VELHA HISTÓRIA DE AMOR
Um dia, eles adolescentes, encontraram
os lábios um do outro. Havia culpa, pecado e desejo, porém estavam
experimentando ser adultos. Há pouco eram crianças, mas os hormônios os
impeliam a fazer o que a igreja e os “outros” diziam ser errado.
Como podia ser errado um beijo
de amor? Então seria errado colocar comida dentro de uma panela para preparar o
almoço?
Eram coisas naturais e normais –
o beijo e a comida. A vida devia ser uma coisa natural feito o rio que nasce na
montanha e que, quer queira ou não, encontra o mar. Coisas naturais. Os opostos
que se atraem, base de uma mesma essência, feito ele com apenas 17 anos e ela
com 15. Como poderia haver algo de sujo num beijo? Então era sujo comer uma
fruta madura? Mas os lábios dela tinham gosto de jabuticaba madura colhida no pé.
Tanto fizeram que eles se
separaram. Ele já casou algumas vezes e nos intervalos entre um amor e outro a
procurou, mas ninguém sabia dela. Ninguém lembrava daquela família naquela rua.
Da última vez que ele a procurou começou a imaginar que ela teria sido um anjo,
ou até mesmo, um ser de outro planeta e desistiu de encontrá-la.
Pensando em colocar um ponto
final na história e guardá-la dentro de um livro ele escreveu um poema que
lembra os beijos que se perderam:
OS BEIJOS QUE EU NÃO TE DEI
Mário Feijó
Os beijos que eu não
te dei
Fazem falta no meu
acervo!
Eu penso que gosto
eles teriam?
Seriam doces? Secos
ou molhados?
Os beijos que eu não
te dei
Fizeram-me pensar
Que eu fui imaturo,
idiota
Que mal teria eu ter
me permitido?
Os beijos que eu não
dei
Ficaram com gosto de
pecado
Tinham toques de
minha inocência, hoje
perdida
E me deixaram na boca
Um sabor de
frustração...
Os beijos que eu não
te dei
Foram
depois depositados em outras bocas
Que eu, feito colibri
passei de flor em flor
Não tiveram marcas
particulares...
Mesmo assim eu penso
Que gosto teriam
Os beijos que eu não
te dei?
Mário
Feijó
13.05.15
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