quarta-feira, 22 de setembro de 2010

NO BRILHO DOS TEUS OLHOS



É certo que a velhice para mim chegou. E você pode constatar isto, no véu que cobre meus olhos opacos; no meu andar trôpego; nas minhas mãos nodosas e enrugadas; nos sinais que o tempo no meu corpo deixou.
Penso que você não vê que dentro de mim palpita uma vida que ainda pensa em aventuras, quanto tu que és jovem e não só nas do passado, mas também nas fantasias que a minha mente cansada não esquece.
Sim! A minha mente pode em algumas vezes esquecer quem eu sou, mas ela lembra quem eu fui... No entanto o que mais me dói é que sua mente, parece querer esquecer quem eu sou. Infelizmente não conseguirá apagar o meu nome em teus registros, nem nas fotos envelhecidas que guarda da sua infância. E se você não queimá-las ou rasgá-las continuarão lá incomodando.
Há nos meus olhos um brilho de esperança. É minha insistência em viver que meu corpo não apaga.
Um dia quando eu me for talvez você possa olhar para o céu e deixar uma lágrima cair. Se isto acontecer tenha a certeza de que sou feliz porque sobrevivi na tua saudade...



Mário Feijó
22.09.10

Um comentário:

MARIO ROGERIO FEIJO disse...

Há em todos nós a insegurança em ser amado, e mesmo sendo amado, o medo de sermos abandonados. Ninguém quer viver só, ninguém quer ser julgado, mas somos julgados a todo o momento, começando pelos membros de nossa família. Ninguém quer respeitar o outro como ele é... Meu alerta é de que este é um circulo vicioso na roda da vida: ao nos tornarmos velhos, somos dispensados. Meu alerta é para que isto pare de acontecer, que nossos velhos não sejam mais depositados em um LAR qualquer e visitados nos dias dos pais, das mães, do natal ou somente num destes... Não estou lamentando a vida, pois a vida não se lamenta, apenas vive-se as experiências que nos são apresentadas...