LÁGRIMAS COM LEITE CONDENSADO
Hoje eu estava distraído na vida. Sentia
a falta de algo, faltava cor, não sabia mais colorir o amor. Decidido a me
superar corri para a dispensa e quis adoçar minha vida. Abri uma lata de leite
condensado e depois de algumas colheradas percebi que nem a moça que havia nele
me alegrava mais, como sempre fez.
Antes eu corria atrás do vento só
pra ver se abraçava a tua saudade. Faltam-me fantasmas que queiram conversar. Desaprendi
de fazer arte. Já não pinto mais. Já não desenho mais. Por sorte minha agenda
tem sempre páginas em branco. Histórias de louco, de paixões, de desamor, de
saudade é o que elas mais gostam: escrevo. Porém continuo vazio de mim e cheio
de ti, aprisionado à tua ausência.
Ninguém mais me disse o que tu
dizias sorrindo:
- “Hoje eu sou feliz, você me faz
feliz”!
Por que levaste de mim estes preenchimentos?
Por que construístes tanta saudade? Não te vejo mais fazendo tricô, no entanto
teces saudades que não têm mais fim.
Eu tive ilusões quanto ao amor. Agora
tenho desilusões que a esperança criou. E ninguém comigo para as nossas tardes
de café e chimarrão.
Tuas amigas que se diziam nossas
amigas foram-se todas, uma a uma. Teus parentes, eram mesmo como tu dizias,
ainda bem que não são meus, então não me fazem falta. Mas os meus não são
melhores. Há muito que aprender na vida. Ninguém se doa por amor ao outro e o
meu amor acho que acabou de tanto que doei. Não sobrou nada pra mim.
Dizem que o amor são sementes que
plantamos pelo caminho, um dia florescem... Acho que as minhas sementes secaram
ao sol, ou não foram aceitas pela terra que plantei.
Não pense que sou infeliz, abri
mão da infelicidade. Mas saudade dói e minha casa, minha vida, meu mundo ficaram
vazios desde que fizeste (em mim) jorrar tantas lágrimas.
Mário Feijó
21.01.15
Nenhum comentário:
Postar um comentário