quarta-feira, 10 de maio de 2017

A TRISTEZA DE CAROL (conto) 1º. CAPITULO




A TRISTEZA DE CAROL (conto)

1º. CAPITULO

                Carol era uma mulher que por onde passava sempre chamava a atenção. Era bonita, dentes brancos, sorriso largo e arrasador, cabelos negros longos, porém seu perfume a precedia, anunciando sua chegada muito antes de sua presença. E, ao adentrar em qualquer ambiente o som da sua voz abafavam qualquer música ambiente.
Ex professora, acostumara-se a falar alto e ela perdera o bom senso, embora muitos já a tenham prevenido quanto a isto.
Toda a família havia combinado de se encontrar, em um restaurante, em Florianópolis, à beira da Lagoa da Conceição. Viria gente de todo lado.
O cheiro de maresia com certeza iria ameninar o perfume forte e adocicado daquela mulher. A família pensara que isto amenizaria seu protagonismo escolhendo um local público, ao ar livre, onde a brisa suave (geralmente causando frisson na pele) e o cheiro de frutos do mar sendo preparados abriria o apetite em todos naquele dia das mães. Ficara para trás a comidinha caseira comum na casa de vovó, todos os domingos, onde a maioria ia sempre, mas também ninguém precisaria lavar a louça daquela tropa toda. Com certeza sentirei falta do cheirinho do café Amélia que vovó agora usava, substituindo seu café produzido no quintal por tanto tempo, e que agora era substituído por um produzido na cidade.
Sobrinhos, netos, irmãos, primos, todos se fizeram presentes. Se faltou alguém eu não saberia dizer quem, pois havia ali quase cem pessoas.
Juntamos duas ocasiões: o dia das mães, no segundo domingo de maio e o aniversário de 100 anos de vovó que seria dia 17.
Carol veio silenciosa. Estava comedida naquele dia. Eu diria que tensa. Pouco falou. Sentou-se num canto, depois de ter cumprimentado vovó e alguns irmãos. Pouco comeu. Pouco falou. Nada bebeu e em determinado momento eu percebi uma lágrima que ela secara rapidamente. Seu atual companheiro não estava presente, porém aquele dia e hora não era o momento certo para uma investigação ou perguntas. Naquele dia não era Carol a protagonista, mas muitos ficaram de ti-ti-ti numa mesa ou outra. Ela comera rapidamente e disfarçadamente se afastou do restaurante. Soubemos mais tarde que havia “saído à francesa”.
A curiosidade aumentara entre os presente, e, todos tiveram que ficar quietos e esperar pela segunda-feira ou por notícias que seriam, certamente publicadas no Facebook. Sua vida sempre fora um livro aberto.
Certamente aquele era um dia feliz para a maioria, mas não foi o melhor dia na vida de Carol...


Mário Feijó
09.05.17



terça-feira, 9 de maio de 2017

O RETRATO (MÃE)


O RETRATO

Os raios de sol
Entram pela janela
E batem na moldura
Da foto sobre a mesa

Reproduz uma linda mulher
Com uma criança ao seio
O cabelo loiro resplandece luz

Os olhos verdes lembram o mar
Tudo remete à harmonia,
À beleza da criação
À vida e o seu desenrolar

Nada parece destoar
Em um quadro amoroso
Rembrandt poderia tê-lo pintado
Com seus pincéis mágicos

Porém nenhuma tinta
Revelaria a magia da Maternidade
Em toda a sua grandeza

Marlene Nahas
09.05.17
(Trabalho desenvolvido na Oficina Literária de Mário Feijó, nesta data)






http://www.recantodasletras.com.br/poesiascomemorativas/5994478

segunda-feira, 8 de maio de 2017

FLORES PARA IEMANJÁ




FLORES PARA IEMANJÁ

Ah! Eu quero olhar o horizonte
E me debruçar nas janelas
Imaginando como será
Lá distante, do outro lado do mundo

Virar a página de livro
E num piscar de olhos
Ver a lua cheia tocar seus lábios
Para beijar as ondas do mar... invejosa!

Olhava-nos à beira mar
Cheirando maresia, degustando ostras,
Siris e camarões enquanto no fundo
Um iate levava turistas aos mares do sul

Em nossos olhos o êxtase do amor
A lua apenas refletia o que sentiam os cidadãos
Da capital do estado que procuravam um descanso
E no feriado jogavam flores pra Iemanjá...

Mário Feijó

07.05.17

domingo, 7 de maio de 2017

RATOLÂNDIA BRASIL




RATOLÂNDIA BRASIL

Há muitos ratos
Ratinhos sem-vergonhas
Que passam por ratoeiras
Que não perdem seus rabos
Porém algumas vezes perdem
Somente os dedinhos

Há ratos com nome de gente:
Luiz, Dirceu, Antônio, Sérgio
Seria o ponto(pt) final deles?
Porém rato é rato, mesmo preso,
E se tiverem oportunidades irão roubar novamente

Mas o povo é o culpado quando faz escolhas
Há quem acredite que sejam “pais dos pobres”
Porem o que eles querem é enriquecer aos seus
E se manter no poder
Um poder que lhes dê poder de decisão
De administrar os recursos da nação
A seu bel prazer e interesse

E os ratos de estimação que aí estão
Sempre farão de tudo pelos seus, porque
Se classificam como seres honestos
Os mais honestos do mundo
Talvez por isto tenham perdido seus dedos
Colocando a mão em cumbuca errada

E depois de descobertos continuam roendo
Mais de 65 bilhões de dólares de uma empreiteira
Colocados à sua disposição.

Socorro! Socorro! Como tem gente cega
Como tem rato político rico
Gente até hoje nunca punida
Que se socorrem apelando ao santo protetor
(São Paulo Maluf)

E têm suas orações sempre atendidas, graças a Deus,
Seus catadores de bosta de elefante limpam tudo
Recolhendo tudo embaixo do tapete
Basta dizer “não sei de nada” e “não é meu”
Enquanto o país vai à bancarrota

Está na hora de construirmos mais cadeias
Em forma de ratoeira
Já que este é um país
Onde os ratos tanto prosperam...


Mário Feijó - 07.05.17

sábado, 6 de maio de 2017

MEMÓRIAS AFETIVAS



MEMÓRIAS AFETIVAS

Meus dias eram assim:

pela manhã


o cheiro do café moído na hora
em um pilão de madeira
que vovó torrava em seu fogão à lenha
era passado em um coador de pano
em um bule de barro (o café nunca queimava)
estava sempre quente e fresco
ao meio dia

Felicidade pegava o feijão que cozinhara
(era um caldo grosso e negro)
e fazia um pirão com ele
alguns chamam de feijão mexido
em cima espalhava uma gema de ovo crua
que o calor cozinhava
e deixava um sabor sem igual
se havia carne seca ou linguiça
(que eu às vezes comprava 100g)
eu nem lembro, até porque
só isto bastava para matar
a minha fome de ter Felicidade por perto
à noite

bem, à noite era inevitável
pulgas sob as cobertas
provavelmente heranças de Peri
um cão branco e velho
que eu nunca vira latir
talvez seja por isto
que hoje mesmo sem as pulgas
eu fique rolando na cama sem dormir
pensando em como fui feliz
quando morei com "Felicidade"
minha querida avó materna.


03.05.17

sobre o AMOR





Quando amamos alguém começamos tirando toda a roupa e aos poucos desnudamos toda a alma. Mário Feijó

SONHOS ADOLESCENTES (LASCÍVIA)




SONHOS ADOLESCENTES (LASCÍVIA)


ela era escorregadia
parecia não ter corpo
porém todas as noites
enfiava-se sob minhas cobertas
e mordia meu corpo
sugava meu sangue
mesmo em partes mais intimas
algumas vezes sem me deixar dormir
sonhava com ela: mulher
provocando em mim tesão
havia em minha adolescente excesso de tesão
hormônios à flor da pele
compreensível,
diriam alguns
libidinosos,
diriam outros
ao acordar eu percebia
que tudo aquilo era apenas um sonho
e colocava as cobertas ao sol
para catar as pulgas que me mordiam


Mário Feijó
04.05.17

terça-feira, 25 de abril de 2017

QUANDO A CIDADE FOI NOTÍCIA



QUANDO A CIDADE FOI NOTÍCIA

Pobre pescador
Na busca do seu alimento
Lançou a rede no mar
E uma vida ceifou

Pensou em trazer só peixes
Porém o surfista audacioso
Na sua zona de pesca
Enredou-se em sua rede

Vida e morte abraçaram-se
Enredadas em sonhos
Na paisagem sempre alegre
Aquela tarde derramou-se em lágrimas

A mãe chorou
A tarde choveu
Pessoas murmuravam
Enquanto a cidade escurecia...

Mário Feijó

26.04.17

domingo, 23 de abril de 2017

CONTANDO O TEMPO




CONTANDO O TEMPO

Tu querias brincar de amar
Sem ao menos fazer amor
Então eu te dei a liberdade
Numa carta de alforria

Ai tu, criatura perdida,
Não sabias o que fazer
Com esta liberdade

Agora te debruças nas janelas
Vendo o tempo passar célere
Onde só passam pessoas
Enquanto isto passam-se os dias, meses e anos

Em desespero apenas contas
1, 2. 3, 5, 9... 300
Enquanto te perdes no infinito...

Mário Feijó

24.04.17

sexta-feira, 21 de abril de 2017

ASSIM É! ASSIM FOI! ASSIM SERÁ!




ASSIM É! ASSIM FOI! ASSIM SERÁ!

Deus nos fez almas em evolução
E não determinou o que seriamos
Deu-nos o livre arbítrio
Onde somos apenas energia

E disse:
- amai-vos uns aos outros
Assim como eu vos amei

Mas veio o demônio
E quis impor regras ao amor
- vocês só podem amar
A pessoa do outro sexo
E misturas raciais estão proibidas!

Deu uma confusão danada
Pessoas começaram a se matar
Em nome de Deus e do amor

O que fazer agora?
Deixar de amar?
- Não!
Porque não existem regras para o amor
Nada impede uma energia
De amar a outra...

Assim é!
Assim foi!
Assim será!
Disse o Criador

Mário Feijó

21.04.17

segunda-feira, 10 de abril de 2017

PRESENTES DA VIDA





PRESENTES DA VIDA

Eu já fui um menino sonhador
Menino calado, quieto, medroso
O mundo algumas vezes
É bastante assustador para um menino

E por não me conhecer
Por me sujeitar à imposição dos outros
Algumas vezes pensei em suicídio
Tive coragem para viver, mas covardia para morrer

Era um menino pobre
De família pobre, sem muito amor
Que em muitos dias não teve o que comer

Agora já não sou menino
Já não posso fome
Ganhei uma nova chance no amor

Mário Feijó

11.04.17

sábado, 8 de abril de 2017

VIVEMOS PARA AMAR




VIVEMOS PARA AMAR

Algumas pessoas passam pela vida
Sem ver as cores do amor!
Há filhos que desamam seus pais
Há mulheres que não amam seus maridos
Há maridos que não amam suas mulheres
E há pessoas que não vivem o amor

Eu descobri que o amor faz parte
Do ar que eu respiro
Dos filhos que eu amo
Dos netos que estes me deram
Dos homens e mulheres que entraram em minha vida

Agora eu vivo em estado de amor
Porque eu me entreguei a este sentimento
Aí tudo em mim mudou
Eu quero partilhar com que amo
As cores do meu dia a dia
O ar que eu respiro
Os cheiros que eu sinto
As cores que eu vejo

E quando comigo tu não estás
Os meus dias são acinzentados
Tudo fica sem sabor
E nos meus lábios apenas sobram
O gosto do sal de lágrimas
Misturado ao sabor da chuva

Mário Feijó

08.04.17  

quarta-feira, 22 de março de 2017

QUANDO O AMOR ACONTECE





QUANDO O AMOR ACONTECE

Quando o amor acontece
Não adianta espernear
Dizer que não quer
Porque ele te envolve
E quando você vê
A pessoa amada não sai da sua cabeça
Como se fossem estrelas
Depois de uma pancada...
Ai você sente que dói respirar
Que o peito parece não ter ar
É como se você sofresse
Uma crise de abstinência
Pela ausência do outro...
E você pensa “eu quero casar”
Porque casando
O outro vira seu eterno par
Feito duas araras
Que não se separam até a morte...
Pode ser que nada disto seja verdade
Pode ser que você se decepcione
Mas é isto o que ocorre
Quando o amor acontece...

Mário Feijó

21.03.17

segunda-feira, 20 de março de 2017

APRENDA




APRENDA

Aprenda que na vida
Nem tudo é perfeito
Dificuldades existem
Para serem superadas

Aprenda que o amor existirá
Se você o tiver no coração
Que o amor dos outros não nos sustentam
O que nos sustenta é o amor próprio

Aprenda que se você estiver bem
Nada afetará sua energia vital
Porque você saberá como se defender
E que existe uma “força superior” que nos rege

Aprenda que a fé é imprescindível
Que a acomodação nos leva ao fracasso
Que o que pensam de nós não é o que somos
E só a fé nos fará forte diante das vicissitudes

Mário Feijó

20.03.17

quinta-feira, 16 de março de 2017

TRAIÇÃO É TRAIÇÃO: DISSERAM-ME! T





TRAIÇÃO É TRAIÇÃO: DISSERAM-ME!

Trair e coçar é só começar... diz o ditado!

Então eu pergunto:
Por que será que você coçou?
Por que será que você traiu?

                Coçou tanto
                Que feriu meu coração
                E agora?
                Será que a coceira passa?

Eu não quero pedaços teus
Eu te quero por inteiro
Porque em pedaços eu estou
Desde que tu te dividisses

                Eu te dei liberdade
                Porém tu voaste mais alto
                E eu cai em um abismo
                O que faço de mim despedaçado?

Mário Feijó

16.03.17

ÉS A PESSOA QUE EU QUERO NA VIDA




ÉS A PESSOA QUE EU QUERO NA VIDA

Se eu fosse teu amor
Não haveria espaço
Para outras pessoas
Em tua vida

Jardim com ervas daninhas
Aos poucos vai morrendo
Deixa de florir
Minha vida esta ficando sem flor

E por mais que eu me entregue
Você se afasta
Abre portas a outras pessoas
E as minhas se fecham

Quando escolhemos alguém
Não bastam juras de amor
Não precisa haver pacto de sangue
Basta tratar o outro como queria ser tratado...

MARIO FEIJÓ

14.03.17

sexta-feira, 10 de março de 2017

EU RESPIRO VOCÊ




EU RESPIRO VOCÊ

Todos os dias
Eu vejo a luz do sol
Aí respiro fundo
Aspiro o ar que me rodeia
E penso em ti

Faz algum tempo
Que venho aspirando você
Respirando você
Amando você

E quando não estás por perto
Fico sem ar
Feito flor sem água
E vou murchando

Sopre meus lábios
Faça-me respiração boca a boca
Coloque em mim ar fresco
E eu reviverei sob a luz do sol

Mário Feijó

10.03.17

segunda-feira, 6 de março de 2017

ADOLESCENTES: SERIAM TODOS IGUAIS?




ADOLESCENTES: SERIAM TODOS IGUAIS?

Eu ainda lembro
Daquelas meninas remelentas
Que acordavam com olhos inchados
E me enxergavam com amor
Eram carentes de comida
De beijos e de abraços

Hoje me olham com indiferença
(estão repetindo a condenável
Atitude de seus pais e tias?)
Mesmo assim eu penso
Que elas já se esqueceram de mim

E na solidão do meu exílio
Já não tenho nenhum beijo molhado
De quem nem sente saudade
Escondidas dentro de si próprias

Eu jamais lhes abandonaria
Mas eu sei que pássaros emplumados voam
E dão adeus a seus ninhos
Enquanto os pais ficam ali sofrendo
Esperando o nosso próprio voo

Mário Feijó

06.03.17

domingo, 5 de março de 2017

EU QUERIA CONFIAR NO CALOR DO SOL




EU QUERIA CONFIAR NO CALOR DO SOL

Eu não queria
Que teus olhos ficassem voltados
Somente para mim

Eu não queria
As tuas mãos acariciando
Somente o meu corpo
(embora isto fosse reconfortante)

Eu não queria
Que tu fosses aquele colibri apaixonado
Que fica beijando somente uma rosa

Porém eu queria confiar
Que todos os dias
O teu calor feito o calor do sol
Aquecesse meu corpo
(mesmo sabendo que o sol
Iria também aquecer outros corpos)...

Mário Feijó

05.03.17

sábado, 4 de março de 2017

CASA DESARRUMADA



CASA DESARRUMADA

Tudo era tão maravilhoso:
Flores no jardim
Carpas nadando no lago
Na frente da casa
Os girassóis viajavam
Se delirando com o sol inclemente
E para que tudo tivesse sintonia
Eu lhe dei amores perfeitos

Até que um dia você resolveu
Viajar nas asas de um colibri
Perdido, desencontrado
Fui vendo o lago secar
As flores ficaram secas
E os girassóis já não acompanhavam
A luz viajante do sol

Ficaram noites de dor
Quem passasse por fora daquele lar
Pensava “lá dentro vivem almas penadas”
Que todas as noites gemem
A solidão de um amor que se foi

Então tudo se renova
Aparece a sombra de um novo amor
Luzes se acendem nas noites frias
Corpos ressuscitam e gemem de prazer
Porém nem tudo são flores
Quando os amores perfeitos são ceifados
Pela foice da traição
E a casa volta a ficar desarrumada...

Mário Feijó

04.03.17   

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O TEMPO DO AMOR É AGORA




O TEMPO DO AMOR É AGORA

Eu não tenho tido tempo para amar
E se não tenho tempo para amar
Ódio é uma coisa que jamais
Irá ocupar meu tempo

Por isto tenho me dedicado ao amor
Mesmo que não tenha tenho para amar
Mas se você estivesse aqui pertinho
Todo o meu tempo seria dedicado para te amar

E só tu sabes de quem falo
Só tu compreendes minha respiração
Só tu provocas minha excitação

Queria mais tempo para amar
Porque tempo é o que não mais me resta
A única coisa que me resta é este amor no coração...


Mário Feijó
28.02.17


sábado, 25 de fevereiro de 2017

“INDIO” TEM QUE FICAR COM “INDIO”




“ÍNDIO” TEM QUE FICAR COM “ÍNDIO”

Um dia eu me apaixonei
Por um “amor perfeito”
Mas ele, feito um girassol
Olhava para o outro lado e contava
Bem-me-quer, mal-me-quer
Bem-me-quer, mal me quer
Mal me queria...

Sai do jardim
Fugi dos insetos que destruíam minhas flores
Corri das pragas que comeram
Meus pés de amor-perfeito

Antes só do que mal acompanhado
Sou cosmopolita, voltei pra cidade
Acho melhor que “índio” fique com “índio”

Mário Feijó



terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

VERDADES E MENTIRAS






Eu prefiro a dureza da verdade
À mentira piedosa
Mentiras são traições
E ainda dizem que os amores são perfeitos...

Mário Feijó
21.02.17

domingo, 19 de fevereiro de 2017

AMOR E CAFÉ QUENTE




AMOR E CAFÉ QUENTE

Algumas pessoas esquecem
Que o amor precisa de cuidados
É como fazer café
Precisa ter um ritual

Colocar o pó, esquentar a água, coar
O amor também precisa ser aquecido
Com carinho, atenção, companheirismo
Caso contrário vira bagunça de carnaval

Duas ou três colheres de pó
Já fornecem um café encorpado, saboroso
Dois ou três alôs com beijinhos
Também adoçam o dia, fazem o amor mais gostoso

Deixar tudo por conta do destino
Fará com que qualquer um se aproxime
Traga uma xícara e tome do seu café
Então eu pergunto: é isto mesmo o que você quer?

Mário Feijó

19.02.17

sábado, 18 de fevereiro de 2017

DIAS NO INTERIOR (Emilianópolis – SP)




DIAS NO INTERIOR (Emilianópolis – SP)

No campo o calor é escaldante
As estradas são empoeiradas no “chão batido”
Para um lado pastos com gado Nelore
Para o outro os búfalos são sombras negras

A temperatura passa fácil dos 40 graus
A toda hora ouço maritacas
Que preferem os fios elétricos
Aos ninhos escaldantes

São tão verdes quanto os campos
São tão verdes quanto a minha esperança
São tão verdes e amarelas quanto as cores do Brasil

No céu límpido não há uma nuvem no ar
Apenas o azul infinito rasgado por pássaros
Enquanto a noite o calor nos impede de dormir
Aí eu me pego a ver uma cobertura de estrelas

Mário Feijó

18.02.17

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

ESPIANDO ESTRELAS




ESPIANDO ESTRELAS

Eu me lembro daquele dia
Em que você chegou
Feito luz do sol
Iluminando a minha vida

Eu me senti eclipsado
Por algum tempo
Porém depois eu, feito o girassol
Fui acompanhando teus movimentos

Então eu vi que o teu riso é brisa fresca
E o teu calor tem o efeito do sol nas flores
Faz com que eu cresça, floresça

E quando chegam as noites
Contigo eu posso ver estrelas
E vejo muito mais sempre que dizes me amar

Mário Feijó

17.02.17

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

NOSSO AMOR NÃO ESQUECIDO




NOSSO AMOR NÃO ESQUECIDO

Hoje eu me atirei no tempo
Ontem apenas brinquei com o vento
Queria em algum lugar te encontrar
Até que passei por vias
Subi montanhas
Desci campos verdejantes
Mergulhei em rios refrescantes
E com tintas azuis
Eu pintei as flores
Que estavam vermelhas
Porque elas me lembravam a tua morte
Tinham um cheiro forte de despedida
Depois eu corri para o mar
Chutei ondas fortes
Pensava descobrir tuas cinzas dentro delas
Porém já haviam sido diluídas
Em um verde esmeralda
Que tinha um toque de esperança
Nas lembranças do nosso amor
Que não estava esquecido...

Mário Feijó

23.01.17

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

SANTA IGNORÂNCIA



SANTA IGNORÂNCIA

Ontem à noite eu abri as cortinas
E me debrucei nas janelas do mundo
Calado observei muitos descalabros:
Roubos que se disfarçavam
Na fome e empobrecimento do povo
Enquanto uns poucos nababos
Gastavam inconsciências
Em festas por Paris e New York

E os descamisados
Com as caras mais lavadas
Aplaudiam pseudo-deuses
Que rezavam mantras:
“nada sei, nada sei”
Ouvindo o Bolero de Ravel
Entorpecidos pelo ópio da ignorância
Dentro das Bolsas todas as famílias
Encantados pela luxúria do primeiro mundo

Dizem que desde Cabral
Ouvi isto quando ainda era Garotinho
E não há quem se salve
Tudo sempre foi tão permissível
Que agora na hora de arrumar a casa retrucam:
“sempre foi assim!”...

Mário Feijó

17.01.2017

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

CENAS EM PRETO E BRANCO




CENAS EM PRETO E BRANCO

Têm horas em que parece
Ser tão boba a vida que vivemos
Tudo se extingue feito a fumaça do cigarro
Que sobe invisível e some no espaço

Há horas que tudo parece levar a nada
Construímos, lutamos por pessoas
E elas se atiram em um abismo
Feito ondas do mar bravio se atirando sobre a areia

Eu quero respostas que me iludam
Que me enganem
Que me incentivem a continuar
Mas que me deem esperanças

E nada, nada acontece
Para amortecer esta dor em minh’alma
Nada acontece que me faça
Enxergar colorido as cenas em preto e branco que vivo...

Mário Feijó

16.01.17

domingo, 15 de janeiro de 2017

TODOS OS DIAS DIGO ADEUS





TODOS OS DIAS DIGO ADEUS
Todos os dias morre em mim
Um pouco do que fui
Um pouco do que sou
Deixo de ser massa física
Para ser apenas energia
Aprendizado, dor e sofrimento
São eventos que me impulsionam
Enquanto isto o amor
É apenas um alento
Em momentos fugazes
Acompanhado de um breve adeus
É nestas horas
Que eu morro mais um pouco
Ao perceber que não tenho
A importância que pensava ter...
Mário Feijó
13.01.16

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

COM UM NINHO É MAIS FÁCIL




COM UM NINHO É MAIS FÁCIL

Eu queria ser
Um pequeno passarinho
Para não ter muitas preocupações
Além de voar e continuar vivendo

Iria buscar nos campos alimentos
Beberia em qualquer poça de chuva
E procuraria palhas e gravetos
Para construir um ninho

Depois do ninho pronto
Eu faria a dança do amor
E cantaria para te conquistar
Tudo de uma maneira muito simples

E seríamos feito araras
Que depois que acha seu para
Não mais ficaria longe um do outro
Do jeito que estamos agora...

Mário Feijó

04.01.2017

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

TENHO FOME DE TI



TENHO FOME DE TI

Hoje eu acordei angustiado
Porque descobri
Que não consigo mais viver
Sem ter você ao meu lado

É como se eu acordasse
E não visse mais a luz do sol
Olhasse para o jardim
E todas as flores estivessem mortas

Tenho fome de você
Tenho sede de te ter
Tenho paúra da solidão
E tateio no escuro em dias de sol

Olho para a rua
Ganho asas no voo dos pássaros
Saio de dentro de mim
E feito raio parto ao teu encontro...

Mário Feijó

03.01.2017

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

ANTAGÔNICO




ANTAGÔNICO

Meus sentimentos
Estão cada dia mais antagônicos
Ontem mesmo eu queria ir embora
Ficar longe de você

Hoje acordei com saudades
E a certeza de que sem ti
Não saberei mais viver

Sou um pássaro sem ninho
Filhote desgarrado
Leito de rio seco
Ondas em mar poluído

Eu quero céu claro
Dias de sol
Noites estreladas
E você ao meu lado

Mário Feijó

02.01.2017

domingo, 1 de janeiro de 2017

RESTA PRA NÓS O ADEUS




RESTA PRA NÓS O ADEUS

O tempo foi passando
E eu fui percebendo que “nós”
É algo que nunca existiu pra você

Tu querias conhecer o paraíso
E eu te levei até ele
Você queria voar, ver estrelas
E comigo voou em cima das nuvens

Os dias foram passando
E no teu presente eu virei fumaça
Você tem tudo o que queria
E as minhas vontades viraram cinzas

Chegamos num ponto da estrada
Em que temos que escolher o caminho
Contigo eu sei que não poderei ir
Comigo você decidiu que não virá...

Mário Feijó

01.01.17

sábado, 31 de dezembro de 2016

PÁSSARO DISTANTE



PÁSSARO DISTANTE

Um dia eu encontrei
Um pequeno passarinho
Piava perdido com medo

Eu o peguei em meus braços
Dei-lhe comida no colo
E no meu ninho dei guarida

O pássaro cresceu
Bateu asas
Foi-se embora
Não voltou para ao meu ninho

Agora fico olhando pro céu
E vejo-o bem longe caçando
Tornou-se uma águia distante

Mário Feijó

31.12.16

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

UM BURACO NEGRO





UM BURACO NEGRO

Pouco a pouco fui ficando vazio
Você arrancou de mim
O que eu tinha de melhor

E tal qual um buraco negro
Levou pra dentro de si
O que havia de bom

Sugou a fé que eu tinha em mim
Atraiu para si todos os meus amigos
E como se eu fosse uma laranja
Sugou todo o meu sumo
Minha inspiração e até o meu amor próprio

Quando olho para o que restou de mim
Vejo um corpo cansado, debilitado
Envelhecido em um canto qualquer
Já não atraio mais tua atenção
Sou apenas um buraco negro

Mário Feijó

30.12.16

domingo, 25 de dezembro de 2016

E QUANDO TU TE FORES?




E QUANDO TU TE FORES?

Eu me pergunto
Como serão os meus dias
Quando tu te fores

Será que ainda
Perceberei a luz do sol
Será que ainda verei
A profusão de cores?

Ou será que secarão todos os rios
Que agora habitam meus olhos?
E ainda haverá água bastante
Para regar as nossas flores?

Eu ainda busco no vento
Abrir os meus braços
Numa tentativa de te alcançar
Porém neles há um vazio de abraços

Mário Feijó

25.12.16

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

AÇOITES

AÇOITES

Se um dia
Quando eu chegar ao céu
Ou ao inferno (sei lá)
(porque para algum lugar
Nós deveremos ir)
E me perguntarem
Qual a minha maior experiência
Aqui neste planeta
Eu não terei dúvidas para responder:
- Não foi a felicidade!
- Nunca foi a alegria!
- Jamais foi o prazer
Ou qualquer outro forte sentimento!
O que eu mais vivi
Intensamente neste planeta
(nem sempre bendito)
O que mais me marcou por aqui
Foi a dor que eu senti
Açoitando-me o corpo e a alma...

Mário Feijó

15.12.16

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

“EU NÃO QUERIA TE INCOMODAR”



“EU NÃO QUERIA TE INCOMODAR”

Ouvi você dizer
Que não queria me incomodar
E por causa disto
Eu me entreguei inteiro ao amor

A um amor não correspondido
Que se eu tivesse sido incomodado
Teria evitado menos incômodos

Talvez eu não tivesse subido aquela serra
Quiçá eu não teria caído
Quando tentei apanhar
Aquela flor que caia para te dar

E não teria sofrido
Agora que vejo a lua despontar
E sempre pensar em ti
- Sabia que eu queria poder dá-la a você?

Penso que foi egoísta demais
Ficando calada e recebendo mimos e atenções
E eu menino, inexperiente,
Sofrendo esta desilusão

Eu pensava em nós dois como um casal
E você em mim, como mais um amigo
Foi sofrido, ainda dói
Tua ausência aqui comigo...

Mário Feijó

13.12.16

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

ESPELHOS




ESPELHOS

Eu olho nos olhos de gente
Procurando encontrar
Dentro deles o amor
Que meus olhos refletem

Queria ver espelhos
Nos olhares de amor
Encontrar reciprocidade
Nos olhos que vejo pelas cidades

Quero ver flores se abrindo
Cachoeiras caudalosas
Que encontro nos olhares de bichos

E me entregar em abraços
Deixando subir aos céus
Uma fumaça branca de paz

Mário Feijó

09.12.16