sexta-feira, 9 de março de 2012

A PRISIONEIRA





Ela começou a enredar-se
Em suas próprias teias de lã
Foi a educação, a religião, seu pai,
Seu marido, preconceitos, seus irmãos
Ela não se pertencia em nada
E o máximo que se permitia
Era um carteado às sextas-feiras
Redimindo-se depois nos terços
Que rezava todas as terças-feiras... 

Quase tudo em sua vida
Tinha fios do passado
Que tecia nos sapatinhos de lã
Que doava aos desfavorecidos... 

Ela insegura, agarrava-se às linhas e agulhas
Como se tramasse seu destino
Não cabiam neles desatinos
Nem quando platonicamente se apaixonava... 

Há muito pouco tempo
Pensou se Dulcinéia
E se apaixonou por D. Quixote
Coitada! Quase foi atropelada
Pelo cavalo do “burro”... 

Enquanto sua vida não muda
Ela calada sonha longe
Muito longe do marido,
Seu carcereiro... 

Mário Feijó
09.03.12  

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