segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

‘EU TE AMO’, DIZ O MAR

‘EU TE AMO’, DIZ O MAR

Quando eu coloco meus pés
Dentro da água gelada do mar
Sinto um arrepio que vai
Da sola dos pés até a coluna

O mesmo acontece
Quando o teu corpo toca o meu
Causando um arrepio
Eu sou garça perdendo a graça

Arrepiando as penas
Pé ante pé entro no mundo dos sonhos
Onde o teu prazer é o meu prazer
Na hora em que dizes “eu te amo”

E mesmo que o digas todos os dias
Eu não me cansarei de ouvir
Porque é isto que o faz continuamente
Quando se joga em ondas aos pés da praia

Mário Feijó

29.02.16

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

ACORDE

ACORDE

Hoje eu acordei pássaro
Bati as asas
E voei até a tua janela

Num fio de eletricidade
Eu cantei a minha liberdade
Queria te ver
Alegrar teus dias
Espantar teus medos
E nada...

Nada aconteceu
Tu não despertaste
Nem viste o sol que brilhava
Naquele dia tão lindo

Eu sem você
Voei, voei, voei
Quase tive um choque
Tudo por ti
E tu? Nada!
Apenas dormias...

Mário Feijó
26.02.16

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

CAMINHOS

CAMINHOS

Algumas vezes
Somos marcas na areia
Que o tempo, o vento
Ou as ondas do mar apagam

Noutras somos apenas sombra
Diante da luz do sol
Algo tão pequeno e efêmero
Diante de um astro poderoso

Algumas vezes somos sentimento
Amor, amizade, solidão
Caminhamos seguindo em frente
Às vezes mudando de direção

Noutras não somos nada
Apenas um grão de areia
Que o vento leva
Diante do universo, da imensidão...

Mário Feijó

25.02.16

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

FIOS CORTADOS

FIOS CORTADOS

Amores são laços
Abraços apertados
Nós que nos amarram
A alguém em quem confiamos

Mas quando o tempo
Ou até mesmo rajadas
Desamarradas pelo vento
O amor esmorece

E nós queremos segurança
Quando estamos com alguém
Assim confiamos ao outro
A chave da nossa vida

Eu já não sei aonde andamos nós
Fios soltos ao vento
Ou seremos folhas secas
Jogadas de um lado para o outro?

Mário Feijó

22.02.16

O AMOR







O amor é "tipo" uma flor e nós deveríamos aprender com os jardineiros como cultivá-lo... 

Mário Feijó

domingo, 21 de fevereiro de 2016

COTIDIANO


COTIDIANO

O sol que já tinha nascido,
Espreguiçava-se por entre as nuvens...
Hora espiava... Hora expunha-se desavergonhadamente
Enquanto uns apenas caminhavam
Ele estendia seus raios sobre as nuvens
Dando luz ao dia e aos seus adoradores
Ao longe, a praia parecia deserta
Porém entre os escombros e as dunas
Dentro dos aptos havia
Os que também se espreguiçavam, outros
Vinham pela beira da praia
Alguns a fazer exercícios caminhavam
Misturando-se entre os que apenas pescavam

Na praça já havia crianças brincando
Fechado o bar ainda estava,
Pois a ressaca fora grande.
Na beira da praia, ratos deixavam seus lixos
(ou seriam homens, mulheres e crianças sem educação)...
Não posso afirmar nada. Era apenas um observador.
O Quero-quero catava seu alimento aqui e ali
Quando de repente surge uma enorme imagem
(seria um extraterrestre?). Ilusão!
Era apenas o fotógrafo catando imagens do cotidiano...

Famílias passeavam ouvindo música e conversando
As marcas que ficavam, logo eram lambidas pelo mar
Enquanto isto as garças,
Acostumadas às andanças dos humanos,
Pescavam seus alimentos,
Voando sempre que uma onda mais forte vinha
Não era hora de molhar as penas.
Que pena, nunca vi uma garça tomando banho.
Pensei como conseguem ser tão branquinhas?

O mar parecia ouro derretido
Vendo de longe ainda havia um gris
Deixado pela noite e pela bruma que o mar trazia
E o mar majestoso ia e vinha...
Igual às pessoas... igual às formigas...
E a bruma ao longe, aos poucos sumia...

Meus pés na água fresca se misturava à espuma do mar
Perto... Tão perto estava o farol imponente
Observando o que se passava longe...
E os homens e mulheres deixavam marcas
Que o raiar do dia e as ondas do mar,
Indo vagarosamente apagando...

Nem um pio, dava a coruja
Apenas observava mais um cotidiano.

Mário Feijó
21.02.16

(com todas as fotos de cada situação no meu facebook)



sábado, 20 de fevereiro de 2016

MALABARISMOS

MALABARISMOS

Joga pra cima
Joga para os lados
São argolas, laranjas
Bolas, bambolês

Alguns cospem fogo
Outros fazem contorcionismos
Alguns nas esquinas
Outros pela vida afora

Eu já fui jogado
Para todos os lados
Já cuspi fogo
Engoli chumbo derretido

Agora faço contorcionismos
Para poder sobreviver
Feito os malabaristas
Pelas ruas da cidade...

Mário Feijó

20.02.16

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

ESPERAS

ESPERAS

Eu não gosto de esperas
Fico ansioso, angustiado
E a pessoa pela qual esperamos
Nem imagina este sofrimento

A espera quando é compromisso
Faz com que fiquemos angustiados
Quando o encontro demora a acontecer
Ontem eu te esperei, hoje espero meu vôo

Nem sempre as esperas são esperanças
Porque a esperança é de algo
Que pode ou não acontecer
E a espera é promessa de encontro

Eu já esperei o sol nascer
E fiquei feliz quando despontou
Porém esperar alguém que disse vir
Não tem o mesmo brilho do sol...

Mário Feijó
10.02.15

ANGELINA: O ANJO SENIL

ANGELINA: O ANJO SENIL

Ela, louca, rodopiava
Cantalorava cantigas de roda
Tinha nos olhos azuis
O infinito do meu olhar

Porém nas águas tranquilas
Do seu límpido olhar
Via-se que não havia lucidez
Era apenas o mar desvairado

Eu percebia nela
A candura dos anjos
Mas pela falta de banhos
Cheirava a leite qualhado

Apenas em algumas horas
Nós éramos dois solitários
Quando juntávamos nossa fome
Que os fios do macarrão desenrolava

Mário Feijó

16.02.16

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

PARECE-ME LONGE

PARECE-ME LONGE

parece-me longe
o dia de amanhã
e quando o amanhã chega
vejo que tudo era muito perto

parecia-me longe
um dia a velhice
porém hoje eu vejo que foi
sempre tudo muito perto

longe ficou o passado
porque ele não tem mais volta
porém quando o assunto é o amanhã
vejo que o tempo é areia movediça: engole-nos

tão rápido eu deixei de ser criança
e quando me descobri adulto
já tinha crianças nos braços
agora eles já me deram netos
e tudo ficou tão perto!

Mário Feijó
08.02.16

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

VIAJANDO COM DINHEIRO

VIAJANDO COM DINHEIRO

Faça um cruzeiro
Numa época
Em que o vintém
Não tem mais valor

No cruzeiro você pode
Gastar dólares
Ou até mesmo euros
Mas caia na real

Não ligue se está favorável
Apenas para a moeda inglesa
E se você for de libra
Convide alguém de gêmeos – vá em frente

Seja franco
Viajar é muito bom
Renova energias
Não importa se for praia ou campo
Apenas viaje...

Mário Feijó

02.02.16

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

MOLHA O MEU CORPO

MOLHA O MEU CORPO

O meu corpo
Cansado e suado
Molhado de lágrimas e dor
Precisa do teu para repousar

Quiçá eu descanse feliz
Ou até mesmo em paz
Quando em mim jaz
Uma tremenda aflição

Quero sereno e tranquilo
Ouvir teu ressonar
Quando em meus braços descansas
Feito eu que agora
Descanso em paz

Vejo o brilho dos teus olhos
O calor das tuas mãos
Que aflitas percorrem o meu corpo
Molhado, suado de amor

Mário Feijó

01.02.16

domingo, 31 de janeiro de 2016

AS CONTRADIÇÕES DO AMOR

O AMOR DEVIA SER ASSIM


Claro como a luz do sol
Límpido quanto água da chuva
Sereno feito o sono depois do amor
Fresco como a brisa de verão
Cristalino feito riso de criança
Doce como chocolate
Plácido quanto águas de um lago
Gostoso como um sorvete em dias quentes


O AMOR É ASSIM


No entanto ele oferece
Noites de trovoadas
Águas turbulentas
Sono com pesadelo
Vendavais arrasadores
Gemidos solitários
Amargor do jiló
Águas de cachoeira
Queima a boca feito ferro em brasa


Mário Feijó
22.01.16


AO TEMPO PERDIDO: PEÇO PERDÃO

AO TEMPO PERDIDO: PEÇO PERDÃO

Tudo o que eu quero hoje
É pedir ao tempo
Ao tempo perdido
Ao tempo ido
E que não volta mais:
Perdoe-me!

Perdoe-me pelo tempo perdido
Com coisas pequenas
Com bobagens de adolescência
Penso que devia ter amado mais

Amado mais meus pais
Meus irmãos e também amigos
Vivido muito mais os amores
Ter aprendido estas lições
Que só o tempo me ensinou!

Chego à conclusão
De que o aprendizado só veio
Quando ganhei idade
E agora o tempo me castiga
Com o desamor!

Perdão meus pais
Perdoem-me amigos
Perdão amores
Amores não vividos
Por preconceito
Por pudores!

Perdoe-me tempo
Perdoe-me vida
Agora já não dá mais
Para correr atrás
De tudo o que perdi!

Só o que me resta
É entregar-me ao vento
Entregar-me ao sol
Porque o tempo já consumiu
Todas as minhas vontades
E o que me resta é o caminho
Para um tempo desconhecido!

Mário Feijó
31.01.16

sábado, 30 de janeiro de 2016

FAZENDO TIPO

FAZENDO TIPO

Ele era assim
Feito tempestade
Vestido ou nu
Tinha eletricidade

Se havia sol
Era radiante
Se havia lua
Raios faiscantes

E a temperatura
Quase sempre subia
Ia de um Pai Nosso
Mesmo com a Virgem Maria

E o vento passava
Como uma simples brisa
Mas quando ele voltava
Obra prima: Mona Lisa!!

Mário Feijó

30.01.16

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A FELICIDADE EXIGE QUE SUJEMOS OS PÉS

A FELICIDADE EXIGE QUE SUJEMOS OS PÉS

Algumas vezes
Fazer contas diante do amor
Nunca dá certo
Então abra um crédito
Em nome da vida
Em busca da fugaz felicidade

Eu sei que sou feliz
E sei que também és
Mas também sei
Que temos que pagar um preço
Para continuar sendo felizes

Eu quero ser feliz sem medos
Eu quero ser feliz sem sofrer
Porém percebo que é uma utopia
Querer pisar na lama
E não sujar os pés...

Mário Feijó

20.01.16

CERTO OU ERRADO?

CERTO OU ERRADO?

Não adianta seguir 
'Passos para ser feliz'
E ter o coração em descompasso
Tenha sempre por objetivo a felicidade
Sem muita preocupação 
Com o certo ou errado
Deixe o amor falar mais alto
Mas cuidado para não sofrer demais
O amor sempre tem um preço
E por amor andamos sobre brasas
Depois tratamos a ferida
Pense que todos os dias
O sol nasce e com ele a luz
Que nos ilumina onde extasiados
Somos girassóis a segui-lo...


Mário Feijó
14.01.16

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

BORBOLETAS E BEIJOS

BORBOLETAS E BEIJOS

Acabou-se a primavera
Morreram todas as flores
E com elas foram-se os sonhos
Como se fossem borboletas indo embora

Chega o calor do verão
Com ele chuva, suor e cerveja
Tudo é efêmero
Feito amores de carnaval

Em redenção eu te espero
Quando vier o outono
Para fazer nosso ninho
Antes que chegue o inverno

E assim passageiro
Feito brisa de verão
Foram tuas carícias e abraços
Beijos florais de uma primavera distante

Mário Feijó

07.01.16

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

É PRECISO AMAR

É PRECISO AMAR


É preciso amar
A tudo e a todos
Como se o amanhã
Não existisse

Porque na realidade
O que existe mesmo
É o presente

O passado não volta
O futuro é incerto
A única certeza que temos
É o momento atual

Por isto coloque energia positiva
No seu dia a dia
E viva com amor à natureza
E ao próximo... o resto virá naturalmente.

Mário Feijó

06.01.16

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

EU SUSPIRO QUANDO A NOITE VEM

EU SUSPIRO QUANDO A NOITE VEM

Quando você chega
É brisa fresca
Em tarde de verão
Que provoca arrepios

Faz chamego em meus cabelos
Sussurra em meu ouvido
Coisas que só quem ama
Sabe as palavras certas a dizer

E teu sorriso é um sussurro
Que me faz suspirar
Aspirando beijos que trazes
Em tua boca beijável

Somos assim: céu azul
Que se mistura ao mar
Lá no horizonte onde as estrelas descem
Quando se aproxima a boca da noite

Mário Feijó

04.01.15 

domingo, 3 de janeiro de 2016

QUERO SER TEU

QUERO SER TEU

Quero ser teu amigo, esteio
A mão que te ampara
O rumo da tua estrada
O sol que ilumina tua vida

Quero ser teu sem pudor
Com amor, na alegria e tristeza
Teu motivo pra felicidade

Quero teu o pássaro
Que te acorda todas as manhãs
Ser o teu guia, o mais gostoso pecado
Na tua vida ser a maçã

E se por acaso fores expulso
Eu te ofereço um paraíso
Um lugar, um abrigo, um ombro
O meu intenso amor, ser teu amigo

Mário Feijó

03.01.15

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

PARA DIZER ADEUS (Douglas)

PARA DIZER ADEUS (Douglas)


Para dizer-te adeus
Bastaria um até logo
A vida é tão breve
E logo nos encontraremos
Em algum lugar
Deste imenso universo

E se acreditas em Deus
Melhor ainda, saberei
Que deves estar perto d’Ele
Sofrendo menos que por aqui

Soubeste fazer escolhas
Sim! Mesmo nas dificuldades da vida
Tu a fizestes em detrimento da felicidade
Que procuravas, como fazem os pássaros
Quando voam procurando a quem amar

E sempre podemos contar contigo
Porque eras luz na nossa escuridão
Que irradiavas nos teus olhos claros
E que cintilavam nos teus dentes brancos

Agora és a estrela que tentaste ser
Quando andavas por aqui
E eu rogo a Deus que te ampare
Que te coloque num lugar de luz
Porque sem luz não conseguirás ficar

Mário Rogério Feijó

01.01.16

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

PEGADAS NA AREIA


PEGADAS NA AREIA

Pegadas perdidas
De gente, de pássaro
De puto, de puta
De homem e de cavalo

A garça perdia
Pescava tatuíras
Homens e mulheres acordavam
Cedo para pescar filhotes

E a praia, antes deserta,
Enchera-se de carros e gentes
Como se estivessem aberto
Todas as portas do inferno

Gente mal educada
Que joga lixo por tudo
Que grita alto e bebe por todos os motivos
Que destrói a tranquilidade procurando por ela

E o prefeito pomposo
Do alto do trono
Destrói a praia
Para construir algo novo

Pegadas na areia
Lambidas pelo mar
Amanhã todos vão embora
Deixando na areia
Marcas que não vamos gostar...

Mário Feijó

31.12.15

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

TINHOSA

VIDA ESPERTA (TINHOSA)

Sentada na varanda
Vida apreciava a brisa
Fresca que vinha do mar
Enquanto tecia tramas

E não fora somente agora
Ela já fazia isto
Há algum tempo

Eu deixara minhas vontades
Há muito abandonadas
Tudo que planejava
Tinhosa, Vida tinha outros rumos

Eu decidira não mais me debater
Como se estivesse em um redemoinho
E ia adaptando minha felicidade
Ao que me era apresentado...

Mário Feijó

29.12.15

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

AREIA FOFA

AREIA FOFA

Se procurar bem, você acaba encontrando.
Não a explicação duvidosa da vida,
Mas a poesia inexplicável da vida!

Carlos Drumond de Andrade


Então os meus pés afundam
Na areia fofa à beira-mar
Penso na vida enquanto
Tatuíras se afundam na areia, medrosas

Eu, igualmente medroso, afundo-me
Em saudades e lembranças
Enquanto o tempo célere cobra de meu corpo
Uma lentidão até há pouco tempo inexistente

O sol, tímido, esqueceu que é verão
E desbotado esconde-se entre nuvens
Tão cansado quanto eu

Penso nos bons momentos em que
Eu tinha asas e ia longe
Tão longe que desaparecia por entre as nuvens
Agora apenas me afundo na areia fofa

Mário Feijó

28.12.15

sábado, 26 de dezembro de 2015

PASSIONAL É A FLOR QUE FICA PARADA

PASSIONAL É A FLOR QUE FICA PARADA

Qualquer lugar
Serviria para o nosso amor

Você é o urânio
Que mantém em mim
Esta bomba ativa
A ponto de eclodir
Como fazem as flores
Que se abrem ao sol
Quando desponta a primavera

Ou como fazem os ovos
Sob o calor das aves

Eu sou livre
Quando estou contigo
Feito pluma solta no ar
Embalada pela força da natureza

E me atiro para qualquer lugar
Tal qual as dunas
Que à beira-mar mudam-se
Pela vontade dos ventos

Mário Feijó

26.12.15

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

URSO DENTRO DA CAVERNA

URSO DENTRO DA CAVERNA

         Acordei com a intenção
De apagar lembranças
Que só fazem sofrer...

Eu lembrei do teu riso frouxo
Que me fazia sorrir
Das tiradas “sem noção”
- mentiras mal contadas

Mas lembranças são nódoas
Que não conseguimos apagar
Nem mesmo com cloro ativo
Porque fica na memória sua cicatriz

Eu preferia não ter em mim
Este vazio tão cheio de ti
Parecendo um problema sem solução
E com tanta coisa sem explicações

Ficaram mágoas sem explicação
Tramas mal urdidas, parecendo novela mexicana
Onde nunca ficou explicado a Regra do Jogo
Em que não há mocinhos, mas muitos bandidos

É como se na minha caverna
Tivesse entrado um urso selvagem
Destruindo tudo que era meu
Além de levar você dos meus natais...

Mário Feijó

25.12.15 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

ASSISTINDO À CHUVA

ASSISTINDO À CHUVA

Assistindo à chuva na janela
Eu vejo gotas levadas pelo vento
Em desespero querendo ganhar o chão

Há um bailado de gotas aflitas
Umas abraçam-se inseguras
E fortalecidas, sem medo
Formam poças no solo

A grama molhada arrepia-se
Quando o vento sopra
As árvores têm suas almas lavadas
E deixam-se brotar em flores e frutos

Os passarinhos correm de um lado para o outro
Alguns se arriscam em banhos refrescantes
Outros voam felizes para os ninhos
Na janela o gato silencioso assiste a tudo

À beira-mar a garça solitária
Busca o alimento dos filhotes
Enquanto tatuíras assustadas
Escondem-se embaixo das caudas das ondas...

Mário Feijó

23.12.15

sábado, 19 de dezembro de 2015

CAMINHOS

CAMINHOS

No jardim
Desiludida
A rosa despiu-se
De todas as pétalas

Pálida, transparente,
Ainda lhe restava no caule
O pólen germinador

Porém estéril
Estava todo o jardim
Recentemente todos os girassóis
Haviam secado

Embaixo do alpendre da janela
Havia uma cascata
Que também secara
Tal qual lágrimas por ali derramadas

A terra, agora seca e árida,
Serviu apenas para a construção
De um castelo que subia aos céus
E por este caminho muitas almas deram adeus...

Mário Feijó

19.12.15

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O BRASIL É NOSSO

O BRASIL É NOSSO

Brasil
Tenho estado calado
Por falta de opções

Jamais pensei
Que numa terra tão profícua
O que mais prospera
É o roubo e a corrupção

Demônios vestiram-se de anjos
Deram pão velho
E água enlameada
Para toda a população

E para os que trabalham
Soltam sanguessugas
Mosquitos e muita lama
Que turvaram as nossas cores

Brasil, Brasil, brasileiros
Esta é a nossa pátria
Vamos acreditar que é possível
E com uma cédula eliminar estes políticos...

Mário Feijó

18.12.15

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

VIAGEM

VIAGEM

         Quando eu era criança encontrei-me com a morte. Ela vestiu-se de homem do campo, roupa limpa, calça preta, camisa branca e usava chapéu. Parecia ter uns 40 anos e me pegou pela mão e me levou a passear pelo azul infinito.
Para onde fomos eu nunca soube. Isto ficou para a minha memória pós-morte quando eu perder a consciência nesta vida. Certamente eu não poderia ter consciência de que no outro mundo é muito melhor.
Passados quase sessenta anos eu penso quando será que ela irá voltar? Sim. Um dia ela vem buscar cada um de nós. No entanto penso: será que ela envelheceu?  Será que mandará o mesmo emissário? Ou virá alguém mais moço? Será um homem ou uma mulher? O que ela tem a ver com gênero? Por que se veste de homem ou mulher?
Coisas da minha cabeça, certamente.
Com dores, espero aliviado o dia que ela venha pegar e minhas mãos e me levar de volta para o lugar onde, definitivamente eu nunca deveria ter saído.
Que viagem!!!!

Mário Feijó

14.12.15

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

GATAS DOMESTICADAS

GATAS DOMESTICADAS

Duas meninas doces
Duas gatas manhosas
Imploravam amor
Queriam amar e ser amadas

Aconchegadas em camas quentes
Uma contente ronronava,
A outra arisca arranhava

Ambas sentiam a falta do lar
Uma era apenas “diva”
A outra “divina” é
Ambas têm as garras afiadas

Agora miam macio
Diante de um afago
Diante de um bombom
Ou diante de um cheiro agradável...

Mário Feijó

11.12.15

domingo, 6 de dezembro de 2015

OS EXTRATERRESTRES DENTRO DA GARRAFA PET


OS EXTRATERRESTRES DENTRO DA GARRAFA PET

Ela era uma garrafa plástica que jogada ao mar ficou à deriva por muitos anos. Ganhou cracas, até que um dia foi parar na beira da praia. O líquido que havia dentro deteriorou, ficou rosa. Porém ela continuou intacta.

A primeira vista poderia ser um objeto estranho. Muita imaginação e ela poderia ser um detrito espacial, caído de outro planeta. Seu conteúdo pode ser um gás mortal aos terráqueos e quando for aberto se espalhar pela atmosfera destruindo o ar que respiramos. Quiçá ao ser aberto e em contato com os gazes terrenos entre em combustão e destrua todo o planeta? Somos frágeis embora pensemos que nunca seremos destruídos pelo nosso próprio lixo.

Eu deixei a garrafa onde ela estava. Não tive coragem para abri-la. Tampouco havia uma lixeira onde eu pudesse deposita-la. E se houvesse um extraterreno espiando minha atitude e me abduzisse? Nem sou covarde, mas se sobrevivi a tantos acidentes quem me garante que eu sobreviveria a um ataque extraterrestre? Não posso correr mais riscos.

Além disto quem garante que aquela massa pastosa lá dentro não é um monte de seres extraterrestres prontos para se desenvolverem e eclodir diante do primeiro contato com a nossa atmosfera. Não, eu não poderia libertá-los. Eu não posso ser o responsável pela invasão de seres estranhos no planeta.

Diante da dúvida e da minha responsabilidade com os demais seres humanos deixei a garrafa onde estava, torcendo para que o sol fizesse de todo o seu ingrediente um cozido e que os extraterrestres simplesmente morram dentro da sua nave espacial, disfarçada de garrafa pet.

Fui pra casa tranquilamente tomar um café. Nestas alturas os extraterrestres já estão mortos e eu tranquilamente posso caminhar pela orla marítima de Capão da Canoa sem sustos.

Ufa!!!

Mário Feijó

06.12.15 




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