domingo, 26 de outubro de 2014

PÁSSAROS E ANJOS

PÁSSAROS E ANJOS

Meu coração está vazio
Feito balões antes da festa
Esperando ser cheios de ar
Ou de gás para terem graça

Com o passar dos anos
Ele foi-se despovoando de amores
Uns por gastarem-se nas rotinas
Outros por interesses diversos

Há dias em que ele
Envelhecido e cansado
Não tem mais vontade de bater

Há noites em que ele
Solitário quer tão somente
Bater asas tal qual os pássaros e  os anjos

Mário Feijó

26.10.14

sábado, 25 de outubro de 2014

ABCDÁRIO DO MEU AMOR

ABCDÁRIO DO MEU AMOR

Eu pensava que seria feliz para sempre
Já com a Letra A tive minha primeira
Decepção amorosa – ela me amava, eu não –
Em seguida vieram outras com B com C e com D
Com E eu até tive esperança em ser feliz
Mas Felicidade foi uma das poucas
Que fez meu coração explodir feliz.
Com G foi um amor infantil por uma professora
H foi um amor de mãe e de pai
Mãe e filha foram embora de minha vida.
I, J, K e L passaram por mim indiferentes
Sem me dar maiores atenções.
M foram muitas como são as Maria’s
Que achamos em qualquer esquina
Algumas apenas cuidam dos filhos de forma superprotetora
Outras perdem-se em mesas de bar.
Com N, O e P tive amizades não paixões
Com Q não encontrei ninguém
Já com R tive uma paixão platônica
Que me deixou lembranças e a vontade de saber
Como seriam “os beijos que eu não te dei”.
Com S tive um amor franco e verdadeiro
Porém Sônia resolveu partir prematuramente
Antes que a festa ficasse realmente boa
Deixou-me muitos dissabores e frustrações.
Com T tive uma paixão adolescente
Com U pensei em beijos que tinham gosto
De uva madura estourando na boca.
V e X nem me afetaram visto que foram
Apenas relações sem consequências.
Com Z tive o amor mais duradouro
Mas também aquele que mais me feriu
Aquele que mais aguçou minha decepção
Aquele que me ensinou que no amor podemos ir
Do céu ao inferno em apenas alguns minutos
E a partir disto decidi que iria viver no purgatório...

Mário Feijó
25.10.14


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

HISTÓRIAS QUE CONTAM DE NÓS

HISTÓRIAS QUE CONTAM DE NÓS

Nem sempre são verdadeiras
As histórias que contam de nós
Uns aumentam, outros diminuem
Mas nem sempre é nossa história real!
Quando pedimos a alguém “descreva-se”
Não há um que saiba falar de si
No entanto se é pra falar de alguém
Todos têm muitas histórias!
Você saberia descrever a dor de um outro?
Você saberia dizer os sentimentos que ele tem?
Você saberia dizer como o outro se sente diante da vida?
Então não poderá dizer como ele é...
Ninguém gosta quando falam de si
Seja na sua ausência, seja nas suas costas,
Então diante disto não fale dos outros
Nem do que se passa dentro das suas cabeças!
Se queremos ser respeitados
Vamos respeitar as individualidades dos outros
Só assim teremos um mundo melhor
E pessoas que não se metem onde não são chamadas...

Mário Feijó

24.10.14

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

QUERO SER MÚSICA

QUERO SER MÚSICA

Algumas vezes eu me descubro vivo
Embora preferisse ser apenas uma lembrança
Uma música, um cheiro, um afago

A vida passa e o corpo cansado
Não consegue se acostumar à ingratidão
À falta de calor humano

Por mais que sejamos independentes
Somos carentes sempre
Porque o amor é primordial

E quando falta amor
Morremos um pouco a cada dia
Por solidão ou por falta de estímulos...

Mário Feijó

23.10.14

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

ESQUINAS


ESQUINAS

Passam-se as horas
Mas não passa a angústia
Que a noite traz consigo

Amam-na os notívagos
Os boêmios, os ébrios
Nunca os solitários
Porque sofrem de insônia

A solidão é o mesmo
Que encontrar esquinas
E nunca saber o lado a seguir


Se você estivesse comigo
Não haveria mais dúvidas
Não haveria mais esquinas
Eu saberia para onde seguir...

Mário Feijó

22.10.14  

21.47h

21.47h

Eram 21.47h
Quando eu olhei para o lado
E vi a cama vazia

Algumas vezes
Sou apenas gato
Querendo teus carinhos
Sem pedir teu cio

Noutras eu sou
Estrela cadente
Mergulhando na escuridão
Desaparecendo na galáxia

Eram 21.47h
E na rua apenas a escuridão
Num poste a coruja pia
Adiante o gato na relva espreita

De repente grita o quero-quero
O gato atacara sua cria
Fugindo com a caça na boca
Enquanto os pais alardeavam a perda

O tempo não para
As horas continuam a passar
E a vida continua...

Mário Feijó

22.10.14

terça-feira, 21 de outubro de 2014

TUDO SE TRANSFORMA

TUDO SE TRANSFORMA

As pessoas vão embora
E os amores ficam
Nada na vida é eterno
Tudo se transforma

Porém ninguém é mais o mesmo
Aprendemos com vitórias
E crescemos nas derrotas

Quem parte leva saudades
Quem vida chora dores e mágoas
Não basta partir para colocar
Um ponto final nas histórias

É necessário querer mudar
Para que as coisas aconteçam
Caso contrário seremos pedra
Apanhando das ondas do mar

Mário Feijó

21.10.14

ESPERAS

ESPERAS

Esperamos nove meses para nascer
Quando criança esperamos crescer
Esperamos um bom emprego
Achar um amor na vida e ser feliz

A vida é assim cheia de esperas
E quando pensamos
Ter alcançado nossas metas
Queremos mais e esperamos atingir outras

E quando envelhecemos
Esperamos ter saúde
Para não depender de ninguém
E ter qualidade de vida
Para seguir em frente

Até que chega o dia
Em que sem saída
Esperamos por uma morte tranquila
E, segundo alguns, ganhar o céu...

Mário Feijó

21.10.14 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

FERINDO CORAÇÕES

FERINDO CORAÇÕES

Se era para fazer
Esta bagunça toda
Na minha vida
E com meu coração

Você não precisava descer à terra
Como fazem todos os anjos,
Eu preferia desconhecer
O inferno com a tua partida.

Ninguém nos ensina a esquecer
É impossível desapaixonar depois do amor
Porém dói sentir saudades
Porque ela consome o corpo
E deixa a alma prostrada

Eu bem sabia o que fazia
Porém agora é tarde
Tornou-se real o amor que senti
E eu fiquei desolado
Quando bateste as asas rumo a outro coração


Mário Feijó

sábado, 18 de outubro de 2014

DIVERSIDADE

DIVERSIDADE

Deus disse “amai-vos uns aos outros”
E como muitos não se amavam
Ele colocou na cabeça de alguns
Que poderiam amar seus pares

De uma certa forma resolvia
O problema da natalidade
De outra forma sobraria amor
Para quem não era amado

Havia homens que não sabiam
Amar suas mulheres e filhos
Aí surgiram novos homens
Que amavam os filhos dos outros

Havia mulheres que não eram amadas
Aí descobriram que outra mulher
A amaria mais intensamente

E com sapiência surgiu a diversidade
Então apareceram alguns homens
Querendo contestar a sabedoria de Deus...

Mário Feijó

18.10.14  

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA (*)



Eu me aproximava de ti
Docemente e tu fria
Me acolhias brutalmente

Eu te amava
Não importava
A forma que tinhas

E toda vez
Que a ti eu me atirava
Acabava saindo ferido
És pedra de fogo eu te achava preciosa

Mas o tempo
É como as ondas do mar
Ele te transformará
Destruindo tuas convicções e desamor...

_______________________ MÁRIO FEIJÓ
18.10.14

* Passei um tema a uma aluna: fazer uma declaração de amor a uma pedra como se ela fosse uma pessoa. Para demonstrar eu fiz uma declaração de amor a uma pessoa, como se esta fosse uma pedra. Exercício de criação literária... Se ela cumprir a atividade colocarei aqui junto, se não cumprir eu farei esta parte para mostrar a ela e aos interessados...

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

NOITES

NOITES

Eu esperei até o dia amanhecer
Vendo você respirar
Sem querer te acordar
Querendo o teu calor comigo

E quando o sol apareceu
O dia te esquentou
Porém eu estava gelado
Sem o calor de teu corpo

Eu não fiquei saciado
Mesmo depois do café da manhã
Restara em mim
A fome que eu tinha de ti

Outras noites vieram
Mas tu não estavas mais nelas
Não havia mais o teu suor
A se misturar com o meu...

Mário Feijó

18.10.14

QUANDO EU ME APAIXONO CHOVE

QUANDO EU ME APAIXONO CHOVE

Às vezes eu não entendo
Por que é que
Todas as vezes
Que eu me apaixono: chove

Todas as vezes em que
Eu me apaixono venta
E depois o sol brilha
E meus dias deixam de ser iguais

Algumas vezes eu até tento
Deixar de me apaixonar
Mas ai chove e venta
E depois a lua brilha esplendorosa

Eu até penso que não importa o tempo
Eu vou me apaixonar novamente
E vai chover novamente, sim
Por que o tempo não para nem diante do amor

Mário Feijó

17.10.14

UM DOS TEUS DIAS

UM DOS TEUS DIAS

Foi apenas um dia
Que de todos os teus
Tu deste pra mim

Mas eu gravei-o na lembrança
E vivo os meus dias
Dentro deste que me deste

Eu admiro a beleza
Eu amo a perfeição
Eu acho linda a gentileza
E tu eras tudo isto

Agora vivo de suspiros
Dentro de um sonho que deixaste
Já não és mais realidade
Mas eu vivo da tua memória

Mário Feijó

17.10.14

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

QUEM TEM BOCA VAI

QUEM TEM BOCA VAI A QUALQUER LUGAR

Não julgue
Não se afaste
Não condene
Ame mais... compreenda!

Eu te dei dias que eram meus
Construísse com eles tua vida
Deixei meu sorriso ir embora
Só para ouvir os risos teus

Agora és luz
Uma estrela radiante
Não precisas mais do meu calor
Brilhas longe de mim

Então arrisque-se!
Vá em frente
Tens pernas saudáveis
Só com a boca muitos já foram à Roma...

Mário Feijó

16.10.14

UM MUNDO MELHOR


UM MUNDO MELHOR

Eu planto flores em meu jardim
Mesmo sabendo que as borboletas
Não ficarão nele aprisionadas
Mesmo sabendo que elas duram 24 horas

Eu planto flores em meu jardim
Para receber as abelhas
Para ver rapidamente colibris excitados
Que me visitam todos os dias

Mesmo sabendo que meus sapos
Podem comer as abelhas e até as borboletas
Porque eu quero um mundo mais colorido
Na esperança de um mundo melhor

Eu planto flores em meu jardim
Porque eu acredito nos amores perfeitos
Para ter copos de leite pela manhã
Que exalem ao mundo seus perfumes...

Mário Feijó

16.10.14

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

NO MEU TEMPO DE CRIANÇA




TEMPO DE CRIANÇA


Existe uma distância abissal entre os meus dias atuais e o meu tempo de criança.
Todos os dias pela manhã, ao acordar eu tomava um copo de leite com chocolate.
No jardim, além de lírios tínhamos também copos de leite que perfumavam, dia e noite.
Eu me sentia um fantoche nas mãos de meus irmãos quando resolvíamos brincar.
Peteca pra lá, peteca pra cá eu era um João-bobo nas mãos deles, pois dificilmente pegava a peteca que era jogada de um lado para o outro.
Havia nos fundos da nossa casa uma criação de galinhas, patos e marrecos que eu adorava, pois todos os dias tínhamos ovos frescos e nos finais de semana, uma galinha ou um pato assado, verdadeira alegria e fartura num ambiente que nem sempre oferecia tais luxos.
Nos dias de hoje nem imagino a criança que conheça peteca, bola de gude, carrinho de rolimã e pião.
Mudaram os tempos? Deixamos de ser crianças ou a eletrônica mudou a nossa vida?
Tenho vontade de correr na chuva, de pisar nas poças d’água, de brincar de pega-pega, pular corda, subir em árvores para comer goiaba, pitanga e caju.
É... Acho que não sou mais criança...

Mário Feijó
15.10.14




MINHA TERRA TEM...

MINHA TERRA TEM...

Tem tantas belezas
A minha terra natal
Que nem as sonha um poeta
E nem as canta um mortal...

Casimiro de Abreu

Ah! Têm tantas belezas
Esta nossa terra natal
Que vou de Santa Catarina ao Ceará
Apreciando o mar e os pores do sol

É tão grande este Brasil
E vivo por ele encantado
Feito tu oh Casimiro
Em um poema eternizado

Sou poeta aprendiz
Desde criança me fiz
Por poesia encantado

Em História resumos fazia
Viajando na Geografia
Fiz poemas apaixonado(s)

Mário Feijó

15.10.14

SEM SAPATINHOS DE CRISTAL

SEM SAPATINHOS DE CRISTAL

Se tudo era um sonho
Eu não quero acordar
Sei que não sou sapo
Porém passeei de carruagem

Quando o dia amanheceu
Não havia abóboras na porta
Tampouco um sapatinho de cristal
Mas eu fiz uma viagem encantadora

Agora no mundo real
À minha volta há água, água e mais água
Estou à beira da lagoa
Comendo moscas e mariposas, como sempre

Enamorado olho para a lua
Como se implorasse a ela
Um novo encantamento
Abro mais um livro e entro na sua história...

Mário Feijó

15.10.14

terça-feira, 14 de outubro de 2014

EXCITAÇÃO

EXCITAÇÃO

Ostras são moluscos
Que levemente tocadas
Fecham-se apavoradas

Eu te tocava
Você se encolhia
Por medo?
Por excitação?

Não queria te arrancar segredos
Meus beijos eram a única pressão
Enquanto tu ias eu vinha
Num jogo de sedução

Éramos deuses num oceano
Tu, molusco preso à pedra,
Eu, mar em movimento,
Onda – na força das marés...

Mário Feijó

14.10.14

À NOITE

À NOITE...

Na cama o gato ronronava
Eu olhava a lua uivando
Agradecendo pelo calor
Que o seu corpo emanava

O gato que ao dia branco era
À noite mudou de cor
- à noite, todos os gatos são pardos –
Não sei se era este o caso

Há controvérsias entre o céu e o inferno
Mas eu me perco pensando
Nos gatos de Alice mesmo o meu país
Não sendo aquela maravilha

Mas estava encantado
As nuvens despencavam numa chuva torrencial
Talvez por inveja, a lua chorava
Enquanto na cama o gato meu corpo aquecia...

Mário Feijó

14.10.14

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

ALMAS ABANDONADAS

ALMAS ABANDONADAS

Desde que partiste
Cada grão de areia
Cada folha caída
Cada inseto que me suga o sangue
Falam de ti, falam de nós
Lembram de ti com saudade

E eu vou me transformando
Ora em grão de areia
Ora nos ventos que levam
Os grãos de um lado para o outro

Há vezes em que eu sou folha seca
Que as árvores abandonam
Como se liberassem suas almas
Para correr o mundo
Em busca do teu amor...

Mário Feijó
13.10.14

sábado, 11 de outubro de 2014

O TEMPO COMPROVA

O TEMPO COMPROVA

Não foi apenas com sonhos
Que eu cobri as estrelas...
Usei tua pele nua para
Com ela construir caminhos...

E por onde eu passava
Havia sóis reluzentes
Desprendidos de outras galáxias
Para me mostrar destinos...

Destinos estes nunca escolhidos
Eles já estavam gravados
Feito figuras rupestres em cavernas

Não havia como contestar
Bastava ler e cumprir
O tempo comprova...

Mário Feijó

11.10.14 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

PECADOS ALHEIOS

PECADOS ALHEIOS

A igreja matriz estava silenciosa
Escondia dentro de si pecados inconfessos
Daqueles que tentavam
Negociar com Deus as suas culpas

Nas cumeeiras dos telhados em reforma
E por entre os vitrais quebrados
Circulavam pássaros que entre
Os pecados alheios construíam seus ninhos

Em Conceição do Arroio
(hoje conhecida como Osório-RS)
Nossa Senhora espalhava ventos
Através de moinhos quixotescos

Enquanto por suas ruas
Os motoristas respeitam os transeuntes
Como se fizessem orações pela vida
Quando fazem reverências aos que atravessa seus caminhos...

Mário Feijó

10.10.14  

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

MULHERES CATANDO SONHOS

Oficina Literária Itinerante realizada hoje (09.10.14) na cidade de Osório, na praça pública da Igreja Matriz de N. S. da Conceição e no Recinto da Biblioteca Pública Fernandes Bastos.

 MULHERES CATANDO SONHOS

Na praça florida da matriz
Mulheres buscam dentro de si
A poesia que um dia
Varreram para debaixo do tapete

Conversando com a estátua
Ela buscava inspirações
Como se fosse uma menina
Que corria pela praça

O sabiá era displicente
Não tinha pudores em cantar
Encantando flores enquanto o sol
Envergonhado se escondia entre as nuvens

Um trabalhador tratava de pintar vasos
Limpando a praça que ficava
Com cheiro de casa limpa
E elas inspiradas desenhavam sonhos...

Mário Feijó

09.10.14


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

AMORES MEUS

AMORES MEUS

Um dia alguém quererá saber
As mulheres a quem amei
- Mera curiosidade - , eu diria
De quem não tem o que fazer...

Eu prefiro dizer que amei:
Pessoas, bichos e a natureza.
Meus peixes vivem me mandando beijos
De dentro do aquário, onde se sentem felizes

Na rua o gato negro
Confunde-se com minha sombra
Atirando-se aos meus pés
Ele não quer comida: quer amor

Há gente que não entende isto!
Com quem eu faço sexo
Só a mim interessa e na maioria das vezes
É entre quatro paredes, isto posso dizer...

Mário Feijó
07.10.14

POR DETRÁS DA LUA

POR DETRÁS DA LUA

Não penses que me enganas
Agora que
Tu louca
Finges que me amas

Eu te via bela
Eras fera
Que se escondia
Numa lua nova

Eras tão menina
Que o sol em cisma
Tua pele morenava

Triste sina a tua
Que te enganas
Tão redondamente
És loura gelada...

Mário Feijó

08.10.14

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

AOS OLHOS DE QUEM NOS VÊ

AOS OLHOS DE QUEM NOS VÊ

Na rua nos olham
Com bondosos olhares
Alguns nos elegem
Seus heróis

Tenho medo da idolatria
Ídolos caem das alturas
Quando são descobertos
Como seres humanos que são

Enquanto isto...

Dentro de casa
Olhamos no espelho
E percebemos todos os nossos defeitos
Com a lupa de nossos olhos

Somos imperdoáveis feito o tempo
Não escondendo de mim os meus defeitos?
Conhecemos muitos defeitos que os outros não veem
Ou preferimos tão somente a beleza de nossa alma?

Mário Feijó

06.10.14

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

FLORIANÓPOLIS

FLORIANÓPOLIS – CIDADE MACULADA

Olho ao redor e vejo a magia de Florianópolis. Melhor dizendo sinto-a porque magia a gente sente e diante de tamanha beleza volto aos meus tempos de menino e adolescente correndo pela beira da praia no Estreito, no Abraão, Praia da Saudade e no Balneário. Ou quando caminhava, a pé pela Ponte Hercílio Luz.
Não consigo entender que o tráfico e bandidos possam estar dirigindo a cidade e o Estado, ou determinando o que devemos fazer.
Há poucos anos acontecia algo parecido em Nova York, mas “alguém” teve coragem e implantou “tolerância Zero”. Alguns dizem, mas e os direitos humanos?
Como é que podemos pensar em direitos humanos de uns poucos bandidos quando eles batem, destroem, mutilam e até matam usando menores infratores?
E não são poucos os que são atingidos. São milhares e até milhões quando o caos se alastra por todo o Estado.
Onde está o direito da população, de ir e vir, assegurado pela Constituição, em ter paz; não ter medo; não se submeter a tudo isto?
E a Cidade tão bela, e um Estado tão pacífico e ordeiro vira um campo de guerra. Vejam só: o bandido entra em um ônibus, manda todos descerem, menos o motorista, jogam gasolina, ateiam fogo e mandam que ele continue dirigindo. Para os bandidos há “direitos humanos”, mas para a população, o que há? Desespero, angústia, incertezas...
É chegada a hora de não ter medo. De enfrentá-los, caso contrário eles se instalam no poder, corrompendo ou elegendo seus governantes, porque parece que eles têm recursos pra isto. E como conseguem? Com Direitos Humanos... e vão enriquecendo e corrompendo, e amedrontando, e nos tornando seus reféns. Parece que a ordem se inverteu: os bandidos mandam e nós nos sujeitamos. E o que fazem nossos governantes “bananas”? Mandam “dialogar” como disse a “tia” na ONU.
Não dá para tolerar mais isto. É preciso que os governantes não se sujeitem, caso contrário começaremos a pensar que estão com o “rabo preso”.
Eu quero meus manezinhos na rua. Ouvir “ôóóóóóió tás pensando o quê?”. “Mofas com a pomba na balaia”... “vai indo toda vida, toda vida e lá na frente, dobra à direita, é logo ali”.
Estão pensando o quê? Mofem com a pomba na balaia. Sigam em frente, dobrem à direita ou à esquerda e vão para o inferno...
Sei que não dá mais para apagar as cicatrizes de tudo isto, mas podemos ser felizes longe das drogas e do tráfico. Falta boa vontade... falta querer... vamos lá?


Mário Feijó

03.10.14

HERÓIS IMPERFEITOS

HERÓIS IMPERFEITOS

Toda criança faz
Dos seus pais
Os seus heróis...

A criança cresce
Torna-se adulta
E faz de si seu herói

Então protesta contra tudo o que aprendeu
Os pais tornam-se nada mais que humanos
E carentes precisam de amor
Mas quem quer amá-los velhos, agora?

Desmistificados os heróis
Descobre-se que os ídolos
Têm os pés de barro
Que não são super-heróis, mas seres imperfeitos...

Quem vai contar à criança
Que seus pais são pessoas comuns?
Quem vai contar para o adulto
Que ele também envelhece?

Mário Feijó

03.10.14 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

SARAU LIVRARIA CATARINENSE - 30.10.14






QUERO LEMBRAR DE ESQUECER

LEMBRAR DE ESQUECER

Todos os dias eu quero
Lembrar de esquecer
O desamor recebido
A inveja e a mentira
E a falta de abraços

Eu quero lembrar
De esquecer você
Que há muito tempo
Nem lembra mais de mim
Quero parar de sofrer...

Eu só quero lembrar de você
Somente nas minhas orações
Quando peço a Deus sempre
Para que você seja feliz
Porque eu te amo e sempre amarei

Mas eu quero lembrar de te esquecer
Para poder cuidar um pouco mais de mim
Para me permitir ser feliz
Numa vida onde nada é fácil
Nem pra você (eu sei), nem pra mim (você não sabe)...

Mário Feijó

02.10.14 


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

GATO

GATO em gesso com verniz... pintei há poucos dias...

POR DO SOL

POR DO SOL

Na terra de Casimiro
Uma brisa fresca toca a minha pele
Enquanto embaixo das figueiras
O bem-te-vi saltou sobre meu poema
Querendo ser imortalizado nesta escrita

Barra de São João é um pedaço de paraíso
Em que o Cristo Redentor espalhou
Suas graças a todos os recantos do Rio (de Janeiro)...

As gaivotas e as garças
Em voos rasantes pousam
Para descansar poesia nas plantas ribeirinhas
E nos igarapés do rio São João

Bênçãos caiam nos raios de sol
Enquanto a mineira Eni
Servia-me um filé de cherne
Assado sobre um fogão à lenha...

Mário Feijó

29.09.14 

CORUJA

Coruja em gesso com verniz e acrílico que pintei por estes dias...

terça-feira, 30 de setembro de 2014

MAJESTOSAS GARÇAS

MAJESTOSAS GARÇAS*

Eu tentei fazer um passeio de barco
Mas Sr. Valter – o barqueiro – do pôr do sol
Disse-me “não Catarina, o barco pifou’’

Desolado sento-me no restaurante para almoçar
E apreciar a paisagem lúdica do lugar
Quando passa outro barco de pescadores
Rodeado por gaivotas voando e muitas garças
Pousadas no teto do barco...

Pousadas sobre o teto do barco? Coooomo?
Quer dizer que eu um menino sonhador
Poeta nas horas incertas
Não posso passear de barco e elas podem?!!!

Majestosas! Indiferentes a tudo
Seguiam rio acima acompanhando os pescadores
Já as gaivotas mais pareciam moscas de padaria
Que apenas beijam, beijam, mas não comem nada...

Mário Feijó
29.09.14


            *São João da Barra – Casimiro de Abreu - RJ 

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

À TERRA DE CASIMIRO DE ABREU

À TERRA DE CASIMIRO DE ABREU

Feito almas entrelaçadas
Duas figueiras se contorcem
Como dois seres apaixonados
À beira do rio caudaloso

O bem-te-vi gritava ao longe
Elas envergonhadas calaram-se
Sem deixar de balançar suas folhas

Do rio piscoso pulavam tainhas felizes
Que passeavam no rio para desovar
Enquanto isto nas figueiras bruxas e duendes
Acenam adeus ao “menino poeta” que por ali brincara

Não! Não se encantem por mim duendes
Não sou Casimiro reencarnado, mas um menino
Que teve oportunidade de envelhecer
Para passear por esta terra tão lúdica
Que me inspira poemas, versos e prosas...

Mário Feijó
29.09.14


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

ADÃO E EVA

ADÃO E EVA

Certo dia veio Eva
Chamando-me de Adão
E querendo me levar ao paraíso

Eu lhe disse: “calma Eva”
Não sou o único Adão por estes lados.
Porém isto não lhe bastou

Pegou a cobra
E por pouco
Não me enfiou
A maçã goela abaixo

Sei que sou um “rico” pecador
(não me faço de “pobre” vítima)
Peco mesmo e tenho prazer em pecar
Mas não sou obrigado a pecar com Eva...

Mário Feijó

25.09.14