quinta-feira, 7 de maio de 2015

METÁFORAS




METÁFORAS

Lido
Lida
Lindo
         Feito metamorfose
         Onde o gato vira tigre
         E devora a gatinha
         Que apenas ronronava
Vida
Linda
Finda
         Uma história
         Que começara serena
         Apenas com uma pluma ao vento
E termina com um tiro no peito
Tino
Timo
Primo
Apenas um destino
Apenas um sentimento
Lembranças de criança
Memórias de outra vida...

Mário Feijó

07.05.15 


quarta-feira, 6 de maio de 2015

SOL FORTE

Nos sulcos da terra
Minha face árida
Escorrem lágrimas
Um sorriso triste
Formam o leito do rio
Apenas um oásis
Num deserto árido
Mesmo assim eu te quero
Sol forte abrasador
Que assola a terra seca
Que não deixa brotar
As sementes plantadas...

No meio da noite
Gotas de orvalho
Aninham-se em folhas verdes
Para nervosas
Atirarem-se ao solo
Tão logo o sol apareça...

Mário Feijó

06.05.15

terça-feira, 5 de maio de 2015

CHEIRO DE FELICIDADE

CHEIRO DE FELICIDADE



É tão bom quando chega o domingo. Toda a família vem e se encontra na casa da vovó. Fico feliz em rever meus primos, tios e até os cachorros e gatos que trazem. A casa vira um sítio. Por sorte vovó mora no interior.
Fico com pena das goiabeiras, pitangueiras e araçás, que quando veem aquele bando de gente da cidade, ficam tremendo.
Essa gente não sabe as diferenças entre um porco e um cabrito. Eu até expliquei para meu primo de quatro anos que porco tem uma tomada no focinho e cabrito além de um saco ou tetas penduradas (iguais às de vaca) têm galhos.
O bode Barnabé de vovó é tão enfezado e não consegue admitir aquela urbanidade toda. Sai correndo atrás de um e outro toda hora. Vovó tinha um galo que fazia a mesma coisa e bicava todo mundo. Comemos ele no último natal, mas Barnabé, vovô não deixava.
Era bicho de estimação que o acompanhava pelas ruas, onde quer que ele fosse. Era muito manso, mas endoidava quando via seu território invadido.
Adoro ajudar vovó a socar café no pilão. Ficava um cheirinho que se espalhava pela casa inteira. Uma vez fiquei intrigado quando ela colocou uma menina negra dentro do pilão e batia com o socador levemente ao seu redor. Disse ela que era simpatia para curar “arca caída”. Neste instante ouvimos os gritos de três primos que entravam correndo pela casa. Eles tinham descoberto na goiabeira uma “cachopa” de marimbondos. O berreiro foi geral e virou assunto no resto do domingo.
Foi um dia das mães inesquecível. Penso que fiquei por lá faz mais de cinquenta anos. Vivo agora das lembranças e da felicidade daquele tempo que se estenderam por toda minha vida.

____________________________

05.05.15

segunda-feira, 4 de maio de 2015

TEMPERANDO A VIDA

TEMPERANDO A VIDA

Quando você suspira
Ou quando você respira
Parece que aspira a minha vida

Eu sinto que dentro mim
Nascem flores
Rejuvenesce o jardim da vida

E quando tu me beijas
Eu sinto mil colibris
Aspirando todos os meus polens

E neste momento
Eu me torno primavera
Porque tu feito botão
Em minha vida florisses

E eu meu torno flor
Exalando aromas
E eu me torno cor e calor
Para ir temperando a vida...

Mário Feijó

04.05.15

OLHAR POÉTICO

OLHAR POÉTICO

Como se fosse um sonho
Desses que nasce
De um pequeno anseio
Que cresce e se torna desejo

Então todo final de tarde
Quando a luz se desvanece
Escondendo todos os detalhes
Dando novas nuances

Tento me acostumar
Com os segredos da noite
E contentar-me com a pouca visão

Assim: há outro olhar
Que só a noite oferece
De um novo mundo
Sob o olhar da poesia...

Mário Feijó

04.05.15

domingo, 3 de maio de 2015

A VIDA FEITA DE PEQUENOS INTERVALOS

A VIDA FEITA DE PEQUENOS INTERVALOS

Nós vivemos
De nos amar
A todo instante

Manhã
Tarde
Noite

Porém para continuar
Descobrimos que precisamos
Fazer de tempos em tempos
Pequenos intervalos...

Mário Feijó

03.05.15

segunda-feira, 27 de abril de 2015

NO JARDIM

NO JARDIM

Eles eram amores perfeitos
E na luz do girassol
Beijinhos estrelados, jasmins,
Margaridas, lírios, cravos
Fugiam de bocas de leão...

Rosas morenas, Rosas rubras
Dançavam ao sabor do vento
Esperando se esconder
Na boca da noite

Doce mel abelhas nectavam
Borboletas polinizadas
Batiam asas coloridas
Enquanto eu apenas espirravam
Como se estivessem em crise alérgica

Caramujos coloridos procuravam
Pelo brilho do amor
Eu Pessoa pensava em Fernando
Enquanto o jardim poetizava Quintana
Ouvindo versos melodiosos de Drummond

Mário Feijó
28.04.15


PARE DE RECLAMAR! AME MAIS...

PARE DE RECLAMAR! AME MAIS...

Se você quer ser amada
Faça por merecer
Não tenha medo de ser mulher
Tenha orgulho em viver

Pare de reclamar da vida
Vá à luta
Ame seu homem intensamente
Não tenha medo de ser vadia

O amor nos faz feliz
E é a partir do sexo
Que realizamos fantasia

Perca as culpas
Perca o medo
Seja feliz todos os dias...

Mário Feijó

27.04.15

sábado, 25 de abril de 2015

MISSÃO DIVINA

MISSÃO DIVINA

Tenho admiração por tigres
Fortes, viris, dominadores
Quase extintos pela ganância...

Tenho dó desta mulher
Que age feito galinha
E faz muito cocó-ri-có...

Tenho nojo dos sapos
Que só comem insetos
E que são devorados por cobras...

Tenho medo das cobras
Que não fazem mal nenhum
Apenas lutam pela sobrevivência...

Tenho paixão por baleias
Um animal esplendoroso
Que consegue sobreviver em nossos mares...

Tenho carinho pelos macacos
Arteiros, parceiros, nossa imagem
Quase semelhança com nosso passado...

Tenho amor por bichos, por plantas,
Pelos que lutam pela sobrevivência
Cumprindo suas missões divinas...

Mário Feijó

25.04.15

sexta-feira, 24 de abril de 2015

AMOR QUE SE MULTIPLICA

AMOR QUE SE MULTIPLICA

Se você não souber amar
Proponha-se a aprender: pratique!

Se voe quer ser feliz
Tente ao menos uma vez. Não dói!

Se você quer ter dinheiro
Levante-se cedo, vá à luta: trabalhe!

Se você quer ter amigos
Abra seus braços e um sorriso no rosto!
É o começo...

Se você quer ver borboletas
Não crie sapos, eles devoram insetos...

O amor se multiplica
Quando aplicado sem restrição
Ai aparece a felicidade
Em tudo o que você faz...

Gente que ama e é feliz
Abre as portas para o sucesso
Aí o dinheiro aparece
Aprenda a não ser seu escravo...

Gente que tem amigos
Tem borboletas pousadas nos pensamentos...

Mário Feijó

24.04.15

AS TUAS COXAS

AS TUAS COXAS

Estas tuas coxas
Torneadas em mármore
Oras tão bronzeadas
Oras apenas carne sedutora
Escondem segredos
Não só quando se chegam
Mas também nas vezes
Em que me envolvem
Escondem segredos
Que afetam a minha libido...


Mário Feijó

24.04.15

quinta-feira, 23 de abril de 2015

AREIA E ÁGUA

AREIA E ÁGUA

Algumas vezes eu penso
Que tudo é eterno
Que não haverá mais noites
E que minha vida
Será de dias sem fim...

Eu penso que todos os dias
Serão dias de amor
Que todos os beijos
São favos de mel
E que nós vivemos em uma colmeia...

Eu gostaria da eternidade de uma primavera
Com flores se abrindo
Com borboletas voando
E nós vivendo a excitação
Que as primaveras incitam...

E penso ainda que todas as noites
Você estará me amando
Como se fossemos praia e oceano
Formando uma única paisagem
Mas eles são coisas distintas:
São areia e água...

Mário Feijó

23.04.15

quarta-feira, 22 de abril de 2015

NO AMOR...

NO AMOR...

Vivo morrendo
E renascendo
Todos os dias
Em nome do amor...

Mário Feijó

2204.15 

CONVERSA DE APAIXONADOS

CONVERSA DE APAIXONADOS

Eu queria um beijinho...
Você tem algum?
Pode ser até um pequenininho
- Não. Não tenho. Pode ser selinho?
- Não. Selinho, não serve...
- Eu queria um beijinho,
Mesmo que fosse um pequenino
- Se você não quiser um selinho
Ficará sem meus beijos...

Mário Feijó
22.04.15


terça-feira, 21 de abril de 2015

MAÇÃ VERDE

MAÇÃ

Trazias na boca
O gosto do pecado
Maçã mordida
Semente plantada
E quando a lua
No alto do céu desponta
Eu vejo no mar
O rastro de um adeus
É o amanhã com gosto de despedida
O ontem com sabor de pecado
Maçã verde
Boca vermelha...

Mário Feijó

21.04.15

sábado, 18 de abril de 2015

AS MIL E UMA NOITES DE SHERAZADE

AS MIL E UMA NOITES DE SHERAZADE

Ontem, meu caro sultão, eu havia pensado que poderíamos ter feito sexo oral, mas percebendo que o senhor estava cansado quis apenas fazê-lo ter bons sonhos contando-lhe histórias que li e ouvi pelo reino quando ainda era solteira.
Eu percebo, meu marido, que nunca ouvi de outra mulher histórias tão interessantes sobre performances sexuais quanto às que vivo com o senhor, agora que é meu marido. Confesso-lhe que estou encantada. Pergunto-lhe se já ouviu falar do livro chamado Kamasutram, um tratado indiano sobre o desejo.
Penso que meu senhor, Rei Shariar,  caso conseguisse um exemplar poderíamos colocar em prática algumas posições que nele são mostradas, onde cada noite seria única para nosso amor. Caso seja este o seu desejo, eu ficaria feliz em praticá-lo com meu marido e senhor.
Hoje podemos começar onde ontem paramos. Já mandei preparar uma banheira com sais aromáticos e ervas. Depois iremos para nosso leito, onde mesmo extasiados poderemos continuar e, se o senhor estiver disposto, tenho uma bela história para lhe contar, disse Sherazade ao sultão.
Ouvi falar que Cleópatra e Marco Antônio tinham um amor tão grande porque aprenderam a não ter pudores no amor. Usava ela cremes afrodisíacos, leite de cabra no banho e até, ouvi dizer, que raspavam os pelos pubianos. O senhor pode ter ficado horrorizado, mas poderíamos tentar algo parecido, caso deseje. Lembre-se de que sou sua esposa, mas sua escrava sexual, caso queira experimentar coisas novas.
Soube pela criadagem que o correio persa trouxe-lhe uma encomenda esta tarde. Será possível que já tenha conseguido o tal livro que lhe falei.
Esta noite pensei em fazer uma dança sensual – a chamada dança do ventre – que aprendi com as dançarinas de um grupo de teatro mambembe que se apresenta na cidade. Uma delas deu-me aulas à tarde inteira.
Amanhã... somente amanhã começaremos a praticar o que o livro Kama Sutra ensina, caso tenha sido esta a encomenda que hoje à tarde lhe entregaram.

Mário Feijó

16.04.15  

ESTÁTUA

ESTÁTUA

Já vens talhada
Não posso mais te moldar
Ou te aceito como és
Ou te descarto por não te amar

No entanto posso mudar tuas cores
E com pinceis e um pouco de tinta
Dou novos coloridos à tua face
Coloco cores em teus cabelos

Ainda ásperas estão tuas pernas
Por teus braços passo verniz
Dou um retoque em teus lábios
Passo tinta no nariz

Tento descobrir teu coração
Escondido por entre uma camada de gesso
Escondo completamente tua pele
Sem poder usar o vermelho

Sopro ar sobre tua cabeça
Tentando dar um pouco mais de vida
Mas a estátua continua parada
Sob a tinta escorrida

Somente o sol pode te dar um pouco de brilho
Vejo um sorriso escondido pelas tintas
Bate o vento cai a estátua
Em mil pedaços no chão partida...

Mário Feijó

18.04.15   

quarta-feira, 15 de abril de 2015

SENHORITA M.

SENHORITA M.

Todos fugiam de ti com medo
Eu apenas te contemplava
Feito destino inevitável
De que me adiantaria fugir?

Mórbida passavas ao largo
Eras apenas um contraponto
À vida que todo o tempo
Fazia questão de me acompanhar

Há doçura no teu abraço
Já que a vida que me enredava
Sempre me oferecias apenas sofrimento
Tu, ao contrário, ofereces o descanso...

Mário Feijó

15.04.15

CRIADOR

CRIADOR

Todo amor
Sou teu anjo
Apenas um aprendiz

Mário Feijó

15.04.15

terça-feira, 14 de abril de 2015

BEIJOS COM CHOCOLATE

BEIJOS COM CHOCOLATE

         Ontem à tarde derretendo chocolate para fazer bombons ela vestiu-se apenas com avental e calcinha. Afinal de contas a tarde estava quente e ela estava sozinha em casa.
Preparou as formas. Pegou leite condensado, coco ralado e morando... lembrou que esquecera dentro do táxi as caixas de morango. Telefonou para o taxista e pediu que mandasse lhe entregar em casa, mas ele falou que não poderia ir e ia ver o que podia fazer.
A casa transcendia a chocolate quente... Pensava na sua solidão e nos filhos distantes e se controlava para que as lágrimas não se tornassem ingredientes da sua receita.
Seu coração era tão doce e naquele momento estava amolecido pela saudade. Lembrava do ex-marido e da saudade de ter alguém ou estar nos braços de alguém.
Distraída com as lembranças nem ouvira alguém batendo na porta. Era um jovem entre 25-30 anos, alto, queimado de sol, musculoso, sorriso de pipoca, tão alvo e brancos. Seus olhos verdes pareciam o mar distante.
- Olá sou Roberto. Meu pai pediu que lhe trouxesse os morangos que ficaram no táxi.
- Meu Deus. Não acredito. Lembra de mim? Estudamos juntos.
Tinham sido os primeiros amores, um na vida do outro e a vida os tinha separado.
Que homem lindo ele havia se tornado. Agora ela percebia. Abriu somente uma fresta da porta para apanhar os morangos, tendo em vista seus trajes.  
Ele disse:
- Mas que cheiro delicioso de chocolate não vai me oferecer um bombom?
- Entre que eu vou colocar uma roupa decente, eu estava sozinha em casa e com este calor...
Roberto entrou e não resistiu Heloisa naqueles trajes, puxando-a para si, ao que ela pegou um bombom de chocolate e colocou na boca do rapaz tentando evitar o que parecia inevitável.
Roberto com o bombom na boca apertou mais Heloisa contra o peito e tascou-lhe um beijo que era puro chocolate.
Os bombons de morango que seriam os próximos a serem feitos foram esquecidos para depois. Heloisa nem lembrava mais de seus trajes. Agora suas lágrimas nem faziam mais sentido...

Mário Feijó

14.04.15

segunda-feira, 13 de abril de 2015

BEIJOS DISTRAÍDOS

BEIJOS DISTRAÍDOS

Eu era feliz contigo
Porém teus beijos
Eram gelados
Mesmo quando juravas amor

Tua presença
Era ausente
Mesmo quando eu te via

Acabei me tornando
Uma pérola que se esconde
Dentro da sua ostra

Sobrevivi quando
Uma onda arrebatadora
Arrancou-me daquele leito aveludado
E a morte distraída foi embora...

Mário Feijó

13.04.15

sábado, 11 de abril de 2015

COISAS QUE A POESIA TORNA POSSÍVEL

COISAS QUE A POESIA TORNA POSSÍVEL

Beijar a face do sol
Fitar a face da lua
Abraçar o vento
Entregar-se nos braços do mar
Conversar com os pássaros
Voar com eles até
Catar estrelas no céu
Sentir o perfume da lua
Entregar-se à paixão primaveril
Sonhar com outonos
Olhar para frente e verão
Caminhar por estradas cheias de brilhantes
Ir a Marte só para encontrar alguém
Ter sorriso de estrelas
Cheiro de primavera mesmo no inverno
Cheiro de amor na saudade
Ser feliz dentro das lembranças
Voar... voar... voar para quem não é pássaro
Beijos com gosto de jabuticaba madura
Pele com gosto de pitanga
Cheiro de chuva molhada
Amor que não acaba
Ser eterno no hoje
Descobrir que a vida é um presente e
Que precisa ser aberto todos os dias!
Sonhar... sonhar... sonhar, mesmo acordado e
Perceber que tudo é possível
Quando temos olhos de poesia...

Mário Feijó
11.04.15

sexta-feira, 10 de abril de 2015

AMORES FEITOS DE BRISA

AMORES FEITOS DE BRISA

No inicio era apenas sexo
Éramos girafas no cio
E nosso encontro um tsunami
Porém quando baixou a força das águas
Descobrimos a beleza de estar juntos
De ouvir uma música
E nos perdermos dançando
Entregues um nos braços do outro...

Agora olhamos para trás
E vemos alguns estragos
Coisas que temos que colocar nos eixos
Vida que precisa ser arrumada
O que parecia ser somente paixão
Tornou-se um grande amor
Daqueles que nos assusta
E que também assusta aos outros...

Lá fora brilha um sol intenso
Até a lua não quis ficar na noite
Estava à beira mar com peixinhos
Que corriam em nossos pés
E estrelas sem brilho que se atiraram
Na noite passada ao mar...

Eu já fui furacão
E dizem que tu também
Mas nos braços um do outro
Somos apenas brisa de outono
Temendo o inverno que se aproxima...

Mário Feijó

09.04.15

ARTE QUE FAZ ARTE

ARTE QUE FAZ ARTE

A arte é extraída
Da alegria, da dor,
Da felicidade e de tantos outros
Sentimentos de um artista

Ela retrata o seu olhar do mundo
Usa tudo o que sente
Mistura em um caldeirão
E com pinceis e telas,
Caneta e papel
Ou material que recicla
E faz disto uma gestação

É chegada a hora da criação
E num parto muitas vezes doloroso
(ao mesmo tempo prazeroso)
O amor acumulado
O sentimento gestado
Nasce e torna-se sua obra
Um filho seu...

Mário Feijó

10.04.15

quarta-feira, 8 de abril de 2015

MÚSICA NA NOITE

MÚSICA NA NOITE

O mundo inteiro dorme
Na hora em que eu fecho os olhos
Sim! O meu mundo dorme comigo
Quando chega o meu sonho

Tenho paz e sonho com ela
E há em meus sonhos um fundo musical
É um assovio de “Moon River”

Acordo feliz e extasiado
A casa está silenciosa
No entanto a música continua
É apenas um assovio distante

E quando aquele homem
Que a assoviava se distancia
Leva consigo minha nostalgia
Eu apenas faço uma oração agradecendo a vida

Mário Feijó

08.04.2015 

A LUA E O RIO

“MOON RIVER”

Era madrugada. Todos dormiam, menos Peter que saia da lanchonete, onde trabalhava para sustentar a família. Ele morava num subúrbio distante de Nova Yorque. Nascera lá, mas tinha também cidadania brasileira porque os pais haviam ido pra lá tentar a vida.
Ele tinha apenas 14 anos quando os pais morreram no terror do Wolrd Trade Center, em 11.09.2001. Fora morar com uma tia. Passou-se muito tempo até que ele superasse o susto e o medo. Sua tia tinha adoração por Audrey Hepburn e por Bonequinha de Luxo e, sempre que podia ouvia e cantava Moon River. Agora a música não lhe saia da cabeça enquanto caminhava, neste inicio de primavera, no hemisfério norte, caminhando em direção ao lar, onde a esposa Karen lhe esperava, corpo quente e uma térmica com café novinho, para lhe agradecer o amor que lhe dava, agora que se preparavam para receber os gêmeos que chegariam no verão.
Era paz em seu coração. Finalmente tinha paz e esperança e queria que o mundo fosse tão belo quanto fora Audrey ou tão encantador quanto fora o filme Bonequinha de Luxo.

Mário Feijó
08.04.15


Texto inspirado na coluna de David Coimbra, publicado no dia 07.04.15, no Jornal Zero Hora, Rio Grande do Sul.

O rio - 07 de abril de 2015 (David Coimbra)

Quando fecho os olhos, pouco antes de dormir, às vezes penso que o mundo inteiro está dormindo naquele momento… há algo de importante nisso. Por mundo inteiro refiro-me ao meu mundo, claro. Ao mundo que me interessa, são as pessoas que eu conheço.
Imaginar que todas as pessoas estão dormindo é reconfortante. O sono é algo que nos iguala em nossa condição básica, que é a condição animal. Durante essas horas, não existem poderosos nem oprimidos, não existem ideologias, dogmas, crenças ou moral. Ninguém pode fazer mal a ninguém, ninguém faz um comentário ácido na internet, ninguém tenta convencer ninguém de que algo está errado, até porque erros não são cometidos durante o sono. Durante o sono, dorme-se, tão somente.
Hitler, se vivo estivesse, estaria dormindo também, e seu sono seria tão inocente quanto o de um nenê que nasceu ontem.
É tão bom pensar isso. Pensar que o mundo está em repouso.
Noite dessas, alta madrugada, acordei. Continuei deitado na cama, imóvel sob as cobertas, ouvindo o murmurar do silêncio. Nenhum cachorro latia, nenhum carro passava ao longe, eu mal ouvia o ressonar da minha companheira, ao meu lado. Então, baixinho, porém nítido, assomou um assobio. Era um assobio masculino, tenho certeza, e ele vinha à distância, talvez lá da outra ponta da quadra, além da esquina.
O que aquele homem fazia na rua àquela hora? Devia caminhar sozinho e sem pressa. Ninguém assobia de madrugada, se está acompanhado ou apressado. Imaginei que caminhasse de mão no bolso, olhando para o céu azul-escuro, admirando alguma estrela mais vaidosa.
Prestei atenção para identificar a melodia. Era Moon River, que a gloriosa Audrey Hepburn cantou sentada à janela do seu apartamento em Bonequinha de Luxo. É uma música linda e nostálgica. Uma música triste.
Fiquei ouvindo. Ele assobiava bem. O som veio crescendo à medida que se aproximava. Moon River. Ele assobiava para si mesmo, nem desconfiava que havia alguém acordado, deitado, ouvindo. A melodia preencheu o quarto e o meu coração. Era como o rio da música, lento e eterno, sempre o mesmo e mudando sempre.
Ele continuou assobiando enquanto se afastava, e a melodia foi se esvanecendo aos poucos e, naquele instante, por algum motivo, pensei em todas as pessoas que amo, que estavam quietas no escuro de seus quartos, dormindo, sem saber que, em certa parte do mundo, alguém assobiava de madrugada e que outro alguém ouvia em segredo. E, então, senti a emoção aquecer-me o peito, e fiz uma pequena oração para que, quando a luz retornasse e o rio dos dias voltasse a correr, tudo ficasse igual como nas horas de sono. Tudo ficasse em paz.

terça-feira, 7 de abril de 2015

SIM


SIM

Eu poderia e posso amar-te
Por toda uma vida
Porque neste momento
Somos eternos
E o hoje é eterno
Enquanto há vida
E esperança nele...

Sim
Eu acredito
Que não somos os únicos
Diante de um universo
Infinitamente grandioso
Diante de forças
Que não podemos explicar
E diante do inexplicável
Eu me rendo e me curvo...

Sim
Eu sei que as forças
Que eu alimento em mim
Crescem e se propagam no universo
E me envolvem
E traçam o meu destino
Quando o amanhã for hoje
Portanto há volta
Da energia que irradiamos
Por isto aqui se faz
Aqui se paga...

Sim
Eu sou parte desta energia cósmica
Que evolui interagindo com o universo
E de acordo com a energia
Com a qual eu interajo
Cresço e evoluo nela.
Se quero o bem e o faço
Atraio o bem pra mim
E na força do bem eu me protejo...


Mário Feijó – 07.04.15

segunda-feira, 6 de abril de 2015

SARAU MARGS dia 09.04.15


SER DE LUZ

SER DE LUZ

Ser de Luz
Que irradia energia
Cure-nos dos males
Instalados em nosso corpo

Dá-nos a benção da tua paz
Derramai sobre nossas cabeças
A cura do corpo e do espírito

Somos todos aprendizes
Ensina-nos a humildade
Dai-nos forças para suportar
As agruras do dia-a-dia

Guia a minh’alma
Por caminhos de amor
Para que minha energia
Abrigue os mais desvalidos que eu...

Mário Feijó

06.04.15

domingo, 5 de abril de 2015

PARTE DE MIM

PARTE DE MIM

Agora és uma parte de mim
A parte que me faz sonhar
A parte que me faz sentir arrepios
A parte que me fez descobrir o amor

Acabaste te tornando
Um rumo
Meu prumo
O caminho que sigo
A minha fonte de amor

E juntos temos visto estrelas
Temos corrido contra o vento
Esquecidos do tempo
Tudo em nome do amor

E quem desconhece o amor
Não saberá me entender
Nem consegue nos compreender

Mário Feijó

05.04.15  


quinta-feira, 2 de abril de 2015

SERES PENSANTES

SERES PENSANTES

Éramos apenas sais minerais
Água, pó e minérios
Dispersos na natureza

Um dia
Uma força vital
Deu-nos vida
Sopramos ar

O ar que nos entra
E sai dos pulmões
E que nos transforma
Agora em seres vivos

Dentro de nós
Passa a morar um espírito
Que faz o corpo pensar
Porque a inteligência está com ele

Mário Feijó

02.04.15

NOVO AMOR

NOVO AMOR

Beijos
Molhados
Cuidado
A
Inveja
Espia
Atrás
Das
Janelas
Fechadas...

Mário Feijó

02.04.15

quarta-feira, 1 de abril de 2015

A MENINA E A LAGARTIXA – FÁBULA

A MENINA E A LAGARTIXA – FÁBULA

Correndo pelos campos, laço amarelo no cabelo que voava ao vento, Isabela saltitava dizendo-se borboleta. Cheirava todas as flores e quando viu camélia gritou:
- Que lindas! Que perfumadas, tinha ela quatro anos, na época.
- Isabela: camélias não têm perfume!
- Têm sim! Retrucou.
- Então que perfume elas têm, perguntou a avó.
- Elas têm perfume de primavera...
- Entra menina. Vai chover.
Isabela sem ter o que fazer, dentro de casa, andava à procura de algo para se distrair.
Olhou num canto e viu uma lagartixa que a olhava, entre curiosa e amedrontada.
De repente ouviu uma vozinha bem baixa que dizia:
- Hei menina! Meninaaaaaaa. Qual é o seu nome?
Procurou e não sabia de onde vinha aquele sussurro.
Era a lagartixa querendo conversar.
- Ué!! Você fala? Disse Isabela.
- Ué!! Você não fala? Por que eu não posso falar? Disse a lagartixa quase se sentindo ofendida.
Assim ficaram as duas até resolverem que ambas falavam e se entendiam.
Contou-lhe a lagartixa que tinha nascido jacaré, mas que por falta de rios limpos torna-se lagartixa. Era muito mais fácil andar se equilibrando por paredes do que nestes rios tão poluídos por aí. Ainda por cima com tão poucos peixes.
- Nas paredes, pelo menos eu como alguns mosquitos e já estou satisfeita.
- E você menina o que gosta de comer? Disse a lagartixa.
- Eu como de tudo. Mas adoro os doces e as lasanhas da minha avó, disse Isabela.
- Bem, tenho que ir porque até agora ainda não comi nenhum mosquito e a minha barriga ronca. Você tem sua avó que faz coisas gostosas.
- Beijos lagartixa. Não coma as minhas borboletas, tá?
Nisto entra a avó que pergunta:
- Com quem falavas Isabela?
- Ah, vovó vamos mudar de assunto? Quero um refrigerante com bolo. Pode ser?


Moral da história: quando o rio não está pra peixe até jacaré vira lagartixa.

ORAÇÃO AO CRIADOR

ORAÇÃO AO CRIADOR

É bom quando abrimos os braços
E dentro dele abrigamos
Aqueles que desgarrados
Sentem-se perdidos, desiludidos

O calor do amor
A paz da fraternidade
A fé que tudo cura
Fazem milagres

Acreditar que tudo podemos
Que Deus está conosco
Quando em nossos braços
Amparamos aqueles que de amor precisam

Energias que se mesclam
Abrem caminhos para o Criador
Conectando-nos ao universo
Numa hora onde nos ligamos todos...

Mário Feijó

01.04.15

terça-feira, 31 de março de 2015

COISAS DE CRIANÇA POETA

COISAS DE CRIANÇA POETA

“- A tua amizade é a minha paz”. Daniele...


Conversando sobre a primavera e flores

Isabela diz a sua avó:
- que flor é aquela?
- Camélia. Diz Silvânia.
- Que cheirosa.
- Mas Camélia não tem cheiro.
- Tem sim!
- Cheiro de que?
- Cheiro de primavera. Disse Isabela.

MÁRIO FEIJÓ
30.03.15


ANINHADO

ANINHADO

Eu já nem digo mais
A um novo amor:
“esperei por ti a vida toda”
Porque quando digo fogem no susto

Agora eu apenas
Abro meus braços
Coloco uma música
Faço poemas e me aninho

O amor que me arrebata
Feito vento na janela
É insolente querendo me dominar

Temeroso eu fico em teus braços
Faço-me de bicho preguiça
Sem pressa de correr pela vida...

Mário Feijó

31.03.15

segunda-feira, 30 de março de 2015

AMOR SEM CULPAS


AMOR SEM CULPAS

Desde que escolhemos
Deixar o amor nos guiar
Descobrimos que nosso
Livre arbítrio não interfere
Nas escolhas que poderíamos fazer...

O amor simplesmente acontece
Não adianta espernear
Eu agradeço a Ele
Por ter me dado você...

Os outros que esperneiem
Pois que culpas tenho eu
Por amar você?

Mário Feijó

30.03.15

domingo, 29 de março de 2015

MUDANÇA DE ESTAÇÕES

MUDANÇA DE ESTAÇÕES

Nem bem o verão se foi
Ando a desfolhar-me
Ganhando resistências
Para o inverno que virá

Perco pétalas
Em cada sopro do vento
Olhos desbotados
Em folhas amareladas

Ainda sinto o cheiro da maresia
Que se impregnou
Na minha pele amorenada

Beijo em tua boca o salitre
Da água do mar
Como se fosse colibri
Procurando teu colo...

Mário Feijó

29.03.15

sábado, 28 de março de 2015

AMOR ETERNO, ETERNO AMOR

AMOR ETERNO, ETERNO AMOR

Duvidavas que eu pudesse amar-te
Ando te amando perdidamente
Quase a Marte fui, só delírios,

Na passagem vi estrelas
Estive no olho do furacão
Quando estive na aurora boreal

Amor eterno não se jura
O amor não vive delas
Mas do amor que sentimos
E que não precisamos comprovar

No entanto se quiseres saber
Espere pela eternidade
Lá continuará meu amor
Intacto dedicado a ti...

Mário Feijó

28.03.15

sexta-feira, 27 de março de 2015

GAIVOTA

GAIVOTA

Ando voando feito gaivota
Perdida à beira mar
Oras faminta
Aventuro-me na pesca
Noutras apenas pouso tranquila
Na areia quente
Confraternizando
Com aquelas cansadas do mar...

Mário Feijó

27.03.15

A ETERNIDADE DO DIAMANTE

A ETERNIDADE DO DIAMANTE

Eu te esperei
Por uma vida inteira
E agora que chegou
Não queria mais que partisse

Queria a rotina
Dos teus beijos
Do sexo que fazemos
A eternidade de um diamante

E agora te vejo partir
Como se fosse uma gema
Que se fragmenta
E tenho as dores dos pedaços

Bate o vento e vais
Chega a noite e te vais
Por qualquer motivo bobo
Vejo-te partir nas dunas à beira mar...

Mário Feijó

27.03.15

quarta-feira, 25 de março de 2015

ENERGIA DIVINA

ENERGIA DIVINA

Tão forte quanto os cactos
Que no deserto sobrevivem
Sugando os suores da noite
Eu sobrevivo de teus beijos
Às vezes com gosto de pitanga
Noutras parecendo
Uma jabuticaba madura

Não me deixarei vencer
Pelo calor abrasador do sol
Que ao mesmo tempo é vida
E a força destruidora da minha pele

Eu sou andorinha incansável
Que voa milhares de quilômetros
Para procriar e sobreviver

Seiva de cactos que sobrevive em mim
Que me dá sustentação e vigor
Como se fora energia divina
Onde não perecerei
No desamor dos desamados
Mas da seiva de cactos
Que dentro de mim é vida...

Mário Feijó

25.03.15 

terça-feira, 24 de março de 2015

CORAÇÃO APERTADO

CORAÇÃO APERTADO

O meu coração
Sempre pareceu tão grande
Nele cabia todo mundo
E sempre sobrava espaço

Depois que você
Na minha vida entrou
O meu coração parece
Ter ficado apertado

Ou você passou a ocupar
Um espaço muito grande
Ou foram os outros
Que começaram a fugir

A mim não importa
Há sempre muito amor
Eu só não gosto da sensação
De me sentir abandonado

Por isto cresça em meu peito
Ocupe os espaços por outros deixados
Só não me iluda, nem me engane
Ou viverei angustiado...

Mário Feijó

24.03.15 

SUSPIROS

SUSPIROS

Eu gostaria de entender
Um pouco mais de suspiros
Porque toda vez que estou feliz: suspiro
E toda vez que sinto saudades
Suspiros vêm

Alguns vêm dobrados
Como se fossem presentes d’alma
E por falar em alma
Toda vez que suspiro: ressuscito

Outro dia, depois do amor: suspirei
Ainda há pouco, apenas pensei no amor
E com novo suspiro: ressuscitei.

Mário Feijó

24.03.15

segunda-feira, 23 de março de 2015

PLANTAÇÃO DE BERINJELAS

PLANTAÇÃO DE BERINJELAS

Este ano acreditei
Em algo bem diferente
Arei a terra, reguei, afofei
E coloquei mudas de berinjela

O meu coração é assim
Está sempre escaldado
E berin(gela) tudo...

Mas não quero coração frio
Quero-o bem quente
Mesmo com corpo suado

Dizem que o amor
É uma flor roxa
Mas neste ano eu queria
A berinjela que plantei

E agora que o mês termina
Tenho águas de março na boca
Dos teus beijos misturados
Saliva que minha boca gela...

Mário Feijó

23.03.15

domingo, 22 de março de 2015

APRENDENDO A SOBREVIVER

APRENDENDO A SOBREVIVER

Hoje eu senti saudades
Do que eu fui ontem
Porém que fui
Eternizei você em mim...

Agora estou forte
Teu corpo foi-se
Mas a tua alma
Está aprisionada em mim...

Aprendi a sobreviver de lembranças
As saudades salvam buracos negros
Que marcam e latejam...

Eu aprendi a ser feliz
Basta que o sol clareie meu dia
Basta que eu acorde pela manhã
E aspire no travesseiro
O cheiro que ali deixaste...

Mário Feijó

22.03.15