terça-feira, 26 de abril de 2011

CAVALGADA MACABRA




        É comum no Rio Grande do Sul “a cavalgada do mar”. E na quaresma alguns peões saem de Palmares até a cidade de Torres pelo litoral como se fosse (e é) um ritual folclórico.
Utilizando elementos desta cavalgada que começou em 1984 traçamos elementos para a nossa estória.
Há duzentos anos, ou um pouco mais, agregou-se ao grupo um “caboclo” que se dizia de São Francisco de Paula. Fez amizade com o pessoal e passou a participar da Cavalgada do Mar.
Nos dias da quaresma o pessoal larga tudo o que tem por fazer e viaja a cavalo por toda a extensão litorânea. Trazem consigo feijão, farinha e charque. Algumas vezes também algum animal para o abate ou aqueles que seguem a quaresma a risca, comem peixe pelo litoral.
Exatamente há 207 anos aquele individuo desconhecido da região e que dizer ser da serra trouxe na garupa uma prenda (na região a mulher é assim designada. Como já tinha feito amizade , ninguém estranhou, apesar de geralmente não ter mulheres nestas cavalgadas, mas não foi criado caso algum.
Na sexta feira depois da encenação da Paixão de Cristo, na cidade de Arroio de Sal, todos se dispersaram e não se sabia mais nada daquele individuo que se dizia chamar José Eleutério Castro.
E assim aconteceu durante sete anos, todavia cada ano, o individuo vinha com uma prenda diferente. Só que exatamente há duzentos anos ele trouxe além de uma prenda, um cusco (na região cães são assim designados) cujo nome era Jurema, pois se tratava de uma cadela e não de um cão.
Este foi um fato diferente dos demais anos e principalmente porque depois que todos foram embora “Jurema” ficou perambulando por entre os arbustos no alto das dunas. E à noite Jurema uivava, não deixando os moradores do vilarejo dormir. Até que resolveram investigar o motivo.
Jurema corria de um lado para o outro e em alguns pontos parava, cheirava e uivava. Resolveram cavar nestes pontos e começaram a achar pedaços de um cadáver humano em recente decomposição. Concluíram que só podia ser companheira de José Eleutério. Mas ao revirarem as dunas foram encontrando outros corpos: sete ao todo. Só poderiam ser as “prendas” trazidas por ele que ao final da cavalgada não as levava de volta.
Foi um alvoroço na cidade. No entanto ninguém sabia nada daquele individuo – agora um reconhecido “serial killer” da região. Resolveram esperar que no próximo ano ele volte e que traga na garupa mais uma de suas prováveis vítimas...

Mário Feijó
26.07.2011    

(A Cavalgada existe... e estória é inventada para brincar com meus alunos, já que eles adoram estórias de terror, além do mais a estória contada acontece há mais de 200 anos e a cavalgada começou no estado em 1984)...   

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