quinta-feira, 29 de setembro de 2011

DIÁRIO DE UMA EX-PROSTITUTA ADOLESCENTE - Cap. XI - Daiane e o General Osório



CAP. XI - GENERAL OSÓRIO E DAIANE

                          Daiane chegou do colégio apavorada. Meu Deus do céu! Dizia ela. Vou tirar zero. Maria de Lourdes quis saber o que houve. É que eu não nasci aqui. Estou aqui há tão pouco e nada sei de história nenhuma, nem do RS e nem do Brasil. O general Osório foi um militar brasileiro, mas toda a sua história tem raízes por estes lados e nós vamos apresentar uma peça de teatro, por causa da Semana Farroupilha, e eu terei que ser Francisca Fagundes. A esposa dele, ainda por cima nós mesmos teremos que contar a sua história. Não esquenta! Disseram os meninos. Ajudamos você a buscar informações na internet. Só que ele não teve fama somente no Brasil. Sua fama ultrapassou fronteiras... 

                   Militar e político gaúcho, Manuel Luís Osório, mais conhecido historicamente como General Osório, nasceu em 10/05/1808, na cidade de Santo Antônio do Arroio, RS. Faleceu em 4/10/1879, no Rio de Janeiro. Era filho do peão Manuel Luís, catarinense descendente de açorianos, e de Ana Joaquina Luísa Osório, filha de proprietários de terras. Foi pai de quatro filhos: Fernando, Adolfo, Manuela e Francisco.

                     Ingressou no Exército aos 14 anos foi militar contra sua vontade, por imposição de seu pai, mas também pela falta de alternativas para um garoto pobre do RS.

                     Participou de todas as batalhas ocorridas no sul do continente, desde a batalha de Sarandi, na guerra da província Cisplatina, em 1825. Lutou ainda em Passo do Rosário (1828), na Revolução Farroupilha (1835-1845) e na batalha de Monte Caseros (1852).

                    Em 1856, tornou-se general e, nove anos depois, marechal-de-campo, depois de ter organizado, no Rio Grande do Sul, o Exército brasileiro que participou da guerra do Paraguai (1865-1870). Comandou as tropas brasileiras que invadiram esse país, em 16/04/1866.

                    De julho desse ano a julho do ano seguinte, ficou no Rio Grande do Sul, reunindo novos contingentes para o Exército. Voltou ao campo de batalha em 1868 e mais uma vez demonstrou competência, conquistando a fortaleza de Humaitá e vencendo a batalha de Avaí. Conta-se que Osório era um homem simples, nada aristocrático, que se dava bem com os soldados e, assim como eles, estava sempre pronto para entrar em ação.

                    Sete anos depois do fim da guerra, foi chamado pelo imperador a ocupar uma cadeira no senado e promovido ao posto de marechal-de-exército. Em 1878, foi nomeado ministro da guerra, com a Ascenção do Partido Liberal ao poder. Permaneceu no cargo até a morte.

                    Na Guerra dos Farrapos iniciou luta ao lado dos rebelados, depois da declaração da República Rio-grandense, mudou de ideia e passou a lutar junto com as tropas imperiais do Brasil. Na 2ª Legislatura da Assembleia Legislativa Provincial do RS, elegeu-se deputado provincial.

                     Em julho de 1866, manteve-se no RS, onde formou novas tropas. Em 1868, retornou à batalha para conquistar a fortaleza de Humaitá, durante a batalha do Avaí. (Fernando Rebouças)

                    O interesse de Osório pela poesia surgiu na adolescência ao ouvir canções populares e ao presenciar improvisos de trovadores; começou a escrevê-las ao enamorar-se por Anna, e não mais parou. Osório ganhou alguma fama como repentista, glosando com rapidez os motes que lhe davam, mesmo quando já era general. Poesias, como esta, dificilmente passariam pelo crivo de críticos literários, mas por outro lado devem-se considerar as circunstâncias em que foram feitas, escritas por alguém que nem mesmo cursara a escola fundamental e que vivia em um ambiente que valorizava a força física e não a sensibilidade artística.

                  Para por fim ao namoro, os pais de Anna recorreram ao padrinho de batismo da moça que ocupava o cargo de comandante das forças militares para que enviassem Osório para bem longe.

                  Anna, porém escreveu a ele reafirmando seus sentimentos, dizendo temer que fosse forçada pelos pais a casar-se e pedindo que fosse buscá-la se a amava para fugirem, mas que o fizesse rapidamente. A carta havia sido escrita há um mês, pois o portador adoecera no caminho, parou para repousar e não a entregou a outra pessoa por ter ordens de entregá-la pessoalmente. O tenente Osorio enviou a resposta no mesmo dia em que recebeu a correspondência pedindo a Anna que o esperasse e após passar o comando de seu destacamento partiu para Rio Pardo-RS a cavalo. Ao chegar ela já estava casada e mais tarde Osório soube que Anna fora enganada com a notícia de sua morte, na qual acreditou por não ter recebido resposta àquela carta (DORATIOTO, Francisco. Perfis Brasileiros. General Osório).


                 Daiane achou muito interessante toda esta história biográfica deste herói farroupilha, mas uma coisa me chama bastante a atenção nesta biografia, foi o fato de que na época ele se apaixonou por Anna que também lhe correspondia, mas a família da moça era contra e quando ele estava fora a casou com outro.

                  No palco Marcos lia à colega de Daine um trecho do poema que o General, na época escreveu para Anna:

Tu sabes fingir suspiros...
Mas eu, firme amante, não!
Faz-me desejar a morte
A minha ardente paixão

Tu verás, ingrata, um dia
Debaixo do frio chão,
E mesmo assim respirando
A minha ardente paixão.
(Manoel Osório) 

                     Enquanto no espelho colocado no centro do palco Daiane, trajada de Francisca imaginava-se ser o amor adolescente de Manuel, o famoso general Osório. 

Mário Feijó
Set/2011

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