quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ANTES E AGORA


ANTES...

Antes eu conseguia juntar os pedacinhos
e voltar a ser eu.
Impossível, agora. Como conseguir reconstituir-me
se me falta você?

(J. G. de Araújo Jorge)



AGORA E ANTES 

Antes o poeta não
Conseguia se reconstituir
Porque lhe faltava você
Agora o poeta aprendeu 

Que a sua felicidade
Não depende de outro ser
Ela está dentro de nós
Precisamos ser felizes em primeiro lugar... 

Não devemos depender de nada
Nem tampouco de alguém
Para construir nosso caminho
E nossa felicidade... 

Agora o poeta sai pelo mundo
É feliz vendo as estrelas
Inteirando-se com o mar
Aspirando o perfume das flores... 

Agora o poeta sai a sonhar
Não depende dos sonhos de ninguém
Só depende da sua própria vontade
Descobriu que algumas mulheres o faziam chorar... 

Agora o poeta sai pelo mundo
Joga conversas ao vento
Beija-flores e troca com elas segredos
Agora o poeta ganhou o mundo e partiu...


Mário Feijó
22.09.11

A GRANDE DÚVIDA





        Jurema era uma moça tímida e pacata de uma cidade à beira-mar. Ganhou um filhote de pica-pau e o colocou em um viveiro. Como adorava bichos juntou-os a outros pássaros feridos e abandonados que encontrava na pequena cidade praiana.

        Havia no viveiro de Jurema muitos pássaros e uma fêmea de quero-quero que tinha sido encontrada com uma asa quebrada e esta se apaixonou pelo pica-pau que lhe correspondia com sinceridade. Acabaram fazendo um ninho e lá chocaram três ovos, mas a grande dúvida de Jurema era como seriam chamados aqueles bichinhos.

Como serão chamados filhos de quero-quero com pica-pau? Pensou Jurema. Quero-Pica? Ou Quero-Pau? Oh! Dúvidas.

Estamos aceitando sugestões do Brasil e do Exterior. Jurema quer registrar seus pássaros híbridos...
A primeira sugestão veio do Rio de Janeiro: QUEROPICA QUEROPAU, mas Jurema achou muito grande (o nome)... risos.



Mário Feijó

22.09.11

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Mário Feijó, presidente da Academia dos Escritores do Litoral Norte, esteve dia 17.09.11 na Feira do Livro de Torres, representado nossa AELN e foi o Presidente do Juri do 5. Concurso de Poesia nas Escolas daquela cidade, intitulado NOVOS TALENTOS DA POESIA TORRENSE 5 - uma promoção da Feira do Livro da Cidade e da Cultural FM.

                Mário Feijó, presidente da Academia dos Escritores do Litoral Norte, esteve dia 17.09.11 na Feira do Livro de Torres, representado nossa AELN e foi o Presidente do Juri do 5. Concurso de Poesia nas Escolas daquela cidade, intitulado NOVOS TALENTOS DA POESIA TORRENSE 5 - uma promoção da Feira do Livro da Cidade e da Cultural FM.

                Foram tão bonitos os trabalhos apresentados pelos adolescentes que resolvi publicar neste espaço os cinco primeiros colocados, dando especial destaque para as duas primeiras poesias:

1. lugar - João Pedro Zanata - Matilha Urbana - aluno da 7a. Série da Escola Estadual de Ensino Fundamental Manoel João Machado - Torres - RS.

MATILHA URBANA

O lobo,
imponente e solitário,
o lider de uma horda caótica,
ou a simples "fera" que conversa com a lua?

Na tundra de árvores de cerne habitável,
rasteja, espreita, comanda a matilha.
Sozinho na neve, a lua e o relento,
na caça, a esperteza, única armadilha.
O grito de uma presa na noite adentro.

Na fumaça boreal que sai das chaminés,
encoberto o luar, perdeu a graça,
Husky de madame vira teteia,
uivo de homem, comando de caça.
Perigo na noite, é show sem plateia.
Orelhas em pé, radar de alerta,
quem uiva mais forte é o líder do bando.
Na boca de lobo, esgoto e lixão,
no governo, chuhuaua assume o comando.
Vacilo é o próprio caixão.

Rosnando, uivando, ganindo.
Já não pesca peixes no rio,
apenas sobrevive seguindo,
temido, respeitado e bravio
O lobo.

2. Lugar - Cristal Silveira Figueiredo, da Escola I.E.E. Marcílio Dias - Torres - RS

O EU LÍRICO E O POETA DESOLADO

O Seu coração Bate?
Perguntou o eu Lírico.
O poeta Respondeu: bate!
Mas não como eu quero
Não bate como batia antes,
Ele bate por tristezas
Ele bate desolado
Ele bate sem querer bater
Se antes a cada batida,
Caísse uma lágrima de emoção,
Hoje essa lágrima só serve para limpar o olho.
Se antes a cada palavra dita
O coração vibrava,
hoje ele só bate por obrigação
No silêncio das minhas palavras...
O eu lírico tornou a perguntar:
O seu coração bate?
e num simples e último suspiro do poeta
O eu lírico não obteve resposta...

3. Lugar - Luana Oliveira Rocha - FOLHAS NO CHÃO - E.E.B. Gov. Ildo Meneghetti de Passo - Torres - SC

4. Lugar - Milena Santos de Jesus - SILÊNCIO - EEB Gov. Ildo Meneghetti - Passo de Torres - SC

5. Lugar - Taís Camargo Cardoso - EEEB Gov. Jorge Lacerda - Passo de Torres - SC


Mário Feijó
Presidente da AELN
www.aeln.org
http://artesplasticas-poesias.blogspot.com/mariofeijo
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/mariofeijo
http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_america.asp?ID=3979
http://www.artpop.org.br/mariofeijo
(Membro honorário da Academia de Artes de Cabo Frio - RJ

MUTAÇÕES







Algumas vezes agimos feito o tubarão
Que no ventre da mãe devora os irmãos
Na luta pela sobrevivência... 

Noutras agimos tal qual a leoa
Que diante da fome
Não êxita em devorar os filhotes... 

Algumas vezes somos
O gorila que quando domina outro macho
Mata seus filhotes e fica com suas fêmeas... 

Há vezes que somos
Tal qual insetos que não duram
Muito mais que 48 horas
E por viver já é feliz... 

E há vezes em que deixamos de ser lagartas
Para ser uma linda borboleta e
Diante dos seus dois dias de existência
Visita todos os jardins... 

Mas há dias em que não passamos de amebas
Que praticamente nada fazemos
Apenas justificamos nossa existência
Dentro da cadeia alimentar... 

Mário Feijó
20.09.11

OLHOS NOS OLHOS É RESPEITO E AMOR




Um dia você descobre
Que não é mais criança
Embora dentro de nós
Ainda exista uma 

Apesar de você querer escondê-la
Ela passa a vida sobrevivendo
Apesar de tudo e de você mesmo... 

Outro dia você descobre
Que muita coisa
Que você já deu valor extremo
Agora não tem tanta importância... 

Você passa a ser menos seletivo
Vive melhor, vê que o preconceito é bobagem
Vê que tem mais valor a qualidade de vida
E menos valor a quantidade de coisas... 

Descobre que um gesto de carinho
Vale mais que mil palavras
Descobre que abraçar é prioritário
E que olhar as pessoas nos olhos é respeito e amor... 

Mário Feijó
20.09.11  

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

NA CIDADE DOS “BONS VENTOS” (OSÓRIO-RS)





Outro dia na estrada
A criança que me habita
Viu árvores comedoras de vento
Em forma de cata-ventos eólicos 

Eu estava na Freeway(*)
E vi aquelas árvores sem folhas
Girando como se quisessem me pegar
E minha criança corria assustada... 

E quanto mais o carro
Balançava de um lado para o outro
Quando passava na estrada
Ela encolhia-se em seu berço... 

Enquanto isto o motorista
Segurando firme na direção
Porque a força dos ventos
Parece querer arrancá-lo da estrada
Seguia o seu destino tranquilamente... 

Mário Feijó
19.09.11

(*) Principal acesso entre Porto Alegre e as Praias do Litoral Norte e Santa Catarina. 

LUA MINGUANTE

Fotos: Laurent Laveder



Tudo tem seu tempo
As tristezas também vão embora
Feito a lua que passa por fases
Ela também irá minguar... 

As lágrimas secarão
Quando tudo estiver cicatrizado
Vida nova, lua nova
E abrimos os braços para novos amores...

Quando acreditamos que
Não só a luz intensa da lua cheia
Pode abraçar os amantes
Amores existem em todas as luas... 

Eu quero passar na tua rua
E sob a tua janela cantar-te uma canção
E perguntar: “como vai você?
Eu preciso saber da tua vida...” 

Mário Feijó
19.09.11

O TRAPEZISTA, O PALHAÇO E A BAILARINA




Feito trapezista que se balança no ar
Equilibrando-se sobre cordas
A vida nos faz balançar... 

O mínimo erro e somos atirados ao chão
O mínimo deslize e nossa vida
Que sempre está por um fio
Pode ganhar rumos não pretendidos... 

E lá vem o palhaço sorrindo
Escondendo a dor numa falsa alegria
Enquanto o coração ferido, enciumado
Apaixonado morre de amores pela bailarina... 

A mesma bailarina que dança
Esperando seu trapezista que se balança
Sobre cordas bambas, por seu amor que chora
Por uma menina que lhe adora 

Mas que não é o seu sonho
Ele ama o palhaço, o palhaço idiota que não lhe vê
Pois só tem olhos para a bailarina
Que por ironia do destino ama-o... 

Mário Feijó
19.09.11




domingo, 18 de setembro de 2011

TECENDO O AMOR



Eu queria aprender
A tecer destinos
Como fazem as mulheres
Com seus homens, seus filhos, suas vidas 

E numa rede de amor
Envolver o teu corpo
Costurar a tua alma
E agasalhar-me com ela... 

Eu queria
Com os lírios do campo
Tecer o teu caminho
Enredando-o ao meu com sorrisos... 

Eu queria tão somente, sem medo
Envolver tua vida à minha
E tecer felicidade
Feito o bicho da seda... Embalar-te... 

Mário Feijó
18.09.11

sábado, 17 de setembro de 2011

APRENDENDO A AMAR





Eu sempre soube que nada sei
Porque toda vez que aprendi
Aprendi que posso mais
Que sei tão pouco diante
Da grandiosidade do universo... 

E se te perguntarem por mim
Diga que eu viajei no tempo
Que domei as asas do vento
E que estou na luz do luar... 

Eu sou amor
Eu sou ator
Estou apenas
Aprendendo a amar... 

Mário Feijó
17.09.11

QUANDO PENSO EM TI – poetrix


QUANDO PENSO EM TI  

Dói em mim respirar
Se isto não é amor
Eu não sei o que será?


Mário Feijó
17.09.11

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

EU E VOCÊ - Poetrix





Diante da tua luz
Certamente eu serei
Apenas uma sombra...


Mário Feijó
16.09.11

DEVORANDO-TE





Eu queria poder agora
Voar na tua direção
E mais rápido que trovão
Chegar a ti, atingir-te 

Prostrar-te em meus braços
E feito leão faminto
Devorar as tuas carnes
Mordendo-te aos poucos... 

Eu queria sorver tua seiva
E nela fazer o feitiço
Da eterna juventude
Eternizando-me em ti... 

Minha sorte é que sou poeta
Tudo posso e te abraço
Numa rajada de vento te enlaço
Numa língua de fogo, num raio de sol... 

Mário Feijó
16.09.11

QUEM É VOCÊ?





Quem é você Anjo-menino
Uma flor num mar de gente
Que de longe me acena
        Com teu néctar estonteante? 

Quem é você
Que ontem do vigésimo primeiro
Dizia-se apenas lua
        Deixaste teu brilho em meu olhar 

Quem é você
Que trouxe tua boca em cálice
E nela pensei beber todos os vinhos
        Embriagado me perdi no amor... 

Quem é você?
Eros sou eu
Mas desta vez
        Foi tua flecha que me acertou... 

Mário Feijó
16.09.11


 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

UM AMOR ALÉM DE MIM






Da próxima vez que eu te ver
Espero que seja em Paris
Quiçá numa gondola em Veneza
Não importa aonde será... 

Antes ou depois de uma taça de vinho
Quero fazer amor contigo
Até o dia raiar... 

E depois de saciados
Eu quero entregar a ti
A minh’alma, pois meu corpo
Este já é teu...  

E se tu quiseres em comunhão
Tomaremos do amor o veneno
Como se fôramos Romeus
Destes tempos tão modernos...


Mário Feijó
15.09.11

QUEM DISSE QUE EU QUERO TE ESQUECER?





Eu ainda lembro
Dos nossos beijos
Embaixo dos parreirais
Furtivos... audazes! 

Eu ainda lembro
Como era bom
O gosto de jabuticaba
Quando nossos lábios se tocavam... 

Eu ainda lembro
Do calor do teu corpo
Que fazia o meu tremer
Era algo que me rejuvenescia... 

Eu ainda lembro
Mas quem disse que
Eu quero esquecer? 

Tu foste o amor mais sublime
Que um dia eu senti
Por isto eu vou sempre
Lembrar de ti... 

Mário Feijó
15.09.11

POMBOS E PESSOAS...





Parece que foi ontem que eu estava em Cabo Frio, dali fui pra Capão da Canoa e agora estou em Florianópolis. O tempo é célere e tudo na vida igualmente...

Sento num local pitoresco – Mercado Público de Florianópolis – querendo almoçar em paz, algum prato típico da cidade, e o peixe assado é um deles. Sinto água na boca quando penso. Então decido é isto mesmo o que vou fazer e sentei ali, observando a vida, os transeuntes e... os pombos novamente. Como a que descrevi em um poema há menos de um mês, em Cabo Frio, no Rio de Janeiro.

Lá estão eles novamente feito praga que se alastra e se adapta a tudo. Desta vez vejo-os comendo um pastel de carne, feito no forno (certamente para não engordar... risos) que alguém deixou cair no chão. Será que foi o olho gordo dos pombos?

Veio o garçom eu peço um peixe na chapa, só o peixe e ele me traz de brinde um molho de camarão (e que camarão!!! Enorme!).

Consegui comer até a metade em paz, mesmo com o vento que batia e as pessoas passavam ao redor (quanta poeira certamente comi, sem perceber enquanto tentava almoçar). Mas o que mais me incomodou não foi isto, foi a quantidade de pedintes que encontrei na cidade, e aquele momento era próprio para uma mulher se aproximar e pedir, moço, dá pra deixar um pedaço pra mim? Pronto! A fome foi embora. Veio a dúvida: será que ela estava mesmo com fome ou queria somente que eu me consternasse e lhe desse dinheiro?

É que no dia anterior eu tinha ido ao salão cortar o cabelo. Antes de entrar no salão, um desses pedintes, até bem arrumado me cercou pedindo qualquer coisa de comer para levar para a filha, em casa. Não queria dinheiro, queria pão, leite, qualquer coisa. Fui com ele até a padaria, mas achando que estava falando a verdade dei R$ 2,00 e fui procurar um local melhor para estacionar, pois estava numa zona de local proibido. Quando voltei passei em frente à padaria e encontro com o fulano que quase esbarrou em mim, sem os pães e com um cigarro na boca... No dia anterior foi a mesma coisa, um me atacou pedindo R$ 5,00 para colocar gasolina no carro pois tinha acabado e foi ver que tinha esquecido a carteira em casa, mas deixaria comigo, se eu quisesse a identidade... antes fez uma cena, meu Deus, meu Deus. O que eu faço? Aí se aproximou. Resultado: levou os R$ 5,00.

Eu fiquei pensando nos pombos e nas pessoas. Quem será que se adaptou melhor? Os pombos pelo menos são verdadeiros. Não fazem cenas, nem usam de chantagem emocional para que você lhes jogue um pouco de arroz, evitando que eles comam frituras... e as pessoas? Estão cada vez mais se utilizando de mentiras para arrancar dinheiro e coisas dos que ainda acreditam que as coisas podem mudar...



Mário Feijó (14.09.11)

PAZ E PRAGA







A pomba branca
Inspira a paz
Já as marrons e as negras
Viraram pragas em algumas cidades... 

Sejam elas a bela Veneza italiana
Cabo frio no Rio de Janeiro
Ou a Bela Capital Catarinense
Florianópolis – Terra de sol e mar... 

Será que é porque
Paz e praga começam com P
Que os pombos voam
De um lado para o outro sem se explicar? 

Ou será que é porque
O mundo mudou?
Temos uma paz tolerada... 

Vivemos em prisões domiciliares
Até que uma bala perdida
Venha e nos tire a vida?(*)


___________________________________

14.09.11


(*) foi assim que morreu o ator Older Cazarré. Dentro de seu apto, atingido por uma bala perdida.

NA MEMÓRIA – poetrix





Amores
Desastres
Nunca serão esquecidos...


Mário Feijó
14.09.11


DESTINOS CRUZADOS





Eu era a estrada
De mão dupla pela qual
Tu trafegavas sem problemas.
Éramos o destino um do outro...  

De repente fugiste
Da minha vida, do meu caminho
E eu fiquei sabendo que você
Tem andado na contramão... 

Tua estrada está esburacada
Faz tempo não tem conservação
E a minha vazia está
Sem trânsito algum, deserta... 

Mantenho-me na mesma direção
Conservando meu destino
Quem sabe teu amor
Volte a trafegar por estes lados... 

Mário Feijó
14.09.11

domingo, 11 de setembro de 2011

APENAS UM ORGASMO






Não tinha que ser assim
Nunca teve que ser
Você não precisava
Ser apenas um vendaval
Que bateu todas
As minhas portas e janelas... 

Não tinha que ser assim
Eu não sou duna à beira-mar
Que se move pela vontade
E pela força dos ventos... 

Não! Não tinha que ser assim
Nem o sol precisava
Esconder-se entre as nuvens
Para não ter que dar explicações... 

Eu só queria
Um pouco de amor
Nem que fosse
Apenas um orgasmo teu... 

Mário Feijó
11.09.11

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

POR AMOR





Eu nem sei
Os motivos
Pelos quais
Eu já amei... 

Eu já amei uma voz
Já amei uma letra
Já amei por um gesto
E já amei pelo cheiro... 

Também já amei
Pela cor da pele
Já amei pela saúde
Que o corpo exalava... 

Agora estou amando
Pelo tormento
Que este amor provoca... 

Mário Feijó
07.09.11

LEÃOZINHO




Leão faminto
Quando vê carne
Viva e crua
Atira-se sobre ela 

Presa subjugada
Devorada parte a parte
Submissa entrega-se
E é devorada 

Coma-me:
Pedaço por pedaço
Eu não resistirei à tua força
Sou tua presa fácil... 

Mário Feijó
07.09.11

terça-feira, 6 de setembro de 2011

DIÁRIO DE UMA EX-PROSTITUTA ADOLESCENTE - CAP. VII

 



O espelho inquietava o fundo do corredor...

Jorge Luis Borges



        Daiane estava na cozinha fazendo uma Caçarola Italiana: ½ quilo de açúcar, 5 ovos, 5 colheres de queijo parmesão, 2 copos de leite, um coco ralado, 5 colheres de maisena e uma colher de baunilha, enquanto acompanhava uma música de Zezé de Camargo e Luciano que tocava no rádio. Nisto chega um dos gêmeos à cozinha e diz:
- Puxa. Isto deve ficar uma delícia! Enquanto olhava a forma para pudim com furo no meio, já caramelada.
- Fica mesmo. Disse Daiane.
- Eu aprendi numa época em que vivi numa fazenda lá no Ceará. Mas o simples toque neste assunto já a deixou com olhos brilhantes, retendo um choro que poderia cair, pelas lembranças amargas.
Daiane pensou: “esta é a única coisa doce que sobrou daquela época”...
Em seguida entrou na cozinha o outro gêmeo dizendo:
- Daiane eu consegui vaga pra você num curso noturno, na Escola Luiz Moschete.
- Meu Deus do céu. Disse a moça feliz.
- Então esta caçarola será para comemorar isto...
No outro dia Daiane já começou a estudar à noite. E isto virou rotina, mas uma rotina cansativa, para quem trabalha o dia inteiro e à noite ainda estuda.
Sua relação com os “meninos” continuava forte, mas ao mesmo tempo inquietante, pois todas as noites depois da aula recebia um em seu quarto. Não tinha conseguido ainda saber se era um ou outro, ou se eles se revezavam nas visitas, mas deixou isto para depois.
Numa determinada noite de sexta feira, chovia a cântaros e por causa da chuva Daiane se atrasou mais do que de costume, por causa do tempo. A luz tinha “ido embora” por causa dos trovões e quando Daiane foi para o seu quarto viu um brilho no final do corredor. Neste dia o espelho a inquietou...
Nesta hora Daiane pensou em sua mãe que quando ela era pequena dizia:
- Depois da meia noite, não olhe dentro de seus olhos, quando estiver diante de um espelho... você poderá se surpreender.
Daiane lembrou disto e ficou com medo. Fechou os olhos e correu para o seu quarto de olhos fechados, pois de pouco adiantaria olhos abertos naquela escuridão. Esbarrou em alguém e gritou com todas as forças. Num grito desesperado que acordou todos os que já dormiam e os que não dormiam correram para ver o que era. 
Neste momento a luz voltou e todos a viram no chão, pálida, quase desmaiando, agarrada à uma Maricota de Pano, em tamanho natural... 

Mário Feijó
Set/2011


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

SER POETA

Imagem: www.olhares.com




Queriam saber quem sou eu
Eu respondi: sou poeta!
Poeta pode ser o que quer
Eu já fui bicho, já fui pedra 

Algumas vezes sou flores
Outro dia era o mar
Logo depois virei nuvens
E tenho os meus dias de fases 

Quando eu acredito ser lua
Sem me queimar já fui sol
Já pari muitos amores
Quando fui apenas mulher 

E quando decidi ser um homem
Neste momento eu descobri
Que era o pai do universo
Apenas pra uma mulher... 

Mário Feijó
05.09.11

ÉS DELÍCIA





Era uma delícia
Eu estar contigo...
Eu adorava os teus beijos
E muito mais o gosto que eles tinham... 

Havia dia em que
Não saia de mim
O teu cheiro, o teu sabor
E a tua imagem... 

Eu não pensava em mais nada
E vivia a contar o tempo
Que faltava para estar
Novamente contigo... 

Eras o meu sol
Eras o meu lume
E quando tu partiste
Eu fiquei perdido...


Mário Feijó
05.09.11

TU ME QUERES COMO AMIGO




Eu não deveria ter cedido
Aos teus encantos sedutores
Mas ao chamar-me de amor
Tu me arrebataste... 

Eu não sabia
Que era apenas
Mais uma delicadeza tua
Para com este amigo... 

Mas quem disse
Que eu queria ser
Somente teu amigo?
Tu não devias ter me chamado de amor... 

Com isto eu me iludi
Eu por ti me apaixonei
E tu me queres
Somente como teu amigo... 

É uma pena, meu amor!!!


Mário Feijó
05.09.11

domingo, 4 de setembro de 2011

"LA LUNA QUE ME ENCANTA"

(Foto: Laurent Laveder )



Lua que me encanta
Lua que me faz sorrir
Que me acolhe em teus raios
Lua que me faz sonhar  

Luar em meus pensamentos
Iluminai o meu ser
Traga-me a magia do amor
Encaixando-o em meu coração...


Sônia Rostro e Mário Feijó



POR QUE?


(Lontra)


Até hoje eu me pergunto
Por que tu foste embora?
Tinhas no meu leito
O mais completo gozo... 

Sorrias...
E eu conheço felicidade
O teu riso solto
Era pura alegria... 

Não havia cobranças
E nossas peles
Eram lontras esguias
Que se aninhavam em êxtase... 

Por que tu foste embora?
Eu ainda me pergunto!
Será que a magia do amor
Nunca te fez querer voltar?


Mário Feijó
03.09.11

sábado, 3 de setembro de 2011

“VIAJANDO”... (foco narrador: eu omnisciente).





 
Era final de tarde, ainda em agosto, à beira-mar, um frio de fazer “cusco tremer” dizem os gaúchos.  Eu me sentei à beira da lareira para me aquecer enquanto da cozinha vinha o cheiro de pão de assando que tinha colocado no forno.
Sem mais nem menos eu me vejo num descampado, roupas árabes, montado em um alazão branco com mais quatro companheiros. Estávamos em fuga. O local era desértico, porém frio, mas ao mesmo tempo eu sentia um enorme calor nos pés... no entanto o tempo ali ameaçava chover. Fugíamos, eu não sei de quem e nem para onde. Eu sentia que estava sendo perseguido e meu corpo inteiro doía...
Tudo era muito real. Eu sentia o frio, o medo, o cavalo a trotear e até ouvia o trovejar ao longe.
Corríamos muito e não parecíamos sair do lugar. O cenário permanecia o mesmo. O medo ainda era intenso quando de repente um raio caiu entre os cavalos. Bruuuum!!! Fora um trovão que ali onde eu estava.
Nessa hora eu senti que não havia caído apenas do cavalo, mas da cadeira de balanço na frente da lareira e acordei assustado.
Da cozinha vinha um cheiro de pão queimado que eu por ter dormido esquecera de tirar do forno...
Descobri que tinha “viajado na maionese”!

Mário Feijó
02.09.11

SONHOS FERIDOS




Por que é que tu
Fizeste questão de pisar
Com a ponta do salto
Na esperança que me habitava?

Teve um pouco de maldade
Esta tua atitude que além de ferir
De morte a esperança ainda danificou
Todos os sonhos que eu tinha...

Pode até ser que tu
Não tiveste a intenção
De ver o meu peito sangrar
E os meus sonhos ferir

Mas o meu peito está ferido
Traz no bater um gemido
Que se ouve mortalmente
Nos ecos dos ventos a assoviar...

Mário Feijó (03.09.11)

AS JANELAS DO CORAÇÃO






Em dias de vento forte
Batem em meu coração as janelas
É um vento tão cruel
Que quer tudo arrancar de mim... 

Estavam todas fechadas
Querendo impedir que a maresia
Rasgasse minha pele
E fosse meus ossos afetar... 

Violento, abrutalhado não cessa
Como se tivesse nos bares bebido
E ao chegar em casa açoitasse
O meu corpo dolorido... 

E foi assim que fizeste
Te transformaste em furacão violento
Me bates o tempo todo
E eu te amo todo o momento... 

Mário Feijó
03.09.11