O MOTIVO DA TRISTEZA DE CAROL (segundo capítulo)
Jorge é um homem de 38 anos,
1,90m de altura, atleta, pesando 90 quilos, formado em administração de
empresas e trabalha na Universidade Federal de Santa Catarina como professor de
administração. É mestre em Recursos Humanos e professor adjunto no departamento
de administração, do Centro Socioeconômico.
Apaixonou-se por Carol quando ela quis fazer
mestrado na área de Recursos Humanos e ele foi seu professor. Estão juntos há
dois anos e meio. Para ele nunca pesou o fato de ela ser mais velha que ele.
Nunca outros perceberam isto física ou emocionalmente.
A relação entre os dois
sempre foi ótima. Eram sexualmente liberais, nunca moraram junto. Não havia
ciúmes e cobranças entre eles e se encontravam duas ou três vezes por semana.
Ultimamente Carol vinha
tocando muito repetidamente neste assunto, no qual Jorge não queria discutir.
Sempre soubera que ele não queria ter filhos e ela insistentemente falava em
ter mais um.
Ela sempre dissera a Jorge
que não queria mais filhos. Tivera dois filhos antes, fruto do seu primeiro
amor quanto tinha 15 e 17 anos. Portanto já se preparava para ser avó a
qualquer hora.
Pensara estar na menopausa e
começou a sentir coisas estranhas em seu corpo e resolvera ir ao médico que
confirmara uma gravidez de 13 semanas. No início foi um choque, mas ela era
contra o aborto. Totalmente contra. Não fora precavida pelo fato de que sua
menstruação muito irregular passara a ser distante acontecendo no último ano
somente três vezes. Seu médico lhe dissera que estava entrando na menopausa. Aí
relaxou no contraceptivo.
Por isto tocara no assunto
com Jorge, porque tinha medo de ser direta, e começaram a discutir e pouco se
verem. Ela não falara pra ninguém sobre a gravidez sabida há pouco mais de um mês
e no dia sete de maio, na semana que antecedia o dia das mães, ela tinha
viajado a trabalho e no hotel tropeçara e caíra numa escada. Foi parar num
hospital, teve toda a assistência, porém seu bebê não resistira ao tombo da
mãe. Três horas depois o médico lhe informara que o bebê não sobreviveu.
Sofrera tudo sozinha. Primeiro porque não conseguira contar a Pedro, e se ele
não sabia para quê iria contar. Só depois iria decidir o que fazer. Ficara
hospitalizada por dois dias e depois fora embora. Ela estava em Blumenau e
pedira para sua colega de trabalho Cléia vir buscá-la como motorista. No
caminho lhe contaria tudo. Agora não fazia mais sentido esconder de ninguém.
Não só seu corpo estava machucado. Sua alma estava dolorida. O médico lhe dera
um atestado de três dias e na empresa tudo ficaria por conta do tombo.
Jorge aparecera e a tratara
com carinho. Ela não lhe contou nada... Agora não fazia mais sentido, era o que
lhe parecia. E por mágoa resolvera por um fim no relacionamento. Colocou a
culpa de seu drama todo na sua intransigência e não conseguia perdoá-lo.
Sofriam ambos, pois eram apaixonados. Mas ela pensou que era melhor assim.
Sofria agora duas vezes. Por seu grande amor e por seu filho que não vingara.
Refletiu sobre sua vida,
desde o primeiro amor que acabara durando apenas sete anos. Ambos eram
imaturos, mas valera, pois fora um amor tranquilo. E agora que tinha um grande
amor não conseguia a paz e a tranquilidade quando se casara com Alexandre, pai
de seus dois filhos e que se tornara um grande amigo.
No dia das mães e aniversário
da avó ela tinha bastantes motivos para tamanha tristeza. Não contara a
ninguém, além de Cléia, decidiria depois o que fazer com o fato. Primeiro iria
se curar daquela dor. Por isto logo depois de comer uma pequena porção de peixe
frito com pirão e camarões ensopados, saiu à francesa, sem ser vista. Dentro do
carro desmoronou em prantos e com medo pegou o celular e ligou para Jorge.
Mário Feijó - Fim do segundo capítulo
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