sábado, 21 de julho de 2012

SAUDADES DO ONTEM


SAUDADES DO ONTEM



        Ah! Eu tenho me questionado muito nos últimos tempos. Tenho medo da vida, dos riscos que corro, do meu dia a dia, da solidão, do desamor, entre tantos outros. Eu penso que estou até com medo de amar.

        Você já viu como andam os seres humanos? Ninguém mais se entende, ninguém mais estende as mãos. Ontem eu cheguei perto de uma senhora e disse: oi. Ela levou um tremendo susto. Ontem também estávamos fazendo um sarau e resolvemos distribuir a Antologia organizada pelo grupo gratuitamente para a plateia e uma senhora rejeitou. Eu tornei público o gesto, dizendo que estava triste, pois mesmo doando as pessoas rejeitavam um livro. Ao que ela no final veio se desculpar dizendo que pensou que estávamos vendendo... mesmo assim... foi desagradável.

        Outro dia encontrei um ex-colega de escola cuja irmã foi minha colega e depois acabou se tornando minha aluna (acho que parou de estudar e quando voltou a fazê-lo eu era o professor de uma das matérias). Eu cumprimentei o rapaz e ele pareceu não me reconhecer. Então eu tentei reavivar a sua memória só para manter contato. O cara na maior grossura me perguntou:

“- O que é? És candidato?”

Dei meia volta e fui embora desiludido.

Este fato já aconteceu há mais de quinze anos e ainda me faz pensar sobre como andam as pessoas: distantes e frias.

Quando penso nisto eu reflito que moramos em um pais de origem latina – somos “calientes” – e a solidão e a falta de calor humano machucam. Não é à toa que alguns estados brasileiros, como Alagoas apresentam altos índices de suicídio, tal como países como Suécia e Japão. O Brasil, hoje, é o 11º. Colocado na taxa de suicídios no mundo.

Estamos nos isolando. Todos têm medo e alguns até se arriscam pela internet em novos relacionamentos, mas está faltando o cara a cara, o calor de apertos de mão, dos abraços...

A vida não é fácil, mas como era bom cuidar de um quintal, botar os pés no chão ou dentro de riachos, comer frutas direto das árvores... ai que saudade...



Mário Feijó

21.07.12     

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