quinta-feira, 5 de abril de 2012

A MENINA DO BALANÇO






        Larissa era uma menina tão doce que parecia haver mel nos seus abraços. Outro dia ela “descabelada” veio em minha direção e eu lhe disse:

- Larissa, ainda não penteaste o cabelo? Ao que ela me respondeu:

- É que você é muito mais importante pra mim, vô. Então eu vim primeiro te dar um beijo.

Ela me desarmou com isto.

Larissa não quer ler! Larissa não quer estudar. Larissa nunca tem deveres. Larissa só gosta de se balançar na rede como se estivesse pendurada num balanço amarrado embaixo de uma árvore. E Larissa balança tanto que já destruiu oito fones de ouvido do seu celular que ela rebenta na rede. Ela nem quer créditos no celular, basta escutar músicas.

Algumas vezes eu ficava preocupado pensando que ela não tinha inteligência para os estudos, mas outro dia estávamos viajando e para passar o tempo brincamos de jogo de perguntas e adivinhação e Lara, sua irmã, onze meses mais velha, sempre metida à sabichona e que em algumas horas chama a Larissa de burra desistiu do jogo porque a Larissa respondia questões gerais, de história, geografia e matemática, mais rápido e certo que ela. Antes do final da viagem a Lara tinha um bico maior que um tucano e a Larissa um sorriso enorme no rosto.

Passei a lhe dar mais crédito e a fazer a irmã respeitá-la mais. Agora a Larissa balança na rede os seus cabelos lisos e despenteados à vontade e eu não exijo tanto dela os deveres. Afinal eu também era assim “meio infantil”, conforme definição dela própria, e eu acabei conquistando o respeito das pessoas como profissional liberal, professor e escritor.

Quanto ao futuro de Larissa eu não sei, pois não consigo fazer previsões, mas estou deixando-a usufruir da inocente criança que conscientemente ela cultiva na idade certa.



Mário Feijó

05.04.10  

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