Eu vi os olhos tristes de Maria, marejados de lágrimas. Também pudera! O filho tinha sido atropelado por uma moto quando vinha da escola, logo após a descida do ônibus.
O menino estava deitado no pronto socorro, pálido, dolorido, ainda assustado com tudo o que lhe aconteceu. Levara 20 pontos na perna e o corpo todo doía, mas estava vivo...
Pedro era um menino lindo. Tinha apenas 10 anos mas já se percebia em seus traços a masculinidade brotante. E seus grandes olhos azuis encantavam a qualquer um, pois ele parecia carregar no rosto um pouco do mar azul de sua cidade.
De repente ouviu-se um estouro, seguido de muitos outros, pareciam ser tiros e todos correram para a rua, alguns espiavam somente das janelas de suas casas querendo saber o que acontecia...
Fora um assalto mal sucedido no banco da pequena cidade e como não puderam levar nada, os bandidos fugiram atirando em todas as direções e em todas as pessoas que cruzassem seus caminhos.
Cinco foram mortos e doze os baleados sem perigo de morte, entre eles o marido de Maria, José, que já deu entrada no hospital, sem vida.
Maria estava desesperada mas descobriu que depois do primeiro susto não tinha mais lágrimas para chorar por qualquer desgraça e foi murchando, empalidecendo, caindo até se estatelar no chão branco, de mármore gelado, do hospital da sua cidade...
Num mesmo dia Maria quase perdera o filho para logo em seguida descobrir seu bem amado morto numa maca de hospital...
Mário Feijó
13.04.11
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