já era quase primavera e aquele inverno não fora rigoroso. As árvores começavam a florir e no ar havia um perfume de flores que o vento suave se encarregava de espalhar pelo lugar e pela cidade.
Pedro percebia a sua felicidade e argumentava a si mesmo que jamais fora tão feliz. Jamais havia pensado que a vida de casado seria tão boa, como a sua estava sendo. E, depois da adoção do filho tudo ficara ainda melhor. Ele não media esforços para ajudar a esposa e colaborava com tarefas domésticas como trocar a fralda do filho, dar banho e colocar novas roupas na criança. Ajudava também com o asseio da cozinha e vez ou outra fazia um prato especial para o final de semana ou para uma determinada noite, quando abriam um bom vinho e papeavam sobre a vida e o trabalho. Tinham que se cuidar, pois ambos acabaram ganhando peso depois do casamento. Pensou “tenho que malhar um pouco mais”.
Doze de setembro! Chegou o grande dia para Carol distribuíra mais de cem convites pessoalmente e fez outros pelas redes sociais. Quase uma centena delas havia chegado. Viu que poucos faltavam.
No pátio havia um toldo onde um D.J. tocava músicas da atualidade e muito dançantes. Haviam combinado que depois ele faria uma sessão só com músicas dos nos setenta e oitenta, com os sucessos mais marcantes. Música boa de uma época boa, dizia Carol.
Naquela noite ela estava esplendorosa, seus olhos azuis sobressaiam no rosto, realçados pelo vestido de cetim com a mesma cor. Sobre os ombros usava um chalé branco. Pedro a admirava, entre embevecido e apaixonado.
A festa prometia ir até altas horas e enquanto tivessem convidados eles estariam ali com os amigos. O filho pequeno ficara na casa com uma babá...

Mário Feijó

17.08.17 

terça-feira, 15 de agosto de 2017

DIA DE SOL




DIA DE SOL

Nada é melhor
Que depois de dias de chuva
Dias fechados e frios
Um dia de sol

Acordar com você
Dentro do meu peito
(mesmo estando longe)
Sentir o teu corpo cheio de vida
E em devaneios entregar-me ao amor

Parece que o sol nos sorri
As nuvens somem todas do céu
O infinito fica completamente azul
(dizem que azul é a cor do amor)

No campo as flores se abrem
Os pássaros gorjeiam alegres
Como se a primavera já chegara
Efeito do amor, efeito dos dias de sol

Mário Feijó

15.08.17

sábado, 12 de agosto de 2017

DOCES LOUCURAS



DOCES LOUCURAS

Doces loucuras
São aquelas
Que fazemos
Por amor

Surpreender o outro
Com gestos de carinho
Beijos inesperados
Pequenos presentes

Fazer amor dentro do mar
Correr se roupas no campo
Amar dentro do carro
Em algum lugar deserto

Acordar com café na cama
Amar na hora do banho
Provocar lascívia
Beijando o corpo amado

Doces loucuras
Feito o vento que desnuda a flor
Feito a chuva escorrendo no rosto
Como se fosse felicidade derretendo

Mário Feijó

12.8.17

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

VOANDO



VOANDO

Talvez por insegurança
Tudo o que eu mais queria
Era ser por um só momento
Eterno

Eterno no amor
Eterno pra você
Eterno na memória de alguém
Para depois voar pelo cosmos

Eu poderia me perder no tempo
E dentro dele ser atemporal
Para voltar ao início de tudo
Agora que percebo minha finitude

O meu corpo nunca foi candidato
A ser algo eterno
E bem sei que sou, feito todos,
Candidato a ser pó no universo

Mário Feijó

11.08.17 

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

AS CONTRADIÇÕES HUMANAS




AS CONTRADIÇÕES HUMANAS

Por que será
Que as pessoas
Que dizem nos amar
São as que mais nos mentem?

São as que mais nos abandonam
Quando precisamos delas
Quando adoecemos
Ou quando ficamos velhos?

Justo nós que lhes dedicamos tempo
Quando ainda eram jovens
Que vivem em nossa memória
Desde o momento em que entraram
Um dia em nossas vidas

Alguns têm o nosso amor eterno
Outros apenas passaram como ex-amores
E alguns que se diziam amigos
Eu já tive amigos mais sinceros

Por isto sempre penso
Por que será que as pessoas
Que sempre nos juram amor
São as que mais nos mentem?

Mário Feijó

07.08.17

sábado, 5 de agosto de 2017

AVE CESAR!



AVE CESAR!

Bendito és tu
Entre os seres da terra
Tu que foste concebido
Em nome do amor
E que agora enches o lar
De teus pais e avós
Numa grande energia de amor

Ave Cesar
Um pequeno anjo
Que parece não ter asas
Mas que com sua energia
Protege aos que te rodeiam
Nesta aura de luz
Que agora nos trazes

Bendito sejas tu
Entre tantos pecadores
E que contigo venha muita luz
E muita paz para aqueles
Que irão te rodear
Velando para que sejas
Um ser abençoado
Agora entre os homens e mulheres
Que habitam este planeta...

Mário Feijó

05.08.17

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

ASAS QUE EU NUNCA TIVE



ASAS QUE EU NUNCA TIVE

Era tão grande a dor
Que parecia subir
Pelas pernas de minh’alma
E chegavam às asas
Que eu nunca tive

Amoleciam meus pensamentos
Que eram feitos apenas de nuvens
Carregadas agora no sopro do vento

E eu fui desmaiando meu corpo
Como quem tem uma brisa
Descoberta soprando distante
E eu estivesse ali no relento

Nem sorrir eu sorria
Apenas lamentava as dores d’alma
Como se elas morassem eternas
Dentro dos ossos do meu corpo

Mário Feijó

03.08.17

DEDICATÓRIA A UM LIVRO

DEDICATÓRIA A UM LIVRO

Este livro é meu
Tão meu
Que não empresto
Não vendo e não dou

Ele é um sonho realizado
E que depois de concreto
Não me deixou acordar

É apenas um livro de poemas
Um tesouro que sempre me encanta
E que me leva a fazer viagens

Não o pegue
Não o toque
Não o folheie
São meus sonhos que nele vivem

Mário Feijó
03.08.17


P.S. texto que dedico a um livro de poemas de Mia Couto, Poemas escolhidos. Cia das Letras. 2016.