terça-feira, 20 de novembro de 2012

O MISTÉRIO DA LUA CRESCENTE



O MISTÉRIO DA LUA CRESCENTE

Eu poderia ter vivido e sobrevivido sem conhecer a delícia de estar contigo. Foste do jeito que eu sempre sonhei: corpo cheiroso, beijos ardentes, alguém que fazia amor como ninguém jamais soube fazer. Pele macia, gostosa, boca deliciosa que sabia beijar e que me falava de amor, do jeito que eu queria ouvir.
Tudo durou apenas um mês e eu voltei à minha antiga solidão. O tempo parou. Nada mais aconteceu de novo e até a lua continua crescente há muitos dias. Tenho a impressão que ela não sai mais do lugar. Será que no resto do mundo ela continua a crescer? Aqui no meu quintal não.
Hoje resolvi sair, caminhar, o sol estava totalmente aberto, sem nenhuma nuvem. De repente olho para o céu e lá estava a lua novamente a me acompanhar. Parecia meio entristecida, mas não me abandonava nem durante o dia. Quero ver esta noite se ela fará plantão em minha janela...
E o tal amor-perfeito? Eu sabia que amor perfeito ele não era. Talvez até fosse uma flor de cactos que abre por uma noite e quando o sol desponta morre, apodrece. Eu sabia que era uma pedra falsa, mesmo assim deixei me enganar, eu queria me iludir, acreditar que poderia ser feliz, que tinha este direito.
Acabei me mudando para um reino encantado e fiz de nós “sapos” príncipes encantados. Contento-me com tuas roupas intimas que ficaram esquecidas em meu quarto. Ligo para o teu telefone e só ouço mensagens de “deixe seu recado”, mas eu não quero deixar recados, eu quero te ouvir, quero saber o que houve para que te fosses sem nem me dizer adeus.
Tudo foi tão bom, mas se era só para eu ter provado a felicidade de ter conhecido você eu preferia ter continuado como estava antes de te conhecer. Dói muito mais provar e ficar na saudade do que sonhar com amores platônicos.
Agora vivo a frustração de que ninguém será perfeito como foste. E minha cama parece enorme sem ti. Os meus dias ficaram vazios e eu sinto falta do teu sorriso que era a luz que me iluminava.
Sei que voltarás, mas o tempo parou pra mim enquanto pra ti a vida continuou. Não seremos mais os mesmo porque terás mudado e eu parei no tempo enquanto te esperava...
E a lua? A lua continua no céu pela metade, feito eu aqui na terra...

Mário Feijó

(foto: Laurence Leveder - França)
20.11.12

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