A TRISTEZA DE CAROL (conto)
1º. CAPITULO
Carol
era uma mulher que por onde passava sempre chamava a atenção. Era bonita,
dentes brancos, sorriso largo e arrasador, cabelos negros longos, porém seu
perfume a precedia, anunciando sua chegada muito antes de sua presença. E, ao
adentrar em qualquer ambiente o som da sua voz abafavam qualquer música
ambiente.
Ex professora, acostumara-se
a falar alto e ela perdera o bom senso, embora muitos já a tenham prevenido
quanto a isto.
Toda a família havia
combinado de se encontrar, em um restaurante, em Florianópolis, à beira da
Lagoa da Conceição. Viria gente de todo lado.
O cheiro de maresia com certeza
iria ameninar o perfume forte e adocicado daquela mulher. A família pensara que
isto amenizaria seu protagonismo escolhendo um local público, ao ar livre, onde
a brisa suave (geralmente causando frisson na pele) e o cheiro de frutos do mar
sendo preparados abriria o apetite em todos naquele dia das mães. Ficara para
trás a comidinha caseira comum na casa de vovó, todos os domingos, onde a
maioria ia sempre, mas também ninguém precisaria lavar a louça daquela tropa
toda. Com certeza sentirei falta do cheirinho do café Amélia que vovó agora
usava, substituindo seu café produzido no quintal por tanto tempo, e que agora
era substituído por um produzido na cidade.
Sobrinhos, netos, irmãos,
primos, todos se fizeram presentes. Se faltou alguém eu não saberia dizer quem,
pois havia ali quase cem pessoas.
Juntamos duas ocasiões: o dia
das mães, no segundo domingo de maio e o aniversário de 100 anos de vovó que
seria dia 17.
Carol veio silenciosa. Estava
comedida naquele dia. Eu diria que tensa. Pouco falou. Sentou-se num canto,
depois de ter cumprimentado vovó e alguns irmãos. Pouco comeu. Pouco falou. Nada
bebeu e em determinado momento eu percebi uma lágrima que ela secara
rapidamente. Seu atual companheiro não estava presente, porém aquele dia e hora
não era o momento certo para uma investigação ou perguntas. Naquele dia não era
Carol a protagonista, mas muitos ficaram de ti-ti-ti numa mesa ou outra. Ela comera
rapidamente e disfarçadamente se afastou do restaurante. Soubemos mais tarde que
havia “saído à francesa”.
A curiosidade aumentara entre
os presente, e, todos tiveram que ficar quietos e esperar pela segunda-feira ou
por notícias que seriam, certamente publicadas no Facebook. Sua vida sempre
fora um livro aberto.
Certamente aquele era um dia
feliz para a maioria, mas não foi o melhor dia na vida de Carol...
Mário Feijó
09.05.17
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