segunda-feira, 25 de junho de 2012

PARA ONDE OS LEVARÁS?


PARA ONDE OS LEVARÁS SENHOR?


Ó Criador! Para onde levarás
Aqueles que por aqui passaram
E que perdidos
Encontram-se no etéreo? 

Para onde levarás
Aqueles que em ti não curam?
Aqueles que não cumpriam Tuas leis?
Aqueles que cometeram os erros mais absurdos? 

Para onde irei eu?
Pobre aprendiz e por isto pecador
Um destes que muitos erros comete?
Para onde irei depois de ter superado erros? 

Estarei me redimindo de culpas?
Serei beneficiado com o teu perdão?
Receberei a graça do Teu amor?
Ou simplesmente retornarei para me corrigir? 

Mário Feijó
24.06.12

sexta-feira, 22 de junho de 2012

AMOR QUE NÃO ACABA


AMOR QUE NÃO ACABA 

Eu poderia ter ascendido aos céus
Mesmo assim de lá não esqueceria
Os mais belos momentos de amor
Que já passei contigo 

Cada segundo
Cada fração de tempo
Ficou impregnado na memória
E me fez pensar que és meu sol 

Eu apenas giro ao teu redor
Como se fora um satélite
Que precisasse da tua luz
Para poder existir 

E nas horas que a tua luz se ausenta
Eu sou apenas penumbra na noite
Sou tarde fria e lamacenta
E só por ti sou terra fecunda... 

Mário Feijó
22.06.12

quinta-feira, 21 de junho de 2012

HORAS DE AMOR


HORAS DE AMOR 

Nem só de sonhos vive um homem
Tampouco de uns parcos beijos
Ínfimos carinhos ou de promessas vãs 

Não há quem sobreviva
Com tão pouco
Com falsas promessas
E nesgas de esperança  

Eu quero sentir o teu calor
Muito beijo na boca
Muitas horas de amor e
Horas sem dormir por este motivo 

A vida oferece muitas alternativas
E eu não posso ficar
Platonicamente esperando por ti
Enquanto o tempo passa feito gata no cio... 

Mário Feijó
21.06.12

quarta-feira, 20 de junho de 2012

LÁGRIMA LIBERTA


LÁGRIMA LIBERTA 

Cai de meus olhos
Umas lágrimas canalhas
Que eu havia exilado
Nas colunas do tempo 

Mas veio a saudade
E lhes deram alforria
Veio a lembrança
E as libertou deste exílio 

E eu ainda carente
Colando cacos
Deixei me levar por elas
Morro abaixo de encontro ao chão 

Mas é lá que eu sempre fico
Quando volto do passado
Porque o passado não dá para apagar
Como se fosse um poema que não deu certo... 

Mário Feijó
20.06.12

terça-feira, 19 de junho de 2012

ISTO É FELICIDADE


ISTO É FELICIDADE



        Soluço preso na garganta e a fome subornada pelos cafés com farinha Felicidade costurava a vida.

        Vovó era assim: uma bordadeira de mão cheia (como ela dizia). Fazia crivos e bainhas abertas nos lençóis e toalhas sob encomenda que recebia lá da “cidade”.

Eu era apenas uma criança que feito anjo adorava voar ao redor de sua aura.

Naquela época havia encanto na pobreza e não era grande demérito ser pobre. Eu não conhecia milionários. E haviam os remediados (hoje é esta a minha opinião) e os pobres. Remediados eram os que tinham alguma propriedade e os pobres os que moravam de aluguel e lutavam para viver e sobreviver.

Pobre brincava de pés descalços, entrava em qualquer córrego para pegar piavinhas (nada era poluído), comia fruta do quintal, colhia ovos do galinheiro, sim, porque todos tinham alguma coisa plantada no quintal e criavam aves domésticas: galinhas, patos, marrecos e perus. E alguns criavam até porcos ou cabras.

Naquele tempo não havia televisão oi internet. Sucos eram das frutas colhidas do quintal e raramente se tomava CRUSH ou GRAPETTE. O café era do nosso quintal porque vovó Felicidade plantava.

Vovó também era conhecida como D. Felícia e só foi registrada como Felicidade aos setenta e sete anos quando as filhas, pela idade que ela dizia os filhos mais velhos nasceram e foram registrados.

Eu adorava voar em torno dela e penso que éramos almas complementares. Nós nos entendíamos com o olhar e eu sempre a vi como uma alma menina, mesmo quando mudou de planeta aos noventa e sete anos. Ela levou consigo a minha felicidade naquele dia.

Felicidade ou vó Felícia era completamente analfabeta mas trazia consigo uma compreensão psicológica e filosófica da vida que só agora, depois de muito estudo eu compreendo. O marido dela (meu avô materno) chamava-se Cândido e tinha por mim uma idolatria que mesmo menino eu não entendia, mas adorava ser paparicado, por ele e por meus tios. Com meu avô eu pouco convivi, pois ele faleceu eu tinha apenas onze anos. Só que ele não tinha esta compreensão, nem da vida, nem de Felicidade. Ele era o típico “macho das antigas”. Olhos azuis, terno branco, chapéu cinza – esta é a imagem que eu gravei e retive na memória do homem que abraçava Felicidade na alcova e com ela teve sete filhos.

Eu não posso dizer que interagi com meu avô. Mas com minha avó eu compartilhei desde a água que ela colocava na bilha para refrescar, até o calor do seu carinho que não precisava nem de abraços. Eles sobreviviam em seus olhos verdes que me projetaram esperança para toda a vida.



Mário Feijó (20.06.12)

DO CÉU A BENÇÃO


DO CÉU A BENÇÃO



Gotas insistentes

Chuva intermitente

Abrem-se flores



Mário Feijó

19.06.12

DOCE AMOR


DOCE AMOR


Há um gosto de algodão doce
Alegrando o meu dia
E são estas nuvens tão brancas
Que agora estão ali no céu 

A doçura vem de ti
Do amor que tu exalas
Do teu cheiro de canela
Da maciez das ovelhas 

E lá no céu um rebanho
Inteiro se forma
Enquanto eu olho pra cima
E penso em ti... 

Sempre que eu me abro ao amor
Fica no céu da minha boca
Este gosto de nuvens
Este gosto de algodão doce... 

Mário Feijó
19.06.12

segunda-feira, 18 de junho de 2012

MOEDA DE TROCA

Autor: Mário Feijó técnica: Acrílico sobre tela e carvão.

MOEDA DE TROCA 

Alguns dizem que ela lucrou
Quando me preferiu
Porém eu não sou moeda de troca
Quando o assunto é amor 

Opta-se por alguém
Que te encante
Que te atraia
Que te ame mais 

A mulher é uma fêmea
Como as demais
E opta sabiamente pelo macho
Que mais lhe agrada 

Algumas vezes a escolha é inconsciente
Noutras ela pondera
Finanças, prestigio e poder
Mas eu não sou moeda de troca... 

Mário Feijó
18.06.12

ENGANOS


ENGANOS



Ele era um menino

E será uma eterna criança

Sorriso franco pensa que

Jamais envelhecerá, feito eu...



Mário Feijó

18.06.12

ELA


Técnica: Acrílico sobre tela. Autor: Mário Feijó
ELA



Dela restou uma boca

Presa na parede

Comera meu sorriso...



Mário Feijó

18.06.12

domingo, 17 de junho de 2012

MULHER DE 40


MULHER DE 40 

Quando eu vi aquela mulher
Cheia de vida e charme
Plena de maturidade pronta pra mim,
Percebi estar pronto pra ela 

Antes não! Antes eu não estava!
Eu não estive pronto pra ela
Quando tinha vinte e poucos
Tampouco quando passei dos quarenta 

Mas agora sinto estar
Agora eu abro meus braços
E ela cabe neles
Eu maduro e ela pronta 

E há amor como tempero
Há calor em nossos abraços
Há caldo de fruta madura em nossos beijos
Os meus são de Jabuticaba e os dela de Caqui... 

Mário Feijó
17.06.12

TIGRESA




TIGRONA


Tigresa
        Cadê a tua pele tigrada?
                O teu olhar feroz?
                As tuas garras? 

Eu não vi nada disso
        Apenas um doce sorriso
Uma entrega de filha
Ao acariciar outra fera
E ao falar de tua cria 

Tigrona
        O teu sorriso envolve
        As tuas garras afiadas foram limadas
As tuas presas seduzem
Quando te aninhas nos braços de teu par
Que domado apenas chamas de “cheiro”
Eu adorei te conhecer fora da jaula... 

Mário Feijó
17.06.12

sábado, 16 de junho de 2012

AS BRUMAS DO OLHAR DE FELICIDADE


AS BRUMAS DO OLHAR DE FELICIDADE



Hoje foi um daqueles dias

Que eu me lembrei das brumas

Do olhar de vovó Felicidade



Havia brumas por todos os lados

Olhos azuis esmaecidos

Que me seguiam por todo o dia

Até que com a noite as brumas sumiram



A Felicidade pode ter ido

Mas conversa comigo

Através das coisas da natureza

Vou plantar cafezais pra você



Vou torrar seus grãos no fogão à lenha

Vou moê-los num pilão, se a vida deixar,

E depois vou coá-los num coador de pano

E degustá-los sentindo os cheiros de felicidade...  



Mário Feijó

17.06.12

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O QUE RESTOU DE NÓS?


O QUE RESTOU DE NÓS?

Cheiros?
Medos?
Saudades?
Respeito? 

Receios
Egos inflados
Cinzas
Mar 

É assim que somos
Resíduos do tempo
Resquícios de memória
Dores de saudade 

O que restou de nós
Cabe somente dentro de mim
Ninguém além de mim lembra-se de nós
Alguns até lembram-se de ti somente... 

Mário Feijó
15.06.12

quinta-feira, 14 de junho de 2012

SEM PERDÃO



SEM PERDÃO



Eu posso perdoar o sol
Que queima a minha pele
Que seca a terra inóspita
E até os vendavais violentos 

Porém é difícil perdoar
Tuas mentiras, tuas traições
E te aconselho a procurar outra
Que queira ser enganada, eu não 

Para mim ficarás sem perdão
Até que um dia faças chover no deserto
Que transformes os polos em florestas
Ou que o sol esfrie por completo 

Tu não imaginas o teu estrago
Com a minha credulidade nos homens
Com a minha fé no amor
Agora adubo as terras do meu coração
Esperando que volte a florescer... 

Mário Feijó
14.06.12



Tema: SEM PERDÃO
Fornecido pela amiga Gema Moroni

quarta-feira, 13 de junho de 2012

OS AMANHÃS E A MINHA INCOMPETÊNCIA EM VIVER O HOJE


OS AMANHÃS E A MINHA INCOMPETÊNCIA EM VIVER O HOJE



Hoje eu me questiono sobre os amanhãs. Houve um tempo dos hojes e um outro tempo dos ontens, mas agora eu me pergunto sobre os amanhãs.

Quem já enfrentou a morte por algumas vezes, ou tem vidas de gato ou tem que viver emoções fortes. Porém eu não posso deixar de pensar nos amanhãs.

Algumas vezes o amanhã me assusta. É horrível não ter controle da sua vida. Não saber o que acontecerá. E ainda há os momentos em que preocupado com isto, dá um branco na mente. Há um susto inexplicável que por pouco não vira surto.

Vivemos uma vida tão efêmera. Tudo tem acontecido muito rápido.

Ontem eu pensava ter uma vida estabilizada. Pensava que era feliz. Estava acomodado e não queria nada além do que vivia. E num ontem muito próximo vivi as piores experiências que alguém já pode ter vivido. Cheguei a experimentar o inferno aqui mesmo, bem pertinho de onde estou. Conheci o demônio e seus asseclas e poucos anjos me estenderam a mão.

Hoje eu vivo uma crise de questionamentos. Tenho dúvidas a respeito de tudo. Não acredito na minha competência e penso que tudo o que faço não tem o mínimo valor. Escrevo por escrever, pois penso que me faltam técnicas, mas o faço com o coração. Críticos não querem saber de coração, querem saber de técnica e me faltam muitos compêndios para ter o mínimo de técnica.

Adoro pintar e parei de fazê-lo por vários motivos. Um deles é a falta de espaço para tanta produção o outro e a “desova” de tanta quinquilharia. Sem contar que queria mais técnica e quanto mais aprendo mais percebo que nada sei...

Um dia fiz faculdade de administração que, agora aposentado, pouco uso no meu dia a dia. Seria por incompetência? Deve ser, pois eu estou me tornando um especialista em incompetências.

Faço o que posso pelos amigos, pelas pessoas que gosto, pelos filhos, pelos netos, mas por incompetência não sou compreendido. É horrível viver assim e eu não descubro a fórmula para corrigir nada disso. E de vez em quando até faço cursos de aperfeiçoamento, mas eles só me dão uma certeza: não consigo ser perfeito. Então por isto eu me julgo incompetente. Até para viver eu não estou tendo competência.

O amanhã me assusta. E me assusta levar uma vida inteira para aprender e não conseguir ser competente. Nem asas ganhei e nesta altura da vida eu já deveria ter duas...



Mário Feijó

13.06.12

terça-feira, 12 de junho de 2012

NAMORO QUENTE


NAMORO QUENTE 

Em tempos de inverno
Os namoros têm que ser quentes
Até porque na vida
Ou você é quente ou é frio 

Não dá para ser morno
Somos latinos e tropicalientes
Estamos na linha do equador
E morno só o tempo do outono 

Eu não posso esperar
A vida passar
Deixar tudo esfriar
Quando o que eu quero é calor 

E quando se trata de amor
É... ou não é... não dá para talvez
Por isto o namoro é quente
E quem tiver juízo que se cuide... 

Mário Feijó
12.06.12

ETERNO ENAMORADO


ETERNO ENAMORADO 

Parece que foi ontem
Quando o tempo não existia
Que eu me enamorei de ti 

Depois disto já vi tempestades
Flores que se abriram
E muitos frutos que elas geraram
E tu foste embora numa estrela cadente... 

A minha pele envelheceu
Sob a luz do sol
E eu experimentei outras bocas
Esquentando meu corpo em outras camas 

Sou um eterno enamorado
Mas sucumbiria esperando
Que voltasses numa outra lua
Quiçá montada num cometa... 

Mário Feijó
12.06.12

LUZES DE VAGALUMES


LUZES DE VAGALUMES 

Eu te quero assim
Dengosa em meus braços
Numa entrega total
Onde o amor faz milagres 

Encantado eu danço
Na luz dos vagalumes
Que piscam sobre um manto negro
Porque no teu céu tem mais estrelas 

E sob sagitário danças as ninfas
Como se fossem curandeiros
Em noite de magia e cura 

Eu sou assim:
Luz que dança
Em noite escura
À procura do raio eterno... 

Mário Feijó
12.06.12

segunda-feira, 11 de junho de 2012

MENINO PASSARINHO


MENINO PASSARINHO 

Pobre menino tolo
Que sentiu inveja de mim
Mal sabe você que
Meu encanto é ser verdadeiro 

Pobre menino tolo
Que não aprendeu a amar
Que antes pensava que
Não precisa a menina encantar 

Preocupava-se mais com a cigarra
Deixava as formigas trabalharem
Pobre menino tolo
Nunca cuidou do seu lar 

Um dia estava fora do ninho
Era um menino passarinho
Estava sempre a voar
Veio um outro passarinho e tomou o seu lugar... 

Mário Feijó
11.06.12

O TEMPO


O TEMPO



O tempo faz coisas com a gente
Que nem nós mesmos acreditamos:
Faz a gente mudar de opinião
Faz a gente amar a quem nunca pensamos amar
Faz a gente envelhecer
Coisa que quando somos jovens
Pensamos que não possa acontecer...

Faz a gente fazer o mesmo com os filhos
Que nossos pais faziam conosco
E achávamos um horror...

O tempo muda o nosso olhar
Muda a nossa visão de mundo
A visão que tínhamos a nosso respeito
E a visão que temos ou tínhamos do outro...

O tempo é como a água na pedra
Tanto bate que um dia fura.

O tempo que parece não passar
É cruel com a gente
Transforma-nos por fora
Piorando aos olhos dos outros
Mas por dentro faz milagres
E quem não se curva com o tempo
Como faz o bambu diante do vento

O tempo quebra as resistências
Transformando o aprendizado em dor...
No entanto quem com o tempo aprende
Estende os braços, dá amor,
O tempo é capaz de milagres
Faz de nós seres melhores
Transforma aprendizes em mestres
Faz de nós seres de luz... 

Mário Feijó
11.06.12

BANHO DE ERVAS


BANHO DE ERVAS 

Hoje é um dia
Que eu vou fazer algo especial
Vou cuidar do meu corpo
Como cuido do meu espírito 

Vou tomar um banho de ervas
Preparado com muito mel
Afinal de contas amanhã
É dia dos namorados 

E tal como todos os amantes
Quero dar a ela um presente especial
Quero dar-lhe meu corpo
Muito bem tratado por mim 

E depois com todo cuidado
Fazer o mesmo com ela
Desembrulhando cada laço
Depositando em seu corpo meus beijos e abraços... 

Mário Feijó
11.06.12   

sábado, 9 de junho de 2012

DIAS DE FELICIDADE


DIAS DE FELICIDADE



Quem dera eu tivesse

Um ninho de borboletas

E quando tu passasses

Elas se soltassem

Feito papel picado

Em dias de festa



Só para que

De tua face voasse

Aquele sorriso branco

Que me beija

Sem que eu peça

E que me faz tão feliz...



Quem dera eu

Fosse estrela

Que brilha no teu olhar

Toda vez que me amas

Para não desprender jamais

Do céu da tua face

Porque assim todos os dias

Seriam dias de felicidade...



Mário Feijó

09.06.12

quarta-feira, 6 de junho de 2012

LUZ DA LUA




É tão pouco
O que eu tenho para dar
E mesmo assim
Acabo tocando em corações 

Mas não é pouco
Tudo o que eu dou
Eu dou minha vida
Se preciso for
Eu tudo por amor 

Minha energia é boa
E isto eu quero ensinar...
Como a lua que no céu brilha
Há os que reclamam de sua luz  

Contento-me em ser apenas lua
Contento-me em espiar o sol
Tocá-lo? Jamais...


Mário Feijó
06.06.12

terça-feira, 5 de junho de 2012

UM GRANDE AMOR


UM GRANDE AMOR 

Neste momento
Eu queria ter
A liberdade do vento
A velocidade da luz 

Eu queria poder ir e vir
Sem ter que dar explicações
Eu queria poder
Mudar de lugar a qualquer hora 

Nada ter
Nada levar
Estar hoje aqui
Amanhã acolá 

Eu queria agora
Ter a eterna energia da juventude
Que joguei fora sem um grande amor
Para poder me inebriar como faço agora... 

Mário Feijó
05.06.12

LUA QUE SE ENCHE DE MIM


LUA QUE SE ENCHE DE MIM

Eu queria ser a chuva
Para adentrar na terra
Ser volátil para no vento
Envolver-me em teu corpo 

Ser a luz
Para não prender-me
Ser as ondas do mar
Para no teu corpo me agitar 

Ser apenas um homem
Ser putrefato, ignóbil
Frágil, doente, demente
Indecente, carente e temente a Deus 

Uma pequena criatura
Cujo prazo de validade já expirou
Que continua existindo
Porque a lua se enche de mim... 

Mário Feijó
05.06.12  

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A ALMA DOS POEMAS


A ALMA DOS POEMAS 

Eu quero morar no lado de cá do lago
Porque do lado de lá
Fica a borda do mundo
E do outro lado da borda
Fica o esconderijo do sol
E é lá que a lua o procura... 

Do lado de cá eu vejo
Moças que se debruçam na janela
Algumas com lágrimas nos olhos
Só para ver a poesia do mundo 

Os incultos dizem que os poemas
São coisa de mulher
Mas eu vejo que os homens
Vivem a descrevê-los despudoradamente
Os tempos mudaram, desde o começo
E muita gente não viu... 

Eu penso que os poemas
São assim feito as nossas almas
Eles florescem sem nexo
E quando a gente vê
Já se casaram com a gente... 

Mário Feijó
04.06.12  

domingo, 3 de junho de 2012

O AMOR É UMA CORRENTE QUE UNE PESSOAS


O AMOR É UMA CORRENTE QUE UNE PESSOAS

Algumas vezes eu penso
Que nada escrevo
Além dos pensamentos
Que me escorrem pelos dedos 

Eles se apartam de mim
Como os filhos que depois
De maduros nos ventres
Saem das entranhas das mães 

E durante algum tempo
Eu amamento meus pensamentos
Para que eles depois em livros durmam
E os educo para que entrem em outras cabeças 

Um dia quiçá amadureçam o mundo
Fazendo com que os bons sentimentos prevaleçam
E que o amor não seja somente uma linda palavra
Mas uma corrente que una as pessoas... 

Mário Feijó
03.06.12

O PULO DA GATA


O PULO DA GATA



        Entrei na esquina e num salto preciso a gata pulou em meu pescoço. Quis gritar, mas não pude! Estava petrificado com o susto.

        Era uma gatinha doméstica, filhote e só queria brincar. Depois de passado o susto relaxei observando que a gata saltou no meu pescoço por causa do cachecol. Tirei-o do pescoço e passei a provocá-la arrastando no chão o objeto que a fascinava.

Eu morava ali perto e a tal gata pintada me seguiu até em casa. Tinha três cores. Parecia um filhote de tigre. Olhos esverdeados e era encantadora. Parecia um filhote abandonado querendo se adonar de alguém. Sim, pois gato não tem dono. Eles é quem escolhem alguém de quem pensam ser donos (eu penso assim).

Quando cheguei com o bichinho em casa minha filha se encantou por ela e a adotou. Ela entrou, mas meio ressabiada olhava tudo em posição de autodefesa e vagarosamente passou a cheirar tudo e depois morder. Saltou pelos cantos e de vez em quando pulava sobre qualquer coisa pendurada.

Minha primeira providência foi leva-la para vacinar e também dar-lhe um antivermífugo. Acabamos ficando com ela em casa, no entanto tínhamos outro problema a administrar: nossa cachorra poodle.

Eu até aquele dia jamais me encantara por gatos. Achava-os lindos em fotos, mas minha mãe, que era alérgica, colocara em nossas cabeças uma aversão pelo bicho. Além do mais eu criava peixes ornamentais, desde que me conheço por gente e peixes e gatos não era uma boa combinação. Isto sem considerarmos a tal poodle que era neurótica e odiava gatos.

Quando Juliety entrou em casa e viu a tal gata disparou atrás do bicho e as duas por onde passavam foram derrubando tudo. De vasos com flores, até aparelhos celulares, porta-trecos, etc.

Resolvemos colocar a cachorra na rua e a gata dentro de casa evitando assim o que parecia o ensaio de uma guerra. Mas a gata dentro de casa também era um problema por causa dos peixes. Tive que providenciar tampas de vidro para o aquário, assim a gata apenas passa seus dias namorando-os e dando cabeçada no vidro tentando comê-los...



Mário Feijó

03.06.12

  

MARCAS DE AMOR


MARCAS DE AMOR 

Há marcas do teu amor
Tatuadas em minha vida
Como se existissem de outros tempos
Como se fossem cicatrizes na minh’alma 

Houve apenas um lampejo teu
Como se fosses um raio
Em dias de temporal
E me atingisses de forma definitiva 

Eu não sei me desvencilhar
Quando o assunto é amor
E acabei me entregando
Corpo e alma... 

Agora tombado em teus braços
Ouves todos os gemidos meus
Ora de dor, ora de gozo
Porém feliz por ter sobrevivido... 

Mário Feijó
31.05.12

sábado, 2 de junho de 2012

ENTRE MAMAS E PRÓSTATAS


ENTRE MAMAS E PRÓSTATAS
Eu não queria ter uma próstata
Nunca quis. Morre-se delas
Como mulheres morrem das mamas
Ou sem elas. Já vi mulheres monotetas...
Tenho medo das próstatas
E das dores dos homens...
Meu irmão morre devagar
Com sua próstata doente
Os homens têm medo dos médicos
Os médicos são feiticeiros
Das nossas tribos modernas
Mas eu penso mesmo é que
O problema não está nas próstatas
Muito menos nas mamas
O problema é o mal que se abateu
Sobre aqueles a quem eu amo...

Mário Feijó
02.06.12