segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

AMORES GENÉRICOS



BOCAS ÁVIDAS

Enquanto eu espero
Por um amor verdadeiro
Que se envolva em meus braços
Contento-me com os genéricos

E se a fórmula original
Não tiver sido destruída
Eu penso viver novamente
Mesmo que por instantes este sabor

Não há mais seres
Empolgados por viver histórias
Que tenham alguma continuidade
Querem somente emoções diárias diferentes

Para isto se atiram em baladas
Experimentando em bocas ávidas
Beijos sem originalidade
Amores genéricos de alguma fábrica chinesa...

Mário Feijó
31.12.12

domingo, 30 de dezembro de 2012

JOGOS DE AMOR



JOGOS DE AMOR

Houve uma injeção de vida
Em meu corpo envelhecido
Quando sorvi da tua pele jovem
A minha juventude perdida

Eu comia a tua carne
E lambia a tua pele
Feito ave de rapina faminta
Diante de um alimento novo

Ainda sobrevivo com
O que de ti restou
Porém são somente lembranças
O pouco que ainda ficou

Faltam-me noites insones
Com o teu corpo fazendo-se lençol
Para o meu que cansado
Clama por teus jogos de amor...

Mário Feijó
30.12.12

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

É ESTRANHO



É ESTRANHO

Tudo é muito estranho
Quando você percebe
Que não se conhece mais...

Quando você faz amor
Sem amar a pessoa
Que se deita em sua cama
E partilha com ela sua intimidade

Fica mais estranho ainda
Quando você jurava
Que só faria amor por amor

Também é muito estranho
Quando você beija alguém
E percebe que não mais se apaixona
Toda vez que beija pela primeira vez...

Nesta hora você percebe
Que não é mais um adolescente
Que talvez esteja ficando velho demais
Para se apaixonar ou para amar novamente...

Mário Feijó
25.12.12

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

CARTA A PAPAI NOEL



CARTA A PAPAI NOEL

Querido Papai Noel

Apesar de decepcionado com você, eu continuo acreditando nos sonhos, na magia da esperança que trazes por uma vida melhor porque eu sei que a vida é um aprendizado.
Por isto, mesmo não estando preparado para as “trairagens” que já fizeste comigo, mas eu não vim aqui para expor minhas angústias que já conheces.
Sei que nossa hora (quando esta chega, não adianta querer protelar) e o tempo não têm datas porque é eterno como é a vida... Porém duas vezes, na mesma época, penso que não estava preparado.
Perder um filho não é fácil, mas nesta época torna-se um horror e agora, além de ter destruído todos os meus planos, ainda levaste quem me ajudava a executá-los...
Eu não quero mais nada de ti. Por isto resolvi me recolher, ficar só em qualquer lugar, até fiz planos para ir pra São Luís do Maranhão ou, para qualquer lugar do nordeste. Como não deu certo eu percebo que não adiantaria fugir, pois a solidão iria junto comigo. Qualquer lugar serve...
Quero te dizer que não colocarei mais capim para as tuas renas, nem na minha árvore de natal, nem na minha chaminé que deve estar entupida. Desisti de querer teus presentes e podes continuar me machucando porque já não há espaço para mais dores, estou meio adormecido...
Para provar que não estou bravo com você e que nem te guardo mágoas peço-te um pouco mais de paz na terra, saúde para meus filhos e netos, prosperidade para os amigos e amor a todos os que acreditam no natal. Para mim não te peço nada porque estar consciente de que estou vivo, seja neste planeta ou em outro é o que me basta.
Para os inimigos eu te peço muita luz, prosperidade, saúde e um pouco de amor, quem sabe assim eles perceberão que estão perdendo tempo com sentimentos pequenos, com acúmulos de coisas, bens materiais, que não levam a lugar algum.
Aos seres vivos eu peço ar sem poluição, água limpa, luz do sol e bons ventos.
Como se não bastasse eu ainda te peço que continues nos sonhos das crianças, na esperança dos adultos e nos abraços dos velhos, sempre tão carentes e desejosos de atenção. No entanto Papai Noel eu quero que saibas que eu não me escondi de ti. Estou dentro da minha casa que neste momento é meu refúgio de paz, meu retorno ao útero materno e você pode dentro dele me encontrar, seja para me consolar, ou para me fazer voltar a sonhar...

Mário Feijó
24.12.12

ROSA ENGANADA



ROSA ENGANADA

Quem foi que ousou
Roubar da minha vida o sossego?
Perguntou-me a Rosa esquálida,
Branca e sem perfume...

Quem será que entrou em meu quarto
Fazendo parte dos meus sonhos
Que desarticulou a minha vida e depois sumiu
Deixando na minha pele esta saudade?

Quem será este maldito ser
Bendito na hora de amar
Que depois desfolhou a Rosa
Desfigurada, sem sangue nas pétalas?

Há marcas deixadas nos espinhos
Ou seria apenas vinho tinto, Dionísio?
Atônita continua a Rosa sem saber
Aturdida agora pela ressaca...

Mário Feijó
24.12.12