A FESTA DE ANIVERSÁRIO (CONTOS)
Carol
estava feliz. Tudo em sua vida estava correndo da melhor forma possível. O filho
cada dia ficava mais gracioso e já murmurava as primeiras palavras. Seu casamento
com Pedro era um sonho concretizado e tudo se mostrava melhor na vida compartilhada
a dois, do que antes já vivera.
Seu aniversário estava próximo,
seria no mês de setembro e queria fazer uma grande festa para reunir os amigos
e parentes. Seria a prova da sua superação depois de tantas perdas, mas
principalmente porque ela transbordava felicidade. Pensou num churrasco e só de
pensar já sentia o cheiro, coincidentemente os vizinhos faziam um e o cheiro
chegava até ela. Começou a salivar, pensando nisto. Falara com Ana e já
encomendara uma torta de abacaxi com recheio de leite condensado e coco. Os 500 docinhos, falou com D. Rita, pediu desde
brigadeiros a olho de sogra. Mas pensou também em encomendar 500 salgados. Afinal
de contas eram todos os amigos e a família.
Tudo estava planejado com
esmero e antecedência, o salão de festas estava reservado, ali mesmo no condomínio,
afinal moravam em um condomínio fechado de primeira classe.
De repente sentira um
arrepio, era o tempo mudando e a friagem entrava pelas frestas. Saiu para
fecha-las antes que apanhasse um resfriado. Não queria adoecer e que algo saísse
errado logo agora que estava tão perto da data.
Enquanto andava pela casa
fechando as portas e janelas, sua cadelinha Lili, uma poodle micro-toy corria atrás
dela mordendo a calça moletom que usava naquele momento, brincando e latindo
querendo fazer festas.
Enfim chegara a data. O tempo
havia esquentado. Já era quase primavera e aquele inverno não fora rigoroso. As
árvores começavam a florir e no ar havia um perfume de flores que o vento suave
se encarregava de espalhar pelo lugar e pela cidade.
Pedro percebia a sua
felicidade e argumentava a si mesmo que jamais fora tão feliz. Jamais havia
pensado que a vida de casado seria tão boa, como a sua estava sendo. E, depois
da adoção do filho tudo ficara ainda melhor. Ele não media esforços para ajudar
a esposa e colaborava com tarefas domésticas como trocar a fralda do filho, dar
banho e colocar novas roupas na criança. Ajudava também com o asseio da cozinha
e vez ou outra fazia um prato especial para o final de semana ou para uma
determinada noite, quando abriam um bom vinho e papeavam sobre a vida e o
trabalho. Tinham que se cuidar, pois ambos acabaram ganhando peso depois do
casamento. Pensou “tenho que malhar um pouco mais”.
Doze de setembro! Chegou o
grande dia para Carol distribuíra mais de cem convites pessoalmente e fez
outros pelas redes sociais. Quase uma centena delas havia chegado. Viu que
poucos faltavam.
No pátio havia um toldo onde
um D.J. tocava músicas da atualidade e muito dançantes. Haviam combinado que
depois ele faria uma sessão só com músicas dos nos setenta e oitenta, com os
sucessos mais marcantes. Música boa de uma época boa, dizia Carol.
Naquela noite ela estava
esplendorosa, seus olhos azuis sobressaiam no rosto, realçados pelo vestido de
cetim com a mesma cor. Sobre os ombros usava um chalé branco. Pedro a admirava,
entre embevecido e apaixonado.
A festa prometia ir até altas
horas e enquanto tivessem convidados eles estariam ali com os amigos. O filho
pequeno ficara na casa com uma babá...
Mário Feijó
17.08.17