sábado, 18 de abril de 2015

ESTÁTUA

ESTÁTUA

Já vens talhada
Não posso mais te moldar
Ou te aceito como és
Ou te descarto por não te amar

No entanto posso mudar tuas cores
E com pinceis e um pouco de tinta
Dou novos coloridos à tua face
Coloco cores em teus cabelos

Ainda ásperas estão tuas pernas
Por teus braços passo verniz
Dou um retoque em teus lábios
Passo tinta no nariz

Tento descobrir teu coração
Escondido por entre uma camada de gesso
Escondo completamente tua pele
Sem poder usar o vermelho

Sopro ar sobre tua cabeça
Tentando dar um pouco mais de vida
Mas a estátua continua parada
Sob a tinta escorrida

Somente o sol pode te dar um pouco de brilho
Vejo um sorriso escondido pelas tintas
Bate o vento cai a estátua
Em mil pedaços no chão partida...

Mário Feijó

18.04.15   

quarta-feira, 15 de abril de 2015

SENHORITA M.

SENHORITA M.

Todos fugiam de ti com medo
Eu apenas te contemplava
Feito destino inevitável
De que me adiantaria fugir?

Mórbida passavas ao largo
Eras apenas um contraponto
À vida que todo o tempo
Fazia questão de me acompanhar

Há doçura no teu abraço
Já que a vida que me enredava
Sempre me oferecias apenas sofrimento
Tu, ao contrário, ofereces o descanso...

Mário Feijó

15.04.15

CRIADOR

CRIADOR

Todo amor
Sou teu anjo
Apenas um aprendiz

Mário Feijó

15.04.15

terça-feira, 14 de abril de 2015

BEIJOS COM CHOCOLATE

BEIJOS COM CHOCOLATE

         Ontem à tarde derretendo chocolate para fazer bombons ela vestiu-se apenas com avental e calcinha. Afinal de contas a tarde estava quente e ela estava sozinha em casa.
Preparou as formas. Pegou leite condensado, coco ralado e morando... lembrou que esquecera dentro do táxi as caixas de morango. Telefonou para o taxista e pediu que mandasse lhe entregar em casa, mas ele falou que não poderia ir e ia ver o que podia fazer.
A casa transcendia a chocolate quente... Pensava na sua solidão e nos filhos distantes e se controlava para que as lágrimas não se tornassem ingredientes da sua receita.
Seu coração era tão doce e naquele momento estava amolecido pela saudade. Lembrava do ex-marido e da saudade de ter alguém ou estar nos braços de alguém.
Distraída com as lembranças nem ouvira alguém batendo na porta. Era um jovem entre 25-30 anos, alto, queimado de sol, musculoso, sorriso de pipoca, tão alvo e brancos. Seus olhos verdes pareciam o mar distante.
- Olá sou Roberto. Meu pai pediu que lhe trouxesse os morangos que ficaram no táxi.
- Meu Deus. Não acredito. Lembra de mim? Estudamos juntos.
Tinham sido os primeiros amores, um na vida do outro e a vida os tinha separado.
Que homem lindo ele havia se tornado. Agora ela percebia. Abriu somente uma fresta da porta para apanhar os morangos, tendo em vista seus trajes.  
Ele disse:
- Mas que cheiro delicioso de chocolate não vai me oferecer um bombom?
- Entre que eu vou colocar uma roupa decente, eu estava sozinha em casa e com este calor...
Roberto entrou e não resistiu Heloisa naqueles trajes, puxando-a para si, ao que ela pegou um bombom de chocolate e colocou na boca do rapaz tentando evitar o que parecia inevitável.
Roberto com o bombom na boca apertou mais Heloisa contra o peito e tascou-lhe um beijo que era puro chocolate.
Os bombons de morango que seriam os próximos a serem feitos foram esquecidos para depois. Heloisa nem lembrava mais de seus trajes. Agora suas lágrimas nem faziam mais sentido...

Mário Feijó

14.04.15

segunda-feira, 13 de abril de 2015

BEIJOS DISTRAÍDOS

BEIJOS DISTRAÍDOS

Eu era feliz contigo
Porém teus beijos
Eram gelados
Mesmo quando juravas amor

Tua presença
Era ausente
Mesmo quando eu te via

Acabei me tornando
Uma pérola que se esconde
Dentro da sua ostra

Sobrevivi quando
Uma onda arrebatadora
Arrancou-me daquele leito aveludado
E a morte distraída foi embora...

Mário Feijó

13.04.15

sábado, 11 de abril de 2015

COISAS QUE A POESIA TORNA POSSÍVEL

COISAS QUE A POESIA TORNA POSSÍVEL

Beijar a face do sol
Fitar a face da lua
Abraçar o vento
Entregar-se nos braços do mar
Conversar com os pássaros
Voar com eles até
Catar estrelas no céu
Sentir o perfume da lua
Entregar-se à paixão primaveril
Sonhar com outonos
Olhar para frente e verão
Caminhar por estradas cheias de brilhantes
Ir a Marte só para encontrar alguém
Ter sorriso de estrelas
Cheiro de primavera mesmo no inverno
Cheiro de amor na saudade
Ser feliz dentro das lembranças
Voar... voar... voar para quem não é pássaro
Beijos com gosto de jabuticaba madura
Pele com gosto de pitanga
Cheiro de chuva molhada
Amor que não acaba
Ser eterno no hoje
Descobrir que a vida é um presente e
Que precisa ser aberto todos os dias!
Sonhar... sonhar... sonhar, mesmo acordado e
Perceber que tudo é possível
Quando temos olhos de poesia...

Mário Feijó
11.04.15

sexta-feira, 10 de abril de 2015

AMORES FEITOS DE BRISA

AMORES FEITOS DE BRISA

No inicio era apenas sexo
Éramos girafas no cio
E nosso encontro um tsunami
Porém quando baixou a força das águas
Descobrimos a beleza de estar juntos
De ouvir uma música
E nos perdermos dançando
Entregues um nos braços do outro...

Agora olhamos para trás
E vemos alguns estragos
Coisas que temos que colocar nos eixos
Vida que precisa ser arrumada
O que parecia ser somente paixão
Tornou-se um grande amor
Daqueles que nos assusta
E que também assusta aos outros...

Lá fora brilha um sol intenso
Até a lua não quis ficar na noite
Estava à beira mar com peixinhos
Que corriam em nossos pés
E estrelas sem brilho que se atiraram
Na noite passada ao mar...

Eu já fui furacão
E dizem que tu também
Mas nos braços um do outro
Somos apenas brisa de outono
Temendo o inverno que se aproxima...

Mário Feijó

09.04.15

ARTE QUE FAZ ARTE

ARTE QUE FAZ ARTE

A arte é extraída
Da alegria, da dor,
Da felicidade e de tantos outros
Sentimentos de um artista

Ela retrata o seu olhar do mundo
Usa tudo o que sente
Mistura em um caldeirão
E com pinceis e telas,
Caneta e papel
Ou material que recicla
E faz disto uma gestação

É chegada a hora da criação
E num parto muitas vezes doloroso
(ao mesmo tempo prazeroso)
O amor acumulado
O sentimento gestado
Nasce e torna-se sua obra
Um filho seu...

Mário Feijó

10.04.15

quarta-feira, 8 de abril de 2015

MÚSICA NA NOITE

MÚSICA NA NOITE

O mundo inteiro dorme
Na hora em que eu fecho os olhos
Sim! O meu mundo dorme comigo
Quando chega o meu sonho

Tenho paz e sonho com ela
E há em meus sonhos um fundo musical
É um assovio de “Moon River”

Acordo feliz e extasiado
A casa está silenciosa
No entanto a música continua
É apenas um assovio distante

E quando aquele homem
Que a assoviava se distancia
Leva consigo minha nostalgia
Eu apenas faço uma oração agradecendo a vida

Mário Feijó

08.04.2015 

A LUA E O RIO

“MOON RIVER”

Era madrugada. Todos dormiam, menos Peter que saia da lanchonete, onde trabalhava para sustentar a família. Ele morava num subúrbio distante de Nova Yorque. Nascera lá, mas tinha também cidadania brasileira porque os pais haviam ido pra lá tentar a vida.
Ele tinha apenas 14 anos quando os pais morreram no terror do Wolrd Trade Center, em 11.09.2001. Fora morar com uma tia. Passou-se muito tempo até que ele superasse o susto e o medo. Sua tia tinha adoração por Audrey Hepburn e por Bonequinha de Luxo e, sempre que podia ouvia e cantava Moon River. Agora a música não lhe saia da cabeça enquanto caminhava, neste inicio de primavera, no hemisfério norte, caminhando em direção ao lar, onde a esposa Karen lhe esperava, corpo quente e uma térmica com café novinho, para lhe agradecer o amor que lhe dava, agora que se preparavam para receber os gêmeos que chegariam no verão.
Era paz em seu coração. Finalmente tinha paz e esperança e queria que o mundo fosse tão belo quanto fora Audrey ou tão encantador quanto fora o filme Bonequinha de Luxo.

Mário Feijó
08.04.15


Texto inspirado na coluna de David Coimbra, publicado no dia 07.04.15, no Jornal Zero Hora, Rio Grande do Sul.

O rio - 07 de abril de 2015 (David Coimbra)

Quando fecho os olhos, pouco antes de dormir, às vezes penso que o mundo inteiro está dormindo naquele momento… há algo de importante nisso. Por mundo inteiro refiro-me ao meu mundo, claro. Ao mundo que me interessa, são as pessoas que eu conheço.
Imaginar que todas as pessoas estão dormindo é reconfortante. O sono é algo que nos iguala em nossa condição básica, que é a condição animal. Durante essas horas, não existem poderosos nem oprimidos, não existem ideologias, dogmas, crenças ou moral. Ninguém pode fazer mal a ninguém, ninguém faz um comentário ácido na internet, ninguém tenta convencer ninguém de que algo está errado, até porque erros não são cometidos durante o sono. Durante o sono, dorme-se, tão somente.
Hitler, se vivo estivesse, estaria dormindo também, e seu sono seria tão inocente quanto o de um nenê que nasceu ontem.
É tão bom pensar isso. Pensar que o mundo está em repouso.
Noite dessas, alta madrugada, acordei. Continuei deitado na cama, imóvel sob as cobertas, ouvindo o murmurar do silêncio. Nenhum cachorro latia, nenhum carro passava ao longe, eu mal ouvia o ressonar da minha companheira, ao meu lado. Então, baixinho, porém nítido, assomou um assobio. Era um assobio masculino, tenho certeza, e ele vinha à distância, talvez lá da outra ponta da quadra, além da esquina.
O que aquele homem fazia na rua àquela hora? Devia caminhar sozinho e sem pressa. Ninguém assobia de madrugada, se está acompanhado ou apressado. Imaginei que caminhasse de mão no bolso, olhando para o céu azul-escuro, admirando alguma estrela mais vaidosa.
Prestei atenção para identificar a melodia. Era Moon River, que a gloriosa Audrey Hepburn cantou sentada à janela do seu apartamento em Bonequinha de Luxo. É uma música linda e nostálgica. Uma música triste.
Fiquei ouvindo. Ele assobiava bem. O som veio crescendo à medida que se aproximava. Moon River. Ele assobiava para si mesmo, nem desconfiava que havia alguém acordado, deitado, ouvindo. A melodia preencheu o quarto e o meu coração. Era como o rio da música, lento e eterno, sempre o mesmo e mudando sempre.
Ele continuou assobiando enquanto se afastava, e a melodia foi se esvanecendo aos poucos e, naquele instante, por algum motivo, pensei em todas as pessoas que amo, que estavam quietas no escuro de seus quartos, dormindo, sem saber que, em certa parte do mundo, alguém assobiava de madrugada e que outro alguém ouvia em segredo. E, então, senti a emoção aquecer-me o peito, e fiz uma pequena oração para que, quando a luz retornasse e o rio dos dias voltasse a correr, tudo ficasse igual como nas horas de sono. Tudo ficasse em paz.

terça-feira, 7 de abril de 2015

SIM


SIM

Eu poderia e posso amar-te
Por toda uma vida
Porque neste momento
Somos eternos
E o hoje é eterno
Enquanto há vida
E esperança nele...

Sim
Eu acredito
Que não somos os únicos
Diante de um universo
Infinitamente grandioso
Diante de forças
Que não podemos explicar
E diante do inexplicável
Eu me rendo e me curvo...

Sim
Eu sei que as forças
Que eu alimento em mim
Crescem e se propagam no universo
E me envolvem
E traçam o meu destino
Quando o amanhã for hoje
Portanto há volta
Da energia que irradiamos
Por isto aqui se faz
Aqui se paga...

Sim
Eu sou parte desta energia cósmica
Que evolui interagindo com o universo
E de acordo com a energia
Com a qual eu interajo
Cresço e evoluo nela.
Se quero o bem e o faço
Atraio o bem pra mim
E na força do bem eu me protejo...


Mário Feijó – 07.04.15

segunda-feira, 6 de abril de 2015

SARAU MARGS dia 09.04.15


SER DE LUZ

SER DE LUZ

Ser de Luz
Que irradia energia
Cure-nos dos males
Instalados em nosso corpo

Dá-nos a benção da tua paz
Derramai sobre nossas cabeças
A cura do corpo e do espírito

Somos todos aprendizes
Ensina-nos a humildade
Dai-nos forças para suportar
As agruras do dia-a-dia

Guia a minh’alma
Por caminhos de amor
Para que minha energia
Abrigue os mais desvalidos que eu...

Mário Feijó

06.04.15

domingo, 5 de abril de 2015

PARTE DE MIM

PARTE DE MIM

Agora és uma parte de mim
A parte que me faz sonhar
A parte que me faz sentir arrepios
A parte que me fez descobrir o amor

Acabaste te tornando
Um rumo
Meu prumo
O caminho que sigo
A minha fonte de amor

E juntos temos visto estrelas
Temos corrido contra o vento
Esquecidos do tempo
Tudo em nome do amor

E quem desconhece o amor
Não saberá me entender
Nem consegue nos compreender

Mário Feijó

05.04.15  


quinta-feira, 2 de abril de 2015

SERES PENSANTES

SERES PENSANTES

Éramos apenas sais minerais
Água, pó e minérios
Dispersos na natureza

Um dia
Uma força vital
Deu-nos vida
Sopramos ar

O ar que nos entra
E sai dos pulmões
E que nos transforma
Agora em seres vivos

Dentro de nós
Passa a morar um espírito
Que faz o corpo pensar
Porque a inteligência está com ele

Mário Feijó

02.04.15

NOVO AMOR

NOVO AMOR

Beijos
Molhados
Cuidado
A
Inveja
Espia
Atrás
Das
Janelas
Fechadas...

Mário Feijó

02.04.15

quarta-feira, 1 de abril de 2015

A MENINA E A LAGARTIXA – FÁBULA

A MENINA E A LAGARTIXA – FÁBULA

Correndo pelos campos, laço amarelo no cabelo que voava ao vento, Isabela saltitava dizendo-se borboleta. Cheirava todas as flores e quando viu camélia gritou:
- Que lindas! Que perfumadas, tinha ela quatro anos, na época.
- Isabela: camélias não têm perfume!
- Têm sim! Retrucou.
- Então que perfume elas têm, perguntou a avó.
- Elas têm perfume de primavera...
- Entra menina. Vai chover.
Isabela sem ter o que fazer, dentro de casa, andava à procura de algo para se distrair.
Olhou num canto e viu uma lagartixa que a olhava, entre curiosa e amedrontada.
De repente ouviu uma vozinha bem baixa que dizia:
- Hei menina! Meninaaaaaaa. Qual é o seu nome?
Procurou e não sabia de onde vinha aquele sussurro.
Era a lagartixa querendo conversar.
- Ué!! Você fala? Disse Isabela.
- Ué!! Você não fala? Por que eu não posso falar? Disse a lagartixa quase se sentindo ofendida.
Assim ficaram as duas até resolverem que ambas falavam e se entendiam.
Contou-lhe a lagartixa que tinha nascido jacaré, mas que por falta de rios limpos torna-se lagartixa. Era muito mais fácil andar se equilibrando por paredes do que nestes rios tão poluídos por aí. Ainda por cima com tão poucos peixes.
- Nas paredes, pelo menos eu como alguns mosquitos e já estou satisfeita.
- E você menina o que gosta de comer? Disse a lagartixa.
- Eu como de tudo. Mas adoro os doces e as lasanhas da minha avó, disse Isabela.
- Bem, tenho que ir porque até agora ainda não comi nenhum mosquito e a minha barriga ronca. Você tem sua avó que faz coisas gostosas.
- Beijos lagartixa. Não coma as minhas borboletas, tá?
Nisto entra a avó que pergunta:
- Com quem falavas Isabela?
- Ah, vovó vamos mudar de assunto? Quero um refrigerante com bolo. Pode ser?


Moral da história: quando o rio não está pra peixe até jacaré vira lagartixa.

ORAÇÃO AO CRIADOR

ORAÇÃO AO CRIADOR

É bom quando abrimos os braços
E dentro dele abrigamos
Aqueles que desgarrados
Sentem-se perdidos, desiludidos

O calor do amor
A paz da fraternidade
A fé que tudo cura
Fazem milagres

Acreditar que tudo podemos
Que Deus está conosco
Quando em nossos braços
Amparamos aqueles que de amor precisam

Energias que se mesclam
Abrem caminhos para o Criador
Conectando-nos ao universo
Numa hora onde nos ligamos todos...

Mário Feijó

01.04.15

terça-feira, 31 de março de 2015

COISAS DE CRIANÇA POETA

COISAS DE CRIANÇA POETA

“- A tua amizade é a minha paz”. Daniele...


Conversando sobre a primavera e flores

Isabela diz a sua avó:
- que flor é aquela?
- Camélia. Diz Silvânia.
- Que cheirosa.
- Mas Camélia não tem cheiro.
- Tem sim!
- Cheiro de que?
- Cheiro de primavera. Disse Isabela.

MÁRIO FEIJÓ
30.03.15


ANINHADO

ANINHADO

Eu já nem digo mais
A um novo amor:
“esperei por ti a vida toda”
Porque quando digo fogem no susto

Agora eu apenas
Abro meus braços
Coloco uma música
Faço poemas e me aninho

O amor que me arrebata
Feito vento na janela
É insolente querendo me dominar

Temeroso eu fico em teus braços
Faço-me de bicho preguiça
Sem pressa de correr pela vida...

Mário Feijó

31.03.15

segunda-feira, 30 de março de 2015

AMOR SEM CULPAS


AMOR SEM CULPAS

Desde que escolhemos
Deixar o amor nos guiar
Descobrimos que nosso
Livre arbítrio não interfere
Nas escolhas que poderíamos fazer...

O amor simplesmente acontece
Não adianta espernear
Eu agradeço a Ele
Por ter me dado você...

Os outros que esperneiem
Pois que culpas tenho eu
Por amar você?

Mário Feijó

30.03.15

domingo, 29 de março de 2015

MUDANÇA DE ESTAÇÕES

MUDANÇA DE ESTAÇÕES

Nem bem o verão se foi
Ando a desfolhar-me
Ganhando resistências
Para o inverno que virá

Perco pétalas
Em cada sopro do vento
Olhos desbotados
Em folhas amareladas

Ainda sinto o cheiro da maresia
Que se impregnou
Na minha pele amorenada

Beijo em tua boca o salitre
Da água do mar
Como se fosse colibri
Procurando teu colo...

Mário Feijó

29.03.15

sábado, 28 de março de 2015

AMOR ETERNO, ETERNO AMOR

AMOR ETERNO, ETERNO AMOR

Duvidavas que eu pudesse amar-te
Ando te amando perdidamente
Quase a Marte fui, só delírios,

Na passagem vi estrelas
Estive no olho do furacão
Quando estive na aurora boreal

Amor eterno não se jura
O amor não vive delas
Mas do amor que sentimos
E que não precisamos comprovar

No entanto se quiseres saber
Espere pela eternidade
Lá continuará meu amor
Intacto dedicado a ti...

Mário Feijó

28.03.15

sexta-feira, 27 de março de 2015

GAIVOTA

GAIVOTA

Ando voando feito gaivota
Perdida à beira mar
Oras faminta
Aventuro-me na pesca
Noutras apenas pouso tranquila
Na areia quente
Confraternizando
Com aquelas cansadas do mar...

Mário Feijó

27.03.15

A ETERNIDADE DO DIAMANTE

A ETERNIDADE DO DIAMANTE

Eu te esperei
Por uma vida inteira
E agora que chegou
Não queria mais que partisse

Queria a rotina
Dos teus beijos
Do sexo que fazemos
A eternidade de um diamante

E agora te vejo partir
Como se fosse uma gema
Que se fragmenta
E tenho as dores dos pedaços

Bate o vento e vais
Chega a noite e te vais
Por qualquer motivo bobo
Vejo-te partir nas dunas à beira mar...

Mário Feijó

27.03.15

quarta-feira, 25 de março de 2015

ENERGIA DIVINA

ENERGIA DIVINA

Tão forte quanto os cactos
Que no deserto sobrevivem
Sugando os suores da noite
Eu sobrevivo de teus beijos
Às vezes com gosto de pitanga
Noutras parecendo
Uma jabuticaba madura

Não me deixarei vencer
Pelo calor abrasador do sol
Que ao mesmo tempo é vida
E a força destruidora da minha pele

Eu sou andorinha incansável
Que voa milhares de quilômetros
Para procriar e sobreviver

Seiva de cactos que sobrevive em mim
Que me dá sustentação e vigor
Como se fora energia divina
Onde não perecerei
No desamor dos desamados
Mas da seiva de cactos
Que dentro de mim é vida...

Mário Feijó

25.03.15 

terça-feira, 24 de março de 2015

CORAÇÃO APERTADO

CORAÇÃO APERTADO

O meu coração
Sempre pareceu tão grande
Nele cabia todo mundo
E sempre sobrava espaço

Depois que você
Na minha vida entrou
O meu coração parece
Ter ficado apertado

Ou você passou a ocupar
Um espaço muito grande
Ou foram os outros
Que começaram a fugir

A mim não importa
Há sempre muito amor
Eu só não gosto da sensação
De me sentir abandonado

Por isto cresça em meu peito
Ocupe os espaços por outros deixados
Só não me iluda, nem me engane
Ou viverei angustiado...

Mário Feijó

24.03.15 

SUSPIROS

SUSPIROS

Eu gostaria de entender
Um pouco mais de suspiros
Porque toda vez que estou feliz: suspiro
E toda vez que sinto saudades
Suspiros vêm

Alguns vêm dobrados
Como se fossem presentes d’alma
E por falar em alma
Toda vez que suspiro: ressuscito

Outro dia, depois do amor: suspirei
Ainda há pouco, apenas pensei no amor
E com novo suspiro: ressuscitei.

Mário Feijó

24.03.15

segunda-feira, 23 de março de 2015

PLANTAÇÃO DE BERINJELAS

PLANTAÇÃO DE BERINJELAS

Este ano acreditei
Em algo bem diferente
Arei a terra, reguei, afofei
E coloquei mudas de berinjela

O meu coração é assim
Está sempre escaldado
E berin(gela) tudo...

Mas não quero coração frio
Quero-o bem quente
Mesmo com corpo suado

Dizem que o amor
É uma flor roxa
Mas neste ano eu queria
A berinjela que plantei

E agora que o mês termina
Tenho águas de março na boca
Dos teus beijos misturados
Saliva que minha boca gela...

Mário Feijó

23.03.15

domingo, 22 de março de 2015

APRENDENDO A SOBREVIVER

APRENDENDO A SOBREVIVER

Hoje eu senti saudades
Do que eu fui ontem
Porém que fui
Eternizei você em mim...

Agora estou forte
Teu corpo foi-se
Mas a tua alma
Está aprisionada em mim...

Aprendi a sobreviver de lembranças
As saudades salvam buracos negros
Que marcam e latejam...

Eu aprendi a ser feliz
Basta que o sol clareie meu dia
Basta que eu acorde pela manhã
E aspire no travesseiro
O cheiro que ali deixaste...

Mário Feijó

22.03.15


ENTRE O CÉU E O INFERNO

ENTRE O CÉU E O INFERNO

Gente que não mente, nem quando precisa,
pode causar profundos danos
a corações sensíveis...

Cristiane Lisbôa, in: papel manteiga.


Algumas vezes mentir
É fazer caridade
A mentira sem maldade não é pecado
E a verdade às vezes é cruel e dói demais

Há corações sensíveis
Mesmo dentro de um corpo forte
E mesmo os brutos amam docemente

Qualquer um desmorona
Quando está diante da verdade!
A mentira geralmente
Parece ser mais doce

E quando amamos ficamos cegos
Diante do amor que sentimos
Da mesma forma como ficamos cegos
Diante da possível feiura dos filhos

O amor nos deixa cegos quando chega
Porém só nos devolve a visão
Quando resolve ir embora...

Mário Feijó
22.03.15



sábado, 21 de março de 2015

FRASES AMOROSAS QUE JÁ OUVI OU DISSE

FRASES AMOROSAS QUE JÁ OUVI OU DISSE



“Largue tudo o que estás fazendo e me beija”...

“Eu preciso tanto de você”...

“Você é feito o ar que eu respiro”...

“Penso que não sei mais viver sem você”...

“Não se atreva a sair mais da minha vida”...

“Agradeço a Deus por ter você aqui comigo”...

“Eu aprendi a te amar, não quero jamais aprender a te esquecer”...

“Teus beijos têm gosto de fruta madura”...

“Nos teus braços eu sinto a segurança que precisava”...

“Jamais senti tanto amor como o que sinto com você”...

“Beije-me e não me deixe mais...”

Mário Feijó

21.03.15

sexta-feira, 20 de março de 2015

SOLIDARIEDADE

SOLIDARIEDADE

Todos precisamos de ajuda. Ninguém consegue viver só. Podemos até nos amar, porém não podemos fazer amor sozinhos.
Esta semana houve um dia em que ao sair da hidroginástica, indo para o carro vi uma colega cadeirante tentando atravessar a rua e subir a rampa da calçada. Eu, entre o prestativo e a falta de noção fui ajudá-la. Sem experiência empurrei quando ela dizia: não coloque força.
Não temos noção da nossa força diante de um cadeirante e empurrei. Quando fiz isto ela foi direto ao chão. Entrei em desespero para consertar, mas só fazia trapalhadas quando tentava, até que um terceiro entrou na história e me tirar dos apuros ajudando-a.
Minutos antes eu já tentava ajudá-la a sair da piscina. Ela disse faça uma concha com as mãos, eu fiz e impulsionei, quase que a atirei do outro lado. Não havia maldade. Era falta de noção mesmo, misturada à necessidade de querer ajudar ao próximo. Vi que eu também preciso de ajuda para entender e compreender aos que precisam, sejam eles cadeirantes ou não.
Pensei sobre mim e refleti sobre tantos outros “sem noção” como eu, desde o poder público que pensa ajudar e atrapalha. Seja com cadeirantes, cegos ou outra deficiência. Eu já vi corredor para cego com poste em cima. Se o cego não estiver atento quebra a cabeça.
Por isto resolvi escrever este texto reflexivo, um “mea culpa” para que os que me leem pensem e reflitam: E SE FOSSE COMIGO?


Mário Feijó

20.03.15

quinta-feira, 19 de março de 2015

BEIJOS ESTALADOS

BEIJOS ESTALADOS

Hoje eu me lembrei de Felicidade
Como se fosse fácil esquecer de vovó!
Seus beijos estalados
Até hoje moram nas minhas bochechas

Eu não devia, mas beijos de amor
Devemos dar a receita de como dá-los:
Basta encostar os lábios fechados
E chupar os beiços que eles estalam...

São assim inesquecíveis
Feito o cheiro de café que ela fazia
Ou o cheiro de pasto molhado
Em tardes de chuva...

E os beijos de Felicidade
Sempre foram estalados!
Não é à toa que vovó tinha este nome
Ela estalou felicidade por toda a minha vida...

Mário Feijó

20.03.15

A GRANDE CILADA

A GRANDE CILADA

Era um dia nublado. As folhas secas rodopiavam pelas calçadas dando a sensação de abandono.
No meio da praça, embaixo das árvores havia um corpo inerte de mulher. Guilherme e a esposa Alexandra corriam ao redor da praça, no parque da Redenção em Porto Alegre, quando viram aquilo pararam e foram até ela ver o que tinha acontecido. A mulher estava semiconsciente e desorientada. Falava mal o português e trajava roupas africanas. Era negra. Tinha uma cara belíssima. Parecia uma modelo de tão esbelta e bem tratada.
O casal logo tratou de chamar a polícia pelo celular que carregavam. Guilherme que era médico começou a fazer os primeiros socorros e entendeu em inglês que a mulher era filha do embaixador da Nigéria que estava passeando em Porto Alegre. Tinha 25 anos, era solteira, e resolvera passear sozinha enquanto os pais saiam para um compromisso social, pois mesmo em férias tinham contato na cidade. Atendia pelo nome de Ndidi. Fora o que descobrira.
Depois descobriram que por causa das joias que usava fora assaltada. Levaram a maioria, mas a mulher estava viva. Recebera uma pancada na cabeça, por isto estava zonza e meio inconsciente.
A SAMU logo chegara e a levara para o pronto socorro. Guilherme que trabalhava lá como cardiologista não precisara acompanhar e se comprometeu que depois iria até o hospital com a mulher para prestar esclarecimentos e também depor à polícia, mas tinham que ir em casa trocar de roupas e tomar um banho. Estavam suados, devido à corrida que praticavam.
Isto fora o que a mulher dissera enquanto falava coisas desconexas. Não dava para afirmar cegamente que tudo era verdade. Ela falava a maioria das coisas em inglês, algumas em português e outras numa língua que deduziram ser sua língua nativa ou algum dialeto africano.
Alexandra achou tudo aquilo muito estranho. Afinal fazia horas que não aparecia na cidade ninguém tão distante, só para fazer turismo. Foram pra casa, intrigados e fazendo mil e uma conjecturas sobre o ocorrido. Tinham planos de jantar fora àquela noite, afinal fazia dois anos que tinham casado e queriam comemorar, porém não sabiam mais quanto tempo estariam envolvidos com o episódio. Banharam-se, trocaram de roupa e foram para o hospital.
Lá descobriram que a mulher estava grávida, tinha ligações com o tráfico de mulheres para várias partes de mundo e era amante de um traficante internacional...


Mário Feijó
19.03.15



terça-feira, 17 de março de 2015

ENCONTRO DE AMIGOS

ENCONTRO DE AMIGOS

Daiane veio de Porto Alegre, especialmente para visitar a sogra. Porém não poderia deixar de se encontrar com amigos de outrora que visitavam Osório. Junto com ela viera seus maridos, Márcio e Marcos, e os filhos gêmeos.
Seus filhos, com quatro anos, foram a atração do encontro, e o local, dentro do Condomínio Interlagos, na cidade de Osório, era um pedaço do paraíso.
Ao fundo, a lagoa bucólica inspirava poemas e canções a quem sabia fazê-lo. Na beira dos pastos gritavam quero-queros e bem-te-vis. O vento era agradável, mas deixava seus pelos eriçados, no frescor daquela tarde.
Ao lado de Daiane sentou-se Aurora suspirosa, pensando em amores distantes, levados pelo vento ou pelo tempo, não dava para determinar. Também conhecera naquele dia Rosa, uma nordestina que morava no Rio de Janeiro, simpática e falante, mas reservada. Nina estava feliz. Queria falar da vida e da amiga Natir que resolvera romper com o marasmo da vida e estava reestruturando tudo em seu modo de viver. Cláudio também viera por uns dias, pois estava em turnê pela região, com sua companhia de dança, e sugerira que todos, sem exceção fizessem aula de dança, dizendo que cantar e dançar rejuvenesce, melhorando a vida que terá mais alegria e disposição.
Era um momento de encontro de amigos. Todos estavam felizes e perguntaram por Cristiano que não comparecera. No entanto, eles sabiam que andarilho não para em lugar algum.
Daiane contou que fazia faculdade. Tivera que parar seus estudos no primeiro ano de vida dos gêmeos, mas que agora que eles já cresceram e estavam na creche, sobrava pra ela, um pouco mais de tempo. Os maridos haviam se formado no semestre anterior e estavam trabalhando no que gostavam. Frequentemente até viajavam para surfar na Praia de Garopaba e do Rosa, em Santa Catarina.
Trocaram telefone, whatsapp e se adicionaram nas redes sociais. Fora uma tarde inesquecível e proveitosa que rendera muitas histórias. Prometeram se encontrar nos próximos verões, por estes lados e pelo mundo afora, por onde quer que estivessem: livres, leves e soltos...

Mário Feijó
17.03.15

Conto escrito na Oficina de Criação Literária Itinerante.
Daiane é uma personagem que já participou de outros contos, quem quiser conhecer sua história que procure no  http://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/publicacoes/index.php

segunda-feira, 16 de março de 2015

EU ACREDITO NA FELICIDADE

EU ACREDITO NA FELICIDADE

Hoje ao abrir meus olhos
Vi a luz do sol brilhando
E descobri algo não tão óbvio:
Sou feliz!

A vida me proporcionou isto
Eu me permiti sê-lo
Eu amo e sou amado
Eu mereço isto


E como acredito em um Criador
Penso que devo agradecê-lo
Por ter acordado,
Por ter visto a luz do sol
E por ser feliz!

Mário Feijó

16.03.15

sábado, 14 de março de 2015

LUZES ACESAS

LUZES ACESAS

Luzes se acendem. Humanos adentram àquele pequeno espaço. Baratas correm, ratos se escondem, aranhas arregalam seus pequenos olhos. Espíritos se acordam. A biblioteca ganhou vida. Estava ventilada com cultura, não era mais um depósito de livros.
Os escritores sentiam-se realizados, tendo um lugar para se reunirem e aquele lugar, cheio de livros transpirava sabedoria, cultura e arte.
Entre os livros da biblioteca viviam espíritos que queriam aprender e, quando souberam que escritores se reuniriam ali, todos ficaram ali, atentos.
Há espíritos que sabem que o aprendizado é algo eterno e significa crescimento.
Havia dentro da biblioteca, não somente espíritos aprendizes, mas também espíritos escritores. Uns moravam em livros, outros nos altos das prateleiras. Havia os tímidos que se escondiam entre os arquivos. Outro dia vi espíritos pendurados no teto da biblioteca.
No final daquele encontro alguns espíritos falaram sobre a possibilidade de fazerem uma “feira espiritual do livro” ali mesmo na biblioteca, a exemplo do que iria ocorrer na cidade naquela páscoa... Ficaram lá discutindo e remoendo temas da reunião de escritores.
Desde aquele dia a Biblioteca de Imbé nunca mais foi a mesma...

Mário Feijó

14.03.15


sexta-feira, 13 de março de 2015

SALIVA FRIA

SALIVA FRIA

Barba áspera
Tocando a pele sensível
Machuca apenas o coração
A pele apenas eriça

A saliva fria
Entra na boca
Como se fora um refresco
Em momentos quentes

Somos fortes
Frágeis são os outros
Que desconhecem o amor

Trouxeste luz
Aonde havia solidão
Trouxeste companhia
À minha escuridão

Mário Feijó

13.03.15

quarta-feira, 11 de março de 2015

AI DE NÓS

AI DE NÓS

Ai de mim que não posso
Escolher a quem amo
Ai de ti que tivesses
Um dia que fazê-lo
Porém há escolhas
Que nem sempre são
As mais certas aos olhos dos outros

Mas é o amor quem escolhe por nós
E não adianta espernear
Quando o amor acontece
Pode haver conflitos
Mas teremos que assumir as consequências!

Eu preferia escolher a quem amar
Porém o amor nos envolve por inteiro
Pés, mãos, unhas, pele, cabelo
E quando a gente vê não tem mais saída

Então o nosso dia clareia
E somos envolvidos completamente
Pela luz que há no amor
Nesta hora descobrimos
Que não dá mais para esconder...

Ai de mim
Ai de ti!
Ai de nós...

Mário Feijó - 11.03.15