OS TEUS SEGREDOS
Apesar de dizer
que não tinhas segredos, os que de ti pensei tinhas viraram cinzas ao acender a
lareira.
Nas cinzas jogadas no mar todos
os segredos se esconderam nas conchas. Quando as levei ao ouvido pensei delas
ter ouvido tudo aquilo que não contaste.
Um dia já foste Maria, um pouco
Amélia, porém com alma de Anita. Nunca foste santa e nossos segredos agora
serão somente meus. Eu desaprendi de confessar e não tenho mais medo de
pecar...
Tudo o que eu queria era
continuar pecando contigo, queria te presentear com mais dias felizes, mas
escolheste te esconder em outra dimensão. Lá eu não descubro teus segredos. Nem
os outros...
Eu descobri que há alguns
portais em dias festivos: nos natais, nos aniversários, em dias santos, na páscoa...
eu sei disto. Já estive na entrada de alguns destes portais.
Hoje deixaste de ser Maria para
flanar por outras vias encontrando a paz que eu sempre procurei. Não és a
primeira Maria que vai embora da minha vida. Um dia foi Hilda que me levou o
amor; Felícia levou a minha felicidade e tu os meus sonhos. Insônia é a certeza
que deixaste, além de feridas invisíveis aos olhos.
Cicatrizes são feridas que ainda
doem como se eu tivesse ouvido o canto das sereias para depois ficar completamente
surdo para as coisas do mundo.
Hoje eu sou um ermitão urbano,
esquecido por todos, sem traços de amor em braços não estendidos.
Agora convivo com mentiras e
saudades do teu sorriso, do teu olhar quando da frente da lareira me sopravas
beijos.
Mário Feijó
15.07.12
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