sábado, 29 de novembro de 2014

TESTAMENTO DE AMOR





TESTAMENTO DE AMOR
(para filhos e netos)

Depois de vencidas todas as etapas da vida, descobrimos lentamente, que é chegada a hora de terminar o aprendizado (ou o castigo, pois transitar pelo planeta Terra é muito mais castigo que aprendizado). E às vezes pensamos, assustados, que é chegada a hora de partir. Sim, mas nunca sabemos nossa hora. Ou escolhemos viver assustados com a possibilidade da partida (morte) ou relaxamos e aproveitamos todos os momentos do nosso presente.
Ah! Viver é um presente que Deus nos dá todos os dias. Acho e penso que o momento atual é chamado de presente, por este motivo.
Devíamos não nos preocupar tanto com a morte. Ela é presente em nossas vidas desde o momento que passamos a respirar. Alguns nem chegam a respirar, deixam de existir na geração. Eu não falo do tema com tristeza ou depressivamente. Abordo-o como uma coisa natural que faz parte dos nossos dias sempre. Isto é mais um motivo para me cuidar.
A vida é assim: inspira carinho, cuidados, amor, ser feliz e quando cuidamos disto vivemos mais, pois passamos a viver sem preocupações com a morte. Ela sim, não é um “departamento” nosso, mas de quem nos deu a vida. E quando o chefe do departamento acha que já aprendemos o que tínhamos para a aprender, nos chama para viver outras experiências, tão ou mais interessante que o viver na ‘corda bamba’ deste planeta.   
E às vezes, ao invés de aprender, de ir à luta perdemos tempo com valores e coisas pequenas, sentimentos fúteis, desamor. Estou aprendendo a respeitar e não dar tanto amor a quem não o quer receber. Se o seu problema é dinheiro: trabalhe. Se o seu problema é amor: dê amor e receba amor. Amor é troca. Amor por amor. Não amor por coisas ou dinheiro. Mas que aprendam. Eu já estou cansado demais para ensinar. Agora pratico e quem quiser que aprenda com meus atos.
Julgado todos sempre somos por quem não tem competência nem para amar. Eu estou com a consciência tranquila e entreguei o meu julgamento a quem tem este direito sobre a minha vida.
Gostaria muito de estar rodeado daqueles que sempre amei tanto, mas se não me compreendem, eu os compreendo e perdoo. Coloco nas mãos de Deus e oro para que sejam felizes, não que me culpem pelos seus desatinos e infelicidades. Afinal a vida sempre dá o que merecemos, mas não sou eu quem determina isto: é o nosso Criador.
Um dia eu já fui pai queria ser amigo dos seres que criei, mas se eles não me entendem, paciência. A vida ensina. Amigos que se aproximam e permanecem ou mesmo ausentes, me amam e me entendem ensinam que a vida não é ver todos os dias, mas amar todos os dias com carinho, mesmo em silêncio.
Eu estou cansado. Viver dói sempre. Não aprendi a me dopar ou ficar insensível diante da vida, mas aprendi a respeitar os outros e não impor minha vontade. Por isto recolho-me à solitária do meu corpo e sigo em frente, quiçá um dia possam acreditar que havia amor em meu coração. Talvez este dia seja tarde para aqueles que agora me negam amor, mas é um ciclo de aprendizado, eu certamente já estarei feliz em algum outro lugar, experimentando novos viveres, novas formas de amor, no perfume das flores, no barulho do vento ou nos registros das ideias que deixei no papel, continuando a viver nas lembranças ou tão somente nas células de meus descentes queiram eles ou não.
Há amor em meu peito. Há amor na minh’alma. O que cada um pensa de mim, não sou eu. O que eu sou só eu somente sei e com certeza há um amor infinito, simbolicamente instalado no lado esquerdo do meu peito e que se aqueceu em meus braços, com certeza saberá disto, mesmo que não possa mais me abraçar.

Capão da Canoa, 29 de novembro de 2014


Mário Rogério Feijó

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