Aonde foi parar aquela fantasia que me encantava quando chegava a páscoa? Eu colocava embaixo da cama, junto com meus cinco irmãos, um pratinho com capim para que o coelhinho deixasse ovinhos e outras guloseimas dentro da minha cestinha. Era um encanto conviver com esta fantasia e eu preferia ter continuado acreditando nela.
As crianças de hoje não acreditam em mais nada e as vezes eu penso que não são ensinados a acreditar nem em si mesmos.
Eu precisei ter dezoito anos para acreditar que era gente, para tomar uma decisão sozinho, sobre as coisas da vida, e até para sair à noite.
Hoje vejo crianças com oito, dez anos drogadas e dormindo nas ruas. O que aconteceu com a infância? Com a inocência que era pertinente a ela?
Eu me nego a crescer! Quero ser sempre este menino que sou. Síndrome de Peter Pan? Não sei! A vida é melhor quando acreditamos na simplicidade e com ela pautamos nossa vida e também, em cima de pequenas coisas que podem proporcionar alegria e felicidade.
É tão fácil ser feliz! Basta acreditar em si mesmo. Incentivar o lúdico. Acreditar que posso e finalmente conseguir.
Hoje em dia, ninguém mais pensa na vida com coisas simples, como chupar pitanga, comer goiaba no pé, chupar laranja apanhada no quintal: tudo já vem em caixinhas de suco. Para que ter trabalho? É o que pensam. Muitas crianças pensam que as frutas são colhidas em supermercados. Que a água é feita em fábricas ou que nascem dos canos nas paredes. Preservar? Pra que? A gente compra tudo pronto. Então eles não têm tempo para correr nos riachos, pegar piavas e colocar em copinhos, quebrar o braço ou a perna porque trepou numa árvore. Os pés não espetam mais nos espinhos ou em rosetas, porque todas as crianças usam tênis de marca e o que não os têm roubam de quem tem, pois o culto é “ter”. O homem está esquecendo de “ser” e não ensina mais seus filhos a sê-los...
Natal, páscoa são épocas para vender e comprar. Todos esqueceram seus significados...
Eu proponho que nesta páscoa renasçamos para a fantasia, para as coisas mais simples, para o amor em família.
Então: BOM DOMINGO NA CASA DA VOVÓ!
Mário Feijó
02.04.10