domingo, 3 de fevereiro de 2013

P. S. EU TE AMO



P. S. EU TE AMO

               Todos os dias da minha vida, desde que eu me entendo por “gente” sempre estou preocupado com alguém.
Quando era criança vivia preocupado com minha mãe. Ela tinha a saúde frágil e estava sempre doente. Aquilo me dava muita insegurança. Acho que eu tinha razão, ela morreu com apenas quarenta e seis anos, depois de uma cirurgia.
Tornei-me um adolescente e logo me tornei adulto, com tantas responsabilidades, quase não tive tempo para ser criança, tinha que ajudar a cuidar dos meus irmãos. Algumas vezes, diante da dificuldade pelas quais passamos, eu nem comia direito para sobrar mais para meus irmãos (acho que eles nunca souberam disto). Eu queria que eles estudassem, pois ouvia dizer que só teriam melhores chances se estudassem. Não estudaram além das primeiras séries. No entanto eu fiz faculdade, pós-graduação. Passei a ser visto como o “rico”, o “distante”, mas eles é que se distanciaram de mim pela incompreensão em relação aos meus objetivos na vida. Passei a ser tratado como esnobe (penso que por despeito).
Casei, antes que minha adolescência terminasse e meu foco de preocupação passou a ser meus filhos e um pouco com meu pai que estava viúvo e do qual eu nunca tinha me aproximado. Ele sempre fora distante (éramos seis filhos) e eu não era um dos preferidos... somente o mais velho.
Tentei me aproximar daquele homem, tão querido por todos, mas que era quase um estranho para mim. No entanto ele também morreu antes de completar sessenta anos. Não cuidava da saúde e teve um infarto quatro meses depois que meu filho mais moço fora atropelado e faleceu (eu com trinta anos era pai de quatro filhos).
Nesta época eu já havia casado pela segunda vez. Meu foco ainda era meus filhos, porém tinha agora uma nova família. Estava sempre próximo à minha avó que já tinha mais de 90 anos (sempre fôramos muito próximos). Já escrevi muito sobre a felicidade de conviver com D. Felicidade. Também sempre me preocupava com meus tios... quase nunca comigo.
Depois de duas décadas meu casamento desmoronou e não teve mais solução. Fui embora. Mudei até de estado, não só de cidade. Tive um novo relacionamento que acabou se tornando uma união estável por quase seis anos.
Continuava preocupado com os filhos, agora tinha também uma filha do segundo casamento. Também começaram a aparecer os netos... muitos. Feito ninhada de gatos (hoje já são oito). Acabei chamando pra mim a responsabilidade na educação de três deles (o mais velho hoje com dezessete anos voltou a morar com a mãe, depois de ter morado comigo por nove anos). As meninas ainda moram comigo. Uma agora tem 14 anos e a outra 13.
Estou começando a aprender a me desapegar um pouco. Nunca é tarde para cuidar um pouco de mim. Mesmo depois de tudo isto quero deixar-me um P.S. EU TE AMO! Quem sabe a vida ainda possa me dar uma chance de ser feliz...

Mário Feijó
03.02.13

Um comentário:

Elaine Ferreira disse...

Uma chance de ser realmente feliz é o que todos nós esperamos,no entanto vamos aprendendo com o tempo que é na busca dessa "tal" felicidade que temos os momentos felizes da vida.Então durante essa sua busca pela chance de ser feliz que você tenha momentos mágicos que no final da página da vida você possa dizer:Pude experimentar a "tal" felicidade.Abç...Lana