terça-feira, 31 de dezembro de 2013

BALANÇO GERAL



BALANÇO GERAL

Eu cresci precisando de meus pais
Meus irmãos, meus tios, enfim
Minha família por perto

Aprendi estes valores
Dando amor em demasia
Aos meus filhos e netos
Quando não dei mais dinheiro
Fiquei órfão de seus amores...

Sinto que errei em algum momento
Mas o amor não pode ser medido
A gente dá e ele não acaba em nosso peito
Mas quem se acostuma a receber não dá...

E, quem sempre o deu,
Um dia percebe
Que vias de mão única
Nunca o trazem de volta

Sigo em frente tentando
Não depender de ninguém para ser feliz
Porque a felicidade é algo
Que está dentro de nós...

MÁRIO FEIJÓ
31.12.13

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

SOMOS ETERNOS



SOMOS ETERNOS

Há raízes de meus ancestrais
Que em mim sobrevivem
No que eu sou
Na minha imagem

Outro dia no reflexo do espelho
Eu vi resplandecer meu avô
Falecido quando eu era criança

O meu corpo magricelo
Foi-se embora escondido
Nos cabelos encanecidos
Deixados em mim por vovô

Eu já não lembrava mais dele
Mas minhas memórias cinquentenárias
Resgatam lá do fundo do baú
Os retalhos familiares
Enquanto molda em meu corpo
Aquele velho que já se foi embora...

MÁRIO FEIJÓ
30.12.13

sábado, 28 de dezembro de 2013

AMIZADE DURADOURA



AMIZADE DURADOURA

Eu li um anúncio de alguém
Que procura alguém
Com uma piscina em casa
Para uma amizade sincera e duradoura

No meu caso poderia ser
Apenas um riacho no quintal
Ou até uma banheira grande
(quem sabe?!!!)...

Eu só tenho goteiras no telhado
Principalmente nos dias de chuva
Mas isto não seria a solução
A quem estivesse interessado
Numa amizade sincera e duradoura...

Nos dias de sol passam pelos buracos
Muita luz e claridade
E nas noites de luar
Eu vejo pelos furos as estrelas...

Como veem eu não tenho muito
A oferecer a uma amizade sincera e duradoura
Que pense em piscinas

Para ser bem sincero
Eu só tenho eu mesmo a oferecer
Mas talvez eu não seja grande coisa, então
Continue procurando uma piscina...

Mário Feijó
28.12.13

NOITES ESTRELADAS



NOITES ESTRELADAS

Eu gosto das noites
Escuras e estreladas
Porque eu posso pensar
Que o mundo é uma casa
Onde não foi colocado forro
E que aqueles furinhos das estrelas
São buraquinhos por onde Deus nos espia

Que moramos numa redoma
E que Deus nos cuida com cuidado
Nós é quem contaminamos o mundo
Poluindo a água que bebemos
E o ar que respiramos

Algumas vezes eu penso
Que ainda não percebemos
O quão pequeninos nós somos
Diante de tão grande universo

Ainda por cima pensamos que somos civilizados
E quem nos criou deve estar muito decepcionado
Estarrecido com o que nós homens fazemos
Seja em nome do progresso, do sucesso ou da evolução...

Mário Feijó
28.12.13

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

MATA DESVIGINADA E IMPURA



MATA DESVIGINADA E IMPURA

Há certo encanto
Naquele canto triste
Incerto na mata virgem
Desvirginada e impura
Desencantada e dura
Pássaros tristes e cegos
Gente burra e infeliz
Que procura a felicidade
Fazendo a infelicidade
Daqueles a quem diz amar

Da beira dos rios
A mata subiu os morros
Tentando sobreviver
Mas os homens subiram também
E desmataram tudo
Que na enxurrada vem

E os pássaros fogem
Indo para longe das cidades
Há em Londres lugares
Onde não existem mais pássaros
Há no Brasil (ainda) espaços
Com mais de 150 espécies
Enquanto os homens
Não desmatarem para construir
Sem critérios, sem planejamento
Em nome do lucro desmedido
Por amor ao próximo...

Mário Feijó
27.12.13