terça-feira, 29 de maio de 2018

GOTAS




GOTAS

Eu bebi
Gotas do teu sangue
Não lembro se
No café da manhã ou
Quando tinha delírios febris
No jantar da noite anterior

Eram gotas doces
Com gosto de frutas frescas
Colhidas nos pés descalços
Nos calos dos teus pés

Doeu em ti
Cada gota
Sugadas à exaustão
Num inverno suarento

Os dias eram tão claros
Despidos estavam de nuvens
Sopradas a todo momento
Pela gigante boca do vento

Mário Feijó
29.05.18


domingo, 27 de maio de 2018

QUEM DE NÓS DIRÁ: ADEUS?




QUEM DE NÓS DIRÁ: ADEUS?

Era apenas o vento
Que batia em minha porta
Que trepidava minha janela
Pensei que fosse tu chegando

Não... não era o teu calor
Que às vezes sem pudor
Dominava o meu corpo
Noutras se deixava dominar

Não... não era o vento
E eu no meio dos teus pelos
Por vezes me afundava em pesadelos

Chegaste outrora feito anjo salvador
Para depois covardemente desaparecer
Sem ao menos dizer adeus...

Mário Feijó
27.05.18

domingo, 20 de maio de 2018

FOME DE AMOR




FOME DE AMOR

O meu corpo treme
De frio e de paixão
                Solitário
Querendo que o teu corpo
Alimentasse o meu

Vejo o teu corpo
Como uma castanha
Que precisa ser quebrada
Para lá dentro encontrar
A semente que alimenta

É vital esta semente
Porque só ela me dará energia
Que matará a minha fome
Que me aquecerá do frio
Fazendo o meu corpo tremer
No prazer da tua carne
Que saciará a minha fome

Mário Feijó
20.05.18

AMAR NÃO BASTA




AMAR NÃO BASTA

É preciso companheirismo
Para que o amor sobreviva
Amar, somente amar, não basta!
O amor não sobrevive à solidão

Amar e se esconder
É criar um castelo de areia
Que desmorona ao primeiro vento
Que desaba na chuva

O amor não é utopia
Ele exige parceria
O amor pede afagos
Carinhos e também abraços

Quem ama joga tudo para o alto
Confia e decide ser feliz
Só assim o amor sobrevive

Mário Feijó
20.05.18

AMOR DE PAPEL


AMOR DE PAPEL

O teu amor
É um amor de papel
Ele rasga fácil
Some fácil
Queima fácil

É água que não consigo
Reter entre as mãos
Que escorrega pelos dedos
E desaparece nos bueiros

É um amor que some
Feito a fumaça das chaminés
Uma primeira chama acesa
E que se apaga ao primeiro sopro

Amor de papel fino
Que some no fogo
E no jogo da vida
Porque é um amor de papel

Mário Feijó
20.05.18

sábado, 12 de maio de 2018

NÁUFRAGO




NÁUFRAGO

No reflexo do sol
Brilha a luz do teu coração
Pedindo socorro
Quase naufragando no horizonte

A gaivota corre assustada
A garça recolhe sua saia branca
Na da praia da praia
Ficando apenas um véu de espuma

E o teu coração apenas pulsa
Fraco dói dentro do peito
Como se fosse explodir num infarto

O dia é um esplendor
Luzes pipocam sobre as ondas
Sinais do pedido de socorro
Daquele que naufraga distante

Mário Feijó
12.05.18

terça-feira, 8 de maio de 2018

ALMA ÁRIDA





ALMA ÁRIDA

Sem flores
Sem beijos
Sem sonhos
Sem desejo

O mato crescia naquela alma
O coração parecia
Que estava cheio de erva daninha
Que a tudo destruía

Machucando o peito
Em ritmo descompassado
A culpa era um câncer
Destruindo aquela vida

E em alguns minutos
Ele escancarou a janela
Para depois sumir
Na estrada deserta

Mário Feijó
09.05.18