sábado, 18 de agosto de 2012

DIANTE DO IMPONDERÁVEL


DIANTE DO IMPONDERÁVEL


Algumas vezes na vida
Tive sonho e os persegui
E não foi por medo que
Um dia possa ter desistido deles... 

Agora, não muito tempo depois,
Encontro-me ainda no caminho
Perseguindo sonhos que cada vez mais
Parecem estar próximos da utopia... 

Eu não tenho sonhos utópicos
Eu não penso no imponderável
Eu não penso em nada impróprio
Não para a minha felicidade... 

Só percebo que o meu rio
Jamais correu para o mar
Ele faz o caminho inverso
Eu agora estou no alto da montanha 

E do alto da montanha abraça-me o medo
Não dos sonhos, mas do imponderável,
Não do amor, mas da maldita solidão
Sou uma ilha rodeada de gente... 

Mário Feijó
20.08.12

DÁLIA VERMELHA



DÁLIA VERMELHA 

Que amor é este
Que te fez, Dália,
Pensar ser a rainha
Do meu jardim? 

Foste nascendo
Por entre a grama
E devagarzinho
Te abriste toda... 

Passado um tempo
No jardim reinavas
Mais que qualquer flor
Rosa que me encantavas... 

Ah! Minha rosa
Noutro jardim te deixei
Ficaste lá desfolhada por um vendaval...
Dália vermelha eu não te enganei... 

Mário Feijó
18.08.12

DESEJOS INCONTIDOS


DESEJOS INCONTIDOS 

A solidão
Joga-nos
Algumas vezes
Em braços não desejados 

E quando vemos
É tarde demais
Estamos neles crucificados 

Desejos incontidos
Nascidos em agosto
Terra nua
Cama quente 

Os lábios ardem
Prisioneiros da luxúria...
Quando ela parte
Depois de rodar todas as ruas...


Mário Feijó
18.08.12

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

SEM VOCÊ


SEM VOCÊ 

É amargo
O gosto ausente
Dos teus beijos 

É frio
Os abraços desejados
Que não enlaçam o corpo 

É cruel
Essa tua ausência
Esta tua inconsistência
Agora longe de  mim 

É tão triste
Esta inconsequência minha
Que por tua falta
Me atira no lixo
De onde não consigo sair...


Mário Feijó

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

SEIOS DE BORBOLETA


SEIOS DE BORBOLETA 

Sorriso de lagarta
Seios de borboleta
Parecia querer eclodir
Merecia pra meu colo voar...


As minhas mãos excitadas
Deslizaram por tuas coxas
Fui a lesma boba
Que o pássaro comeu...


Mário Feijó
16.08.12

MACACOS ME MORDAM




MACACOS ME MORDAM



Ela sonhava com alguém que tivesse alma de girassol.

Que lhe ajudasse a atingir suas metas da mesma forma que o girassol faz quando cegamente acompanha o astro-rei.

Ontem viu alguém assim que preenchia tudo isto. Neste momento tinha vontade de perseguir cegamente aquela luz. Seus braços foram grilhões que a prendiam ao corpo dele como se não pudesse mais pensar.

Ela pensava ter vontade de ferro, mas neste momento descobriu que estava magnetizada por aquele corpo, por aquela aura, por aquela alma.  E tudo que lhe era proibido, naquele momento não tinha mais importância, ela iria para qualquer lugar que aquele homem fosse.

Macacos me mordam, pensava... Um amigo lhe falou que temos que viver o presente. Ela ainda estava presa ao passado. Tinha medo de tudo: medo de si e medo de amar sem preconceitos, sem preocupação.

Cabe tanta vida dentro de um pequeno coração. Dentro dela estava aquele homem, um amor de outono, obra-prima da natureza, sonho de menina, seu pecado mais-que-perfeito, sua flor de cactos, sempre-viva, meu jasmim cheiroso.

Como pode aquele homem ter entrado em sua retina e ficar em seu cérebro, corroendo seus pensamentos?

O amor tem que nos dar conforto, paz, satisfação e ele tornou-se sua inquietação...

Ontem mesmo ela o queria em seus amanhãs, porém ele tornara-se uma obra-prima que seus olhos contemplavam feito Vênus de Milo, Monalisa e Davi, a obra mais perfeita de Michelangelo.

Que “macacos me mordam” pensava ela. Se eu não puder lhe tocar com minhas mãos que um dia mordam cada parte deste  corpo perfeito. Meu único problema não é o corpo que vestiste para chegar a mim, mas a alma que dentro dele estava. Esta alma eu já conheço de outras vidas pelas quais passamos e desde este tempo conservo meu amor por ti...

Pensava naquele momento a mulher de 85 anos que se apaixonara por um jovem de 25, como se fizesse uma viagem ao passado...



Mário Feijó
16.08.12

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

DISFARCES


DISFARCES


Dentro do avião tratei de ficar ao lado
De uma virgem mentirosa
Que se vestia de freira
Alegando ter um passaporte pro céu 

Eu disfarçado de velho alquebrado
Sentei prioritariamente na primeira fileira
Não sou bobo, se o avião cair
Sou dos primeiros a chegar aos céus 

A freira ao meu lado
Parece ter asas
Dentro daquele disfarce de andorinha
Se faz verão? Não sei!
Mas tem as credenciais de Deus 

Mais ao fundo senta-se a beata de primeira viagem
Que me disse “queria um pouco de turbulência
Só pra viagem ficar mais emocionante”...

Desgraçada!! Não sabe ela
O medo que dá uma turbulência
Talvez ela já tenha uma passagem pro céu
Porém eu ainda não comprei a minha... 

Mário Feijó
15.08.12

DO ALTO DO ARRANHA-CÉU

Vista Parcial de São Paulo - do 27o. andar do Hotel Brasilia Small Town


DO ALTO DO ARRANHA-CÉU



        Do alto do arranha-céu vejo formigas disfarçadas de gente. Umas de motocicleta, outras estão em alta velocidade, dentro de carros importados. A pressa é a mesma, desde La Fontaine.

Do alto do arranha-céu eu não vejo teus pensamentos. Se há qualquer resquício de inteligência eu não sinto isto. Todas as formigas parecem autômatos que agem e reagem como que por programas pré-determinados.

Do alto do arranha-céu eu descubro minha pequenez e faço lá o meu ninho, neste formigueiro. O mundo é muito maior no ar, da terra vejo apenas o rodapé de luzes enfeitando a noite. Durante o dia apenas a poluição enfeita a paisagem, destruindo a nitidez que os meus olhos cansados já perderam há muito. Eu apenas descubro as células vivas do mundo quando tenho em minhas mãos uma Pentax profissional.

Do alto do arranha-céu eu fico planando, flanando, voando porque tenho asas internas e enquanto fico ali me equilibrando o mundo gira, tudo muda de lugar, menos eu que continuo o mesmo, preso dentro de minhas dimensões...





Mário Feijó

15.08.12

terça-feira, 14 de agosto de 2012

FOI DEUS QUEM NOS FEZ


FOI DEUS QUEM NOS FEZ 

Por que tinhas que fazer
Minhas entranhas arderem
Como se minhas carnes
Cremassem no inferno? 

Se foi Deus quem nos fez
Não podia me proibir
O fato de eu querer te amar 

Se foi Deus quem nos fez
Não haveria de determinar
O meu desejo por ti 

Só posso concluir que
Não temos culpa
Que Deus até pode escrever por linhas tortas
Mas Ele jamais escreveria algo errado... 

Mário Feijó
14.08.12

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

INCOMPREENSÃO


INCOMPREENSÃO 

Quem disse que eu
Queria falar mal de ti
De mim, mal falou... 

Foi incompreensão de linguagem
Língua bifurcada de naja
Que um dia nos condenou... 

Um segue o seu caminho 

O outro pelo caminho se perde...
 

MÁRIO FEIJÓ
12.08.12


AS LABAREDAS DO DRAGÃO


AS LABAREDAS DO DRAGÃO


Oh Senhora de Aparecida
Tua luz eriça
A minh’alma sem brilho
Embaçada por desejos e luxúria 

Eu não temo
O fogo do inferno
A espada de Jorge
Nem as labaredas do dragão 

Ontem as cinzas da sereia
Eram a minha proteção
Hoje elas embaçam
As ondas do mar  

Sem rumo levo minha nau
Onde apenas as tranças
Das meninas me amarram
Numa terra do nunca
Tão desgraçada quanto eu... 

Mário Feijó
13.08.12

ANJO NEGRO


ANJO NEGRO


Eu te queria
Assim despido
Anjo negro
Que meu fôlego ceifou 

Bendito és o fruto
Ao qual eu amo
Por quem meu corpo
Revigorado ficou... 

Bato asas,
Suspiro feito divino
Quando reles
Mortal sou

Se eu pudesse ontem mesmo
Cortaria em pedaços tua carne
E te faria em ser eterno... 

Mário Feijó
13.08.12


domingo, 12 de agosto de 2012

A VOLTA DO ANJO MALDITO

(José Roberto Assupção -PR; Mário Feijó -SC/RS; Marilene Teubner - SP; e Joaquim Moncks - RS/SC) - 22. BIENAL internacional do Livro de SP.

A VOLTA DO ANJO MALDITO


Desgraçado anjo maldito
Famigerado e puto
Que abençoa os santos 

Que inventa pecados
Um dia te joga na cama
No outro fica à espera
De quem na sua cama se jogue 

Maldito casto
Maldito seja você
Bendito seja!... 

Mário Feijó
12.08.12

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

NÃO MEREÇO PERDÃO

 

Não precisaste fazer nada
Para que eu me sentisse
Um canalha da pior espécie
Quando viraste as costas e te foste 

Nestas horas não é preciso
Nada dizer para que o outro
Se sinta um lixo, o vilão
Em qualquer história... 

O pior é que eu
Não sinto nada por ti
Mas meus instintos animalescos
Excitaram-me sem nexo... 

Um bom canalha
Pedir-te-ia perdão
Eu não!
Porque nem isto mereço... 

Mário Feijó
10.08.12

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

RETALHOS


RETALHOS 

Feito menino
Que pula no quintal do vizinho
Para apanhar frutas maduras
Eu roubo do tempo
Instantes de felicidade

Sou um trapaceador do tempo
Um blefe diante da vida
E dela apanho fatias
Engolindo porções de infelicidade 

Aprendo com tudo isto
E percebo que não sou melhor
E quanto mais aprendo
Mais descubro que nada sou... 

Não haveria razão para eu existir
Se não estivesse a serviço da vida
E de retalho em retalho
Eu me descubro cada vez menor... 

Mário Feijó
09.08.12

A TUA BOCA


A TUA BOCA 

Tão diferente de outras
A tua boca me devora
Quando teus lábios a tocam
Com tanta maestria
Que parece não haver sombra
Feito luz do meio dia... 

A tua boca me devora
Mesmo sem saberes que isto tu fazes
E eu me deixo levar
Por paixão e luxúria 

Porém quando eu sinto
Como se fossem labaredas
A tua boca a me lamber a alma
Nesta hora o meu corpo explode em cores
Como se fora um arco-íris em plena noite... 

Só então eu me viro na cama
E percebo que por ti sonhava
Porém para conseguir dormir em paz
Troco toda a roupa e tomo um banho
Lembrando ainda da tua boca... 

Mário Feijó
09.08.12

terça-feira, 7 de agosto de 2012

PENSANDO BEM


PENSANDO BEM 

Acho que pensando bem
Tudo o que queremos
É um dia ser felizes
Encontrar um grande amor
E levar uma vida em paz... 

No entanto poucos são os que conseguem
Diante do caos da vida
Diante das dificuldades
Pelas quais passamos
Que no final é o nosso aprendizado... 

Pensando bem eu tenho é que viver
Observando mais a vida
Sorrindo mais e me permitindo mais
Aí tudo o que tiver que acontecer
Naturalmente acontece... 

O mais frustrante de tudo
É ficar numa eterna busca
Deixando de aproveitar
As coisas boas que a vida oferece
Pensando bem: bom mesmo é viver
Sem bobagens a pensar... 

Mário Feijó
07.08.12

CAQUINHOS


CAQUINHOS 

A ausência do teu amor
É a dor de dente
Que por algum motivo quebrou 

Os caquinhos ficam ali incomodando
E você não sabe se os tira
Ou se guarda aquela dor 

Então continuam os caquinhos
Ali na boca a incomodar
Se você os arranca dói mais
E fica na boca um buraco... 

Assim a vida vai
De buraco em buraco
E dentro dele a saudade
E na saudade a dor da falta
Que você na vida faz...  

Mário Feijó
07.08.12

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

QUANDO O ASSUNTO É AMOR


QUANDO O ASSUNTO É AMOR 

É tão forte o gosto de tudo
Impetuoso, abrasador
Encorpado feito um cabernet
Assim tem que ser o amor: forte  

Como é forte a força das águas
Abrasador como o calor do sol
Intensa como a luz do meio dia
E romântica como as noites de lua cheia 

Eu não quero nada menos que isto
Nada menos que teus braços
Envolvendo o meu corpo
Como os teus lábios que me devoram 

Quando o assunto é amor
Nada se apaga
As emoções não são fracas
Tudo sempre é intenso e forte... 

Mário Feijó
06.08.12

ANJO MALDITO


ANJO MALDITO 

Sou um anjo maldito
Condenado à solidão
A não viver um grande amor
A ser um oásis no deserto... 

A reclusão me isola do mundo
E não ter você em meu braço
É viver a maldição da reclusão 

Eu ouço o barulho do mar
Sinto a sua maresia nas narinas
E o vento traz apenas promessas
Apenas recados e cheiros teus... 

Sou assim anjo maldito
Preso em meu próprio paraíso
Vivendo de sonhos e aspirações
E tudo que eu toco vira estátua de sal... 

Mário Feijó
06.08.12

NO QUINTAL DA NOSSA CASA


NO QUINTAL DA NOSSA CASA 

Era um simples matinho
Aquele no meu quintal
Mas na grama vinham pardais
Sabiás e até canários
Buscar a comida
Que eu pra eles jogava 

Em troca me davam seus cantos
Os pardais apenas chilreios
Mas os sabiás um pouco mais majestosos
Quando tinham vontade (é verdade)
Davam um pouco mais que os pardais... 

Minhas netas querendo ser generosas
Jogavam os restos da salada que não comiam
Como tomate e alface (que um dia descobri)
Então eu lhes disse que os pássaros
Não comiam saladas nem faziam dietas
No máximo comem farelo de pão e arroz... 

Nossa poodle irrequieta e ensandecida
Corre atrás de tudo o que se move
Por sorte eles a perdoam e voltam sempre
Mesmo assim ela vai lá e enciumada
Come a “salada” dos pássaros... 

Penso que esta cachorra
Esta sim está de dieta
Porque come tudo que é fruta
E a salada que as meninas
Escondido atiram aos pássaros...


Mário Feijó
06.08.12

sábado, 4 de agosto de 2012

EU TE QUERO NO MEU BANHO




Eu não quero apenas
Lembrar de tuas mãos
Deslizando por meu corpo
Quando na banheira me ensaboavas 

Eu não quero viver de lembranças
Eu te quero perto
Não apenas uma imagem
O teu cheiro marcante 

Eu te quero todos os dias
Feito Amélia, tu que eras Maria
Acompanhando-me em todos os cantos
Perto de mim, em todo lugar 

Eu te quero dividindo tudo
Partilhando tudo
Da minha fome à minha comida
Do meu banho à minha cama... 

Mário Feijó
04.08.12

AMOR COM SABOR DE PITANGA


AMOR COM SABOR DE PITANGA 

Embaixo da pitangueira
Caia sobre a minha cabeça
Como se fosse uma chuva
As flores que o vento derrubava...

Foi tão seco este inverno
E houve dias tão quentes
Que a coitada da pitangueira
Agiu como se fora primavera: floriu... 

De meus lábios saem
Apenas um leve sorriso
Quando eu lembro
As pitangas que tu comias 

Resta na lembrança
Tão somente as flores daqueles dias
Onde o teu cheiro floral me invadia
E eu tuas frutas também comia... 

Mário Feijó
04.08.12

CABELOS ENCARACOLADOS


CABELOS ENCARACOLADOS 

Ele parece um menino
Que tem medo de fantasmas
Quando rejeita seus sonhos
Com medo de os realizar 

Menino do Rio Guaíba
Que tem cabelos encaracolados
Sobe nas goiabeiras para
Comer as frutas maduras 

Algumas vezes pensou
Que era um super-homem
Mas tem medo do vento
Que sopra a seu favor 

Outro dia caminhava
Pela orla do rio
Sonhando em voar
Mas é apenas um homem...

Mário Feijó
04.08.12

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

BEIJOS E DESEJOS


BEIJOS E DESEJOS 

Na minha vida
Eu fiquei na dúvida:
Não sei se faltaram beijos
Ou se sobraram desejos? 

Sempre aconteceu
De eu ter muito amor para dar
Algumas vezes faltou
Foi para quem o dar 

Até havia a paixão
Nem sempre correspondida
Havia o desejo e a tesão
Mas a razão deles não me queria 

Eu passei algumas vezes
Por dias de fome
Havia o desejo
Mas faltava a boca para o beijo... 

Mário Feijó
03.08.12

IMORTAL


IMORTAL 

Passam-se as horas
E em cada segundo
Eu me sinto esvaindo
Como se fosse água
Escorrendo dum vazamento
Não sabemos como começou
Nem para onde ela irá... 

E cada dia que passa
O meu corpo assustado
Vê suas células envelhecendo
Apenas com as plumas da minh’alma
Que dizem algo quando cresce... 

Eu não penso como imortal
Porque sei que tenho corpo finito
Então me assusto
Com os dias, com as noites
E com o tempo perdido... 

Nestas horas lembro
Que tenho que construir
Lições para o aprendizado
De em algum momento
No tempo ser imortal novamente... 

Mário Feijó
03.07.12  

UM BALANÇO DA VIDA


UM BALANÇO DA VIDA


Eu já me questionei pelas pedras no meio do caminho, até o dia que descobri que elas poderiam servir para que eu nelas me sentasse e descansasse das agruras do dia a dia.

Eu já me questionei pelas dificuldades, pelos problemas que enfrentava, pelo quão demorados são nossos sonhos, diante da realidade, até que um dia eu descobri que tudo me ensinava.  

Eu já me questionei pela vida, por existir, já questionei a morte dos outros e a minha própria morte não acontecida.

Eu já me questionei pelos amores que tive, pelos amores que tenho, e pelos que ainda terei.

Já me questionei pelos filhos que tenho, pelos netos que crio, pelos amigos que vêm e vão, pelos que se foram e que nunca mais voltaram, estou sempre me questionando.

Eu também me questiono pelos amores impossíveis, pelos amores possíveis, mas que eu não quero, pela forma de amar, pela entrega e pelo egoísmo, meu e dos outros.

A vida é assim um eterno questionamento, porém tudo o que me acontece me transforma, eu interajo com a vida, e não deixo sucumbir diante dos percalços, nem pela demora na realização dos sonhos e quando os realizo já tenho outros mais difíceis...

Existem horas em que eu penso que sou inconstante, mas a vida é inconstante e eu só balanço nela, como se estivesse num barco e balançando no movimento das ondas.

Amores eu já tratei de não mais entendê-los, mas sim de vivê-los quando eles me interessam.

Dinheiro eu não me questiono mais. Uso-os na medida em que tenho, vivo sempre na corda bamba, como se estivesse sempre na corda bamba, mas a vida é assim: um balanço.

Agora eu só me permito, balanço de acordo com a vida e não me questiono mais. Deve existir alguém que mexe com minhas cordinhas porque eu me sinto uma marionete da vida e tratei de fazê-la ser mais feliz, a partir do momento em que parei de me questionar...



Mário Feijó

03.08.12

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

NÃO ME BASTA


NÃO ME BASTA 

Não me basta
Ter um pouco do teu corpo
Em horas esparsas

Não me basta
Ter teus beijos
E a falta de desejo
Que eu te possa causar 

Não me basta querer
Se tu me evitas
Então eu olho para o céu
E vejo bichos se formar...   

Mário Feijó
02.07.12

INSTANTES DE PRAZER


INSTANTES DE PRAZER 

Eu deixaria
De ser uma rosa
Apenas para ser
Uma formosa mulher 

Eu deixaria
De ser um rio que passa
Um colibri que ama a rosa
Apenas para ser o vento 

Eu deixaria
De ser a chuva
Que se atira na terra
Que sacia o rio que passa 

Apenas com o intuito
De fazer parte de ti
Sentido o que sentes
Esvaindo-me num instante de prazer... 

Mário Feijó
02.08.12

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

TU ÉS O MEU ACONCHEGO


TU ÉS O MEU ACONCHEGO 

Há em ti
Algo que me atrai
És o brilho do fogo
Quando se abrem as portas do inferno 

Quem começou este jogo?
Não me acuses!
Não fui eu!
No planeta dos homens
Somos seres proibidos 

Qual é a nossa essência?
A minha é de aprendizado
Amor e amar são fatos
Que não deveriam ser pecados 

Quando o meu corpo toca o teu
Não é o calor do inferno que sinto
É tão somente amor
Como se eu me aconchegasse no céu... 

Mário Feijó
01.08.12