segunda-feira, 29 de junho de 2015

CONTRADIÇÕES HARMÔNICAS (frases)

CONTRADIÇÕES HARMÔNICAS (frases)

O sol brilha mesmo nos dias escuros...

Para um dia de frio nada melhor que um amor quente...

Para um homem carente basta um amor ardente...

Para um dia frio bom mesmo é chocolate quente...

Para uma mulher ardente basta um homem potente...

Para alguém que quer amar basta outro com a mesma vontade e o ciclo irá fechar...

Desde que nascemos lutamos contra a morte: é a vida!

Quem lê pensa. Quem pensa vive mais e melhor. Quem vive mais e melhor vai mais longe.

Inteligência é inato. Cultura adquire-se: isto é fato!

Mário Feijó

29.06.15

CARTA DE ALFORRIA AO AMOR

CARTA DE ALFORRIA AO AMOR

Meu caro amigo:
Quero que saibas que
Jamais serias prisioneiro
Dentro do meu coração
Quero que saibas
Que as pessoas a quem amo
São livres para ir e vir
Sempre que o quiserem

Amigos, filhos ou amores
Têm sempre lugar cativo
Dentro do meu coração
E circulam livremente
Por todas as áreas da minha vida...

Mário Feijó
29.06.15



sexta-feira, 26 de junho de 2015

A PRESSÃO PARA VIVER

A PRESSÃO PARA VIVER

Ontem eu lembrei do meu tempo de menino. Quase tão perto eu diria. E queria logo crescer, talvez pelas inúmeras surras que apanhava. Hoje os tapas que educavam são criminosos. Então muitos filhos passaram a cometer crimes porque não mais apanham, nem recebem castigo. Perderam o medo, e até o respeito.
Eu lembrei que tinha menos de sete anos e por ter tirado a calça e mostrado meu pênis excitado para uma menina da vizinhança (que tinha pedido pra ver), na frente do meu irmão, este contou para o meu pai e eu apanhei uma surra daquelas. Porém lembro até hoje que não havia maldade ou malícia no ato. Era puro exibicionismo de criança, de um lado, e curiosidade do outro.
Também lembro que apanhei por ter chamado meu irmão de palhaço. Mas foi uns tapas merecidos, pois eu sabia que palhaço era nome feio, portanto proibido de ser pronunciado.
Depois de quase 60 anos, e algumas “quase” mortes eu aprendi a dizer “merda” e a mandar “à P.Q.P.”. Hoje as meninas, desde pequenas falam “caralho” e “porra” com a maior naturalidade, como se dissessem pipoca ou chocolate. E a gente tem que não se horrorizar, para não ser tachado de careta e retrógrado. Outro dia eu expliquei pras minhas netas de 15 e 16 anos o que as palavras significavam. Nunca mais ouvi elas pronunciarem tais vocábulos.
Quando criança eu gostava de brincar de amarelinha e de queimei, esconde-esconde; bolas de gude e de pular dos degraus da igreja.
Houve uma vez em que cozinhamos um grilo e demos para um vizinho menor comer. Acho que estávamos iniciando na culinária chinesa (no entanto até hoje sinto remorso por isto).
O pai dos meus amiguinhos da vizinhança, Sr. Juca, era dono de uma mercearia e lá vendiam também sorvetes, ficava bem na frente do colégio onde fiz os primeiros anos: “Grupo Escolar José Boiteux”, no Estreito, em Florianópolis-SC. Aquilo era o paraíso, tanto a escola quanto a mercearia do Sr. Juca e da D. Ranildes. Eles tinham duas filhas e dois filhos. A filha mais velha, Neusa, foi o meu primeiro amor infantil, mas acho que até hoje ela nunca soube disto. Algumas vezes passamos a vida inteira sem dizer às pessoas que as amamos. Sim eu a amei. Mas não é o mesmo amor de gente grande. Era um amor grande, de gente pequena, se você me entende.
Somos assim: nunca dizemos “eu te amo” para nossos pais, para nossos irmãos, algumas vezes nem para nossos filhos. Eu nunca ouvi meu pai ou minha mãe dizerem que me amavam. Hoje eu digo para os meus filhos e eles não acreditam. Por que será que nunca acreditam na gente? Por que será que sempre pensam o contrário do que sentimos?
Parece ser mais fácil odiar, e, em ódio todos acreditam. Mas por que não acreditar no amor quando são os bons sentimentos que nos fazem crescer? Quanta coisa na vida mudaria, se disséssemos mais “eu te amo”...
Fui ensinado a ter medo do amor. Até hoje eu digo e me entrego, mas é sempre uma entrega receosa.
E quando a vida segue, aprendemos a ter medo do mundo. Eu aprendi a ficar atento, porém continuo acreditando nas pessoas, mesmo nas que não acreditam mais em mim. Eu sempre fui e sou solidário...
É fácil pensar que temos milhares de amigos quando somos crianças e também adolescentes. Ai quando finalmente começamos a trabalhar, acreditamos que todos no trabalho são nossos amigos, mas no trabalho temos colegas. Podemos até fazer um ou outro amigo, mas trabalho é ambiente de disputa e onde há disputa, as amizades são fugazes. Ambiente competitivo é fértil solo para traquinagens.
Chega uma hora que, quem sobrevive envelhece e quando não temos alguém como companheiro(a) arrumamos um bando de velhos ranzinzas para ter por perto, com medo da solidão. Nesta hora ninguém tem mais paciência uns com os outros e todos resolvem ser honestos... então somos obrigados a ouvir verdades que não queremos, a aturar o mau humor uns dos outros. Tudo em nome de um companheirismo medroso. Medo da vida. Medo da solidão.
Então para não sermos iguais (e somos) tomamos pílulas, para mijar, para cagar, para peidar, para pressão não subir e até para trepar (hoje em dia tem jovem tomando desde cedo, coitados).
Infelizmente é isto o que nos sobra daqueles tempos tão glamourosos e que na época pareciam tão difíceis. Difícil é viver sozinho, sem um amor por perto.

Mário Feijó

26.06.15

quinta-feira, 25 de junho de 2015

PARABÉNS MAMÃE

PARABÉNS MAMÃE

Hoje eu estou de parabéns
Há 85 anos nasceu minha mãe
E por este motivo
Hoje eu existo

Sou verbo
Sou substantivo
Fui amado
Amei intensamente

Agora ela é estrela
Voltou para a eternidade
Deixou filhos, netos, bisnetos
E uma saudade constante

Mesmo assim eu sei
Que seu amor deu-me vida
E por todos os dias
Eu agradecerei por ela ter existido...

Mário Feijó
06.06.15

(não tive coragem de postar no mesmo dia que escrevi). 

segunda-feira, 22 de junho de 2015

TODOS OS DIAS IGUAIS SÃO SEMPRE DIFERENTES

TODOS OS DIAS IGUAIS SÃO SEMPRE DIFERENTES

Em todos os dias nasce o sol
Mesmo quando escondido
Atrás das nuvens ou em dias chuvosos

Ele passa doze horas conosco
As demais doze horas do outro lado da Terra...
Em cada semana a lua
Ganha uma forma diferente
E em todos os meses é a mesma coisa...

A cada três meses temos
Uma mudança de estação
Que varia entre o verão e o inverno
Ou entre o outono e a primavera

Mesmo iguais, todos os dias, meses
As estações trazem beleza
Que no ano anterior parecia ser diferente...

Em um dia estamos envolvidos com o amor
Num ano foi um filho que nasceu
Noutro um filho que casou, formou-se ou viajou
E assim cada um dia tem um colorido
Todo diferente que nossas emoções mesclam...

Assim a vida passa sem que percebamos
Algumas vezes até fica emperrada em problemas
Em horas de tristezas ou de dificuldades
Mas quando paramos de lamentar
O tempo flui e a felicidade acontece...

Todos os dias que parecem tão iguais
Acabam se tornando diferente
Tudo irá depender do nosso olhar
Com que vemos a vida e as tintas
Com que colorimos tudo aquilo que vivemos...

Mário Feijó

22.06.15  

domingo, 21 de junho de 2015

RAZÕES PELAS QUAIS EU ESCREVO...

RAZÕES PELAS QUAIS EU ESCREVO...

Escrever é existir, mostrar o que penso, provar que estou vivo. Não basta você me olhar e saber que eu estou vivo eu quero mostrar que penso. Por isto escrever é existir.
A minha interação com o mundo acontece quando eu escrevo. Ler o que o outro escreve é interagir com o pensamento do outro, mas se eu não escrever ninguém saberá como penso. Por isto eu escrevo.
Escrever passou a ser um ato de rebeldia. Espernear para existir. E não sou somente eu quem pensa assim. Outros escritores também pensam assim. Mas não estou incomodado com os que discordam. O meu mundo existe na escrita.
E quando falo em escrita, não precisa ser real. Pode ser fantasia, algo fantástico, inimaginável. Passa a ser real no mundo da minha fantasia.
 Sonho com mundos reais, muito diferentes do nosso, mas paralelos ao nosso. E neste mundo tudo é possível. Fica mais fácil existir.
Nossa vida é tão efêmera quando nos comparamos à idade do universo, dos planetas ou das estrelas, porém nossa mente não se apagará e já trazemos memória de outras existências. Somos células materiais que um dia já estiveram em outro animal ou em algum mineral. Quando ganhamos um corpo adquirimos a memória da vida atual. Seria confuso termos todas as memórias. Basta-nos acreditar. Existir... desta forma nos tornamos imortais.
Pensem, reflitam, leiam, escrevam, mas não sejam somente bruma em movimento. Vento que não vemos. Deixe marcas... faça as suas e não apaguem as minhas, por favor...

Mário Feijó

21.06.15

sexta-feira, 19 de junho de 2015

ANJO PANACA

ANJO PANACA

Usado, abusado
Poucas vezes ousado
Eu penso que sempre fui
Um anjo panaca

Algumas vezes chamado de encrenqueiro
Noutras submisso e explorado
Tento ser arrojado, atirado
Não tenho mais medo de amar

Chamaram-me de anjo tarado
Diziam que eu não era normal
Sempre soube ser um anjo
Um anjo transcendental

Não voo nas igrejas
Mas tenho uma alma boa
Tenho intenções boas
Pretendo sempre ajudar

Só que muitas vezes já ouvi
Que de boas intenções
O inferno está cheio
Então o anjo se estrepou...

Mário Feijó

19.06.15

quarta-feira, 17 de junho de 2015

APRENDENDO A SER FORTE SEM MÁGOAS

APRENDENDO A SER FORTE SEM MÁGOAS

Um dia sem querer a gente descobre
Que tem que pensar num final.
Tudo tem começo, meio e fim
Inclusive nossas vidas...

Queremos fugir desta realidade
Mas não dói pensar que nós também
Temos um prazo de validade
E vida voa e um abraço, um beijo, um sorriso
São bênçãos inesquecíveis
Torne-se velho e descubra o valor disto...

Então quando você adoece
Descobre que os que estão longe
São os que mais se preocupam com você
Não seus filhos, não seus netos, não seus irmãos
Mas pessoas que nem lhe conhecem mas lhe estimam

Não podemos lamentar não sermos compreendidos
Cristo deu-nos esta lição: não foi compreendido
Os mais próximos pensam “será que receberei algo”
Jamais compreendem que a vida é ciclo vicioso
E que um dia estarão também na roda...

E muito mais importante do que ter mágoas
É compreender que este aprendizado é nosso
Temos que aprender com os elefantes
Que se isolam para morrer
Ou com as araras que se mutilam solitárias
Para serem devoradas pelos predadores...

Afinal o que nos resta é nosso espírito
Este sim deve estar forte e saudável
Para que uma lição permaneça
E que ao mudarmos de planeta
Tenhamos deixado aqui uma lição de amor
Não um pedido de piedade
Afinal de contas aqui estamos para ser fortes...

Mário Feijó

17.06.15

segunda-feira, 15 de junho de 2015

DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ

DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ

A minh’alma vazia
Queria contigo dançar
Ouvi no som da vitrola
São dois pra lá, dois pra cá...

Contigo então viajando
Meus pensamentos fluíam
Era meu corpo sonhando
Bebendo um guaraná

Sentia como se bebesse
Whisky e a música a tocar
Eu viajava num tempo
Que te tirei pra dançar

Um frio tão traiçoeiro
Fazia o meu sangue pulsar
Muito mais forte que o bumbo
Era efeito do whisky agora com guaraná

E quando a música parou
Voltei à minha realidade
Estávamos os dois muito longe
Você pra lá, eu pra cá...

Mário Feijó

15.06.15

domingo, 14 de junho de 2015

CORRENDO RISCOS



Quando se sentir apaixonado
Entregue-se totalmente ao amor
Mesmo que você já tenha sofrido
Outras vezes por amar demais...

Se quiser mude de emprego
Faça uma viagem, arrisque-se
Cante alto, dance, sorria
– você tem um belo sorriso...

Lembre-se que andar descalço
Correr na chuva e
Abrir seus braços ao vento
E ouvir tudo o que o vento diz liberta ...

Não tenha medo do ridículo
Exponha-se de vez em quando
Saia da linha pelo menos uma vez
Corra riscos – a sua chance de ser feliz
É muito maior...

Mário Feijó

LIÇÕES QUE A VIDA ENSINA



Temos todos que estar atentos
Aos sinais da vida
Ela nos ensina lições a cada momento
E tudo tem retorno...

Se você dá amor recebe amor
E se você erra em sã consciência
Ela um dia te cobra...

É importante perceber todos os sentimentos
E evitar estar envolvido em energias
Que podem prejudicar você um dia...

Você pode esconder dos outros os seus erros
Mas a vida te cobra seu preço porque te conhece
Por isto quanto mais você se envolve
Em bons sentimentos, mais eles envolvem você
E mais proteção você recebe...

E quanto mais proteção você tiver
Mais a sua luz brilha
Porque você é a estrela
Da sua própria vida...

Mário Feijó
_______________________

(Poema classificado no II Concurso Nacional da ABRACI que será declamado dia 08/12/08 na Academia Brasileira de Letras, para julgamento pelos acadêmicos, na cidade do Rio de Janeiro).

sexta-feira, 12 de junho de 2015

DIA DOS NAMORADOS

DIA DOS NAMORADOS

Do que adianta
Ter um dia dos namorados
Se nos outros você briga
Inferniza a vida do outro
Não sabe amar
Não se deixa amar
Não relaxa
Não goza...

Faça do dia dos namorados
Um recomeço para a paz
Para levar o “outro” aos céus
Aprenda a amar
Deixe-se amar
Aprenda a ceder, relaxe
Enfim grite, berre,
Não se preocupe com os vizinhos
Goze, goze muito,
Sorria feliz!

Mário Feijó

12.06.15

quinta-feira, 11 de junho de 2015

EU TE PROMETO

EU TE PROMETO

Se você me quer
Ou quer ser meu amigo
Eu te prometo companheirismo
Fidelidade e solidariedade

Um pouco de carinho
Mesmo quando estiver distante
Palavras de conforto e
Um ombro amigo

E se você for minha luz
Serei teu guia e te prometo
Manhãs de sol além de
Frutos maduros a cada empreitada

E nas horas de frio
Eu te prometo abraços quentes
Coração ardente para contigo
O inverno rigoroso enfrentar...

Mário Feijó
11.06.15

terça-feira, 9 de junho de 2015

A LUZ DO AMOR

(Pôr do sol no rio Guaíba em Porto Alegre. Foto: Mário Feijó) 
A LUZ DO AMOR

Agora que és o sol
Que ilumina os meus dias
Ofereço-te as flores que se abrem
E os frutos que em mim amadurecem

Domei a luz
Para te dar o prazer
E o calor que ela produz
Tão somente pra te acolher

Fiz de ti minha direção
Meu ninho
Meu canto de paz

Abri no rosto um sorriso
Fiz de meus braços teu abrigo
E tudo renasce no amor que me das...

Mário Feijó

09.06.15

segunda-feira, 8 de junho de 2015

O AMOR É UMA CONQUISTA DIÁRIA

O AMOR É UMA CONQUISTA DIÁRIA

Eu já estava desiludido
Com quem dizia me amar...
Faltava-lhes convicção!

Já experimentei falsos amores
Amores egoístas
Amores mentirosos e até
Amores polêmicos...

Por não acreditar que pudesse ser amado
Comecei a fazer do amor um jogo
Havia dias em que me entregava completamente
Noutros eu me recolhia arrependido

O fato é que não queria mais sofrer
Por isto se você amar verdadeiramente
Conquiste quem você ama todos os dias...

Mário Feijó

08.06.15

sexta-feira, 5 de junho de 2015

ANJOS E DEMÔNIOS

ANJOS E DEMÔNIOS

        Era uma vez uma mãe, dessas, tão amorosa quanto a maioria que existe por aí. Dessas que ensina tudo aos filhos e que não lhes deixa faltar nada.
Eu sou pai e avô e como crio duas netas sozinho há nove anos, sou quase uma mãe. Sem trabalho de parto e sem os nove meses grávido, mas tenho que ser: pai, mãe, avô e agora amigo. Faço quase tudo por elas, como fazia antes pelos filhos, fico imaginando como são estas mães que querem proteger, sem deixá-los sofrer decepções.
No entanto os filhos nem sempre fazem tudo o que os pais ensinam, orientam. É mais fácil vê-los fazendo uma receita para acne que uma amiga ensinou, do que a gente a dizer: isto não é bom. Resta-nos deixá-los quebrar a cara. Mas nem sempre é assim... eles continuam acreditando nos “amigos”, têm anseios além do que lhes é permitido.
E os pais, mães, avós (não interessa quem os cria) que nunca ensinaram a eles a enfrentar o não, que tudo lhes deram, não querendo que nada lhes faltasse, eles crescem querendo mais, porém não fazem esforço para ter.
Então em determinado momento da vida, eles pensam que seus pais já viveram muito, que está na hora deles usufruírem do que eles conseguiram trabalhando, os filhos querem suas heranças, o que lhes compete por direito. Mas que direito é este? E o que estas pessoas fizeram para ter direito aqueles bens ou recursos financeiros?
Bem... a verdade é que estes não aprenderam a lutar para ter e, tudo lhes foi cedido facilmente. Aí dentro deles cresce um pequeno demônio que lhes dá uma ideia genial: abreviar a vida dos pais, ou somente de um deles, algumas vezes do avô ou avó. Vemos estes exemplos nos jornais e na TV com frequência. São pequenos monstros criados no próprio lar.
Esta semana li, horrorizado, a história de um filho de 55 anos que matou a mãe, no dia das mães e a concretou com cimento cola dentro de um armário e depois foi às compras.
Comecei a pensar sobre o fato e me pareceu inumana tal atitude. Parece encarnação de um demônio. Só assim consigo entender. Não acredito que um ser humano em evolução possa descer a este nível. É uma frieza demoníaca.
Eu acredito em anjos e seu contraponto são os demônios (ou anjos do mal). Assim, só assim dá pra conceber uma atitude tão cruel como esta com a própria mãe, aquela que lhe gerou com tanto amor, criou e educou.
Penso que talvez tenha faltado a este individuo um pouco mais de “nãos”. O limite do não dá noção ao amor. Porém não adianta somente os “nãos” tardios. Isto pode gerar desamor.
Não estou aqui julgando nem tampouco tecendo pareceres. Mas fazendo uma reflexão sobre este e alguns outros demônios que passaram pela minha vida e de gente próxima.
Vamos acreditar que o bem irá prevalecer e que estes demônios fiquem restritos aos seus próprios infernos interiores e que um dia o bem prevaleça sobre o planeta Terra.

Mário Feijó

05.06.15 

quarta-feira, 3 de junho de 2015

A MORTE DA DOCEIRA Cap. II – Sequência de erros e arrependimento

A MORTE DA DOCEIRA



Cap. II – Sequência de erros e arrependimento

Havia anoitecido desde que Alexandre saiu da praia. A hora agora já se aproximava das 9 horas da noite.
Era uma noite escura. O dia tinha se encerrado assim, visto que ainda chovia na cidade. Parecia a cabeça de Alexandre quando percebia a enrascada em que se metia, complicando-o cada vez mais.
Por que no dia do acontecimento não foi direto à delegacia? Era o que perguntava a si mesmo.
Por que voltara ao local do acidente (agora crime) e cortara a cabeça de Marina?
Por que levara a cabeça para outro lugar?
Tudo isto lhe atormentava agora. Pensava:
Agora sim eu cometi um crime, quando antes tinha sido só um acidente. Ninguém mais vai acreditar em mim se eu voltar e contar o que aconteceu.
Pensava “o destino nos coloca por caminhos tortuosos, cheios de espinhos, momentos inexplicáveis.
Continuava pedalando. Olhava mais para o pretume do asfalto do que para o céu nublado e foi num levantar de olhos, quando já chegava à Costeira do Pirajubaé, que viu uma pequenina capela, típica igreja açoriana, branca e amarela, no meio de muito verde. Parou e sentiu vontade de lá entrar.
Alexandre largou a bicicleta na frente da paróquia e enquanto subia os degraus da igrejinha ouvia vozes que vinham do seu interior. Espiou. Tirou seu capacete e viu um padre ao lado de uma senhora que com o véu na cabeça gesticulava e apontava para si.
Pé ante pé, ajoelhou-se, precisava de um alento naquele turbilhão de pensamentos e culpas por erros que não tinham mais como serem corrigidos. Lágrimas caem de seu rosto...
O padre percebeu o desespero do rapaz. Pede licença à beata e se dirige a ele dizendo:
- Venha meu filho. Vamos até à sacristia, acho que você precisa conversar...

Depois de se confessar Alexandre se sentia menos culpado. O que fizera com cadáver poderia até ser monstruoso, mas foi em desespero e a pessoa já estava morta.
Voltou para o quarto da pensão. Tinha a intenção de pegar suas coisas, devolver a bicicleta alugada e voltar para sua casa.
Entretanto, nada seria tão fácil como ele imaginara. Ao chegar na pensão para acertar suas contas deparou-se com o Prof. Antônio, aquele mesmo que conversara na frente do mar. Ele tinha um filho hospedado ali com a família, visto que sua casa no Pântano do Sul era pequena e já estava cheia. Fora até o local buscá-los para jantar em sua casa.
Bem, agora ele não poderia mais sair apressadamente, teria que ter mais paciência, mas também nem tinha comprado passagem para aquela noite. Se bem que passagem para Porto Alegre, geralmente havia possibilidade, visto que havia vários ônibus saindo desta capital para aquela.
O professor quando o viu logo veio logo ao seu encontro, cumprimentando-o efusivamente e ele disfarçou a impaciência e o desconforto daquele reencontro, porém o professor puxa uma cadeira e faz menção de se sentar para uma conversa.
Alexandre então perguntou:
- Onde o senhor lecionava antes da aposentadoria? Quais matérias lecionava? Tinha muitos alunos?
Na realidade ele não queria resposta alguma, mas tentar disfarçar o desconforto que sentia. Desta forma inventou outras perguntas sem esperar pelas respostas das que já tinha feito.
O Professor Antonio explicou que leciona Medicina Legal, na Faculdade de Medicina da PUC/Porto Alegre, para turmas mistas, sempre com 40 a 50 alunos. Adorava lecionar e ver o entusiasmo das garotas e rapazes, discutindo meandros de perícias e as possíveis causas da morte. Continuou falando de suas experiências como docente, em sua cidade, mas Alexandre já não prestava mais atenção à conversa, sendo despertado do seu alheamento quando ouviu o professor lhe perguntar:
- Onde e como você machucou tanto suas mãos?
Alexandre sem saber o que responder disse:
- Sou artesão/carpinteiro e sempre me machuco no trabalho, mas recentemente tive uma briga. Alguém tentou roubar minha bicicleta. E deu o assunto por encerrado.
O professor que era especialista na área, aposentado, sem ter o que fazer, ficou matutando sobre as respostas. Não satisfeito pensou, depois pego o endereço deste rapaz na recepção. Acho que vamos ter que conversar mais sobre este assunto futuramente.
Quando Marina chegou à cidade, todos os homens a queriam. Tinha um jeito sedutor no olhar e seu modo de caminhar enfeitiçava todos os homens. Ela fora para a ilha com um namorado, Fábio, mas logo a relação terminou. Era estudante, na Universidade Federal e sobrevivia como doceira, fizera um curso de culinária em Osório com uma requintada doceira daquela cidade, chamada Silvania. Aprendera a colocar sensualidade e prazer no sabor.
Pedro era um homem tímido, solitário, talvez a profissão de pescador o induzira a viver bem assim. Não tinha namorada. As mulheres não o achavam interessante e ele tentava não chamar muito a atenção para si. Havia aprendido a ser assim e se escondia na bebida que ora ou outra ingeria até quase cair.
E foi isto o que aconteceu naquele inicio de noite, numa tarde chuvosa de abril.
Pedro fora uma das vítimas daquelas maravilhas e ficara envolvido nas doçuras daquela paixão. Para alimentar seus sonhos ele a seguia sempre que podia. Nunca havia visto uma mulher tão sedutora e sem pudores. Estava enfeitiçado e a magia da ilha contribuía para isto. Dizia-se que muitas bruxas eram atraídas para a ilha e usavam as mais diversas artimanhas para terem os homens aos seus pés.
Naquela noite fatídica ele a seguira tão logo ela saira do bar onde ele também bebia, ficara longe espiando-a e viu quando ela encontrou Alexandre. Vira quando ela tentara seduzi-lo e assistiu quando a história tomou outro rumo. Alexandre ficou enfurecido com o assédio da mulher. Ele a empurrou e ela se desequilibrou e caiu entre as pedras. Alexandre se foi. Pedro que viu tudo estava estarrecido. Tremia tanto que não podia se mover de onde estava. O medo e a chuva o deixaram sem ação. O corpo havia caído bem perto de onde estava. Quando o rapaz sumiu foi até o local e vira que a mulher estava morta. Fugiu do local. Foi para sua casa e já com o álcool fazendo efeito, deitou e dormiu.
Na manhã seguinte foi ao quintal colher ervas para um chá. O aroma se espalhou pela casa, o tremor que sentia foi passando, mas as lembranças não o deixavam. Teria sido aquilo um sonho?  Ligou o rádio e em todos os jornais das emissoras que zapeava só ouvia:
- Mulher assassinada é encontrada nua e decapitada no Morro das Pedras.
Estava apavorado. Era cúmplice de um crime.
O que iria fazer? Pensou pobre e bêbado vão me acusar. Resolvera calar-se...


______________________

Construção coletiva do segundo capítulo com a colaboração de:
Heloisa Mascolo, Marlene Nahas, Natir Lacerda e Silvânia Anderson





CAPÍTULO III


A SAGA CONTINUA





terça-feira, 2 de junho de 2015

COM AMOR A VIDA É MELHOR!!!

COM AMOR A VIDA É MELHOR!!!

o amor dá mais cor à vida
o amor tudo cura
o poder do amor é hipnótico!

Mário Feijó​
02.06.15

segunda-feira, 1 de junho de 2015

ENLOUQUEÇO SEM AMOR

ENLOUQUEÇO SEM AMOR

Algumas vezes
Quase enlouqueço
Quando não estas comigo
É um delírio por desamor

Sofro de abstinência
Enquanto fico
Sem o toque das tuas mãos
Enquanto fico
Sem os teus beijos

Penso que fazes parte de mim
Esvazio toda vez que te afastas
Quero-te próximo a mim
Quero-te em minha pele

E quando distante ficas
Jurando que me amas
O efeito não é o mesmo
O meu corpo sofre de solidão...

Mário Feijó

01.06.15

domingo, 31 de maio de 2015

SEGUINDO TEUS PASSOS NA AREIA

(pôr do sol da janela da minha casa em Capão da Canoa - RS. Foto: Mário Feijó)


SEGUINDO TEUS PASSOS NA AREIA

Eu até pensei não mais amar
De repente me pego
Caminhando na praia
Seguindo teus passos à beiramar

E tal qual um jesuíta
Escrevo na areia
Pensamentos meus
Todos voltados pra ti

Versos que me levam a sonhar
Que te trazem a mim
Enquanto contemplo as ondas
E o barulho do mar

E enquanto garças e gaivotas pescam
Surfistas entram na água gelada
Um prazer que não tenho: o frio
E mais adiante um homem da um salto n´água

O máximo que sinto é saudade do verão
Quando caminhávamos tomando sol
Conversando sobre a vida
Curtindo nosso amor lado a lado...

Mário Feijó

31.05.15

CONFIANÇA E DESCONFIANÇA

(pôr do sol no Guaíba - Porto Alegre - RS, foto Mário Feijó, sem nenhum tratamento, tal qual estava o momento...)

CONFIANÇA E DESCONFIANÇA

Algumas vezes eu penso
O que seria de mim
Se não confiasse
No que faço e em mim

Seria inseguro
E gente insegura
Comete mais erros
Fica medrosa e não é atraente

Eu gosto de gente firme
Segura, honesta, que sabe o que quer
Procuro não mentir, às vezes omito
Para não gerar desconfianças
Um pecadinho perdoável

Sou assim no amor
Era assim no trabalho
E por amor sou lua cheia
Mas na desconfiança sou lua
Que vai minguando aos poucos...

Mário Feijó

31.05.15

sábado, 30 de maio de 2015

AMAR SEM RESTRIÇÃO

AMAR SEM RESTRIÇÃO

Liguei para uma tia idosa preocupado com sua saúde. A primeira coisa que ela fez foi perguntar:
- Como está você? E sua cara metade? Estão felizes?
Ao que eu respondi que sim. Que tudo está bem.
Sem qualquer pudor, sem preconceitos, mesmo já tendo conhecido outras caras metades, algumas até que passaram rapidamente pela minha vida.
Desta vez foi diferente. Ela só disse:
- Meu filho faça suas escolhas, mas seja feliz.
Eu só pude concluir que este era um amor sem restrição.

Mário Feijó
30.05.15


P.S. Minha tia tem 85 anos.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

ARCO-ÍRIS

ARCO-ÍRIS

Vestiu uma poesia listrada
E saiu por ai
Era em preto e branco
Amarelo e lilás
E ela sorria
Quando o vento passa
Levantando a saia
Fazendo carinho nos cabelos...

Estava tão feliz
Que logo descobriu a razão
Ela tinha chegado
Bem aonde nascia o arco-íris...

Mário Feijó

29.05.15

quinta-feira, 28 de maio de 2015

SORRISO

SORRISO

O que eu gosto mesmo
É de um sorriso no rosto
Preso entre duas aspas
Onde ficam os lábios...

Mário Feijó

28.05.15

DORES MORNAS

DORES MORNAS

Algumas vezes
Ao sentir decepção
Sinto uma espécie de vazio
E uma dor morna
Que dá sinais no coração
Deixa o cérebro em polvorosa
E faz um eco na alma

O corpo está quente
A alma vazia e gelada
O pulsar do sangue nas veias
Faz pressão nos ouvidos
Como se o coração
Não estivesse dentro do corpo
Mas numa caixa de algodão

E a dor que não dói
É morna e faz eco n’alma
Plaft, plaft, plaft
É meu coração pulsando
Dentro de um fardo de algodão...

Mário Feijó

28.05.15

quarta-feira, 27 de maio de 2015

IDADE

IDADE

Faz algum tempo
Que me esqueci da idade
Esqueci de olhar no espelho
E só lembro de viver e bem

Lembro da idade
Só quando falo de mocidade
Da felicidade que vivo
E de Felicidade, minha avó

O resto é seguir em frente
Sem temer(idade)
Com tenacidade
Com sagacidade

Olhar espelhos
Só pra ver minha face
Que canta feliz
Sem temer o tempo...

Mário Feijó

27.05.15

terça-feira, 26 de maio de 2015

EXPLICANDO A SAUDADE

EXPLICANDO A SAUDADE

Saudade a gente tem
Daquilo que não mais tem...

De alguém que morreu
Sentimos saudade...

De alguém que está ausente
Sentimos falta...

Do passado
Sentimos saudade
Porque passado não volta...

De momentos vividos
Sentimos falta
Porque podemos
Vivê-los novamente...

Saudade é assim
Um vazio sem explicação
De algo que não dá para recuperar
De alguém que não podemos ver
Daquilo que não podemos mais ser
Como nossos momentos de criança
Como da vida que um dia tivemos
Com nossos pais e avós
Isto é saudade
Algo que não volta mais...

Mário Feijó
26.05.15




segunda-feira, 25 de maio de 2015

OLHAR QUE SEDUZ

OLHAR QUE SEDUZ

A poesia
gosta de entrar em nós
pelos sentidos...

Primeiro
Ela nos seduz o olhar
Fica dentro dos olhos
Repousada algumas vezes
Noutras desce em lágrimas
E mora nos pensamentos...

Há vezes
em que ela
é apenas cor
noutras se veste de saudades
e se ela soubesse o bem que faz
moraria eternamente no coração
ao invés de ficar correndo
dentro das nossas veias...

Mário Feijó

25.05.15

Ler

Ler

É comprar
Um passaporte
Com visto permanente
Para o mundo dos sonhos
E da fantasia...

Mário Feijó

25.05.15

domingo, 24 de maio de 2015

CONVERSANDO COM A LUA

CONVERSANDO COM A LUA

Ser um eterno menino
É uma licença poética
À qual me reservo o direito

Sou um menino do chão
Noutras vezes sou
Apenas um anjo sem asas
Tenho medo de alturas

Mesmo assim eu voo
Quando baixo o telhado do céu
Não quero desaparecer no infinito
Mesmo quando penso que sou finito

E como acredito na eternidade
Continuo menino
Correndo atrás do vento
Debruçado na janela
A conversar com a lua...

Mário Feijó

24.05.15

sábado, 23 de maio de 2015

LUA PURITANA

LUA PURITANA

E depois que a lua
Escondeu-se por entre nuvens
Veio você me abraçando
Abrindo seus lábios
Implorando beijos meus...

Não havia mais desculpas
E por detrás das nuvens
A lua, recuperada, sorria
Tinha um falso pudor no olhar,
Mas ela já deveria estar acostumada
Com o carinho dos enamorados...

Mário Feijó

23.05.15

quarta-feira, 20 de maio de 2015

A MORTE DA DOCEIRA (suspense e terror)

A MORTE DA DOCEIRA

Alexandre adora Florianópolis, por isto naquelas férias resolvera pegar sua bicicleta e conhecer todas as praias ao redor da ilha, diziam ser 106.
A praia do morro das pedras era um encanto e tinha uma vista maravilhosa, ficava bem embaixo do Retiro de Padres e bem ali perto era a praia do Pântano do Sul. Ao passar por ali vê um senhor parado, com uma maleta nas mãos, olhar distante, parecia um poeta buscando inspirações. Foi até o homem e puxou conversa. Ele se chamava Antônio, era também gaúcho (feito ele), porém estava aposentado e morava na região.
- Sabia que bem aqui houve um crime recentemente?, disse-lhe Antônio.
- Não diga... Conte-me o que sabe, por favor...
- Bem, encontraram um corpo de mulher, em estado de decomposição, mas sem cabeça e completamente nu.
- Meu Deus, disse o rapaz.
- Faz poucos dias, e como estava chovendo muito, levou mais dias para ser descoberto. Agora, toda vez que eu passo por aqui fico lembrando disto e associo o cheiro do mar à podridão do corpo em decomposição que vi.
- Florianópolis tem o apelido de ILHA DA MAGIA, diz-se ser Terra de Bruxas. Teria sido um sacrifício? Perguntou Alexandre.
- Bem, o fato de ter chovido muito naqueles dias, associado ao fato de ter havido muita trovoada, com raios e trovões, fez o povo criar várias possibilidades, para este crime, ainda não resolvido, disse o professor.
E há muitos suspeitos? Perguntou Alexandre.
- Eu soube que a mulher era uma doceira jovem e viúva, que viera morar na região e que para sobreviver fazia salgados, doces e tortas que ficaram famosos por estes lados, no entanto tinha um romance com um pescador. Quando a história ficou séria ela fez ameaças aos filhos menores do homem e também de destruir sua família. O homem apavorado deve ter cometido o crime. É o que dizem por aqui. Se não foi isto, ninguém sabe o que pode ter acontecido. Mas o amante da doceira é o primeiro e mais implicado suspeito nesta história. Disse o professor, dando um suspiro.
- Sabe moço, falou Sr. Antonio, ainda lembro de uma torta de maracujá com chocolate que comprava no mercadinho, soube que era ela quem fazia. Dá água na boca lembrar aquilo.
- Infelizmente, isto não mais importa agora, não é meu senhor? Não vamos macular tão linda paisagem com tristes lembranças, falou Alexandre. Tenho que me ir. Foi um prazer conhecê-lo, estendeu a mão machucada, forte, áspera, mas machucada, contrastando com a mão macia do velho professor.
O rapaz pegou sua bicicleta e partiu. O homem ficou olhando aquele jovem e começou a se perguntar onde ele poderia ter machucado tanto assim suas mãos. Mas deixa pra lá, pensou Antônio e voltando a olhar o mar e as pedras que nele batiam com tanta força. Coisas da natureza, pensou.
Alexandre partiu pensando na noite daquela sexta feira quando passeava por ali, sozinho em sua bicicleta com o tempo se fechando e ameaçando chover. Reviveu novamente todo o horror que tinha sentido quando aquela mulher dele se aproximara tão sedutoramente, comportando-se feito uma vadia, embriagada, querendo com ele transar. Lembrava sua ex-namorada, sempre tão risonha, gostosa e que parecia lhe amar. Fugira com Fábio e dissera vir morar em Florianópolis, mas não era possível que fosse ela e diante disto, pensando na traidora empurrou a mulher que perdera o equilíbrio e caíra lá embaixo, entre as pedras. Alexandre fugira dali desesperado. Não sabia o que fazer. Foi então que parou no mercadinho do caminho, comprou uma faca de açougueiro e voltou a pé. Escondeu sua bicicleta no meio do mato e levou sua mochila, com a faca dentro.
No local, como não havia uma alma na rua e já era noite, resolvera descer entre as pedras e com a lanterna do celular, procurava o corpo da mulher. Encontrou-o. Tirou toda a roupa, que colocou na mochila. Examinando o corpo, viu que estava com o pescoço quebrado. Pegou a faca e separou-o do corpo. A mulher já estava morta mesmo, e parecia-se muito com sua ex. Colocou a cabeça na mochila, desceu até o mar e entrou na água. Era uma água gelada. Assustadoramente gelada, feito aquele corpo, feito a sua alma, feito o seu que agora tremia de frio e pavor. Pegou o blusão que estava separado, vestiu e foi em busca da bicicleta.
Não havia pensamentos na cabeça de Alexandre. Era uma mistura de sensações e sentimentos. Ele não conseguia raciocinar direito. Será que Marina o havia reconhecido e por isto tentara seduzi-lo? Era crime o que fizera ou fora legítima defesa? E agora que tinha a cabeça da mulher na mochila o que ia fazer?
Estava próximo à beira-mar que sai do túnel e que vinha para o aeroporto, mas ele não iria naquela direção, então procurou um lugar mais claro, e mesmo diante do horror que sentia retirou a cabeça da mulher da mochila. Era mesmo Marina. Sem saber o que fazer e diante de tantos desatinos já cometidos jogou a cabeça, enrolada nas roupas que tirara do corpo no riacho que havia ali perto.
Tinha medo. Continuava tremendo de frio e pavor, mas agora seguiria em frente. Não iria se entregar. Queria ir embora, mas ficara só para poder descobrir que pistas haviam. Agora que nada direcionava pra ele resolvera que não ficaria mais um minuto naquela terra tão bela, mas que iria continuar escondendo mais um segredo, além de todos os segredos que as bruxas escondiam por ali.

Mário Feijó – 19.05.15

sábado, 16 de maio de 2015

AMOR SEM RAZÃO

AMOR SEM RAZÃO

O amor prevalece
Onde ninguém tem razão
Onde ambos cedem
Onde ninguém sobrevive
Impondo-se ao outro

Primeiro porque ele acontece
Sem razão alguma
Onde algumas vezes
Basta um cheiro, um olhar

O amor sobrevive
Quando olhamos na mesma direção
E não tentando descobrir erros um do outro

Então o amor acaba sendo prioridade
E por ser prioritário há concessões, doação

O amor é assim: sem razão...

Mário Feijó

16.05.15

sexta-feira, 15 de maio de 2015

TARDE AGRADÁVEL (texto de construção coletiva)

TARDE AGRADÁVEL (texto de construção coletiva)

Era uma agradável tarde de outono. Tendo em vista o feriado que se emendou com o final de semana resolvi ir para o campo. Adoro perfumes, cheiros diferentes e gostosos. De repente abrindo a janela do carro vejo um campo florido, com flores lilases. O cheiro de lavanda invade minhas narinas.
Não poderia continuar sem parar, diante da sensação agradável que me envolveu. Lembrava-me os bons tempos em que eu e Larissa nos conhecemos. Foi amor à primeira vista.
Sai do carro e me sentei em cima de uma pedra. No entanto logo tive que sair correndo para o carro, pois atrás havia três cabras e um bode que ao me avistar, logo fez menção de atacar. Que raiva!! Tive que abortar meu deleite e procurar um outro locar para fazer meu passeio de final de tarde. (Mário Feijó).
Retornamos para o carro correndo o mais que podíamos, no início apavorados e em seguida rindo muito da situação. Eu dizia que eram bodes e Larissa me corrigia: são cabras cheirando à lavanda.
Não conseguia parar de rir e como bom fumante acendi um cigarro. Larissa, indignada disse pare com isto ou eu abro a porta e pulo deste carro.
- Estava tão bom o cheiro de lavanda e vem você com este vício estragar este perfume. Deste jeito prefiro voltar às cabras, pelo menos estarei perfumada.
Gritei, rindo:
- Isto já é preconceito contra os fumantes. (Heloisa Mascolo).
Seguimos por aquela estrada, na região da serra gaúcha, apreciando as paisagens agradáveis e ao longe uma pequena vila.
Eram casinhas pequeninas. Encantadoramente cuidadas, numa paisagem bucólicas. Haviam jasmins plantados e floridos e o cheiro de jasmim é algo que vai longe. Cheirinho marcante que lembrava paixão em mim, romântico inveterado e apaixonado por flores.
Parei o carro para buscar uma flor daquelas e a ofereci à Larissa. O cheiro invadiu o carro.
- Viu? Agora o perfume vai nos acompanhar, como você queria, no caso das lavandas. (Silvania Anderson)
Foi uma tarde inesquecível. Tantos aromas, tantas flores e paisagens, tantas lembranças revividas.
Reportei-me aos primeiros dias de nosso namoro que já vinha caindo na rotina e pensei que tinha que fazer mais isto. Mais passeios, mais brincadeiras, apreciar novas paisagens e fugir das cabras...
Lembrei que Larissa fugia de mim, quase como nós fugimos das cabras, no entanto ela acenava com a esperança de que eu poderia conquistá-la e foi o que aconteceu. Agora eu queria estar sempre ao seu lado, mas tinha que fazer algo para amenizar a rotina da relação.
No outono as noites são mais frias. Estava ficando tarde.
- Venha! Vamos entrar e tomar um café quente, disse-lhe eu sorrindo e dando um delicado beijo em seus lábios. (Marlene Nahas).
Voltamos para nossa casa. Acendemos a lareira e enquanto eu abria um vinho, trazido da serra, ela preparava um chimarrão e o calor do ambiente começava a nos envolver.
Vieram do campo algumas flores de jasmim que colocamos em vasos. Eu pensava que tinha sido um bobo em ficar com raiva do tal bode e de suas cabras.
Colocamos um filme na TV “meia noite em Paris e envolvidos pelo clima do filme, regados a vinho, enrolados um no outro, cobertos por uma manta, ficamos ali trocando juras de amor que terminou de forma romântica e muito agradável. (Mário Feijó).

Técnica


Texto produzido em aula. Primeiro cada participante sorteava um sentimento e um cheiro e tinha que inseri-lo em seu texto. Terminada a sua parte passava para o outro que continuava o texto do amigo inserindo as suas palavras até chegar de novo ao que iniciou a redação e que deveria por um fim à história que ele começou.  

quarta-feira, 13 de maio de 2015

VELHA HISTÓRIA DE AMOR


Um dia, eles adolescentes, encontraram os lábios um do outro. Havia culpa, pecado e desejo, porém estavam experimentando ser adultos. Há pouco eram crianças, mas os hormônios os impeliam a fazer o que a igreja e os “outros” diziam ser errado.
Como podia ser errado um beijo de amor? Então seria errado colocar comida dentro de uma panela para preparar o almoço?
Eram coisas naturais e normais – o beijo e a comida. A vida devia ser uma coisa natural feito o rio que nasce na montanha e que, quer queira ou não, encontra o mar. Coisas naturais. Os opostos que se atraem, base de uma mesma essência, feito ele com apenas 17 anos e ela com 15. Como poderia haver algo de sujo num beijo? Então era sujo comer uma fruta madura? Mas os lábios dela tinham gosto de jabuticaba madura colhida no pé.
Tanto fizeram que eles se separaram. Ele já casou algumas vezes e nos intervalos entre um amor e outro a procurou, mas ninguém sabia dela. Ninguém lembrava daquela família naquela rua. Da última vez que ele a procurou começou a imaginar que ela teria sido um anjo, ou até mesmo, um ser de outro planeta e desistiu de encontrá-la.
Pensando em colocar um ponto final na história e guardá-la dentro de um livro ele escreveu um poema que lembra os beijos que se perderam:

OS BEIJOS QUE EU NÃO TE DEI
Mário Feijó

Os beijos que eu não te dei
Fazem falta no meu acervo!
Eu penso que gosto eles teriam?
Seriam doces? Secos ou molhados?

Os beijos que eu não te dei
Fizeram-me pensar
Que eu fui imaturo, idiota
Que mal teria eu ter me permitido?

Os beijos que eu não dei
Ficaram com gosto de pecado
Tinham toques de minha inocência, hoje
perdida
E me deixaram na boca
Um sabor de frustração...

Os beijos que eu não te dei
Foram depois depositados em outras bocas
Que eu, feito colibri passei de flor em flor
Não tiveram marcas particulares...

Mesmo assim eu penso
Que gosto teriam
Os beijos que eu não te dei?


Mário Feijó

13.05.15