quarta-feira, 13 de março de 2013

UMA PÁSCOA DIFERENTE



UMA PÁSCOA DIFERENTE

               Sempre fui um apaixonado por animais. Quando criança tínhamos galinhas, patos e marrecos no quintal ou embaixo da casa. Sim! Morávamos em uma casa de madeira erguida por pilares de pedra. Isto permitia que os animais, criados com o objetivo de produzir ovos e nos finais de semana rendesse um almoço.
Nesta época eu não chegava a me apegar aos bichinhos porque entendia que aquela era a função deles: nos alimentar. No entanto era encantador ver os pintinhos e patinhos recém-descascados. Nunca vi coisa mais linda que filhotes de animais. Todos os filhotes são lindos e encantadores, desde os bichos até os filhotes humanos.
Nesta época eu também descobri minha paixão por peixes e plantas. E planta pra mim vai de um pequenino cactos a uma enorme figueira.
Meus primeiros peixinhos eu os criava dentro de uma panela velha de barro, com plantas aquáticas. Assim os gatos da vizinhança não os comiam, nem eles pulavam pra fora.
Um dia quando eu já era adolescente e mantinha um aquário, daqueles redondos de vidro e o colocava em cima da geladeira, ao lavá-lo e colocá-lo no lugar deixei que escorregasse e tentei segurar, mas bateu na geladeira e quebrou em muitos pedaços cortando os dois braços e pulsos. Acho que foi minha primeira morte. Já disseram que tenho vida de gato.
Em 1990 sofri um acidente de carro que resultou em perda total do veículo. Eu havia capotado três vezes e caído num precipício de vinte e três metros. Perdi mais uma vida...
No natal de 2011 sofri um novo acidente, o carro saiu da estrada e bateu em uma árvore. Resultado: minha companheira morreu. Eu quebrei seis costelas, duas vertebras, dois pulmões perfurados e estava com a minha esperança despedaçada. Consegui me recuperar e penso que não foi ainda desta vez. Devo ter missões ainda por cumprir nesta vida.
Mas não foi pra falar de minhas mortes que eu resolvi escrever este texto. Eu queria falar do meu amor pelos bichos e de minha recente paixão por gatos. Eu também percebi que eles começaram a se aproximar de mim, a me proteger, se é que isto é possível (solidariedade entre gatos, talvez...).
Descobri com isto que o amor por gatos é igual a amendoim, você começa a comer e não para. Eu pensava que podia começar a criar um gatinho e eles estão entrando em minha vida aos montes. Hoje mesmo havia dois correndo pela casa e saltitando na minha cama. Eu nunca permiti isto a bicho nenhum. Nem aos cães que já tivemos. Agora fico encantando quando eles vem e se aninham nas minhas costas e pernas. E, onde eu vou pela casa eles me seguem, se eu paro, se deitam sobre meus pés. É inexplicável, quase mágico.
Gatos não nos obedecem, mas eles se comunicam com o olhar e penso que por telepatia. Eu sinto isto e percebo que entendem.
Outro dia eu parei na rua para conversar com uma amiga e do meio do mato saiu um gato que veio se enroscar na minha perna. Todo este clima surgiu há pouco mais de seis meses e eu não consigo achar explicações.
Certamente que posso morrer amanhã ou depois, nunca sabemos a nossa hora. Tampouco eu posso garantir que tenha mais quatro vidas ou que já não as tenha perdido pela vida afora. O certo é que não sou gato...
Há um encantamento mágico nos animais. Alguns até podem ser anjos disfarçados como são os pássaros que já têm as asas.
Agora com a páscoa se aproximando eu penso que os gatos deveriam ter uma função nela. Acho-os mais representantes que os coelhos – nada contra os coelhinhos, que nem ovos botam, mas os gatos dizem alguma coisa, seja com o olhar, seja com a independência ou até com a escolha que fazem do dono e do lar. Isto não acontece com os coelhos.
 Pensei em reivindicar uma páscoa de gatos. Uma cesta de gatos. Ovos de gatos, só para ter uma páscoa diferente, quem sabe...

Mário Feijó (13.03.13)

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