sábado, 26 de agosto de 2023

AMOR RIMA COM DOR

 


AMOR RIMA COM DOR

 

O amor é algo assim:

Tão bom, porém rima com dor!

Não é fácil amar

A maioria nem sabe como fazê-lo...

 

O amor impõe renúncias

Ele precisa ser compartilhado

E o(a) outro(a) precisa corresponder

 

Muita gente confunde amor e sexo

Amor é carinho, espera

Sexo é pressa e às vezes brutal

 

O amor imprime na pele

O cheiro do(a) outro(a)

Deixa na boca um sabor

Que parece fruta madura

 

O amor pede paciência

O sexo não precisa dela

Porque tem urgência

Já o amor pretende ser eterno...

 

Mário Feijó

26.08.23

sábado, 19 de agosto de 2023

GRITO PRESO NA GARGANTA




 GRITO PRESO NA GARGANTA

 

Era como um espinho

Que me feria a carne

Provocando dor e sofrimento

Porém isto não bastava

 

O estrago havia sido feito

A alma sofrida sangrava

E dentro do peito

Já não batia mais o coração

 

O grito ficara preso nos lábios

Não havia mais beijos

A sede de amor se esvaíra

 

A solidão estava instalada

O riso solto e feliz

Ficou preso na garganta

 

Mário Feijó

19.08.23

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

AMOR FEITO NEBLINA

 


FEITO NEBLINA

 

Teus lábios apagaram meus sonhos

No instante em que tocaram

A pele de minh’alma

 

Eu me descobri etéreo

Na luz do luar

Que estava refletida na noite plácida

Das ondas do oceano

 

Eu era apenas sonhos

Antes de tu tocares os meus poros

E tal qual neblina de inverno

Logo sumiram diante do sol

 

Agora tenho as dores do amor

Não ando nas nuvens

Apenas me afundo em teu corpo

Acolhedor como as águas do mar

 

Mário Feijó

18.08.23

sábado, 5 de agosto de 2023

O DRAMA DE UM MENINO ADOLESCENTE

 


O DRAMA DE UM MENINO ADOLESCENTE

 

Aos quatro anos ele baixou as calças na frente de outras crianças para se exibir para uma menina. Não era uma agressão sexual, era exibicionismo porque seu sexo estava excitado. Era apenas uma descoberta. No entanto o irmão mais novo contou a seu pai que lhe dera uma tremenda surra. Nada entendia, apenas registrou na memória a primeira incompreensão adulta para uma situação que poderia ter sido explicada. Não entendia o porquê, era uma exibição inocente, sem qualquer conotação sexual acentuada, mas fora visto como tal. E seu drama começava ali...

Aos sete anos ele descobriu que não era um menino igual aos demais. Em pé dentro do ônibus viu um casal sentado trocando carícias e um detalhe no rapaz chamou sua atenção. Naquele momento ficou excitado e viu que não teria mais paz.

Tinha medo de fazer amizades com outros meninos. Tornara-se recluso dentro de sua própria casa. Ele era um desastre jogando futebol e era frágil demais para enfrentar figuras mais fortes, os outros o viam como delicado e fraco.

Num determinado dia, com apenas nove anos, sentado numa carteira escolar dupla (eram mesa e cadeiras juntas), seu colega ao lado alisou suas pernas, ele não vira malícia naquilo, mas ficara envergonhado e encolheu-se todo, mas a sensação era boa, visto que em casa nunca recebera um beijo ou abraço dos pais, quanto mais um carinho. Mas sentiu naquilo o primeiro apelo sexual, conscientemente, de onde aquilo poderia levar. Era “pecado”, segundo a igreja, e um menino não podia trocar carícias com outro menino, ele assim pensava.

Superado os primeiros impulsos percebia que se apaixonava por meninas, mas sentia um “frisson” quando olhava para um ou outro menino bonito da escola, quando tinha apenas doze ou treze anos. E foi nesta época que ele se apaixonou por uma menina linda, chamada Maria da Graça. No entanto Maria da Graça era apaixonada pelo menino mais bonito do colégio – Jorge. As meninas ficavam ao seu redor feito abelhas em flores cheias de néctar. Ele sentia inveja, ciúmes, ou sei lá o quê e quando percebeu estava apaixonado pelo garoto também. Era tudo muito confuso, neste início de adolescência. Era tudo platônico, virginal, porém algo que torturava a mente do menino.

Sexualmente, nada acontecia para ele, seja com meninas ou meninos. Provavelmente não era o mesmo com os outros que viviam pelos cantos se agarrando e beijando. Mas, ele sentia um grande complexo por ser pobre e também por se achar feio e magro, ingredientes muito fortes para impedi-lo de tomar qualquer iniciativa amorosa. Para não ser marginalizado ele se tornara o melhor aluno da classe. Terminou o primeiro grau (na época ginásio) como o aluno com melhor média escolar entre as três turmas: 9,4 na média geral entre os 120 alunos das três turmas.

Dos treze aos vinte anos nada melhorou. Tudo piorava a cada dia. Chegara a pensar em suicídio muitas vezes. Porém, ele nunca fora corajoso, era um covarde, em sua concepção. Hoje sabemos que muitos adolescentes passam por isto e, alguns levam a cabo esta ideia. Há uma crise de identidade muito forte e alguns não têm coragem para “sair do armário” ou para conversar com alguém de confiança.

As primeiras experiências com o sexo oposto foram catastróficas. Tinha medo de doenças sexualmente transmissíveis e não conseguia se excitar com qualquer menina. Houve o caso de uma que o levou para o mato, atrás de umas pedras, na beira da praia. Pisara em merdas no escuro e o fedor, unido ao pavor o fizera fugir do lugar, sem ao menos tentar qualquer coisa.

Houve uma ocasião em que ele fora a um “baile” porque adorava dançar, mas a maioria não estava ali pra isto. Agarravam-se e às vezes nem saiam do lugar.  Observava que, a maioria das meninas, grudavam-se aos rapazes, feito trepadeiras, e, quando a música parava o rapaz tentava esconder a excitação e a calça molhada. Uma dessas meninas ao ser tirada por ele pra dançar grudou-se de tal forma, como se fora um velcro que gruda em um tecido e ao ser puxado faz até um barulho “crarrrrcc”. Ele não sabia direito o que fazer, pois não conseguia dançar direito nem ficar excitado para atender às necessidades daquela garota. Será que se fosse com um menino a coisa seria diferente... Na época era inadmissível tal hipótese, eram outros tempos. Hoje os adolescente são descolados, e, a maioria tira de letra a situação. Porém ele já tinha dezoito anos e era virgem. Haviam cobranças na família e entre os colegas e conhecidos. Tinha gente comentando... ele estava desesperado com sua virgindade. Tinha gente olhando atravessado e rindo do seu jeito delicado.

De repente sua irmã viera da escola com duas amigas, Maria de Fátima e Terezinha. Ambas ficaram interessadas por ele, mas os beijos de Maria de Fátima tinham sabor de fruta madura. Foram poucos os beijos que trocaram, mas até hoje ele lembra como se fosse jabuticaba estourando na boca. E, Terezinha mais descolada, começou a oferecer “vantagens”, tudo silenciosamente, mas ele começou a experimentar os prazeres do sexo, embaixo de uma parreira de uvas, nas noites em que ia visitá-la. Seus beijos não tinham o sabor de fruta madura, ele sentia falta dos beijos de Maria de Fátima, mas ela desaparecera por completo de sua vida.

Não ficaram por aí suas aventuras sexuais com o sexo oposto, porém ele logo caíra na armadilha de uma outra que aparecera, sorrateiramente, em sua vida. No entanto, havia alguns rapazes que só porque eram bonitos, atormentavam a sua mente platonicamente. Era uma coisa gostosa e ao mesmo tempo dolorida porque ele sabia que nada iria acontecer. Ele não permitiria.

Teve alguns filhos e quando percebeu que não era feliz saiu do casamento. Apaixonara-se por uma linda garota e fora feliz com ela durante muitos anos. Porém, o tempo desgastou a relação e ele desta vez mudou de cidade. Estava decidido a ficar só, porém mais uma mulher entrou em sua vida e ficara por alguns anos até morrer em um acidente.

Estava sozinho e começou a pensar na possibilidade de vivenciar sua bissexualidade e permitir experimentar viver, agora experiências com pessoas do mesmo sexo. Ele não queria viver sexo por sexo. Queria amar e ser amado. Até que descobriu alguém que tinha o perfil de homem que chamava sua atenção. No inicio tudo foi muito complicado, principalmente para a família do outro e ele estava feliz pelo peso que tinha tirado quando decidiu sair do armário, faz-se respeitar e é respeitado por amigos e parentes. Afinal os tempos são outros.

Passaram a viver esta história, de forma muito intensa e, pelo que me consta já estão juntos há quase dez anos. Se serão “felizes para sempre” só o tempo dirá, mas pelo menos, acredito eu, é a proposta de ambos.

 

Mário Feijó

Baseado em fatos reais

Sem data