NÃO EMPURRA, PORRA!
Tenho andado
por cidades, grandes e pequenas, aqui e acolá e tenho observado a adaptação dos
pombos no ambiente urbano, por mais inóspito que ele seja.
Quando estive
em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, observei que eles comiam até peixe frito. No mercado
público de Florianópolis eu os vi comendo queijo, pirão de feijão e pipoca
doce.
Mas hoje eu estava na piscina do
prédio em que já morei por mais de 20 anos, no Bairro do Estreito, em Florianópolis.
Estava sozinho e eles tentava se aproximar da água pela borda pela borda para
bebê-la. O volume de água era quase o mesmo da medida do pescoço deles, mas os
menores e as fêmeas escorregavam e não conseguiam bebê-la. Vi um macho que se
esticava quando uma fêmea ao se aproximar acabava empurrado o que tentava beber
n’gua. Até que uma determinada hora ele se rebelou e arrulhando bravo
enxotava-a. Parecia que eu estava vendo adolescentes se empurrando e nesta hora
era como se eu ouvisse adolescentes dizendo uns para o outro: “não empurra, porra!”.
Os bem-te-vi não tinham problema
algum e disputavam o mesmo espaço com os pombos nesta hora, no entanto eles
davam um bote n’água e saiam voando para se chacoalharem no corrimão da escada.
Os pombos continuaram por mais de
uma hora tentando beber a água da piscina, num ir e vir sempre escorregando e
voando para o alto das antenas. Depois voltavam.
Observei que uns pareciam ser
mais espertos e saltavam no último degrau da escada que ficava um ou dois
centímetros dentro d’água. Enquanto isto na borda continuava o empurra-empurra
e os que se rebelavam arrulhando: “não empurra, porra!”
Mário Feijó
18.12.12
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