segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

VIAGEM

VIAGEM

         Quando eu era criança encontrei-me com a morte. Ela vestiu-se de homem do campo, roupa limpa, calça preta, camisa branca e usava chapéu. Parecia ter uns 40 anos e me pegou pela mão e me levou a passear pelo azul infinito.
Para onde fomos eu nunca soube. Isto ficou para a minha memória pós-morte quando eu perder a consciência nesta vida. Certamente eu não poderia ter consciência de que no outro mundo é muito melhor.
Passados quase sessenta anos eu penso quando será que ela irá voltar? Sim. Um dia ela vem buscar cada um de nós. No entanto penso: será que ela envelheceu?  Será que mandará o mesmo emissário? Ou virá alguém mais moço? Será um homem ou uma mulher? O que ela tem a ver com gênero? Por que se veste de homem ou mulher?
Coisas da minha cabeça, certamente.
Com dores, espero aliviado o dia que ela venha pegar e minhas mãos e me levar de volta para o lugar onde, definitivamente eu nunca deveria ter saído.
Que viagem!!!!

Mário Feijó

14.12.15

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

GATAS DOMESTICADAS

GATAS DOMESTICADAS

Duas meninas doces
Duas gatas manhosas
Imploravam amor
Queriam amar e ser amadas

Aconchegadas em camas quentes
Uma contente ronronava,
A outra arisca arranhava

Ambas sentiam a falta do lar
Uma era apenas “diva”
A outra “divina” é
Ambas têm as garras afiadas

Agora miam macio
Diante de um afago
Diante de um bombom
Ou diante de um cheiro agradável...

Mário Feijó

11.12.15

domingo, 6 de dezembro de 2015

OS EXTRATERRESTRES DENTRO DA GARRAFA PET


OS EXTRATERRESTRES DENTRO DA GARRAFA PET

Ela era uma garrafa plástica que jogada ao mar ficou à deriva por muitos anos. Ganhou cracas, até que um dia foi parar na beira da praia. O líquido que havia dentro deteriorou, ficou rosa. Porém ela continuou intacta.

A primeira vista poderia ser um objeto estranho. Muita imaginação e ela poderia ser um detrito espacial, caído de outro planeta. Seu conteúdo pode ser um gás mortal aos terráqueos e quando for aberto se espalhar pela atmosfera destruindo o ar que respiramos. Quiçá ao ser aberto e em contato com os gazes terrenos entre em combustão e destrua todo o planeta? Somos frágeis embora pensemos que nunca seremos destruídos pelo nosso próprio lixo.

Eu deixei a garrafa onde ela estava. Não tive coragem para abri-la. Tampouco havia uma lixeira onde eu pudesse deposita-la. E se houvesse um extraterreno espiando minha atitude e me abduzisse? Nem sou covarde, mas se sobrevivi a tantos acidentes quem me garante que eu sobreviveria a um ataque extraterrestre? Não posso correr mais riscos.

Além disto quem garante que aquela massa pastosa lá dentro não é um monte de seres extraterrestres prontos para se desenvolverem e eclodir diante do primeiro contato com a nossa atmosfera. Não, eu não poderia libertá-los. Eu não posso ser o responsável pela invasão de seres estranhos no planeta.

Diante da dúvida e da minha responsabilidade com os demais seres humanos deixei a garrafa onde estava, torcendo para que o sol fizesse de todo o seu ingrediente um cozido e que os extraterrestres simplesmente morram dentro da sua nave espacial, disfarçada de garrafa pet.

Fui pra casa tranquilamente tomar um café. Nestas alturas os extraterrestres já estão mortos e eu tranquilamente posso caminhar pela orla marítima de Capão da Canoa sem sustos.

Ufa!!!

Mário Feijó

06.12.15 




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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

CONSCIÊNCIA DISPERSA

CONSCIÊNCIA DISPERSA

Quando somos jovens
Não nos preocupamos com a vida
Algumas vezes ficamos assustados
Quando a morte acontece

Então envelhecemos
E a morte se faz presente todos os dias
Seja nas ruas ou nos obituários de jornais
Ou nas dores do corpo

E descobrimos que o existir
É quase tão efêmero quanto
Um raio em noite de chuva
Iluminando e se apagando na escuridão!

Como ser humano
Pouco me interessa
A eternidade da alma
Coisa tão incerta!

De que me interessa ser eterno
Se viverei de outra forma
Terei outro corpo sem matéria
E uma consciência dispersa...

Mário Feijó

03.12.15

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

EFEMERIDADE

EFEMERIDADE

Efêmera é a vida
Tal qual pássaros
Chocados no ninho
Emplumados batem as asas: voam...

Amores refrescam a pele
Feito asas de colibri
Que lentamente batem
Pra sumir na imensidão

Você é assim
Quando bate tuas asas
Para longe de mim...

Assim são os anjos
Invisíveis que nos protegem
E nós ficamos sem saber
Quando batem as asas e voam...

Mário Feijó

30.11.15

SIM, SIM! NÃO, NÃO!

SIM, SIM! NÃO, NÃO!

Sim
         Não
                   Sim!
Subida
Caída
Escorregão!

Sim! Sim!
Não! Não!

Mário Feijó
30.11.51


CONSTRUÇÃO



CONSTRUÇÃO

Alma sólida
         É pedra
Descanso
         Construção

Pedra no caminho
Pedra sob pedra
         Tijolinho... construção!

Mário Feijó

30.11.15

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

PARA SEMPRE

PARA SEMPRE

SEMPRE
         Sempre mais
Sempre-viva

Mário Feijó

27.11.15

IR...Responsável



IR
  Responsável
        Pede perdão
Sem cultivar
                Amores perfeitos

__________________

27.11.15   

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

DECIDA-SE

DECIDA-SE

Algumas pessoas dizem amar
Porém não confiam nos outros
Colocando em risco a união
E a credibilidade do amor investido

Decida-se:
Ou você confia e se entrega
Ou por desconfiança cai fora
Porque amar é se entregar...

Mário Feijó
25.11.15


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

LAMBENDO OS DEDOS

LAMBENDO OS DEDOS

Eu tinha sonhos
Feito pássaros
Voando sem destino certo.
Era uma criança!

Tornei-me adulto
E os meus sonhos pararam de voar
Pousaram na minha vida:
Doces! Cheios de recheio!

Não resisti: voltei a ser criança
Estou lambendo os dedos
Há uma realidade feliz
Dentro dos meus recheios!

Mário Feijó

23.11.15

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

EU SOU PEDRA

EU SOU PEDRA

A pedra do teu caminho
Onde podes descansar
Ou a pedra que te atrapalha
E que te faz na vida contornar
      
Eu sou a pedra bruta
A pedra preciosa
Depende da maneira
Com que vais me encarar

Eu sou a pedra da construção
O alicerce, a base sólida,
A tua argamassa
O teu solo, o teu chão

Descansado fico estático
Olhando pra cima
Vejo o céu, vejo as estrelas
Você é meu universo

Mário Feijó

20.11.15 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

ASAS DE BORBOLETA NA BEIRA DO VULCÃO

ASAS DE BORBOLETA NA BEIRA DO VULCÃO

Faz um ano
Que eu abri minhas asas
E feito borboleta
Voei ao teu encontro

Foi como se um vulcão
Entrasse em erupção
Lavas escorriam
Por todo um povoado

Mudanças ocorreram
Na minha vida e na tua
Flores se abriram
E o terreno ficou mais fértil

Asas de borboleta são frágeis
Lava de um vulcão devasta a planície
Há cuidados que são necessários
Para que as asas não queimem
Na beira do vulcão...

Mário Feijó

18.11.15

terça-feira, 17 de novembro de 2015

CEDER

CEDER

Cede
Ceder
Sedento
Suarento
Sede
Sediar...

Talvez algum dia
Pratique cedendo
Amar!

Mário Feijó
17.11.15

INDO MAIS FUNDO

INDO MAIS FUNDO

Na segurança da corda
Que lança o balde
Para buscar a água
No fundo do poço

Confesso que me perdi
Já não sei se sou água
Se sou corda
Que dá segurança
Ao balde que se atira
Para buscar a água

Porque o poço certamente
É o amor que me toca
Que me envolve
E que eu gostaria
Que te envolvesse

No entanto o mais importante
É saciar a sede
E amar sem restrições
Certamente mergulhando fundo
E transbordando de amor

Mário Feijó

17.11.15

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

POÇO DO AMOR

POÇO DO AMOR

O amor é um voto de confiança
Caso contrário um balde
Não se atiraria ao fundo do poço
Caso não confie que a corda não o segure

Assim somos nós, meros baldes,
Se não houver uma corda segura
Quem vai se atirar no fundo do poço?

Seja este poço uma promessa de amor
Ou simplesmente uma vida a dois
Direcionada por uma convivência harmônica

Amor é confiança, segurança
Enquanto não houver uma corda segura
Não dá para se atirar no fundo do poço

Mário Feijó

16.11.15  

domingo, 15 de novembro de 2015

DEPOIS DA CHUVA

DEPOIS DA CHUVA

Naquela tarde de sol
Eu já não sabia mais
O que eram gotas da chuva
Ou lágrimas caídas

Havia paz em meu coração
A mesma paz
De uma tarde de sol
Cheiro de evaporação

O mato e a grama
Ainda estavam molhados
O vento fazia as árvores chorarem
E suas lágrimas misturavam-se às minhas

Eu não conseguia definir o que sentia
Tamanha era a saudade
E tinha medo da distância
Que estava sendo construída

Depois da chuva
Eu e as árvores nos solidarizamos
E atiçados pelo vento
Deixávamos que as lágrimas caíssem

Mário Feijó
15.11.15


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

TADINHOS...

TADINHOS...

Vendo uma reportagem na TV, sobre comportamento de cães, de que eles precisam ter um líder e para isto só com adestramento.
Lembrei dos tempos em que éramos crianças e obedecíamos nossos pais. Tornamo-nos adultos educados. Passamos por dificuldades e fomos à luta. Nunca ninguém me deu algo sem que eu merecesse. Pensei “éramos adestrados” uma outra versão para educados, como acabam se tornando os animais.
Chegou a hora de ter filhos e pensamos “tadinhos”. Deixamos decidirem sobre tudo. Não nos chamam de “senhor, senhora”. Não nos pedem a benção... e o respeito sumiu. Sumiu em casa e nas escolas nem se fala. Tentamos ser democráticos demais. Desapareceu a liderança dos pais.
Acho triste que os valores tenha se perdido pelo caminho. E penso ainda que na angústia da falta de um líder, da falta de comando, muitos dos filhos não vão mais à luta. Nunca vi tantos adultos entre 25 e 40 anos que não trabalha esperando que os pais lhes deem “uma bolsa família”.
Os filhos completam 18 anos e quem pode já dá um carro. Os que não podem partem pras drogas, já que este é um caminho fácil para todos os sonhos. Os que não consomem, traficam.
Outros dormem, dormem, dormem... geração de cansados. Exigem dos pais o conforto que foram educados para ter. Sim! Somos culpados. Não ensinamos a dar valor ao que se conquista. E se eles não sabem e não obedecem mais aos pais, jamais saberão respeitar a um chefe. Qualquer salário recebido é pouco. Diz a mãe “tadinho”, diz a tia “coitado”, diz o governo coitados e assim prolifera uma geração de coitados.
Ficou mais barato para o governo dar “uma ração” (bolsa família) do que dar educação e ensinar a vencer. Continuam eternos dependentes sem perspectiva. Eu já ouvi que se deve ensinar a pescar do que dar o peixe, no entanto criar uma dependência ficou mais fácil para os governos. E para os pais (perdidos) a situação fica insuportável. Acabam patrocinando eternamente os filhos para não se incomodarem. Só que chega uma hora em que estes pais se aposentam (e não existem aposentadorias milionárias), nesta hora fica impossível continuar patrocinando tudo. E os filhos não têm a renda que pensam ser justas para eles, então a relação pais X filhos fica complexa, além do que eles pensam que seus pais não os amam mais.
É complicado. Deveríamos repensar a educação. Investir mais em cultura e nas relações humanas. Trabalhar não desmerece ninguém. Estudar só engrandece e ler... ah, ler: ler é descobrir um mundo novo. Aumentar nossa capacidade de cognição, de nos relacionarmos com o outro, de entender o mundo e de respeitar nossos pais. Entender que o amor não é medido em dinheiro. Eu já vi muitos ricos, a literatura tem muitos casos, de pessoas abastadas que deixam sua fortuna para um animal: um cão, um gato ou instituições de caridade. Antes não compreendia isto. Hoje entendo. Penso que é uma forma de dizer: vá à luta! Cresça!
Bem não sou nenhum “expert” sobre o assunto. Porém espero que façam pelo menos uma reflexão sobre esta realidade e aos que parei de “dar tudo o que tinham direito”: perdão, mas tenho que cuidar um pouco de mim, a velhice chegou...

Mário Feijó
11.11.15

terça-feira, 10 de novembro de 2015

RETALHOS DE NÓS DOIS

RETALHOS DE NÓS DOIS

Desde que você se foi
Minha vida ficou vazia
E procurei nas gavetas
As tuas lembranças
Guardadas em pequenas coisas:
Num canto havia um isqueiro
Noutro uma camiseta
Que usaste quando fomos à praia
No criado mudo ainda está
Tua garrafa d’água vazia
A garrafa de café espera por ti
(eu não vou fazer café só pra mim)
No computador vi tuas fotos antigas
E isto deu muita saudade
Fiquei costurando nossas lembranças
Fazendo retalhos de nós dois
E costurei meu dia
Com o cheiro teu em todas as minhas coisas...

Mário Feijó

10.11.15 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

AMORES VÊM E VÃO

AMORES VÊM E VÃO

Quando o sentimento é puro
Nada nos separa
De um grande amor

E quando um destes amores vai embora
É como ave que emplumou
E ganhou os céus
Em busca de novos horizontes

Não há como voltar para o ninho
Só porque um dia foi feliz ali
A experiência não se repete
E o amor é cristal que ao ser quebrado
Não tem mais conserto

Uma águia quando se atira das rochas
Ganha um novo mundo
Ou renasce depois para uma nova vida

Dê adeus aos amores que partem
Eles cumpriram suas missões
Vida nova é o que merecem
Quando a chance aparece...

Mário Feijó

09.11.15

domingo, 8 de novembro de 2015

À BEIRA DO CAOS

À BEIRA DO CAOS

Perde-se a inocência
Em uma noite fria
Ou numa noite d’amor

Perde-se a inocência
Diante de uma traição
Ou diante de mentiras
Que te enredam a descobrir o caos

E quando deixamos a inocência de lado
Podemos cometer pecados
Por sentimentos vis
Feito Ira, Ódio e Vingança

Eu confesso: já estive à beira do caos
Porém não perdi a inocência
E vencer o mal
É a maior provação

Somos testados todos os dias
Temos que estar alertas
Acreditar na força do amor
E que o nosso lar não é aqui
Mas para onde estamos indo...

Mário Feijó
08.11.15

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/5441948

sábado, 7 de novembro de 2015

BARCO SEM RUMO

BARCO SEM RUMO

Da testa escorre o suor
Susto? Medo? Pavor?
Está complicado
Viver em um país desgovernado

A qualquer momento
Podemos bater contra o “rochedo”
E todos afundamos juntos
O barco é o mesmo pra todos...

Mário Feijó

07.11.15

ALÉM DA RAZÃO

ALÉM DA RAZÃO

Não basta a união de corpos
Para gerar o amor
Geramos filhos desta forma
(na maioria das vezes)
E eles se esquecem
(na maioria das vezes)
Que por amor foram gerados

Depois de muito tempo
Gente descobre que foi usado
Feito uma marionete
Para colocar no mundo seres insensíveis
(na maioria das vezes)

Devíamos amar uns aos outros
No entanto por desencontros
Somos abortados da vida
De quem deveria nos amar
Sem questionamentos

Há energias que parecem
Manipular cada um de nós
Mas a razão e a inteligência
Deveriam prevalecer
O amor não deveria ter máculas...

Mário Feijó

07.11.15

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A GATA BORRALHEIRA MEDROSA

A GATA BORRALHEIRA MEDROSA

Ela sempre se sentiu
Um peixe fora d’água
Até que resolvera sair de casa (drogas!)
Longe se apaixonou perdidamente
Para logo então descobrir
Que seu príncipe era sapo

O que lhe parecia o começo
De uma vida maravilhosa
Acabou se tornando seu calvário
Tendo o sapo como carcereiro

Ela sonha com a natureza
Idealizou um amor
Que só existe em contos de fadas
Agora chora quando queria sorrir

Lágrimas escorrem por seu rosto
E ela tem medo de fugir da prisão
Falta-lhe ânimo, fechou-se para o amor

Enquanto isto o tempo passa
E ela chorosa derrama-se em lamentos
Esperando mais um capítulo da vida
Sem coragem para escrever
A sua própria história...

Mário Feijó

04.11.15

terça-feira, 3 de novembro de 2015

FOI NECESSÁRIO

FOI NECESSÁRIO

Foi necessária a chuva
Para percebermos o quanto
O sol é importante em nossas vidas

Foi necessária a partida
Para percebermos que a presença
Era quase indispensável

Foi necessária uma lágrima
Para perceber o quanto
O teu sorriso importa

Foi necessária a solidão
Para que eu percebesse
O quão importante é
Você aqui comigo

Eu penso que já não sei mais
Ser feliz sozinho
Preciso de você para extravasar
A minha felicidade em viver

Mário Feijó

03.11.15  

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

DIA DE FINADOS-VIVOS

DIA DE FINADOS-VIVOS

Eu criaria um dia de finados
Para que os parentes:
Filhos, irmãos, sobrinhos
Nos visitassem enquanto estamos vivos...

Mário Feijó

02.11.15

VOLTE LOGO

(final de tarde no Rio Guaíba, em Porto Alegre. Foto: Mário Feijó) 
VOLTE LOGO

Eu me contento com pouco na vida
Não tenho grandes desejos
Nunca pensei em riquezas
Porém gosto de viajar

No entanto a vida me deu
Amores com os quais eu viajo
Sem nem mesmo sair do lugar

E quando eu fico sozinho
Oro aos santos para que fiquemos juntos
Já rezei pra Santa Catarina
Agora rezo pra São Paulo

E quando juntos estamos
Viajamos pelos céus
Vejo o mar no horizonte
Tenho sonhos a granel...

Mário Feijó

02.11.15

CADA UM DÁ O QUE TEM

CADA UM DÁ O QUE TEM

Envelhecer é cruel
Quando imprime o medo,
Sustos e dor ao corpo

O tempo nos dá sabedoria
Enquanto corrói entranhas
Fingindo-se de céu – a espera –
Que somos obrigados a suportar

Alguns se agrupam em bandos
Outros se isolam, como fazem os elefantes,
Vivendo de saudades e dores
Enquanto esperam apenas chances de amar

Outros ainda se disfarçam de jovens
Na busca de novos amores
Escondidos em abraços
Nem sempre verdadeiros

No entanto dentro de cada um
Sobrevive uma criança que jamais morre
Alma não envelhece, aprende,
E cada um na troca, dá apenas o que tem...

Mário Feijó

02.11.15

domingo, 1 de novembro de 2015

MEU CHÃO

MEU CHÃO

Agora és meu chão
O solo em que piso
O ar que respiro
E que me dá sustentação

E quando eu te piso
Não é para te machucar
É apenas uma entrega
Tenho meus braços abertos

Pronto para te entregar
Meu amor sincero
Que chegou de mansinho
Tomando conta de meus dias

És o pão que me sustenta
Quando perco o ar
O oxigênio que respiro
E que me deixa viver...

Mário Feijó

01.11.15

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

LOUCOS

LOUCOS

Eu penso que não sou normal
Devo ser um louco
Por ainda acreditar no amor

No amor dos filhos por seus pais
No amor entre duas pessoas
No amor entre amigos
No amor de irmãos

Eu devo realmente ser louco
Por acreditar no amor que cuida
Que dá carinho
Que dá abraços

Mas muita gente perdeu-se do amor
Acredita no amor das “curtidas”
Ele está ali disponível
Diante de um simples toque

Então você compartilha bobagens
Compartilha tudo o que faz, suas brigas, seu desamor
Compartilha tudo o que come e o que veste
Porém se esquece de compartilhar a solidão que sente

Eu devo realmente ser louco
”por amar ao outro como a si mesmo”
Tentar sempre ajudar para depois
Ouvir dizerem que tudo isto era “minha obrigação”...

Mário Feijó

29.10.15 

terça-feira, 27 de outubro de 2015

AS PEDRAS ATIRADAS PODEM CAIR EM SUA PRÓPRIA CABEÇA

AS PEDRAS ATIRADAS PODEM CAIR EM SUA PRÓPRIA CABEÇA
     
Sempre sonhei em fazer amigos
Entre os parentes: filhos, irmãos, primos
No entanto há uma disputa
Que nos faz ficar distantes

Amigo não julga
Apenas nos acolhe, escuta, aconselha
E parentes têm o dom de se acharem
Uns melhores que outros

Por termos uma história em comum
Deveria ser mais fácil entender
Porém o que ocorre é sermos
Sumariamente julgados e condenados

Eu gostaria sinceramente ser compreendido
Por filhos, irmãos e parentes
Porque somos humanos
E erramos mesmo sem ser intencionalmente

Mário Feijó

27.10.15

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

PIMENTA ARDIDA

PIMENTA ARDIDA

Ela era apenas uma mulher
Não era doce
Nem tampouco amargurada
Rejeitou o filho assim que nasceu
Negou-se a alimentá-lo
Abandou-o no local onde nasceu
Uns diziam ser depressão pós-parto
Mas ela não sentia amor
Por aquele menino...

Ninguém sabia a causa
Todos a condenavam
Diziam que era má
Uma pimenta ardida
Porém ela sabia que não poderia amá-lo
Não depois do estupro sofrido
Sentia ódio pelo filho
Transferido daquele
Que a fizera mulher...

Feito um animal acuado
Aninhou-se num canto
Em seus braços
Colocaram uma menina
Órfã de mãe morta
Eclampsia disseram ser a causa
E a pimenta ardida tornou-se doce
Mãe daquela menina abandonada...

Mário Feijó

26.10.15

sábado, 24 de outubro de 2015

SIMPLES ASSIM...

SIMPLES ASSIM...

Tal qual um dia de sol
O sorriso de uma criança
Uma flor que se abre
O cheiro da terra molhada
Raios de sol em gotas de chuva
O barulho do mar
Uma rajada de vento em tarde de verão
O calor do sol em manhãs de inverno
Raios de luar sobre as ondas do mar
Um galo cantando o amanhecer
A luz do sol por entre as nuvens
O brilho do arco-íris depois da chuva
O gargalhar de uma risada
O primeiro beijo em um novo amor
Um abraço apertado quando lágrimas
Estão prontas para cair

Simples assim
É a forma de viver
E de ver o universo
Que faz parte do nosso dia
Basta estar atento...

Mário Feijó

24.10.15

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

PRESENTE DE DEUS

PRESENTE DE DEUS

Um dia eu disse
Para alguém a quem amava
“Você é um presente de Deus”
Depois de algum tempo concluí
Que ela era uma provação
A que fui obrigado a passar
Com o passar dos anos
Veio a decepção e eu fui embora

Tive uma nova chance no amor
E recebi um novo presente
Caminhamos juntos
Somos parceiros na vida
E eu penso que Deus me deu
Um novo presente

O amor é algo que não conseguimos definir
Ele chega e nos envolve por inteiro
Ganhamos uma asa que nos completa
E com esta nova asa podemos voar
Somos anjos de uma asa só
E com o amor, os dois se completam,
Sonham juntos, vivem juntos
Olham em uma mesma direção
Não importa o vento
Não importa o tempo...

MÁRIO FEIJÓ
22.10.15


         

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

FORTE E DOCE É O AMOR

FORTE E DOCE

Fora das convenções
Um amor pode ser forte, doce, viril
Capaz de enfrentar a todos
E nos deixar felizes

Um amor assim não vive solto por aí
Ele não é para qualquer um
Mas para quem tem coragem
De superar o que dizem, o que pensam

Eu tenho um amor assim
E te entendo, estou pronto pra você
Mãos que atiçam a pele
Boca que amordaça palavras

Podem dizer que sou louco
Fora de época, além do vento,
Luz no fim do túnel
Louco, de outro tempo...

Mário Feijó

21.10.15

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O RABO DA SEREIA

O RABO DA SEREIA

Ela tinha ares de sereia
E por onde quer que passasse
Jogava água na boca dos homens
Rebolando sua longa cauda escamosa

E seu canto tinha
O som das marolas marinhas
E o seu rabo inspirava sonhos de amor
Vontades de amar...

Peixinhos pululavam nas ondas
Estrelas brilhavam nas gotas
Que respingavam nos homens

E os meninos sonhavam
Seus sonhos adolescentes de amor
Toda vez que na frente deles nadava

Mário Feijó

16.10.15

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

DOIS EM UM

DOIS EM UM

Ele era apenas um cavalo
Fingindo ser dois
Às vezes no campo
Noutras marinho era

Mário Feijó

15.10.15

NEM SEMPRE LONGE É INFINITO

NEM SEMPRE LONGE É INFINITO

Nunca parece ser longe
Penso até no infinito
Olho pra frente e vejo o mar

Mário Feijó

15.10.15

domingo, 11 de outubro de 2015

DOCES AMARELOS

DOCES AMARELOS

         Hoje depois do almoço peguei o jornal Zero Hora e comecei a ler o encarte de domingo, o Caderno Dona. Na capa Glória Menezes, resolvi ler a entrevista que ela deu. Sua história. Sua vida com Tarcísio Meira. Sua filha Maria Amélia chegando e eu dormi com elas chegando para a entrevista. Nesta hora eu dormi ou fui transportado para a entrevista. Não gostei de Maria Amélia. Não foi receptiva comigo (desculpe Maria Amélia, não conheço você pessoalmente).
Conversa vai, conversa vem, estávamos naquela mansão toda branca. Linda e branca. Criados por todo lado. Não sei se era a casa de Glória e Tarcísio, mas me pareceu que sim. Tive sede e como não achei água, nem os criados ofereceram eu levantei uma orquídea e tomei a água que estava no vaso.
Conversando com Glória apresentei-me como escritor e fui ao carro buscar alguns de meus livros. Achei quatro dos mais antigos, mas os três últimos não estavam lá. Fiquei decepcionado. Queria mostrar os trabalhos mais recentes. Tudo isto fazia com que Maria Amélia antipatizasse mais e mais comigo. Parecia que eu não era competente e eu queria provar que era.
Trouxe-os mesmo assim e até entreguei um exemplar do meu livro infantil “O Menino Molhado”, não sabia se ainda havia crianças na família, mas pensei que Glória pudesse ter bisnetos.
Sugeri que, se ela permitisse, escreveria sua biografia. Ela mostrou-se feliz e eu disse que já tinha escrito a de Fernanda Montenegro (no sonho era real, mas mesmo em sonho acho que delirei).
Nesta hora Maria Amélia disse:
- Mamãe, o título poderia ser “Doces Amarelos”, são os que a senhora mais gosta.
No sonho foi lindo. Todos aprovaram imediatamente e eu achei incrível. (Quando acordei achei bobo). Porém no sonho eu pensava em “pastel de Belém” e “fios de ovos”, delícias portuguesas que Maria Amélia disse que a mãe provara em Portugal e adorara.
O local onde eles moravam era algo cinematográfico. Havia um jardim muito grande e bem cuidado. Flores por todo lado, mas, os criados, não sei qual o motivo, ficavam todos na saleta escutando a conversa. E eu ali morrendo de sede.
Comecei a conversar com Glória e a planejar o livro. Tinha vontade de assistir a peça que ela apresentaria hoje em Porto Alegre (Ensina-me a viver), eu já lera o livro e me divertira muito, mas não o motivo, não poderia ir. Além do mais ela estava ocupada demais com a entrevista e com a peça que mais tarde apresentaria no Teatro São Pedro, por isto eu não poderia ficar mais ali. Sai e, morrendo de sede, voltei a beber a água do vaso de orquídeas, pensando em mil histórias daquela diva da televisão para colocar em Doces amarelos.

Mário Feijó
11.10.15


sábado, 10 de outubro de 2015

VOCÊ NÃO SABE PEDIR

VOCÊ NÃO SABE PEDIR

Não sabe pedir ajuda
Não sabe pedir perdão
Você não sabe dizer “eu te amo”
E chora por solidão

Quer que tudo aconteça rápido
Mas demora a reagir
Enquanto o dia acaba
A noite já vai surgir

Enquanto isto o tempo passa
As horas vão passando
E as oportunidades também
E você fica ali parado
Esperando o dia que vem

Mas não vem um novo dia
O que se apresenta é uma nova noite
E você fica perdido
Sem a ajuda de alguém

Abra seus braços para o amor
Abra seus braços para a vida
Quando se ama tudo é mais fácil
Até mesmo uma despedida...

Mário Feijó

10.10.15 

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

QUANDO SAIS

QUANDO SAIS

Tenho dores de ida
De parto, de partida
Quando os poemas
Em mim são gestados

E as dores de parto,
De partida, quase ida,
Saem de minhas entranhas
Levam de mim sofrimentos, manhas

Expõem-me ao vento
Arde minha pele ao sol
Sou inteiro descoberto
Em minh’alma nua

E quando sais escorrem
Num gozo benéfico
Como se foras um filho(a)
Ganhando o mundo e outras vidas...

Mário Feijó
09.10.15


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

SILÊNCIOS

SILÊNCIOS

O silêncio apossou-se de mim
Estou estarrecido
Com a desfaçatez
Daqueles que
Eleitos pelo voto
Pensavam serem eleitos reis
Amealhando o que não é seu
Enriquecendo suas famílias
Empobrecendo toda uma nação
A falta de vergonha
É uma maldição
Que tem afetado
Os políticos do Brasil
Que emudece minha dor
Ao ver tão poucos
Querendo impor
Uma liderança através da ilegalidade
E da extorsão dos bens do povo
Em benefício de si próprio...

Mário Feijó

08.10.15

CAMELINHO

CAMELINHO

         Nascido em Lagarto, cidadezinha do interior de Sergipe, filho de pequeno agricultor, ele tinha mais que dez irmãos, não lembrava mais ao certo quantos eram, tinha a mente enevoada pelas doses de “branquinha”, que ao seu ver “não faziam mal a ninguém”.
Pessoas que se envolvem com o álcool e outras drogas, geralmente não têm consciência de que são doentes. Com eles, algumas vezes, adoece junto toda a família.
No entanto, nosso personagem real, quando me conheceu logo pediu que eu escrevesse sua história. Pouco me contou. Nomes e datas, naquele momento eram inexatos, mas para que o personagem não perdesse a aura de personagem, misturado a um toque de realidade eu preferi não me aprofundar nas suas angústias de ser humano.
Disse-me ele que com quatorze anos saiu de casa, indo embora de Sergipe para São Paulo. Foi fazer a vida e veio para o sul (São Paulo fazia parte do sul, na época). Deixou gente chorando por ele. Seis anos depois seu pai apareceu para buscá-lo. Ele disse que voltaria, mas nunca mais voltou.
- Vá meu pai, eu estou terminando um serviço aqui e quando estiver pronto volto.
Ao certo naquele momento não disse se tinha voltado. Depois descobri que nunca mais voltou.
Logo novo começou a namorar uma linda jovem. Não deu certo com ela, mas foi se envolvendo com sua irmã e acabaram casando algum tempo depois. Esta era muito brava, mas ele disse que tinha paciência e que já ia fazer 50 anos que estavam casados. Eles têm muitos filhos e netos e os problemas são muitos, “mas quem não os tem”? disse-me ele, numa lucidez ingênua.
São personagens assim “doloridos” que nos inspiram a escrever outros na ficção. No entanto, mesmo os mais lúcidos dos humanos, nunca sabem quando vivem uma fantasia ou uma realidade efêmera. Há várias formas de se fugir da realidade. Há muitos subterfúgios para que se possa viver uma fantasia. Há gente que se viciam em comida, em sexo, em dinheiro, na mentira ou até mesmo nas drogas e se fingem felizes.
Ser real algumas vezes é dolorido demais e penso que “aquele senhor” tem muitas dores armazenadas em seu peito e sem saber resolvê-las esconde-se na bebida e passa os dias anestesiado por ela. Fica mais fácil viver no limiar do real e da fantasia, desta forma ganha asas, e viver fica muito mais difícil.
Ele ainda sonha em viajar de volta para Sergipe com a esposa e pensa em conhecer o sul.
E lá no interior de São Paulo ouço seus netos dizendo “eu nunca vi o mar”, com olhos de sonhadores.
Ah! Camelinho é o nome da cachaça que ele traz escondido embaixo do braço, para ninguém ver, escondendo no meio do mato onde de vez em quando vai soltar o gado que está preso.

Mário Feijó

08.10.15        

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

AMIGO

AMIGO

Amigo não mede abraços
Amigo não mede palavras
Amigo não julga
Amigo não mede caminhos

Amigo chega e te envolve
Amigo te ouve quando precisas
Amigo te diz verdades doloridas
Porque amigo nos ama
Do jeito que somos...

Mário Feijó

07.10.15