terça-feira, 18 de dezembro de 2012

NÃO EMPURRA, PORRA!



NÃO EMPURRA, PORRA!

                Tenho andado por cidades, grandes e pequenas, aqui e acolá e tenho observado a adaptação dos pombos no ambiente urbano, por mais inóspito que ele seja.
                Quando estive em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, observei que eles comiam até peixe frito. No mercado público de Florianópolis eu os vi comendo queijo, pirão de feijão e pipoca doce.
Mas hoje eu estava na piscina do prédio em que já morei por mais de 20 anos, no Bairro do Estreito, em Florianópolis. Estava sozinho e eles tentava se aproximar da água pela borda pela borda para bebê-la. O volume de água era quase o mesmo da medida do pescoço deles, mas os menores e as fêmeas escorregavam e não conseguiam bebê-la. Vi um macho que se esticava quando uma fêmea ao se aproximar acabava empurrado o que tentava beber n’gua. Até que uma determinada hora ele se rebelou e arrulhando bravo enxotava-a. Parecia que eu estava vendo adolescentes se empurrando e nesta hora era como se eu ouvisse adolescentes dizendo uns para o outro: “não empurra, porra!”.
Os bem-te-vi não tinham problema algum e disputavam o mesmo espaço com os pombos nesta hora, no entanto eles davam um bote n’água e saiam voando para se chacoalharem no corrimão da escada.
Os pombos continuaram por mais de uma hora tentando beber a água da piscina, num ir e vir sempre escorregando e voando para o alto das antenas. Depois voltavam.
Observei que uns pareciam ser mais espertos e saltavam no último degrau da escada que ficava um ou dois centímetros dentro d’água. Enquanto isto na borda continuava o empurra-empurra e os que se rebelavam arrulhando: “não empurra, porra!”

Mário Feijó
18.12.12

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