segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

VOCÊ E EU






Existem pessoas
Que entram em nossas vidas
Como se fosse uma brisa suave
Outras como se fossem um tufão


E há aquelas que um dia entram
Porém acabam destruindo
Tudo de alguma forma
Ou levam apenas parte do que somos 

Há aquelas que são
Apenas aragens
Outras que levemente
Deixam um perfume 

No entanto quando cruzamos com alguém
Nunca saímos ilesos deste encontro
Ou levamos parte deles
Ou eles levam parte da gente... 

Mário Feijó
15.01.12

POR AMOR EU ME ENTREGO






Eu me vício rápido em pessoas
E fico dependente delas
A ponto de precisar
Fazer uma desintoxicação
Quando não sou amado 

É que eu não fui
Uma criança amada
Era apenas mais um
E o mais rejeitado de todos 

Não me curei do desamor
Por isto me entrego inteiro
E devoram meus pedaços
Como se fossem hienas


Somos todos seres humanos
Filhos na arte do amor
Ninguém soube me amar
Eu também cometi meus erros... 

Mário Feijó
15.01.12  

CONTIGO EM PARIS






Quando de um simples caule em riste
Um botão de rosas se abre
Oferecendo toa a seiva e seu néctar
Aos insetos a lua lacrimeja 

E o meu coração que palpitava triste
Bate num outro compasso
Os meus olhos lacrimejantes agora
Orvalham por teu amor 

Ouço o mar aqui perto
Trazendo cantigas de ninfas
De seres encantadores que pensam
Tristes são os que não se permitem amar 

Eu me permiti amar você
E como se estivesse em Paris
Realizei meus sonhos de luz
Tornando-os uma realidade em minha vida... 

Mário Feijó
16.01.12  

sábado, 14 de janeiro de 2012

AMIGOS NOS LEVAM À FANTASIA





Quando eu te vi pela primeira vez
Levei um tremendo susto
“Feito Feona ao ver Sherek”
Parecias um ogro, um “bad-boy” 

Então tu abriste um sorriso
Que mais parecia o sorriso malandro
Do gato ao sorrir para Alice
Quando estava no País das Maravilhas 

Depois aos poucos
Abrimos a guarda
Fomos nos tornando amigos
E eu te descobri "O Pequeno Príncipe"


Agora o que eu faço?
Se quando abro os olhos
Quero ver o sorriso malandro do gato
Acho que me tornei aquela rosa cativa...



Mário Feijó
14.01.12

GRANDES AMORES PEQUENOS SONHOS






Todos os meus sonhos
Sempre foram tão pequenos
Por isto jamais serei
Um grande homem 

Nunca pensei em muito dinheiro
Embora dinheiro passasse por minhas mãos
Feito água em rio caudaloso
Eu sempre o deixei fluir – não fiz represas 

No entanto eu era meio
Um sapo encantado
Sonhando com príncipes e cinderelas
Ou apenas com minha liberdade na lagoa 

Quem sabe se estes sonhos tão pequenos
Este contentamento com tão pouco
Que não tenham me feito voar feito borboleta
Fiquei nos voos rasantes das libélulas... 

Mário Feijó
14.01.12

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

TEMPO DE REPLANTAR ESPERANÇAS

 



Depois do tsunami
Que se abateu sobre nossas vidas
Soprou uma leve brisa
Era tempo de plantar
Tudo o que havia sido destruído 

Coloquei terra nova
Aos pés do meu coração
Joguei sementes de esperança
Algumas até começaram a brotar 

No jardim coloquei
O espantalho que sobrou de mim
Para espantar aves de rapina
E corvos comedores de sementes 

Podei todas as rosas
Plantei cravos, gerânios,
Cortei a grama e já estou pensando
Que posso pintar a casa
Com as cores da saudade...


Mário Feijó
13.01.12

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

VAQUINHA DE PRESÉPIO




Eu estou vivendo
O meu momento
Vaquinha de presépio
Não tenho vontade pra nada 

Se me colocam sentado num canto
Lá fico eu quieto e contemplativo (ou seria depressivo?)
Ontem me descobriram com o lixo
Embaixo do tapete – eu tava tão quieto lá – me tiraram 

Agora estou indo pra casa
Sozinho? Claro que não!
O ônibus estava lotado
E dentro das minhas malas
Os meus dramas querendo todos sair... 

Quem sabe lá no que eu pensava ser meu lar
Eu encontre os meus pedaços quebrados
Nada mais será o mesmo
Mas é lá o lugar onde todos os meus cacos estão... 

Mário Feijó
11.01.12

domingo, 8 de janeiro de 2012

ALMA EM CONFLITO




A minha paz foi embora com ela
E quando eu olho pra ti
Fico um pouco assustado
Pareço estar diante de um “Pit Bull” 

Eu não me assusto
Com qualquer coisa
Mas tenho medo de cães
E fujo da violência 

Outras vezes eu te olho
E lá no fundo da tu’alma
Pareço encontrar
Aquela paz perdida... 

Se por acaso avançares
Um dia em minhas carnes
Não esqueça de roer até os ossos
Porque a minh’alma vive um inferno...



Mário Feijó

08.01.11


sábado, 7 de janeiro de 2012

UM DIA HOJE SERÁ PASSADO DISTANTE



É quase sempre assim
Nasce o sol
Logo os pássaros
Se põe a gorjear

Os homens correm apressados
Feito formigas
Em busca de alimento
E a vida parece ter a mesma rotina 

Mas para outros não é assim
Para uns a vida para
Feito o tempo que não sai do lugar
Nós é que passamos por ele
E nos deslocamos no espaço

Para quem acredita
Que a vida não é só isto
Cala, consente, esquece-se que é gente
E vira bicho que não se importa com o amanhã...


MÁRIO FEIJÓ
07.01.12

QUEM SE IMPORTA?





Lembra aquele pedaço de plástico
Que o mar joga de um lado para o outro
É um corpo estranho que precisa
De quatrocentos anos para se acabar 

Lá estou eu
Esperando estes milhares de anos
Para que meus sentimentos
Possam também se deteriorar 

Mas quem se importa
Com a preservação do planeta
Além de uns poucos
Fanáticos ecologistas? 

Quem se importará
Com o lixo que eu me tornei
Enquanto espero quatrocentos anos passa?


Mário Feijó
07.01.12

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O CASULO SE ROMPEU




Antes eu era
A borboleta que feliz
Se protegia do mundo
Dentro do teu casulo 

Agora o casulo se rompeu
A borboleta bate as asas
Sem querer voar
E borboletas só vivem um dia
Quantas horas eu já perdi? 

Os jardins não me atraem
As flores estão ali lindas
O sol incandescente brilha
Mas tudo está tão sem graça... 

Mário Feijó
06.01.12

PERDAS





Já tive muitas perdas na vida
Todas sempre muito doloridas.
Muito cedo perdi minha mãe com 45 anos
Depois perdi um filho atropelado aos seis anos
Quatro meses depois perdi meu pai com 59 anos
Perdi minha avó que era meu anjo e arrimo
Agora neste natal perdi meu chão
Meu rumo, meu prumo, minha esperança. 

Os meus dias passaram a não ter  
Mais nenhum objetivo – Sônia Maria –
Embarcou num trenó com Papai Noel e foi-se
Como sempre fazia, aprontou mais uma das suas
Testando o quanto eu agüento sofrer... 

Sonhos? Onde estão?
Objetivos? Há um vazio neles.
Os dias continuaram iguais
Mas eu deixei de ser o mesmo... 

Mário Feijó
06.01.12

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

TEMPOS MODERNOS


Tive coragem
Para espiar pelas frestas da janela
E vi que lá fora o sol continua brilhando
E nem a minha dor passou

A ‘morte’ não transformou
Os meus dias em noites
Ela só os revestiu de solidão
Mas eu já era uma ilha

Agora quero abraços
Os outros querem corpos despidos
Agora eu quero amor
Os outros apenas sexo

Eu quero dividir
Os meus dias e noites
As pessoas querem apenas momentos
Isto não me completa... preciso partir!

Mário Feijó
05.01.12

COISAS SIMPLES DA VIDA


Eu ainda sou de um tempo
Em que ser feliz é:
Andar de mãos dadas pelos campos
Correr descalço na chuva
Onde o maior prazer é
Entrar descalço num riacho
E correr atrás de peixinhos
É como se abríssemos um livro mágico
E lá descobrir os encantos da vida

Eu ainda vou pra cozinha
Fazer um pão caseiro
Só para ver os amigos felizes com o cheiro
E pego café torrado passado no coador
Para deixar o aroma invadir a casa

Eu vou pra cozinha
Escolher feijão e cozinhar
Pego tempero verde
E coloco dentro pra dar sabor
Será que só eu não mudei?

Por que as pessoas gostam tanto de ‘fast food’?
Onde foram parar os almoços de domingo?
Será que as vovós de hoje são ainda meninas?

Mário Feijó
05.01.12   

O LOBO E O CORDEIRO


Cansei de dizer sim a tudo
Para ser educado
Cansei de dar bom dia a quem não gosto
Só pra não ser rejeitado

Mas a vida é para ser enfrentada
Como se a cada dia
Matássemos uma fera
Que nos quer destruir – sem medo

E eu cansei de ser ‘bonzinho’
Cansei de ser cordeiro
Agora serei um velho lobo
Que mostra os dentes, assusta, luta...

Eu não deixarei mais que me pisem
Não deixarei que roubem o meu espaço
Não deixarei que entrem na minha toca
Sem que eu convide

E se mesmo assim me amarem
Dividirei o calor do meu corpo
Com outros animais companheiros...

Mário Feijó
05.01.12

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

NOSSOS CAMINHOS


Nossos caminhos sempre foram tortos
Todas as ruas que eu trilhei
Por mais que se olhassem retas
Eram sempre estradas tortuosas...

Eu nem sempre os vi assim
Apesar de algumas delas
Serem bastante sinuosas
Porém sempre o fiz com dignidade...

E mesmo quando chego
Ao limiar da minha vida
Ainda vejo que nada é fácil
Mesmo quando as estradas são retas

Nosso destino é água do rio
Que sempre encontra a forma
De seguir em frente
Nem sempre da forma mais reta...

Mário Feijó
04.01.12

O DESTINO DE CADA UM


Minha estrada ficou
Muito mais difícil
Sem ti, sem o teu arrimo

Destinos são sempre solitários
Para que no percurso
Possamos amadurecer
Nossos caminhos até se cruzam
Mas sempre caminhamos sozinhos

Tu me permitias
Tu aprendestes com nossos erros
E pensei estar te usando como bengala
A vida não permitiria que sofresses...

Tu sabias que sofrerias
Com as escolhas do meu aprendizado
Preferiste não pagar para ver...

Mário Feijó
04.01.12

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

BARCO SEM RUMO


Foi muito melhor
Tu partires sem saber
Que mesmo não indo contigo
Eu fiquei aqui sofrendo

Tu não sentes mais dores
És apenas uma luz etérea...
Eu aqui neste corpo alquebrado
Tenho que encher-me de drogas

Umas para amenizar as dores
Outras para a tua ausência
Mas com certeza vives melhor que eu
Que acolhi a depressão a fazer ninhos

Não é fácil o enorme vazio
Que o teu corpo tão pequeno
O meu mundo preenchia
Jamais pensei que não saberia viver sem ti.

Ficaram no ar perguntas sem respostas
Ficou no mar a minha nau sem leme
Penso que estou à deriva feito as tuas cinzas e que a
Qualquer hora meu destino serão as rochas...

Mário Feijó
04.01.12

APENAS MULHER

APENAS MULHER

Algumas mulheres nascem
Com o destino de serem santas
Outras apenas puras
E algumas para serem apenas mulher

Eu conheci uma que era assim
Não tinha nada de santa
Jamais pretendeu ser pura
Porque era verdadeira

Mas em momento algum
Deixava de ser mulher
Era mulher quando me amava
Era mulher quando protegia os filhos
Era mulher quando respirava
E continuou sendo ainda
No dia em que parou de respirar

Não era pura, nem santa
Não era cruel, nem mesquinha
Porque tinha amor em demasia
Era alguém que pedia
Era alguém que sabia se doar...

Mário Feijó
03.01.12

sábado, 31 de dezembro de 2011

COMO VIVEREI SEM TI?



Tu eras a luz
Que iluminava a minha caverna
E quando a tua luz se apagou
Tive que ir para o mundo

Lá fora havia abutres
Animais peçonhentos
Que esperavam para atacar
Uns me fulminavam com amor
(tão cheios de ódio, lamentando
Que o sobrevivente fosse eu)

Outros destruíram tudo o que era nosso
Não interessava a grande dor daquela perda
O dinheiro e os bens era o que lhes importava
E tal como aves de rapina
Não esperaram o calor do teu corpo sumir
Foram passando por cima de tuas cinzas no mar
Destruíram nosso lar, praticaram pequenos furtos
Uniram-se feito lobos para atacar
Com um único objetivo
De não deixar pedra sobre pedra

Minha dor?  Esta não bastava
Eles querem a minha distância – e conseguiram –
Do lar que construímos
E parece que estão decidindo
A minha pena de morte...

Mário Feijó
31.12.11  
  

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

AS DORES DA ALMA






As dores da alma são sempre as piores
ninguém vê, ninguém sente,
sofre somente o sofredor.... 

As luzes se apagaram todas
apesar do sol a pino
As planícies todas, da noite para o dia
transformaram-se em cordilheiras
cheias de pedras pelo caminho... 

O corpo não pede mais alimento
a água que bebemos para nos hidratar
é uma torrente caudalosa onde
se pudessemos nos afogaríamos... 

O amor não se explica
porque ele acontece
feito a luz do sol sob nossas cabeças
e a morte é a escuridão em pleno dia
que leva a nossa paz e o nosso bom senso... 

Mário Feijó
29.12.11

domingo, 18 de dezembro de 2011

UM AMOR TÃO DOCE




Tua doçura selvagem
Morde minha jugular
Mas solta sem ferir 

És o néctar da flor
E tens o ferrão da abelha
Há um jogo de interesses
Eu te dou meu colo 

Sem susto eu me entrego
E tu me amas e rejeitas
Estou nos lírios brancos
Sou a paz dos campos 

Encantado sou o girassol
Que só vê tua luz
Contando as horas da noite
Para na manhã te encontrar... 

Mário Feijó
19.12.11

ESTÁ EM NOSSAS MÃOS A DECISÃO





Nós não passamos
De poeira cósmica.
Somos apenas células
De um grande organismo 

A história do homem na terra
Não passa de segundos
Dentro do tempo cósmico
E nós não passamos de grãos de poeira 

O pior é que tem gente
Que se acha grande demais
Que acha que tem um rei na barriga
Pobres coitados – somos nada... 

Temos que aprender a evoluir
Temos que aprender a ser
Parte do todo e que se este todo adoece
Toda a raça humana será destruída...  

Mário Feijó
18.12.11

PAPOULAS






Algumas flores são tão singelas
Feito a papoula
Matéria-prima do ópio


Mário Feijó
19.12.11

EU PENSEI QUE ME QUERIAS





Algumas pessoas
Agem conosco
Como faz o vento
Acariciando as flores do campo
E o carinho faz com que
Entreguemo-nos de corpo e alma
Daí o vento torna-se furacão
Quebra nossos caules
Causando destruição
Eu pensei que me querias
Desta forma quero você mais não...


Mário Feijó
19.12.11

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O AMOR É FRÁGIL FEITO OVOS





Estou lidando com ovos
Nossas relações estão
Tão frágeis quanto eles 

Ovos de faisão, de galinha,
Ovos de pata, de codorna,
Uma gracinha tão pequenos
Sensíveis – dizem que afrodisíacos são 

Ovos de marreca – uma delícia
Ovas de peixe
Dentro do aquário
Todos comem – temos que cuidar 

Ovas de esturjão dão-nos o caviar
Mãos carinhosas
O amor é tão frágil
Quebraram o meu... 

Mário Feijó
16.12.11

BASTA QUE ME QUEIRAS




Bastaria que tu
Tocasses teus lábios
Sobre a minha pele
Em qualquer parte 

Eu te ofereço os lábios
Meu rosto, meu pescoço,
O meu peito, minhas costas
Minhas coxas ou qualquer lugar 

Quero-te tocando minha pele
Com tuas mãos
Com tua boca
Com teu corpo 

Basta que tu me queiras
Como eu te quero
Como te desejo
Eu por ti espero... 

Mário Feijó
16.12.11

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

BEIJO UNO






Ouvia-se apenas uma música
Tocada pelo vento
Tocando em meus sentidos
Todos aguçados à tua espera 

E como se fossem acordes
Saídos de Bach, Strauss ou Mozart
Eu viajei no tempo
Somente para te encantar

Mãos dadas seguimos
Nem parecia a mesma estrada
Era apenas um campo florido
Flores brancas e no fundo a luz


Eram milhares de girassóis
Que giravam à energia solar
Irradiando uma paz desconhecida
Uno beijo nos fundimos rumo ao infinito


Mário Feijó
15.12.11

AS DORES DO MUNDO






Feito Mia Couto (escritor moçambicano)
No seu livro último “voo do flamingo”
Penso que deveria todas as noites
Recolher meus ossos para dormir... 

Só assim não sentiria dor
Seria apenas uma massa disforme de carne
Que se adaptaria em qualquer lugar
E que poderia ser engolida por qualquer buraco 

No outro dia
Meus ossos descansados
Seriam por mim recolhidos
E revestidos de carne 

Assim eu poderia sair pelo mundo
E viver as outras dores que ele tem
E não ficar apenas preocupado
Com as minhas próprias dores...


Mário Feijó
15.12.11

O CASAMENTO







                Daiane estava nervosa fazendo as unhas dos pés e das mãos. Sua vida mudaria radicalmente e definitivamente. O sonho de casar estava por se realizar e mais ainda, seu diário seria transformado em livro e lançado na Feira do Livro de Caspernoste.

Tudo começava a se encaixar. Chega desta vida de ser personagem. Agora ganhamos vida própria, depois que nos lançaram no livro “Aos ventos do mar e da lagoa”, ninguém mais nos prende. Cada um de nós: Daiane, Pedro Paulo, Mirna, Luna, Olivia, Rinaldo, Zica, Floriano e Alzirinha, Zeca, Catarina, Márcio, Cristiano, Aurora e até aquele Rapaz (que nunca se identificou), todos ganhamos o mundo e vamos viver nossos sonhos. Eu pelo menos decidi: vou morar em Caspernoste.

Talvez neste país ou até em outro qualquer, a vida como sonhamos e queremos não seria compreendida. Combinei com Marcus e Márcio e vamos para Caspernoste. Lá podemos casar e viver felizes os cinco. Cinco claro, pois vocês não sabiam, mas eu estou grávida. Espero dois bebês: Sol e Lua e vamos para Caspernoste. Lá podemos casar os três porque não existe nada que nos impeça de sermos felizes. A felicidade é sempre o mais importante naquelas paisagens.

Dia 25 de dezembro, já está acertado, virá uma carruagem, com dois corcéis alados brancos que nos levará rumo ao nosso novo destino. Já soube que a Editora Planetária está rodando dois milhões de exemplares da primeira edição de DIÁRIO DE UMA EX-PROSTITUTA ADOLESCENTE. Os meninos irão fazer trabalho voluntário na comunidade e eu vou me dedicar a escrever tão somente e criar nossos filhos.

Havíamos pensado, antes de partir em fazer um teste de DNA para descobrir a paternidade das crianças, mas os meninos acharam melhor que não. E também me disseram que no caso de gêmeos (os pais) fica difícil saber quem é o pai. Aí decidimos que não queremos saber. As crianças terão dois pais e uma mãe.

Meus colegas personagens, também foram convidados para trabalhar conosco em Caspernoste. Alguns decidiram que não se tornarão escritores, mas serão bem-vindos à comunidade onde iremos habitar e com as luvas que já recebi (não é dinheiro gente, lá não lidamos com dinheiro) todos poderão usufruir dos das benesses como: moradia, alimentação e trabalho. Pode até parecer uma revolta dos personagens, mas não é. Aprendemos com o Mago Alcy Cheuiche a sonhar e transformar nosso sonho em realidade. Por que ficarmos presos aos nossos autores? Vamos viver nossas vidas, sem amarras, sem preconceitos, num planeta onde o que prevalece é o AMOR.  

Almeri nos deu a luz de que poderíamos ir além e decidimos que assim seria. Eu pelo menos posso falar por mim, não pelos demais e o convite foi aberto. Pelo menos todos foram convidados para o lançamento do meu livro. Lá também será lançado o livro dos nossos autores-criadores “Aos ventos do mar e da lagoa” por isto todos foram convidados. Eu aproveito a oportunidade para oficializar minha união com os meninos, já que por aqui isto não seria possível. E como sei que enfrentaria muitos preconceitos, então decidimos mudar de planeta.

Ontem experimentamos nossas roupas. Os meninos com seus smokings brancos ficaram um arraso. Minhas roupas, não os deixei verem, mas vou contar só pra vocês: meu vestido é todo em seda e véus em tons de lilás com fios prata. Tive que fazer assim para cobrir um pouco minha barriga que já está bastante saliente. Entro agora no 5º. Mês.

Pensei em convidar Almeri Espíndola que nos proporcionou existirmos, visto que sem o esforço dela, nós seriamos meros anônimos, eu provavelmente ainda estaria no Ceará ou morta já e ao Professor Alcy para serem nossos padrinhos de casamento. Fico pensando se aceitarão pois por aqui as pessoas ainda não pensam muito na felicidade, mas com o que os outros irão dizer. E aos meninos eu sugeri que convidassem Maria de Lourdes que sempre me acolheu tão bem, mas sabem como é sogra (ainda mais sogra religiosa) e ao Cristiano para serem os padrinhos dos meninos. Quem sabe conseguiremos quebrar a resistência da vovó com a notícia da gravidez (gente eu ainda não tive coragem de contar pra “véia”).

Chegou o grande dia, hoje já é 24 de dezembro, nossa carruagem já está esperando. O casamento será em Caspernoste na missa da Meia Noite e no dia 1º. de Janeiro o lançamento do meu livro e o de todos os nossos autores. Sei como vou me senti, pois no lançamento do livro de nossos autores, em Osório, no começo de dezembro, foi uma felicidade impar. Vamos lá... e que Deus nos ilumine nesta nova empreitada. Fiquem em paz quem ficar por aqui, eu sei agora o que é Felicidade. Desejo o mesmo a todos vocês.

E naquela noite de natal todos viram no céu de Capão uma grandiosa luz e por ela subia uma carruagem puxada por dois corcéis alados brancos, onde pelo lado de fora balançava ao vento um véu com matizes lilases refletindo fios prata, realçados pelo brilho da lua.





Daiane



Mário Feijó

Dez/2011

A VIDA É UM APRENDIZADO




Quando eu vejo
As areias brancas
Embaixo dos coqueirais
Sabiás cantando
Periquitos em algazarra
Fazendo ninho lá no alto
Outros discutindo
(eu sei lá o quê?)
Vejo que nós – seres humanos –
Agimos da mesma forma
Lutamos por espaço
Brigamos pelas coisas que queremos
Defendemos nossos ninhos
E saímos à cata de um novo amor
Quando o velho acabou...

E o mundo continua ali:
Areias brancas, ondas batendo,
Coqueiros florindo e dando cocos,
Pássaros cantando
Moças na praia brincando
Homens jogando bola
Esperando que alguma delas
Note suas presenças...

É a rotina do mundo
Que não para
Dentro de nossas cabeças
O mundo muda
Mas as estrelas continuam no mesmo lugar
O sol todos os dias desponta
Para depois se esconder
Enquanto passamos pela vida
Quem aprendeu, cresceu
Quem não aprendeu,
Morre sem se conhecer
É mais uma estrela cadente...


Mário Feijó
14.12.11