domingo, 15 de julho de 2012

OS TEUS SEGREDOS


OS TEUS SEGREDOS



        Apesar de dizer que não tinhas segredos, os que de ti pensei tinhas viraram cinzas ao acender a lareira.

Nas cinzas jogadas no mar todos os segredos se esconderam nas conchas. Quando as levei ao ouvido pensei delas ter ouvido tudo aquilo que não contaste.

Um dia já foste Maria, um pouco Amélia, porém com alma de Anita. Nunca foste santa e nossos segredos agora serão somente meus. Eu desaprendi de confessar e não tenho mais medo de pecar...

Tudo o que eu queria era continuar pecando contigo, queria te presentear com mais dias felizes, mas escolheste te esconder em outra dimensão. Lá eu não descubro teus segredos. Nem os outros...

Eu descobri que há alguns portais em dias festivos: nos natais, nos aniversários, em dias santos, na páscoa... eu sei disto. Já estive na entrada de alguns destes portais.

Hoje deixaste de ser Maria para flanar por outras vias encontrando a paz que eu sempre procurei. Não és a primeira Maria que vai embora da minha vida. Um dia foi Hilda que me levou o amor; Felícia levou a minha felicidade e tu os meus sonhos. Insônia é a certeza que deixaste, além de feridas invisíveis aos olhos.

Cicatrizes são feridas que ainda doem como se eu tivesse ouvido o canto das sereias para depois ficar completamente surdo para as coisas do mundo.

Hoje eu sou um ermitão urbano, esquecido por todos, sem traços de amor em braços não estendidos.

Agora convivo com mentiras e saudades do teu sorriso, do teu olhar quando da frente da lareira me sopravas beijos.



Mário Feijó

15.07.12

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