Eu já tive algumas conversas
sérias com Deus, mas no último natal eu cheguei a discutir com Ele. Eu não
entendia porque eu tinha que sobreviver e tu não.
Eu não entendia também porque as
pessoas que vinham para me ajudar aproveitavam para saquear. É incompreensível
isto num ser civilizado. Será que na desgraça dos outros soltamos o criminoso
que está preso dentro de nós? E por que motivo isto acontece? Por que motivo
tudo é mais difícil nas horas difíceis? As mãos que te são estendidas algumas
vezes são bocarras que querem te devorar, aproveitando-se da tua fragilidade...
Por isto eu algumas vezes me refiro às pessoas que fazem isto como se fossem
abutres (coitados dos abutres, esta é a natureza deles, limpar a natureza), mas
as pessoas que agem assim, não estão limpando nada, além de sujar as suas
consciências.
Mas voltando à minha discussão com
Deus. Eu penso que pelo menos umas 3000 vezes eu repeti o seu nome, isto talvez
tenha me feito sobreviver, pois com sangramento no pulmão e sem respirar
direito, o esforço me deixou consciente. Segundo foi o desespero de ver ao meu
lado outro ser humano na mesma situação que eu, mas que não teve a mesma chance
de lutar pela sua sobrevivência. Esta eu até entendo, ela sempre foi apressada,
e partiu na frente.
Discutir com Deus não quer dizer
estar indignado com Ele, mas querer respostas. E naquele momento eu queria
respostas. Agora eu ainda as quero, não sei quando as terei...
Viver é um aprendizado. Viver com
dores é um aprendizado maior. E não ter respostas: um exercício de paciência.
Mário Feijó (31.03.12)
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